Em 98, DataFolha ajudou tucano

Um velho economista costuma dizer que em determinadas situações não adianta torturar os números. Mas, pelo visto, alguém está torturando os pobres coitados. Até o IBOPE deu Dilma na frente. 

O DataFolha ficou isolado – insiste no empate técnico, com Serra à frente. 

Hudson Villas Boas relembra o que aconteceu em 98, quando a Folha errou em favor de um tucano – Mario Covas. Confira!

L3R ? 3NT40 CL1K N0 4NÚNC10 QU3 T3 1NT3R3SS4 ! 4GR4D3Ç0 !

Os novos protagonistas da economia

De acordo com o instituto de pesquisas Data Popular, este ano,  as famílias com ganho mensal entre R$ 511 e R$ 1.530 têm para gastar com produtos e serviços R$ 381,2 bilhões ou 28% da massa total de rendimentos de R$ 1,380 trilhão. 
Enquanto isso, a classe B vai ter R$ 329,5 bilhões (24%). 
A classe B tem renda entre R$ 5.101 e R$ 10.200. 
O maior potencial de compras, no entanto, continua no bolso da classe C: R$ 427,6 bilhões (31%). 
“Mas é a primeira vez que a classe D passa a ser o segundo maior estrato social em termos de consumo”, afirma o sócio diretor do Data Popular e responsável pelos cálculos, Renato Meirelles.
Estes brasileiros não têm geladeira e máquina de lavar  (49%) e seu conho de consumo é, este ano, comprar máquina de lavar (41%), o forno de micro-ondas (37%) ,geladeira (35%), e até computador (29%), diz a pesquisa.
Não havia na matéria dados sobre as classe A e E, mas é possível dizer que, agora, as classes B, C e D, que vão de um salário mínimo a R$ 10,2 mil de renda familiar ( ou um a vinte salários mínimos) representam 83% da massa de rendimentos do país. Mas ainda existem algo como 13 ou 14 por cento dos brasileiros, a classe E, excluídos da economia real.
Dá para avaliar o impacto disso no aquecimento da economia, no emprego e na produção?

L3R ? 3NT40 CL1K N0 4NÚNC10 QU3 T3 1NT3R3SS4 ! 4GR4D3Ç0 !

NEM EUFORIA NEM TRISTEZA


É claro que felizes ficaram os companheiros, com a diferença  de cinco  pontos em favor de Dilma Rousseff, na  mais recente pesquisa do Ibope. Mas sem euforia, porque as eleições   acontecerão em outubro.

No reverso da medalha, os tucanos preocuparam-se, mas não a ponto de perder o plano de vôo. Afinal, José  Serra já esteve na frente, inúmeras vezes. 

O importante, em mais essa tomada de opinião, é que  as consultas sobre votos em branco, nulos e  indecisos somam 19%.  Um volume de eleitores para não deixar ninguém desesperançado ou confiante demais. Parece evidente que as duas primeiras categorias, branco e nulo,  estarão presentes na hora de votar, ainda que os indecisos  devam diminuir, mesmo fluindo para uma das duas outras.  Sem contar os faltosos, percentual difícil de calcular antes da eleição, já que somos 135 milhões de eleitores.

De qualquer forma,  outras pesquisas virão, jamais certezas, mas tendências expressivas à medida em que o tempo passar e os institutos desdobrarem-se para não  ficar muito  distantes do resultado final. Precisarão de clientes para as  eleições seguintes... 

L3R ? 3NT40 CL1K N0 4NÚNC10 QU3 T3 1NT3R3SS4 ! 4GR4D3Ç0 !

Serra e Índio, qual o apito?

