Direitos humanos e

mais algumas declarações da presidente Dilma

- Japão: [...] A comunicação global em tempo real cria em nós uma sensação como se o terremoto seguido do tsunami estivessem na porta de nossas casas. Nunca vi ondas daquele tamanho, aquele barco girando no redemoinho, a quantidade de carros que pareciam de brinquedo! Inexoravelmente, a comunicação faz com que você se coloque no lugar das pessoas! Essa é a primeira reação humana.
- Reflexos econômicos: [...] Acho que um dos efeitos será sobre o petróleo. Vai ampliar muito a demanda de petróleo ou de gás para substituir a energia nuclear. Pelo que li, 40% da energia de base do Japão é nuclear. Os substitutos mais rápidos e efetivos são o gás natural ou petróleo. Acredito que esse será um impacto imediato.
- Vantagem brasileira: Nós sempre esquecemos da diferença substantiva entre nós e os outros países: água. Nesse aspecto somos um país abençoado. [...] Temos um elenco de alternativas que os outros países não têm...”.
- Tragédia atrasa recuperação da economia mundial? Acredito que atrasa um pouco, mas também tem um efeito recuperador, de reconstrução. O Japão vai ter que ser reconstruído...
- Crítica à imprensa: [...] Às vezes abro o jornal e leio que a presidenta disse isso, pensa aquilo, e eu nunca abri minha santa boca para dizer nada daquilo. Tem avaliações de que um ministro subiu, outro desceu, que são absurdas. Absurdas! Falam que tais ministros estão desvalorizadíssimos na bolsa de apostas. [...] Nenhum presidente avalia seus ministros dessa forma...
- Inflação: Eu não vou permitir que a inflação volte no Brasil. Não permitirei que a inflação, sob qualquer circunstância, volte...
- PIB de 2011: [...] Tenho certeza que o Brasil vai crescer entre 4,5% e 5% este ano. Não tem nenhuma inconsistência em cortar R$ 50 bilhões no Orçamento e repassar R$ 55 bilhões para o BNDES garantir os financiamentos do programa de sustentação do investimento...
- Por um PIB maior pode haver um pouqinho mais de inflação?Isso não funciona. É aquela velha imagem da pequena gravidez. Não tem uma pequena gravidez. Ou tem gravidez ou não tem. Agora, não farei qualquer negociação com a taxa de inflação...
- Cortes de R$ 50 bilhões: [...] É como cortar as unhas. Vamos ter que fazer sempre a consolidação fiscal. Na verdade, temos que fazer isso todos os anos, pois se você não olhar alguns gastos, eles explodem. [...] Então, você tem que cortar as unhas, sempre...
- Aeroportos: Estamos nos preparando para ter uma forte intervenção nos aeroportos. Vamos fazer concessões, aceitar investimentos da iniciativa privada que sejam adequados aos planos de expansão necessários. Vamos articular a expansão de aeroportos com recursos públicos e fazer concessões ao setor privado. Não temos preconceito contra nenhuma forma de expansão do investimento nessa área, como não tivemos nas rodovias.
- Nova pasta: Vamos criar a Secretaria de Aviação Civil com status de ministério, porque queremos uma verdadeira transformação nessa área. Para ela irá a Anac, a Infraero e toda a estrutura para fazer a política. Estou pensando em mandar [a medida provisória ao Congresso] até o fim deste mês.
- Política monetária: O Banco Central tem autonomia para fazer a política dele e está fazendo. Tenho tranquilidade de dizer que em nenhum momento eu tergiverso com inflação. E não acredito que o Banco Central o faça. Eu acredito num Banco Central extremamente profissional e autônomo. E esse Banco Central será profissional e autônomo.
- Visita de Obama: [...] Vamos propor uma [parceria estratégica] na área de satélites, especialmente para avaliação do clima, e parcerias em algumas outras áreas. Vou lhe dar um exemplo: acho fundamental o Brasil apostar na formação no exterior. Todos os países que deram um salto apostaram na formação de profissionais fora. Queremos isso nas ciências exatas - matemática, química, física, biologia e engenharia. Queremos parceria do governo americano em garantia de vagas nas melhores escolas. Nós damos bolsa.
- O que espera da visita? [...] O grande sumo disso tudo, o que fica, é a progressiva consciência de que o Brasil é um país que assumiu seu papel internacional e que pode, pelos seus vínculos históricos com os Estados Unidos e por estarmos na mesma região, ser um parceiro importantíssimo. Isso a gente constrói. [...] O Brasil é um país que os EUA tem que olhar de forma muito circunstanciada. Que outro país no mundo tem a reserva de petróleo que temos, que não tem guerra, não tem conflito étnico, respeita contratos, tem princípios democráticos extremamente claros e uma forma de visão do mundo tão generosa e pró-paz?
- Direitos humanos: Se não concordo com o apedrejamento de mulheres, eu também não posso concordar com gente presa a vida inteira sem julgamento [na base de Guantânamo]. Isso vale para o Irã, vale para os Estados Unidos e vale para o Brasil...
- Reforma tributária: [...] Vamos mandar [para o Congresso] medidas tributárias e não uma reforma. Vamos mandar várias para ter pelo menos uma parte aprovada. Mandaremos também o Programa Nacional de Ensino Técnico (Pronatec) e o programa de Erradicação da Pobreza. [...] Na nossa agenda, é para este semestre.
- Bolsa Família: [...] Estamos passando as tropas em revista e mudando muita coisa. E tem que ter sintonia fina. Há profissionais dedicados ao estudo da pobreza que diz que se você não focar, olhando a cara dela, você não consegue tirar as pessoas. E nós queremos, desta vez, estruturar portas de saída.
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Banzai

