Serra o Gladiador

Ontem no debate da Record José "jenio" Serra mostrou definitivamente que quem nasceu para tucademopiganalha nunca será um Carlos corvo Lacerda.


O jenio é mais preparado.
O jenio se expressa melhor.
O jenio tem biografia.
O jenio fez os genéricos, acabou com AIDS, inventou a penicilina, fez o mutirão da próstata, acabou com a peste negra, é engenheiro, economista, editorialista da Folha, especialista em cálculo de porcentagem, o mais consistente, construiu a torre Eiffel, professor da Unicamp, instalou o bondinho do Pão de Açúcar, autor dos livros do David Ricardo, social-democrata, salvou as APAES, desalagou o Jardim Romano – o jenio é um gênio.
Como em 2002, ele ia para o debate da Record, o decisivo, para destroçar a Dilma.
Ia ser impiedoso, fulminante, contundente, feroz, incontrastável  – um Russel Crowe do “Gladiador” combinado com Winston Churchill.
Aí, começou o debate.
Primeiro, a fotografia.
Como diz o Zé Simão, mais importante que a entrevista é a foto.
E o jenio está um caco.
Exausto.
As olheiras se aproximam das gengivas.
Está mais cansado que professor de escola pública de São Paulo.
Este ordinário blogueiro desconfia que ele começa a ter um problema de audição.
No dia 4, ele deveria dar um pulo num Otorrino.
Ele parece o Nixon daquele debate com o Kennedy.
Deus lhe beijou na testa, e concedeu a oportunidade de abrir o debate com a primeira pergunta.
Pelos cálculos (sempre falhos) deste ordinário blogueiro, àquela altura o IBOPE deveria estar na casa dos 15 pontos.
Pau a pau com o Fantástico.
O Serra ia falar para uma audiência gigantesca.
Um público capaz de levá-lo, com sua precisão de raio laser, ao primeiro lugar no Datafalha.
Era bater o pênalti aos 45 minutos do segundo tempo, com o goleiro adversário manco, prostrado ao chão num canto da trave.
Era só correr para o abraço.
A jenialidade se encontrava com a Fortuna.
Aí, o jenio começa.
“Plinio” – ele, jenial, ia interpelar o não-candidato.
Ia fazer escada nas costas do Plínio e subir a rampa do Planalto de costas, tal a oportunidade que se abria à sua frente.
Deus é paulista !
Aí, veio a pergunta jenial: sobre o Irã.
Lá em Marechal, onde este ordinário blogueiro estudou as primeiras letras, o Irã, careca, de pernas tortas, joga um bolão no time dos “casados”.
O Irã.
Agora a Dilma não valia um fósforo queimado.
O Irã que ameaça a Mooca, com uma bomba atômica muti-fásica, pluri-letal. 
Quem mandou ousar competir com o jenio ?
O Irã !
Como a Dilma não tinha pensado nisso ?
E o Irã, Plínio ?
Aí, o Plínio virou o Russel Crowe.
Deixa de ser hipócrita, Serra.
Quer dizer que o Irã não pode ter bomba atômica, mas os Estados Unidos e Israel podem.
Te manca, Serra.
E o Serra foi reduzido à condição de …
O Serra virou … o Serra.
Isso foi aos 5’ do primeiro tempo.
Daí em diante, as olheiras desabavam, a cada bloco.
O jenio perdeu o caminho de casa.
Não dizia mais coisa com coisa.
Até a Bláblárina Silva ousou desmoralizá-lo.
Quando chove, cai uma tempestade, dizem os americanos.
A tempestade foi uma posição que o jenio adotava e fazia com que a iluminação aplicasse uns traços verticais escuros, abaixo das olheiras.
A fotografia é tudo …
No ponto mais alto da audiência, quando o jenio ia destruir a Dilma, ele confirmou o que o grande amigo Fernando Henrique Cardoso preferiu dizer em inglês: 
bye-bye Serra forever.
Paulo Henrique Amorim



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Dilma participa de debate na TV Record



Melhores momentos da Dilma no debate da Record
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Debates - Insossos, amorfos e inodoros debates


No passado foi sinal de prestígio para as redes de televisão promover debates entre os candidatos presidenciais. Positivamente, hoje não é mais. Pudessem ser realizadas e divulgadas pesquisas amplas, em todo o território nacional, a respeito dos índices de audiência desses debates, e os partidos se surpreenderiam pelo baixo nível de atenção do  cidadão comum diante da repetição das mensagens de cada candidato. Verificariam o esgotamento do formato já ultrapassado de um perguntar para o outro, com tempo restrito para réplicas e tréplicas onde apenas chavões e pegadinhas vão ao ar.