E finalmente descortinou-se – sob os estarrecidos olhares dos eternos ingênuos – a verdade que todos, há muito tempo, já conheciam. A fluidez do processo político brasileiro, suas clivagens e crises que podem decorrer da percepção de resultados eleitorais adversos, levaram o candidato José Serra a revelar sua verdadeira natureza de classe. Reativando um surrado discurso udenista, o ex-presidente da UNE passou a endossar o protofascismo de sua base de sustentação. Mais que assegurar a adesão de eleitores da direita, pôs por terra uma tese que ganhava espaço na grande mídia e em conhecidos círculos acadêmicos.
A caracterização simplória do cenário político definia as próximas eleições mais como uma disputa por espaço eleitoral do que como polarização ideológica de projeto de país. Ressurgia, com endosso de algumas lideranças esquerdistas, a visão dos dois partidos hegemônicos (PT e PSDB) como agrupamentos politicamente inautênticos, sem verdadeiras raízes na estrutura social e sem diferenciação ideológica nítida. A distinção se daria apenas na maior ou menor capacidade de conseguir recursos, ganhos incrementais que ignoram modificações substantivas nos programas públicos. Nada mais falacioso. Nada mais revelador da fragilidade analítica dos que vêem no governo Lula uma continuidade pura e simples da gestão FHC. As sobejas dificuldades do candidato da direita, sua necessidade de marcar posição, desmentiram os estudos de encomenda.
Ao afirmar que “o PT é chavista, que mantém relação com as Farc, e prima por desrespeitar direitos humanos”, Serra incorporou a visão de mundo da nova direita. Um estrato que, ameaçado pela abrangente emergência social promovida nos últimos oito anos, destila raiva e ressentimento; típicos da intolerância retórica que o distingue. Impossibilitada de construir sua identidade pela inserção no processo produtivo, essa parcela da classe média forja a auto-imagem por diferenciação das classes fundamentais. Sabe que não é o que mira, mas não sobrevive sem o sentimento subjetivo de pertencer a uma elite idealizada. É nesse aspecto da nossa estrutura social que Índio e Serra passam a querer o mesmo apito. E a falar o mesmo dialeto.
As diatribes recentes do candidato tucano têm uma imensa serventia para os setores progressistas. Ao criticar as relações do governo petista com países sul-americanos e com a China, assegurando que “estamos fazendo filantropia com Paraguai e Uruguai e concessões excessivas ao país asiático”, Serra sinaliza que, no caso de uma eventual vitória em outubro, retomaria a política externa de subalternidade aos interesses estadunidenses. A volta da “diplomacia de pé de meia” não é uma questão menor nem uma mudança de rota desprezível.
A própria capacidade de o país de decidir soberanamente sobre seus destinos estará novamente em jogo. A orientação tendente a beneficiar o diálogo com os países vizinhos, superando assimetrias e promovendo uma autêntica integração, para ter continuidade e ser aprofundada, não pode conviver com a submissão vergonhosa ao imperialismo. O que está em jogo, neste momento, é a verdadeira segurança nacional.
Os inimigos dos reais interesses do país, ao contrário do que pretende a oposição e seu braço midiático, não são os governos de Evo Morales e de Hugo Chávez, a quem Serra, repetindo Uribe, acusa de “abrigar as Farc”. O que ameaça a nação brasileira é a humilhante prostração aos ditames de Washington. Em um país com instituições minimamente democráticas, Serra e seu vice têm como lugar certo a lata de lixo da história.
Quanto mais nos aproximamos de outubro, aumenta a urgência de ampla mobilização dos trabalhadores e demais setores populares em defesa das suas conquistas sociais e econômicas, alcançadas nos dois mandatos do presidente Lula. É bom lembrar que não se deve esperar da nova direita, que sustenta Serra, uma análise serena de um governo popular. Para ela é imperdoável que tenha havido um período tão rico em cidadania, tão pródigo em participação nos debates sobre problemas nacionais.
Jonathan Swift escreveu, certa vez, que se pode identificar um gênio pelo número de imbecis que lhe atravancam o caminho. Se o criador de Gulliver tiver razão, Lula e sua candidata, a ex-ministra Dilma Roussef, têm excelentes títulos para exigir que lhes reconheçam a genialidade. Com inveja, com rancor, com incompreensão, mobiliza-se contra eles o que há de pior na sociedade brasileira. E ainda há quem não veja diferença entre os atores.
Gilson Caroni Filho
L3R ? 3NT40 CL1K N0 4NÚNC10 QU3 T3 1NT3R3SS4 ! 4GR4D3Ç0 !

Troca de emprego por mais salário bate recorde

Depois de trabalhar durante três anos em uma única empresa, o economista Glauco Lins Camargo, de 32 anos, já mudou duas vezes de emprego neste ano, com dois aumentos de salário. 

Ele é um exemplo claro do que ocorre no mercado de trabalho brasileiro. 

Nos primeiros cinco meses do ano, dois recordes mudaram o padrão desse mercado. De janeiro a maio, 30,5% das pessoas desligadas pediram demissão, percentual bem acima do auge anterior, de 26%, registrado em 2008. 

A troca de emprego por decisão do trabalhador levou à outra mudança inédita, a redução dos pedidos de seguro-desemprego para o menor nível em dez anos. 

A contrapartida do aumento das demissões por decisão do trabalhador é a ampliação da taxa de rotatividade no emprego formal, que nunca foi tão alta em um início de ano. 

O indicador construído pelo Ministério do Trabalho mostra quantos trabalhadores foram substituídos em uma empresa ou setor no mês em análise. 

A rotatividade média oscila, desde 2005, em torno de 3,6% ao mês. 

Em junho, atingiu a marca de 4,10 pontos, a maior para o mês desde 2005.

L3R ? 3NT40 CL1K N0 4NÚNC10 QU3 T3 1NT3R3SS4 ! 4GR4D3Ç0 !