"Uma bomba sobre o Japão

Fez nascer um Japão na paz"

("A Paz", Gilberto Gil e João Donato)

Que a tragédia de Fukushima seja a última na história do Japão. Assim Deus permita e essa é a nossa torcida. Aquele país extraordinário conjuga virtudes e qualidades invejáveis: a cultura milenar alicerça tradições de um povo que se tornou conhecido e respeitado pelo talento empreendedor, a capacidade de trabalho e a qualidade em tudo o que realiza. O nome Japão é sinônimo de grandeza e trabalho.

 

Primeiro foi o terremoto, depois o tsunami, carregando tudo o que encontrava pela frente. As imagens são terríveis, dantescas até. Casas, automóveis, escolas, estradas e viadutos destruídos, arrasados, totalmente acabados pela fúria da natureza em manifestação inclemente e inapelável. Localidades inteiras de um país conhecido pela organização absoluta de suas comunidades, hoje não passam de destroços retorcidos, de montes de pedras e de lama. O desespero sentou praça na terra do sol nascente. A terceira economia mundial (era a segunda faz pouco tempo, até ser ultrapassada pela China) enfrenta uma tragédia que comove a humanidade e já provoca conseqüências em todos os setores da economia internacional. Faz tempo que um país e uma tragédia não comoviam e não despertavam nas demais Nações os sentimentos de solidariedade e respeito que o Japão e a desgraça que por sobre ele se abateu estão mobilizando.

 

Para mais além da dor imensa e lancinante, das imagens que nos chegam via satélite, pelo noticiário cruel que a internet despeja a cada instante, existe uma certeza: o Japão se levantará. Aquele povo ordeiro, calado, de férrea disciplina, de imensa criatividade, que superou quadras tão adversas em sua história quanto a atual, saberá sair adiante e reconstruir boa parte do país destruído, reerguer pontes e viadutos, fazer com que nasçam dos restos de um quase-apocalipse escolas e hospitais tão bons quanto os que antes serviam a população das cidades varridas pelo tsunami.