A turma do faturamento das emissoras através da publicidade não anda nada satisfeita. Até   os barões-proprietários começam a duvidar da eficácia de sua presença na portaria e nos corredores  das emissoras,  recebendo os participantes, como forma de mais tarde serem recebidos por um deles, o vencedor, quando chegar ao palácio do  Planalto.
É preciso repensar essa monótona tentativa de angariar votos, por parte de uns, e de programar influência, pelos outros. Um único debate realizado em pool ainda passaria, pela  curiosidade do  eleitor. Cinco, seis e mais encontros dos mesmos, falando as mesmas coisas, só faz despertar sono no telespectador. Mais evidências do desinteresse popular  tivemos ontem, no debate da Record, e teremos quinta-feira, na Globo, como aconteceu antes  na Bandeirantes, na Rede-TV, na Rede Vida e outras. Bem agiu o SBT em não pleitear o seu debate,  limitando-se a abrir espaço para entrevistas isoladas de cada candidato.
Repetir no futuro as mesmas insossas, amorfas e inodoras apresentações equivalerá a desestimular eleitores e candidatos.

por Carlos Chagas



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A última hora

A apenas uma semana da eleição presidencial, temos uma parte menor do sistema político, uma parte importante (mas minoritária) da sociedade e a maioria da “grande imprensa” em torcida animada para que a “última hora” faça com que os prognósticos a respeito de seu resultado não se confirmem.
É natural que todos os candidatos, salvo Dilma, queiram que alguma reviravolta aconteça. Os três partidos que dão apoio a Serra, o PV de Marina Silva, os pequenos partidos de esquerda, todos torcem pelo “fato novo”, a “bala de prata”, algo que a golpeie. Do outro lado, a ampla coligação que Lula montou para sustentar sua candidata (e que formará, ao que tudo indica, a maioria do próximo Congresso) espera que nada altere o quadro.
Hoje, Dilma lidera em todas as regiões do país, jogando por terra as análises que imaginavam que as eleições consagrariam um fosso entre o Brasil “moderno” e o “atrasado”. Era o que supunham aqueles que leram, sem maior profundidade, as pesquisas, e acreditavam que Serra sairia vitorioso no Sul e no Sudeste, ficando com Dilma o voto do Nordeste, do Norte e do Centro-Oeste. Não é isso que estamos vendo.
Ela deve vencer em todos os estados, em alguns com três vezes mais votos que a soma dos adversários. Vence na cidade de São Paulo, na sua região metropolitana e no interior do estado. Lidera o voto das capitais, das cidades médias e das pequenas. É a preferida dos eleitores que residem em áreas rurais.
As pesquisas dão a Dilma vantagem em todos os segmentos socioeconômicos relevantes. É a preferida de mulheres e homens (sepultando bobagens como as que ouvimos sobre as dificuldades que teria para conquistar o voto feminino), de jovens e velhos, de negros e brancos. Está na frente entre católicos, evangélicos, espíritas e praticantes de religiões afro-brasileiras.
Vence entre pobres, na classe média e entre os ricos (embora fique atrás de Serra entre os muito ricos). Lidera entre beneficiários do Bolsa Família e entre quem não recebe qualquer benefício do governo. Analfabetos e pessoas que estudaram, do primário à universidade, votam majoritariamente nela.
É claro que sua candidatura não é uma unanimidade. Existe uma parcela da sociedade que não gosta dela e de Lula, que nunca votou e que nunca votará em alguém do PT. São pessoas que até toleram o presidente, que podem achar que é esperto e espirituoso, que conseguem admirar aspectos de seu governo. Mas que querem que Dilma perca.
Se, então, Dilma reúne ampla maioria no eleitorado e apoios majoritários no sistema político, o que seria a “última hora”? O que falta acontecer, de hoje a domingo?
Formular a pergunta equivale a considerar que o eleitorado ainda não sabe o que vai fazer, que aguarda a véspera para se decidir. Que “tudo pode mudar”.
É curioso, mas quem mais acredita que os outros são volúveis são os mais cheios de certezas, os mais orgulhosos de suas convicções. Mas acham que o cidadão comum (o “povão”) é diferente, que é incapaz de chegar com calma a uma decisão pensada e madura.
É fato que sempre existe uma parcela do eleitorado que permanece indecisa até o final. Já vimos, em eleições anteriores, que ela pode oscilar, saindo de uma candidatura e indo para outras. Conforme o caso, sua movimentação pode provocar resultados inesperados, como ocorreu com o segundo turno em 2006.
Mas aquelas eleições também mostram como acontecem esses fenômenos de “última hora”. Nelas, a única coisa que um quase uníssono da “grande imprensa” contra a candidatura Lula conseguiu fazer foi assustar os eleitores mais frágeis, com baixa informação e baixo interesse por política. Os dados indicam que os eleitores mais informados e com alto e médio interesse em nada foram afetados pela artilharia da mídia (assim como os sem nenhum, que nem ficaram sabendo que havia “aloprados”).
Ou seja: aquela gritaria só fez com que as pessoas mais inseguras a respeito de suas escolhas ficassem confusas, ainda que apenas por alguns dias. Mal começou a campanha do segundo turno, Lula reassumiu as rédeas da eleição e avançou sem problemas até a consagração no final de outubro. É como o título daquela comédia: “Muito barulho por nada”.
Marcos Coimbra