A cada dia um servidor é demitido por irregularidade

De todos os funcionários do governo federal punidos na gestão Lula, 25% eram da Previdência

Levantamento da Controladoria-Geral da União mostra que, no primeiro semestre do ano, o governo federal já excluiu 201 funcionários públicos que tiveram comprovado seu envolvimento com irregularidades. 


É como se, a cada 24 horas, um servidor fosse demitido por algum tipo de problema. 

Em 2009, essa média já havia sido registrada com 429 punições (1,1 demissão por dia). E a previsão da CGU é que esse número cresça ainda mais no segundo semestre, quando tradicionalmente as punições aumentam. 

O estudo mostra que 25% de todos os cortes por irregularidades ao longo do governo Lula são de funcionários da Previdência. 

A maioria das ocorrências (34,4%) diz respeito a aproveitamento indevido do cargo.


19% foram demitidos por improbidade administrativa

L3R ? 3NT40 CL1K N0 4NÚNC10 QU3 T3 1NT3R3SS4 ! 4GR4D3Ç0 !

O guizo e o gato

O tema das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) entrou na pauta eleitoral por dois caminhos: o político e o criminal. O segundo vetor faz da guerrilha colombiana um problema relacionado à segurança pública em nosso país, pelas conexões ao narcotráfico. Já o primeiro pede uma abordagem mais no terreno das relações internacionais. Os dois elementos estão combinados, mas há situações em que um sobressai e pede tratamento imediato. 

É o que vai agora com a emergência da crise entre Bogotá e Caracas. A Colômbia diz haver contingentes das Farc estacionados em solo venezuelano. A Venezuela reagiu com nervosismo, por motivos que descrevi aqui dias atrás. Não gostaria de se abrir a uma inspeção internacional, ainda que da Unasul. Não pode negar peremptoriamente a acusação. Não pode tomar eventuais medidas militares em seu próprio território contra as Farc. 

Daí a compreensível agitação de Hugo Chávez. A ela seguiu-se uma ação coordenada entre o presidente venezuelano e seus aliados continentais, com Luiz Inácio Lula da Silva em posição de destaque. A nova palavra de ordem é “paz”. Aparentemente, a ficha caiu. Os partidos de esquerda da América do Sul, hoje largamente hegemônicos, perceberam que a estabilidade política é um ativo, pois a situação eleitoral é conjunturalmente favorável em um cenário político “normal”. 

Concluíram ainda que os Estados Unidos não lavarão as mãos diante de uma eventual tentativa de desestabilização do hoje aliado colombiano. Se havia dúvidas, depois de Honduras elas desapareceram. 

Trata-se então de dar um jeito nas Farc, o estorvo. Eis a força que hoje move de Lula a Chávez, de Evo Moráles a Cristina Kirchner, de José Mujica a Rafael Corrêa. É preciso remover o foco da guerrilha, encontrar um modus vivendi com a nova liderança de Bogotá. 

Na teoria, tudo muito bonito, mas há dificuldades práticas. Uma delas é saber quem vai colocar o guizo no pescoço do gato. 

É situação algo semelhante ao impasse entre Israel e os palestinos. O consenso pela paz só é forte quando você observa os jogadores não diretamente envolvidos. Já os contendores diretos não têm essa convicção, de que a vitória militar está fora do alcance, ainda que no longo prazo. 

As Farc desejam negociações e diálogo com o novo presidente, Juan Manuel Santos, mas para afrouxar a corda que aperta o próprio pescoço e ganhar tempo. Já Santos poderia até aceitar outro caminho que não o puramente bélico-jurídico, desde que com garantias do desfecho desejado: a total desmobilização das guerrilhas e sua extinção como vetor militar no cenário colombiano. Ou seja: a capitulação delas. 

É imensa a pressão para as Farc finalmente capitularem, mas não se notaram até agora sinais sérios disso na cúpula do grupo. Aqui, de novo alguma semelhança com o cenário da Palestina. Se Mahmoud Abbas entrar em negociações com Israel e lá na frente o resultado for pífio, ou nenhum, o líder estará em séria encrenca política. Assim como Santos corre o risco de deitar fora a herança de Uribe na frente militar. Está arriscado a aparecer aos compatriotas como inocente útil. Da guerrilha. 

Qual é um fator limitante na possibilidade de desfecho militar para o conflito? As Farc poderem, se necessário, cruzar fronteiras em direção a países amigos e assim escapar do cerco final pelo exército regular. Eis uma razão forte para a crise entre Colômbia e Venezuela. 

A dúvida é saber quanto Chávez está disposto a apertar a corda em torno do pescoço das Farc. Talvez esteja num grau antes impensável, se concluir que o pescoço alternativo é o dele próprio. 

L3R ? 3NT40 CL1K N0 4NÚNC10 QU3 T3 1NT3R3SS4 ! 4GR4D3Ç0 !