 

Fukushima hoje preocupa pela possibilidade de um desastre nuclear de proporções ainda incalculáveis, mas absurdas. Os geradores de sua usina nuclear foram danificados e as sucessivas explosões, fruto dos danos nas estruturas do complexo energético, tem piorado a situação já precária. Nada mais injusto, nada mais triste do que um acidente nuclear em terras japonesas. Em 1945 o Japão e seu povo pagaram um preço altíssimo na segunda guerra mundial. Foi sobre Hiroshima que explodiu a primeira bomba atômica, inaugurando a era do terror nuclear, matando milhares de pessoas, deixando outras tantas condenadas à morte lenta por uma série de enfermidades, além de devastar uma linda cidade, chocar o mundo e dividir a história da humanidade entre o antes e o depois daquele fatídico dia 6 de agosto. Apenas três dias depois, Nagasaki e seu povo conheceram a morte que caiu do céu, vinda da segunda bomba explodida, matando outras dezenas de milhares de seres humanos inocentes, marcando a história, derrotando definitivamente o Japão e conseguindo sua rendição absoluta diante do poderoso adversário que descobrira forma tão brutal de vencer um conflito bélico. Vinicius de Morais, em verso tão genial quanto triste, em a "Rosa de Hiroshima", nos lembrava das crianças "mudas, telepáticas", das mulheres "rotas alteradas" e da rosa radioativa "estúpida e inválida".

 

Mas escrevo recordando essas páginas dolorosas da história de um país distante e tão peculiar para demonstrar que os japoneses são mestres em muitas artes, especialmente na arte da superação. De uma derrota humilhante, com o país ocupado por tropas norte-americanas, aquele povo genial levantou-se para reinventar-se. O imperador Hiroito, um sofisticado botânico, que jamais saíra dos limites dos jardins do palácio real de Akasaka, foi ao rádio e, pela primeira vez, teve sua voz escutada pelos seus súditos. Pregou a paz, a reconstrução e o desenvolvimento. O general McCarthur, comandante das tropas invasoras, talvez por sentir que lidava com um povo brilhante e de sabedoria milenar, deu início a um plano de reconstrução que passou por uma efetiva reforma agrária, pondo fim aos poderosos senhores feudais, os "Shoguns" – imortalizados pelo genial cineasta nipônico Akira Kurosawa - e criando um Estado mini-fundiário, produtivo e moderno. A indústria deu seus primeiros passos, e no início dos anos 50, menos de uma década depois da derrota, da tragédia, da dor, da humilhação, da guerra, das bombas, o Japão já era uma Nação que assombrava o mundo com sua capacidade de responder ao desafio de reinvertar-se e ser maior e melhor do que antes. O Japão não olhou para trás. Olhou muito adiante. Aliás, desconfio que os japoneses nem saibam o que é "olhar para trás".

Assim também reagem os povos depois das grandes tragédias, das hecatombes, das guerras. Quem poderia imaginar que a Alemanha, depois da aventura liberticida do III Reich, dividida entre os vencedores, separada por um muro e duas ideologias diametralmente opostas, se reencontraria e seria o colosso social e econômico que é exemplo para o mundo? E a Itália, um dos berços da civilização ocidental, de tantas tradições e sabedoria, depois de dilacerada pelo fascismo, tomaria o caminho democrático, construindo uma sociedade sólida e economia das mais prósperas do continente e do mundo? E a África do Sul? Dividida pelo flagelo do apartheid, o absurdo irracional do racismo, retira das masmorras um homem iluminado e, sem medo e sem ódio depois de quase três décadas de cárcere, Nélson Mandela unifica seu povo, supera as diferenças e transforma o país odiado pelo mundo livre numa das mais admiradas democracias e pujantes economias dos dias de hoje, parceira do Brasil, da India e da China nos Bric's.