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Em Pernambuco, ‘onda Lula’ ganha ares de ‘tsunami’

Em nenhum outro pedaço do mapa brasileiro a influência de Lula na eleição é mais evidente do que em Pernambuco.

No Estado natal do presidente, a oposição come o pão que o Tinhoso amassou. Ali, os rivais de Lula flertam, por assim dizer, com a extinção.

Candidato ao quarto mandato de senador, Marco Maciel (DEM) fora à disputa com o semblante de favorito.

Em comício, Lula o desancou. Chamou-o de “senador do Império”. Disse que, como vice de FHC, não enviara a Pernambuco um mísero centavo.

Maciel exibiu uma lista de obras que traziam suas digitais. Da tribuna do Senado, reagiu a Lula com a moderação que lhe é própria.

Pois bem. O morubixaba da tribo ‘demo’, que já caía nas pesquisas, foi ao desfiladeiro. Chega à reta final com cara de vencido. Ultrapassou-o Armando Monteiro (PTB).

À frente dos dois, o ex-ministro Humberto Costa (PT), recém-abolvido no escândalo dos Vampiros, deve beliscar a primeira vaga de senador.

Raul Jungmann (PPS), que entrara na briga pelo Senado numa vaga que seria do PSDB, escorrega nas sondagens eleitorais para a casa de um dígito.

Candidato à reeleição, o governador Eduardo Campos (PSB), hoje um dos políticos mais chegados a Lula, surfa acima dos 70%.

Campos deve se impor sobre Jarbas Vasconcelos (PMDB) no primeiro turno, com uma das maiores votações proporcionais do país.

Em conversa com o repórter, um dos líderes do bloco pernambucano anti-Lula fez piada da própria desgraça:

“Aqui em Pernambuco, do jeito que a coisa caminha, a oposição terá de recorrer ao Ibama contra a ameaça de extermínio”.

Em meio ao cenário de terra arrasada, Jarbas dispõe de um lenitivo. Seu mandato de senador vai até 2014. Eleita, Dilma Rousseff terá de aturá-lo em Brasília.


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águia e a flecha

Marina chega à reta final mais ‘aprumada’ que Serra

Realizou-se na noite passada, na TV Record, o penúltimo debate presidencial antes do primeiro turno da eleição. Os contendores voltaram aos holofotes num instante em que a platéia se pergunta: Haverá segundo turno?

A julgar pelas últimas pesquisas, a resposta é “não”. Mas José Serra e, sobretudo, Marina Silva tentam modificar a cena. Marina chega à reta final com o discurso mais aprumado que o de Serra, eis o que ficou evidenciado no debate.

Serra é, hoje, um candidato na defensiva. Gasta mais tempo se explicando do que vendendo seu peixe. Curiosamente, dirigiu a maioria das perguntas que lhe coube formular não a Dilma, como seria lógico, mas ao lanterninha Plínio de Arruda Sampaio.

Só questionou Dilma quando as regras do debate o impediram de se desviar da rival. Dilma fez o mesmo. Inquiriu ora Marina ora Plínio. Em confrontos anteriores, Serra esfregara no nariz de Dilma o ‘Fiscogate’ e o ‘Erenicegate’. Na Record, absteve-se de repetir a tática. O caso da violação fiscal nem foi mencionado. O escândalo da Casa Civil foi cobrado, mas não por Serra. 

