Escolhendo Candidatos


De Marcos Coimbra, sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi:
A cultura política de um país é formada por diferentes elementos: as normas escritas e não-escritas que regulam a vida política, as instituições onde ela acontece, as interações entre os grupos sociais e os indivíduos em que o poder é uma dimensão estruturante. A memória interpretada dos eventos, dos personagens e do que a sociedade viveu, no plano político, a cada momento, fazem, igualmente, parte dela.
Outro de seus elementos constitutivos são os estereótipos a respeito da política, dos políticos e da relação que há entre ambos e as pessoas comuns. Cada cultura tem seus chavões e clichês, que se formaram ao longo da história. Alguns surgiram lá atrás, ninguém se lembra mais quando. Outros são recentes, e foram incorporados à cultura do país em função de conjunturas ainda próximas.
Os estereótipos mais duradouros são os que mais naturais parecem. Eles se impõem como se fossem coisas óbvias, que não precisam de comprovação. Tornam-se provérbios, que as pessoas repetem sem pensar. De tanto repisá-los, acabam se convencendo de que são verdade.
Um dos lugares-comuns mais frequentes é sobre como escolher candidatos, especialmente para cargos considerados importantes. Nossa cultura política fornece ao cidadão uma resposta pronta, à qual sempre pode recorrer: vote no mais preparado, no que tem o melhor currículo, no que mostra ter a maior experiência administrativa e política.
Desde a redemocratização, todos que pesquisaram o processo de decisão do eleitorado se depararam com esse padrão de respostas. Parece tão natural, tão inquestionável que seja assim, que nem nos damos conta de que, raramente, é isso mesmo que fazem os eleitores.
Nas pesquisas qualitativas, cuja matéria prima por excelência é o senso comum que compartilham pessoas semelhantes, a cantilena do “mais preparado” é ouvida de Norte a Sul do país. Inquiridos, os entrevistados pedem socorro ao estereótipo, para evitar a admissão de que podem votar (e votam) movidos por critérios bem distintos. Nem sempre prevalece a lógica aparentemente indiscutível de escolher pela biografia administrativa ou a formação educacional dos candidatos.
A rigor, a tese de “escolher o melhor” faz sentido, mas só quando a pergunta é abstrata. Se ela não se referir a candidatos reais, que disputam eleições reais, não há mesmo como responder a ela senão dizendo: “Voto no mais preparado”.
As eleições, no entanto, não são isso, mas o inverso: escolhas reais entre candidatos que existem no concreto da vida política, que têm lado, que representam melhor os interesses e as opiniões de uns e não de outros. Eles não existem ao longo de um contínuo, onde um está mais adiante, na mesma dimensão, que os demais. Na maior parte das vezes, a pergunta sobre qual é o “mais preparado” é quase irrelevante sem outra: “mais preparado para fazer o quê?”
Com um mínimo de contextualização, as respostas abstratas perdem significado. Agora, por exemplo, que nos avizinhamos da eleição, são cada vez mais raras as pessoas que insistem no padrão do “melhor currículo”.
Uma pesquisa recente da Vox Populi permite ver isso com clareza. Usando uma lista com oito atributos desejáveis para um candidato a presidente (baseada em pesquisas em profundidade anteriores), pediu-se aos entrevistados que escolhessem os três mais importantes. De todos, os dois mais mal colocados foram “ter experiência administrativa” e “ter experiência política”.
Em primeiro lugar, ficou a honestidade, algo que não surpreende ninguém, haja vista nossa experiência nos últimos anos. Em segundo, “conhecer e entender os problemas do povo”, acompanhado, em terceiro, por seu irmão gêmeo ”ter condições de resolver os problemas do povo”. Em quarto lugar, estava “ter ideias novas para o Brasil” e, daí em diante, os restantes foram igualmente desimportantes. Segurando a lanterna, “ter experiência política”.
O sucesso popular de Lula, em comparação à percepção de fracasso de Fernando Henrique está, muito provavelmente, na raiz do que se vê hoje em dia. Se aquele que não tinha curso superior e “nunca tinha sido nada” deu tão mais certo que um dos mais ilustres intelectuais de sua geração, o problema é o critério.
Ser “mais preparado” saiu de moda. Será que a campanha Serra consegue reabilitá-lo?