 

O Japão ressurgirá, se levantará, se reerguerá da tragédia que vitimou milhares de seus filhos, que enlutou o mundo, que entristece a todos nós. Superará esse momento duro com leveza, graça e suavidade, dons tão seus. Com a garra daqueles que deixaram as abas nevadas do Monte Fuji e as cerejeiras em flor e vieram, nos porões do velho Kasatu Maru, singrando mares revoltos até o porto de Santos há mais de um século para serem brasileiros de olhos puxados, mas de coração auriverde. Integraram-se totalmente ao nosso país, em todos os setores, em todas as regiões. Nos ensinaram o judô e aprenderam o futebol. Trabalhadores rurais no início do século XX, ainda mal dominando nosso idioma, pegaram firme nos cabos das enxadas e sulcaram as terras em cafezais no interior do Paraná e de São Paulo, desenvolveram nossas indústrias e o comércio, mas nos deram alguns de nossos maiores empresários, arquitetos, jornalistas, artistas, escultores, pintores. Competentíssimos, nos fazem encher o peito de orgulho em diversos países quando nos perguntam por Tomie Ohtake ou Manabu Mabe, por exemplo, e nós respondemos: "Sim, são brasileiros!"

 

Esse artigo é uma homenagem aos nossos irmãos japoneses, com a mais absoluta certeza de que, uma vez mais, eles superarão a dor e o sofrimento e serão maiores e melhores do que antes. Uma certeza tão grande quanto à de que o sol sempre nascerá por aquelas lindas ilhas do oriente.

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Problema do Demo é o eleitor

(...) O mundo desenvolvido assiste hoje a uma nova onda conservadora, que começou na Inglaterra com a derrota dos trabalhistas, espalhou-se por vários países europeus e chegou aos Estados Unidos do Tea Party. Sua origem é óbvia. Encontra-se no colapso economico dos derivativos e das hipotecas de segunda inha, que nem os partidos social-democratas nem o governo de Barack Obama foram capazes de enfrentar com um mínimo de eficiencia.

Embora se fale em desaceleração da economia no Brasil, os dados recentes mostram que o país segue numa situação de prosperidade e crescimento. O último levantamento do IBGE anuncia um novo recorde na criação de empregos formais e registra um aumento da atividade nos principais setores.
Ninguém acredita numa repetição do crescimento de 7,5% em 2010 mas a grande novidade dos jornais, hoje, é a presença de analistas que reconhecem que podem ser sido exageradamente pessimistas em suas previsões de esfriamento da economia. Enquanto a situação economica permanecer assim, a luta política será resolvida no plano das idéias políticas e das visões sobre o país.
Não é um problema de marketing nem de candidatos mais ou menos apresentáveis. O problema do nosso conservadorismo é sua dificuldade para oferecer uma resposta clara para a questão social brasileira — ainda hoje a grande fronteira de nossa vida política.
Num país com um padrão imenso de desigualdade, o Brasil transformou o ideário conservador numa grande idéia fora do lugar. Essa é a dificuldade real de seus candidatos.
Colocado na defensiva pela reconstrução da Europa no pós-guerra e pelo longo domínio do Partido Democrata sobre a política americana depois de Franklin Roosevelt, o conservadorismo conseguiu reerguer-se nos países desenvolvidos a a partir da crítica ao Estado do Bem-Estar Social.
Foi assim nos anos 80, na Inglaterra de Margaret Tatcher e nos EUA de Ronald Reagan. O discurso conservador, nesses países, tinha o tom de quem combatia privilégios e abusos. Chegava ser indignado e possuia apelo popular.
O problema, no Brasil, é: como falar em menos Estado num país onde o Estado é acima de tudo uma grande ausência?
Como fazer a crítica ao regime de Bem-Estar Social quando ele nem existe? Como falar de inchaço e de empreguismo quando eles coexistem com a falta de funcionários?
São perguntas que não fazem sentido para a grande maioria dos eleitores.
Esta é a questão.
Leia a íntegra do artigo em Aqui

por Alon Feuerwerker

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, vai bem na comunicação.

A última boa tacada do ministro foi dizer, em entrevista ao Valor Econômico, que o governo precisa melhorar a gestão dos recursos existentes antes de pedir mais. 

Ou seja, o ministro disse que a saúde precisa de mais dinheiro, mas não forçou a mão. Disse com jeito. 

Por enquanto, a única ideia prática para mais recursos na saúde é a volta do imposto/contribuição sobre movimentação financeira, herdeira da finada CPMF. 

Na entrevista o ministro levanta um ponto interessante. 

