Serra o privatista, não quer tratar do assunto


Repetindo comportamento que adotou em Porto Alegre, há dez dias, o pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, voltou a se irritar ontem, no Rio, ao ser questionado sobre a eventual disposição de privatizar patrimônio e bens públicos, caso seja eleito. No dia 5, uma pergunta sobre esse tema levou Serra a responder agressivamente a uma jornalista do grupo RBS, que participava de uma entrevista multimídia com o candidato. Ontem, o tucano se irritou com um profissional da empresa pública EBC, ex-Radiobrás. 
    Repórter: “A Petrobras, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal estão livres da privatização?”
    Serra: “Claro que sim, quem falou o contrário? De onde você é?”
    Repórter: “Da Radiobrás.”
    Serra: “Muito bem, então informe isto a seus patrões”.
     Serra tem insistido em classificar as perguntas de jornalistas sobre privatização como “trololó” de caráter eleitoral. Veladamente, atribui esse “trololó” ao PT. Seu esforço é evitar que cole nele, como colou em Geraldo Alckmin na campanha presidencial de 2006, a imagem de privatista, resultante dos processos de desestatização a que se dedicaram tanto o Governo Fernando Henrique quanto os sucessivos governos tucanos no estado de São Paulo.
    Recente estudo da bancada do PT na Assembleia Legislativa paulista informa que  os governo de São Paulo, sob comando do PSDB, fizeram do estado o “palco do maior processo de transferência de patrimônio público para grupos privados de que se tem notícia no país: nada menos de R$ 79,2 bilhões nos leilões da privataria”. O processo de privatização, que teve ritmo reduzido no Governo Alckmin, foi fortemente retomado nos 39 meses do Governo Serra.
    Apenas no sistema rodoviário, Serra autorizou a operação de, pelo menos, 82 praças de pedágio privadas.

Crítica, sim. Apelo ao golpismo, não!


Não havia a menor dúvida de que tucanos e demos tentariam algo contra o programa do PT que foi ao ar ontem à noite. Devem ter ficado todos sentadinhos em frente à TV, acompanhados de seus advogados, indo ao desespero com a naturalidade de Lula e Dilma e maquinando o que diriam no dia seguinte.
O discurso já amanheceu arrumadinho hoje. “É infração clara à legislação eleitoral”, “bofetada nos juízes do TSE”, “dano irreparável”, “violência”, “desrespeito”, “deboche” e “transgressão”, entre outros adjetivos.
Isso era esperado. E é a chiação própria da matilha política que toma a si o uso de dentes e garras, enquanto seu candidato posa de bom moço e, quando controla a sua natureza, usa e abusa das expressões mais cândidas, dizendo que “Lula está acima do bem e do mal”.
Mas é de extrema gravidade o que o Estadão publicou agora, há poucas horas. Trata-se de uma insuflação ao golpismo mais abjeto. Diz a matéria que, “ganha força no TSE, segundo apurou o Estado com ministros do TSE, a tese de que poderá ter sucesso no tribunal uma eventual representação da oposição acusando Dilma de abuso de poder político e uso dos meios de comunicação em prol da candidatura ao Planalto”.Tal situação, diz o jornal, “pode levar à inelegibilidade do político e de quem o ajudou na prática dos atos irregulares além da cassação do registro do candidato que foi beneficiado pelo abuso de poder.” Continua>>>

Ridícula bobagem tucana


O senador tucano que começou a tripudiar Dilma para ver se a candidata aceita a torpe provocação do PSDB, diz que Serra está igual "pinto no lixo" de tanta felicidade. 

Creio que Serra e companhia estão mais para lixo no pinto, de tanta presunção e arrogãncia antes do tempo.
Vicente Limongi Netto 
Brasília - DF

Candidatos se encontram pela segunda vez e devem debater

Os três principais candidatos à Presidência devem se encontrar pela segunda vez na próxima quarta feira. 


Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV) participarão da XIII Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, evento organizado pela Confederação Nacional dos Municípios. 