FHC a Ofélia da política brasileira na BBC


“O invejoso não morre apenas uma vez, mas tantas vezes quanto seu rival for aplaudido. A fama duradoura do invejado significa castigo eterno para o invejoso. O primeiro vive para sempre com suas glórias, o último, com seu sofrimento. Os clarins da fama entoam para anunciar a imortalidade de um e a morte do outro, condenando-o ao cadafalso da própria mesquinhez.”
Baltazar Gracian – A Arte da Sabedoria – aforismo Nº 162

Comércio varejista deve crescer mais de 10% este ano


O comércio não tem do que reclamar: as vendas estão em alta e a inadimplência está caindo. E com a perspectiva de aumento do emprego, as estimativas são ainda mais positivas para o fim do ano. 
As vendas do Dia das Mães já surpreenderam os lojistas e esse é só um sinal do que ainda está por vir. Isso porque o segundo semestre, historicamente, tem mostrado resultados melhores do que os da primeira metade do ano. 
Além disso, este ano tem um ingrediente que costuma movimentar o comércio: a Copa do Mundo. Por tudo isso, a expectativa é que as vendas cresçam mais de 10% em 2010 em relação ao ano passado.
 “O quadro está muito bom e tende a melhorar”, resumiu o presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Roque Pellizzaro Junior.
Consultas. Só em abril, o número de consultas ao Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) apresentou alta de 8,67% na comparação com o mesmo mês do ano passado. O levantamento funciona como um termômetro das vendas e é utilizado para compras a prazo e pagamentos em cheque, em 800 mil pontos de venda no País. Em relação a março, houve queda de 8,95%, mas isso não preocupou Pellizzaro que atribuiu a redução a fatores sazonais.
Março é tradicionalmente um mês de negócios mais aquecidos por conta das liquidações de queima de estoques para o lançamento da nova coleção. Além disso, houve o feriado da Semana Santa em abril, o que interfere no número de dias úteis e nos gastos com viagens.
Tanto é que nos quatro primeiros meses do ano, o saldo das consultas ainda é positivo em 7,75%, comparando-se ao quadrimestre de 2009. A pujança dos números é atribuída pelo presidente da CNDL ao aquecimento do mercado de trabalho. Ele lembrou que, só no mês de março o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, registrou a criação de 266 mil vagas com carteira assinada. “O brasileiro vem tendo confiança de que não vai perder o emprego, então toma crédito”, disse. / C.F.

Lula - Campeão Mundial na Luta contra a Fome


O presidente Lula a autoridades africanas que seu governo fez "milagre nos últimos anos". 
Para exemplificar, ele citou o crescimento da classe média no País. 
"Foi a capacidade de consumo dos pobres que fez a economia brasileira resistir à crise dos países ricos. As classes D e E do Norte e Nordeste consumiram mais que a A e B das regiões Sul e Sudeste. Os pobres foram à luta, compraram o que não podiam", disse Lula. 
"É a multiplicação dos pães. É um dos milagres que aconteceram no País", ressaltou. 
"Os pobres viraram classe média, passaram a comprar em shopping centers."
O presidente afirmou ainda que é necessário que os países ricos continuem ajudando as nações africanas e pediu que o próximo presidente da República mantenha as atuais relações com o continente. 
"Eu espero que o próximo governo continue pensando nessa trajetória", disse. 
"Espero que outros presidentes viajem mais do que eu para que possam descobrir o potencial que existe em nossas relações."
O presidente disse que, na política, os candidatos sempre prometem mudar a vida dos pobres, mas que, após a eleição, são os ricos que têm acesso às decisões. 
"Na hora de governar, o pobre sai da agenda e entra o rico", afirmou. 
O presidente reforçou ainda que não se pode esperar que sobre dinheiro do orçamento para investir no combate à fome. 
"O combate à pobreza só será vencido se houver prioridade na política orçamentária de cada país".
O discurso foi feito durante abertura de um encontro em Brasília entre ministros da Agricultura de países africanos e o governo brasileiro, organizado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). 
Lula destacou ainda a importância do desenvolvimento da agricultura africana e a importância de o Brasil e outros países investirem no continente. Lula foi condecorado, durante o evento, como o "Campeão Mundial na Luta contra a Fome".