Segundo ele, os países que resolveram bem o problema gastam com saúde mais de 10 vezes do que nós, por habitante. 

Na saúde suplementar (privada) brasileira o multiplicador é de três vezes. 

Ou seja, o orçamento do SUS precisaria pelo menos triplicar para ficar razoável. 

A nova CPMF garantiria esse montante? Impensável. E se não garantir será legítimo desconfiar de uma armadilha no debate. 

Desconfiar de que o governo usa a saúde para levantar recursos que não vão resolver o problema da saúde, mas vão garantir alguma folga de caixa ao governo. 

Seria cruel.

por Ebrantino

Quando eu quiser saber sobre SOCIALISMO,  de agora em diante, não mais consultarei os Utopistas, nem Marx, Engels, e nem a multidão dos seus comentadores exegetas, que proliferaram em todo o Sec. XX, e até agora. Não lerei o Emir Sader, e nem o Erich Hobsbawm. Também deixarei de lado o Prof. Cardoso (o popular FH), e ficarei longe de Hochimim, Castro, Mao, e os novos dirigentes chineses. Esquecerei até mesmo o lúcido Dr. Delfim, que volta e meia cita Marx nos seus artigos.
Irei direto à fonte - os "especialistas da Aliança Liberal", que outro dia nos brindaram com um trabalho monumentalmente ridiculo de um desses economistas teorizadores das safadezas que quebraram os Estados Unidos e a U. Europeia, e só não nos levaram juntos porque o nosso Lula estava atento. Leio agora que o socialismo é inviavel, e vejo argumentos dignos de criança de 9, 10 anos, recitando lição decorada. O proprio autor formula o conceito (já fajuto), e depois diz, é falho por  isso e aquilo. Assim é facil. Amadureçam rapazes, os leitores do Nassif tem mais tutano que voces pensam. Estudem mais um pouco, façam a lição de casa, e venham à liça.
Acrescento apenas que se o socialismo não dá certo, OS SOCIALISTAS administram muito bem, a prova é que os paises por eles administrados, China, Brasil, Russia, India, vão melhor que os paises centrais, que seguem as sábias lições dos liberais.

Declaração de amor à Língua Portuguesa

És a mais bela de todas as línguas que existem. Gosto muito de você. Gosto de brincar com você, de te contemplar, de te seduzir, pois só tu és inebriante... Língua Portuguesa, você é única. Me fascina tua gramática, complicada e perfeitinha. Amo tuas curvas semânticas, nas quais me perco no tempo e no espaço... Me encantam teus belos olhos sintáticos, dos quais emana o mistério da tua alma... Me agrada tua pele semiótica, tão macia e perfumada quanto os lírios dos campos Elíseos... Gosto de te conhecer cada vez mais. Gosto de desvendar teus mistérios ocultos, tarefa mais empolgante que uma caça aos antigos tesouros egípcios... Gosto de te reinventar e, assim, reinvento a mim mesmo... Língua portuguesa, você é como um sonho, como um conto de fadas em que o príncipe e a mocinha viveram felizes para sempre... Você pode não ser perfeita, mas é impressionante como você se aproxima da perfeição! Sendo assim, você me completa. Aprendi a gostar até de teus defeitos, inculta e bela. Última flor do Lácio, como podes ser tão maravilhosa? Você tem dupla personalidade, Língua Portuguesa. E até disso eu gosto! Em certos momentos, você é incrivelmente romântica, sedutora, meiga, doce, e eternamente carinhosa... Sabe, nas noites frias de inverno você fica muito manhosa, gatinha. Já nas noites de verão, você é impetuosa, elegante, decidida, independente. Amo tuas duas personalidades! Talvez por isso, cada dia é um novo dia. Não conhecemos a rotina. Juntos, testamos nossos limites. Juntos, superamos nossos limites, e a cada dia ficamos mais íntimos um do outro. Língua Portuguesa, tuas duas personalidades me encantam e me fascinam, assim como Nietzsche ficava encantado e fascinado com as duas mulheres que ele teve na vida, Bertha e Lou Salomé. Talvez por isso você me complete, porque você é completa. Você tem em si o dia e a noite, o sol e a lua. Você transita tanto na poesia de Baudelaire, como na poesia de Leminski. Amo tanto você certinha, como você rebelde. Amo o modo como você é falada nos palácios, gramaticalmente correta, tão perfeita quanto a razão áurea dos gregos. Mas também amo o modo como você é falada nas ruas, nos becos, nas sombras, tão dinâmica, tão criativa, tão sonora, tão serelepe, tão sapeca, que me faz ver estrelas... Você transmite alegria. Você exala amor. Você pulsa energia popular. E ainda tens visão social! Língua Portuguesa, você foi feita pra mim, e eu pra ti. O dia que eu te conheci foi o melhor dia da minha vida! A cada dia te conheço mais, por isso, cada dia com você é o melhor dia da minha vida. Tens em ti tanto a beleza simétrica da relatividade de Einstein, quanto o lirismo dos loucos, dos bêbados, dos clowns de Shakespeare! Língua Portuguesa, eu te amo! Perdidamente...
Poema publicado no jornal "O XI de Agosto", da faculdade de Direito da USP - Largo de São Francisco