Durante 3 horas, os candidatos vão responder a perguntas de prefeitos sobre temas de interesse dos municípios

Resposta do Sensus à Veja e à Folha


De Ricardo Guedes

Sobre as notícias veiculadas na imprensa sobre a Sensus ter cedido a pressões para a alteração da ordem das perguntas em seus questionários, vimos fazer as seguintes considerações abaixo relacionadas.
Os partidos, em geral, fazem pesquisas internas que não são divulgadas com o objetivo de avaliarem o posicionamento de seus candidatos, o que é lícito e normal. Sabedores, entretanto, da realidade de seus candidatos, alguns partidos por vezes tentam difamar e mesmo impedir antecipadamente a divulgação de pesquisas que, por serem corretamente aferidas, podem apresentar resultados que não lhes são favoráveis.
Na metodologia das ciências sociais, a introdução de perguntas que replicam a decisão natural dos eleitores antes do espontâneo não altera de nenhuma forma os seus resultados. É certo de que o eleitor quando vai votar para presidente, faz a avaliação prévia do governo, e de sua identificação partidária pessoal, assim como de outros fatores. O exame cuidadoso das pesquisas registradas no site do TSE demonstra que, os institutos de modo geral, têm e fazem uso de questões antes do espontâneo em suas pesquisas nacionais ou estaduais. A ordem das perguntas não altera a vontade popular e as intenções de voto. E as metodologias da ordem das perguntas não diferem em seus resultados.
Entretanto, tal qual hoje caracterizado no país, a Sensus está se precavendo contra as possíveis difamações e ações jurídicas que pretendem protelar, ou mesmo impedir, a divulgação de seus resultados. Em recente episódio em Santa Catarina, tivemos a ordem das perguntas juridicamente questionada, com ganho por unanimidade para a Sensus pelo egrégio Tribunal.
A Sensus é uma empresa há 23 anos no mercado, com trabalhos a nível nacional e internacional, para clientes privados e organizações de grande e médio portes, tendo seus resultados amplamente divulgados pela imprensa nacional e internacional.
A Sensus é uma empresa, não um partido. Não participamos de nenhuma campanha política no país, e temos como clientes a pluralidade da demanda em todo o seu espectro econômico, político e social.
A Sensus não cede a pressões, mas está se precavendo contra ilações políticas, sempre dentro do que é correto na metodologia das ciências sociais.