Beata Joana de Portugal

Filha primogênita do rei D. Afonso V, possuía grande beleza e personalidade marcante. Exerceu a regência do Reino quando seu pai foi à frente de uma esquadra conquistar Arzila e Tânger, na África. Desejosa de se consagrar a Deus na Ordem dominicana, precisou vencer a resistência do pai e de seu irmão D. João (futuro D. João II) que desejavam um casamento vantajoso para ela. 


Conseguiu ingressar no convento dominicano de Aveiro, mas devido a sua má saúde foi impedida de professar. Continuou passando no convento a maior parte do seu tempo, conservou o hábito religioso; mesmo quando estava fora do convento praticava eximiamente a regra da Ordem. Morreu em 1490 e foi beatificada em 1693.

Henrique - Arte Digital



Georges  Braque

Compra do Estaleiro Rio Grande deve ser fechada até o fim do mês


Sérgio Bueno, de Rio Grande – VALOR

A negociação para adquirir o controle do Estaleiro Rio Grande (ERG) que está sendo construído pelo grupo WTorre no Rio Grande do Sul é o primeiro passo da Engevix Engenharia para instalar dois grandes polos navais próprios no país. O segundo empreendimento será implantado na região Sudeste a partir do zero pela empresa, que em pouco mais de uma semana pretende definir uma área entre os Estados do Rio de Janeiro, São Paulo ou Espírito Santo para o projeto, disse ontem o diretor executivo Gerson de Mello Almada.
A Funcef, fundação de seguridade dos funcionários da Caixa Econômica Federal, é sócia da Engevix na aquisição do estaleiro gaúcho e pode ficar com 25% do negócio. Almada não confirmou a divisão das participações nem revelou o valor do negócio, mas disse que a operação deve ser fechada até o fim do mês, praticamente junto com a inauguração do ERG, prevista paro o dia 31. No Sudeste, o investimento será exclusivo da Engevix.
Segundo Almada, a negociação em Rio Grande inclui o projeto (e a área contígua) do ERG2, onde a WTorre pretendia construir embarcações de apoio a plataformas marítimas. A empresa ainda está discutindo com a prefeitura e o porto locais a aquisição de novos terrenos para produzir também navios-sonda e fabricar e integrar os módulos das plataformas. Conforme o executivo, a Petrobras já lançou dois editais para a contratação de sete navios-sonda e duas plataformas semi-submersíveis, que totalizam investimentos de R$ 7,6 bilhões.
O plano da Engevix é montar uma infraestrutura capaz de absorver todas as etapas da construção de uma plataforma de exploração de petróleo e gás. De acordo com o diretor, a produção dos cascos representa 40% do investimento total num projeto deste tipo, enquanto a fabricação dos módulos responde por mais 30% e a integração, pelos 30% restantes.
No ERG a Engevix vai construir os oito cascos já contratados pela estatal para plataformas de produção e armazenamento (do tipo FPSO) de petróleo e gás na área do pré-sal na Bacia de Santos, orçadas em US$ 3,5 bilhões. O trabalho será executado no local de qualquer forma devido a vantagens logísticas e de disponibilidade de mão de obra, mas a aquisição do estaleiro, com um dique seco de 350 metros de comprimento por 130 de largura, “pereniza” e dá mais produtividade ao investimento, disse Almada. A construção dos cascos deve iniciar em outubro e vai levar cinco anos e quatro meses.
A implantação do ERG começou em 2006 e exigiu investimentos de R$ 840 milhões, sendo 21% bancados pela WTorre e 79% pela emissão de certificados de recebíveis imobiliários (CRI) administrados pela Rio Bravo Securitizadora e garantidos pela Petrobras. Em contrapartida, a estatal terá direito de usar a estrutura durante dez anos e depois disso os ativos serão repassados ao controlador privado, que agora deverá ser a Engevix. O projeto do ERG2 é orçado em R$ 420 milhões.
Neste ano a empresa já adquiriu o controle da Aibel Óleo e Gás, especializada em manutenção de plataformas para a Petrobras, que dispõe de um terreno de 41 mil metros quadrados, galpões e áreas industriais em Macaé (RJ). Mas, segundo Almada, a área não serve para absorver o projeto para a região Sudeste porque não tem acesso ao mar e se presta apenas para a montagem de módulos pequenos. O executivo participou de um seminário sobre o setor naval em Rio Grande patrocinado pela própria Engevix e pela construtora Toniolo Busnello, e organizado pela revista gaúcha “Voto”.