Deu-se o seguinte: Serra e Dilma fizeram de Marina e Plínio escadas para explorar os temas que mais lhes convinham. Lançavam as perguntas e, ao replicar, desfiavam um lero-lero ensaiado. Não funcionou. Convertida em escada, Marina escalou sobre ambos.

Antes, Marina era ignorada. Serra e Dilma chegavam mesmo a poupá-la. Agora, até Plínio alveja Marina. Pingou dos lábios de Dilma o ataque mais incisivo. Em verdade, um contraataque. Evocando o mensalão, Marina recordou que o caso Erenice é uma reincidência. Fustigou: Que providências tomou para evitar?

Levada ao corner, Dilma subiu o tom: “As mesmas providências que você tomou”. Lembrou que, como ela, Marina é ex-ministra. E disse que, sob a ex-titular do Meio Ambiente, servidores de chefia foram pilhados vendendo madeira.

Mais incisivo, Plínio disse a Dilma que a nomeação de Erenice o conduzia a duas conclusões: ou a petista foi “conivente” ou mostrou-se “incompetente”. E ela: “Nem uma coisa nem outra". Disse que encrenca está sendo investigada, como convém.

Numa tentativa de espantar a tese de que a gestão Lula virou ninho de corrupção, Dilma disse que, valorizada, a PF trabalha a mais não poder. A Controladoria adotou um grau de transparência que não se vê em São Paulo. Sumiu a figura do “engavetador-geral”, como ficou conhecido Geraldo Brindeiro, o procurador-geral da República da era FHC.

Plínio não se deu por achado. Se a PF trabalha tanto é porque a corrupção viceja, disse. Noutro trecho do debate, Marina questionou o “promessômetro” de Serra. Aparentemente munida de dados, disse que, como governador de São Paulo, Serra gastara mais em publicidade do que em programas sociais.

Nas cordas, Serra disse que o “social” não se limita ao assistencial. Inclui saúde e educação. Religou o “promessômetro”: salário mínimo de R$ 600, mais Bolsa Família e aumento das aposentadorias. “As propostas não estão encontrando respaldo na realidade”, Marina replicou.

Serra costuma se jactar de sua passagem pela pasta da Saúde. Marina cuidou de iluminar a (in)ação de Serra noutro ministério. Disse que, no Meio Ambiente, defrontara-se com o flagelo da terceirização de mão-de-obra. Como ministro do Planejamento de FHC, como permitiu que o fenômeno se disseminasse?

Ao responder, Serra disse que nada tem a ver com a terceirização. Sua escala no Planejamento foi breve, alegou. Depois, numa das ocasiões em que as regras o compeliram a questionar Dilma, Serra mirou no “aparelhamento” das agências reguladoras e na acomodação de companheiros em 21 mil cargos de confiança.

Dilma respondeu que a gestão FHC criara as agências, mas não as dotara de estrutura. E pegou carona na pergunta de Marina. Ao chegar no Ministério de Minas e Energia, encontrei um engenheiro e mais de 20 motoristas, declarou.

Mais: no governo de São Paulo, Serra contratara professores que haviam sido reprovados em concurso. O tucano aconselhou a rival a checar os dados. A petista respondeu que se servia de informações públicas. E a coisa ficou por isso mesmo.

Num bloco em que coube a jornalistas formular perguntas, Serra foi empurrado, de novo, para a defensiva. Questionaram-no sobre: 1) O fato de ter levado Lula à TV e escondido FHC. 2) A reiteração da tática do medo, que usara contra Lula em 2002, servindo-se de depoimento dramático de Regina Duarte.

Serra disse que exibiu Lula por 30 segundos, em situação específica. Quanto a FHC, alegou que, ao propalar sua passagem pela Esplanada não está senão prestigiando o amigo, que sempre lhe deu apoio. Convidada a comentar a resposta, Dilma foi à jugular:

"Considero muito estranho que o Serra use a imagem do Lula à noite e de dia faça críticas ao governo”. Ao replicar, Serra disse que sua candidatura não tem patrocinador. E chamou Dilma de “ingrata”.

Recordou que o “medo” evocado na peça de 2002 só não se materializou porque o governo Lula manteve os avanços de FHC. Avanços que renegara -o Real e a Lei de Responsabilidade Fiscal, por exemplo- foram depois reconhecidos por Antonio Palocci, lembrou.

Ao final, José ‘28%’ Serra e Marina ‘13%’ Silva convidaram o eleitor a levá-los a um segundo round contra Dilma ‘49%’ Rousseff. As pesquisas da semana trarão a resposta. Para azar de Marina, a briga inclui um terceiro adversário: o relógio.


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