Delação premiada


Jorge da Mota e Silva, no Correio Brasiliense
Preliminarmente, registro que, durante cinco anos, cinco meses e cinco dias, me impus silêncio total sobre as críticas infundadas que a mídia nacional publicou e ainda publica contra a Telebrás. Período em que tive a honra e o privilégio de presidi-la. Não ocuparei espaço para relatar o que foi feito durante a minha gestão. Tenho certeza de que serei lembrado pelo que não deixei que fizessem: fechá-la. Lutei quase solitariamente, tive apenas o apoio da diretoria, dos conselhos de Administração, Fiscal e de empregados dedicados.
Só agora, quando deixo a presidência, dou esse grito sufocado por tanto tempo, para repor o verdadeiro papel que teve a empresa ao longo desses 38 anos de existência. A grande transformação das telecomunicações brasileiras deu-se após a sua criação em 1972. As redes de fibras óticas, a criação da Embratel, o uso dos satélites, as transmissões a cores pelas televisões, a modernização do sistema, integrando o Brasil de norte a sul, de leste a oeste, foram conquistas, sim, do monopólio estatal. Muitos de boa ou má fé teimam em dar como exemplo de anacronismo a estagnação da telefonia fixa, fruto de políticas adotadas pelos governos, que para manter o famigerado superávit primário impôs restrições aos investimentos, mesmo que houvesse recursos próprios das empresas estatais.
Mas eis que surgem novamente, com as garras aguçadas, os cavaleiros do apocalipse. Os gênios que criaram o atual modelo das telecomunicações, que um brilhante jornalista classifica de privataria. Não a privatização em si, mas o formato. Quem não se lembra da célebre frase estamos no limite da irresponsabilidade, em conversa gravada entre o então presidente do BNDES e um diretor do Fundo Previ (naquela época já se grampeavam as conversas telefônicas)?
O grande argumento da privataria era a busca da livre concorrência para o setor. A abertura para o capital privado, o melhor para o Estado, os exemplos de outros países etc. Hoje, os arautos do modelo da privatização, quase todos a serviço das teles, como lobistas, consultores ou empregados diretos, ganhando polpudos pro labores, querem mais incentivos do governo para levar aos brasileiros o que já deveriam ter feito ao longo desses 12 anos de gordas tarifas e perdão de obrigações assumidas nos contratos de concessão que não cumpriram. Querem sempre mais. Não bastou a distribuição que receberam, em 1998, de ativos da Telebrás da ordem de R$ 31 bilhões e, mais adiante, quase R$ 8 bilhões em compensações tributárias. Agora querem também ditar as políticas públicas de telecomunicações.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está apenas corrigindo distorções que são flagrantes no atual modelo das telecomunicações, estendendo o braço do Estado a milhões de brasileiros ávidos em participar das conquistas da tecnologia, através do Programa Nacional de Banda Larga (PNBL), a preços compatíveis com as suas condições econômicas.
Não é possível falar de modernização das telecomunicações no Brasil sem desfraldar a bandeira da Telebrás. Tanto é assim que, até hoje, após 12 anos, a Anatel acha imprescindível ao seu funcionamento a permanência de técnicos cedidos pela Telebrás, de reconhecida competência, que prestam relevantes serviços àquela agência reguladora.
É importante destacar que todo o arcabouço jurídico e legal que criou a Telebrás permanece inalterado. A lei que a criou, em 1972, continua em vigor. Obedece também à legislação que regula as sociedades anônimas, seu estatuto e regimento, possuindo mais de 2 milhões de acionistas, com papéis negociados na Bovespa. Não está incluída no Programa de Desestatização, sob a responsabilidade do Ministério do Planejamento. Ficou todos esses anos sem operacionalidade, fruto do modelo que deixou para a viúva apenas os ossos da privatização, representados pelo passivo judicial das ações nas áreas dos direitos civil, tributário e trabalhista.
Não seria justo terminar sem prestar a minha homenagem ao melhor dirigente que, durante 12 anos, presidiu a empresa e fez o seu logotipo ser reconhecido e respeitado internacionalmente, nas bolsas de valores de Nova York e Frankfurt. José Antônio de Alencastro e Silva será sempre lembrado pelos que reverenciam a honradez e o cumprimento do dever. Prestou grandes serviços ao Brasil, exemplo de dedicação e competência deixado na história das telecomunicações brasileiras.
Começa agora um novo tempo com o Programa Nacional de Banda Larga. A palavra chave é concorrência. Não ao monopólio privado. Essa, a minha delação. O prêmio é a volta da Telebrás.

Mercadante e o governo Lula Parte II

Na sequência, a segunda parte da entrevista que o senador Aloizio Mercadante, pré-candidato ao governo de São Paulo pelo PT, deu à CartaCapital dia 10 de maio último. A primeira parte foi publicada aqui nesta quinta-feira 13 e você pode lê-la clicando aqui.
A terceira e última parte da entrevista irá ao ar na segunda-feira 17.
A Celso Marcondes 
CartaCapital: E aquela polêmica a respeito dos números que Dilma usou sobre as operações da Polícia Federal?
AM
: Eu terminei um livro com um balanço do governo Lula. 1012 é (o número de operações da PF) que está no livro, eu terminei o livro com um balanço até 2009. Quando a Dilma me ligou, eu disse que era mais, imediatamente nós repassamos e eram 1060. No meu livro está assim: 20 operações de 2000 a 2002 do Fernando Henrique Cardoso. Eram 183 operações nos primeiros três anos do governo Lula, agora são 1060. Isso está disponibilizado no site da Polícia Federal inclusive, uma parte anterior do governo do Fernando Henrique Cardoso, se você olhar relatórios encontra lá as operações que foram feitas. É inquestionável. Nós aumentamos em 47% a verba da Receita Federal, aumentamos o efetivo, demos liberdade para adequação, investimos na inteligência policial, na polícia científica e os resultados apareceram também no combate à corrupção hoje muito mais eficiente. Uma transparência muito maior no País.

Objetivamente, o comportamento histórico deles e das principais lideranças não é compatível com esse discurso. Agora, se esse discurso é verdadeiramente uma inflexão, e eles pensam isso, se até quem sempre criticou o Lula, agora elogia o Lula, então vamos votar em quem o Lula elogia, vamos votar na Dilma.
E se esse governo é tão bom como eles dizem, então ele tem que continuar, deixar a Dilma trabalhar.
CC: Mas o senhor acha que a identificação da Dilma com o Lula já está clara para a maioria da população?
AM
: A minha visão, é que essas coisas só vão ficar claras a partir de agosto, quando a televisão for para o ar. A Dilma vai ter quase metade do tempo de televisão da campanha, nunca tivemos isso. Em 2002 nós tínhamos 21% e o Serra tinha 47% do tempo de televisão, agora vai inverter, ele vai ter em torno de 26%, 27% e a Dilma deve ter em torno de 50% do tempo de televisão. Nós vamos poder mostrar uma coisa que o Brasil sente. 75% dos brasileiros apoia o governo Lula, porque o País cresce, tem estabilidade, foi precavido em relação à crise; nós somos hoje o segundo maior produtor e exportador de alimentos do mundo, a safra agrícola é recorde este ano, com149 milhões de toneladas, o pré-sal aponta uma perspectiva fantástica para a economia brasileira.

Nós criamos um mercado interno de massa, que é o que faz o Brasil crescer hoje, porque a Europa está mal, o Japão e os EUA continuam com dificuldades e o Brasil retomou um crescimento de mais de 7% nesse primeiro trimestre.
Então, meu livro vai contar isso detalhadamente, é um balanço do governo, o prefácio é do Lula. Chama-se “O Brasil, a Construção Retomada”. Acho que vai ser um bom momento para o debate político.

Eu usei a “construção retomada” dialogando com “o Brasil construção interrompida”, do Celso Furtado. Eu publico uma carta em que ele me mandou em 2002, aonde ele dizia a angústia que sentia em relação ao período neoliberal, as dificuldades do país, ele achava que ia ser muito difícil dar um salto histórico, mas achava que era possível, que as nossas propostas caminhavam nesta direção. Ele não viveu para ver, mas a gente retomou a construção da nação.
CC: E dá para adiantar para nós a questão central que aborda no livro?
AM
: Eu acho que vai dar uma bela discussão, falo sobre como foi colocar o social como eixo estruturante do econômico e criar um mercado de consumo de massa, que era nosso projeto desde a origem. Porque nós fizemos a “Carta ao Povo Brasileiro” para fazer uma transição, na medida em que nossa margem de manobra era muito pequena quando nós chegamos.

A crise cambial, a taxa de juros estava em torno de 27,5%, a inflação estava em 17%, então se precisava de uma política de transição, para criar condições, acúmulo de forças, governabilidade, para implantar um modelo onde o social fosse o eixo estruturante do econômico, porque esse que é o novo desenvolvimentismo que o Lula trouxe: o protagonismo internacional do Brasil, a liderança dos países em desenvolvimento, a integração regional da América do Sul. Foi um trabalho que me deu muito orgulho de ter participado como líder do governo.

Esse balanço do governo Lula é muito importante para a disputa em São Paulo. Eles estão aqui no governo há 27 anos, 16 anos com o PSDB, o Alckmin foi governador por 12 anos, seis anos governador, seis anos vice-governador, e mais um ano e quatro meses como secretário de governo. Então, eu não posso comparar um governo que eu não fiz com um governo em que eles estão tanto tempo se alternando. Eu posso comparar o governo que nós fizemos no Brasil, com o governo que eles fizeram no Brasil e posso destacar o que do governo Lula nós fizemos em São Paulo.
CC: No debate do Sérgio Guerra com o José Eduardo Dutra (presidentes do PSDB e do PT) Guerra insistiu que o governo Lula era uma continuação da política econômica e dos programas sociais do governo Fernando Henrique, que Lula não fez outra coisa senão adaptar tanto a política econômica quanto os programas sociais.
AM
: Evidente que, primeiro, a política externa é outra. O Serra disse que acha o Mercosul um desastre e nós investimos muito na integração. Nossas exportações para o Mercosul cresceram duas vezes mais, que as nossas exportações para o resto da economia mundial. Investimos na integração regional, isso ajudou no protagonismo internacional do país. Investimos em sair da ALCA, por uma política de articular os países em desenvolvimento e recolocá-los em uma agenda global. Não nos acomodamos com o papel subalterno, secundário em relação ao G-20, nós implodimos o G-8 e criamos o G- 20.

Nessa crise o Brasil presidiu o G-20 no momento da sua constituição, nós tivemos uma liderança inquestionável em Copenhague na agenda ambiental. E o presidente Lula é o presidente que mais vezes viajou à África, à Ásia, que mais viajou para a América Latina. Nós construímos realmente uma grande liderança internacional, que o mundo hoje aplaude e reconhece. Diferente da agenda de uma inserção subalterna que era o projeto deles.
O Cavallo (Domingo Cavallo, ex-ministro da Economia da Argentina nos governos Menem e Fernando de la Rúa) também dizia que o Mercosul era um projeto que tinha que ter uma relação carnal com os EUA e nós fizemos uma outra construção histórica cujo resultado, na balança comercial e nas contas externas do país, foi exuberante.
CC: E quais as diferenças sobre o papel do Estado, tema que deve também ocupar um espaço importante na campanha?
AM
: Nós retomamos o estado planejador, o estado protagonista, nós fortalecemos as empresas estatais. Eles venderam quase todo o patrimônio. Se você pegar a revista Exame em 2006, eles diziam temos que vender a Petrobras e o Banco do Brasil. Na crise o que nós fizemos? O Banco do Brasil empresta mais hoje do que todos os bancos públicos emprestavam em 2002. O BNDES hoje é maior que o Banco Mundial. Na Caixa Econômica Federal só de crédito imobiliário são 47 bilhões de reais, tem 410 mil casas sendo construídas na faixa de 0 a 3 salários mínimos e esse programa foi lançado no auge da crise. Uma política que nunca foi feita no passado.

O que eles fizeram na crise? O Serra, vendeu a Nossa Caixa. No auge da crise, quanto estávamos usando os bancos públicos para fazer uma política de crédito em um grave cenário de crise de liquidez, eles estavam vendendo a Nossa Caixa. Aumentaram os impostos na capital, o IPTU, fizeram um programa de distribuição tributária em São Paulo que aumentou a carga tributária do estado, enquanto nós estávamos desonerando o setor estratégico, dando liquidez e colocando nos bancos públicos.
CC: Mas o Brasil tem ainda sérios entraves nas áreas de energia e infraestrutura, não é?
AM
: Vamos começar pela Petrobras: eles venderam um terço por 5 bilhões de dólares. A Petrobras hoje vale 208 bilhões de dólares e é a 18ª maior empresa do mundo na bolsa, segunda maior empresa de petróleo do mundo. Isso e a descoberta do pré-sal mostram a força da Petrobras ao substituir importações na cadeia produtiva de petróleo. O Lula acabou de inaugurar o primeiro navio construído em Pernambuco, no estaleiro, que é uma coisa que foi construída nesse governo. A Ferrovia Norte-Sul está com 7 mil pessoas trabalhando, com uma velocidade fantástica, estava parada há 20 anos.

E o que eles fizeram em ferrovias? Em 16 anos que eles governaram o estado de São Paulo? Venderam a FEPASA e privatizaram todo o setor ferroviário nacional, abandonaram qualquer planejamento de projeto estruturante sobre trilho. O modelo de estado era outro, a política externa era outra, a política econômica foi outra. Nós fizemos uma política econômica de um perfil keynesiano, inclusive na crise, anti cíclico, para retomar a capacidade de investimento e formulação de políticas públicas. O PAC é a reconstrução da capacidade de planejamento estratégico de projetos estruturantes de investimentos do estado, em parceria com a iniciativa privada, que o Brasil tinha perdido a ideia de planejamento, projeto estruturante, papel protagonista do estado no impulso de seu desenvolvimento. Nós somos, na realidade, o que um novo desenvolvimentismo e a marca fundamental desse novo desenvolvimentismo é o social como eixo estruturante do econômico.

A ideia força desse governo foi criar um mercado de consumo de massa, eles diziam que se o salário mínimo crescesse a inflação voltava. Teve um crescimento de 74% do salário mínimo, eles jamais pensaram em um programa como o Prouni. Nunca existiu um Prouni antes, ele colocou 726 mil alunos na universidade com bolsa de estudos.

(LEIA A PARTE FINAL DA ENTREVISTA NA SEGUNDA-FEIRA 17)