por Alon Feuerwerker

Os movimentos recentes da autoridade monetária confirmam que o topo da meta de inflação virou centro. O Banco Central está disposto a chancelar duradouramente uma inflação acima da meta oficial —quase um terço acima — para não brecar a economia num grau que cause ainda maior prejuízo político ao governo Dilma Rousseff. 

Brecar sim, mas nem tanto. 

Escrevo “acima da meta” porque a expressão oficial é “meta”, e não “banda”. Na teoria, o BC não persegue uma faixa de inflação, persegue um ponto dentro de um intervalo. 

A decisão de que ponto perseguir é política. Sempre foi e continua sendo agora. 

A meta oficial de inflação é 4,5%. Foi abandonada este ano. Como já havia acontecido ano passado. A fé dos projetistas de mercado é que seja alcançada em 2012. 

2011 não promete ser brilhante para Dilma. O alívio — para ela — é um BC mais dócil, capaz de conviver com expectativas maiores de inflação sem sacar a arma. 

Essa é uma hipótese. A outra é que acelerar os juros agravaria o problema cambial, daí a benevolência do BC com os preços. Mas essa possibilidade não dá tanto ibope assim. 

A não ser que a autoridade monetária tenha decidido adotar também metas cambiais, sem contar a ninguém. 

A estratégia econômica do governo no primeiro ano vai clareando. As âncoras fiscal e monetária operam a meio vapor, talvez compensadas pela salarial. Dureza mesmo viu-se na votação do salário mínimo. 

A votação do mínimo foi até agora o sinal mais claro das intenções do governo. 

O governo tinha os recursos (ou a projeção de recursos) para não interromper a sequência de aumentos reais. Basta esperar pelos resultados da arrecadação ao longo do ano e se comprovará. Os números comprovarão. Até a inflação vai ajudar. 

Mas preferiu atacar onde era mais fácil, onde o alvo estava mais desprotegido. 

É difícil cortar no Orçamento. Os grupos de pressão têm mobilização permanente. E o governo não pode ignorar o Congresso para sempre. 

E o poder da turma do juro alto é bem sabido. 

Sem falar que o governo garantiu para ele neste 2011 uma bela margem de investimentos com a capitalização do BNDES, um filão.

Corta fundo nos restos a pagar e nos empenhos do orçamento oficial e capitaliza o banco. 

São bilhões e bilhões de um orçamento paralelo, mais fácil de executar discricionariamente. Bancado pelo trabalhador e pelo contribuinte. 

O trabalhador entra com o FGTS, cuja remuneração irrisória permite ao BNDES emprestar a juro real zero, ou quase. 

O contribuinte entra com os impostos, alocados pelo Tesouro ao BNDES em troca de uma remuneração igualmente bem abaixo da Selic. 

Um duplo descasamento, sustentado por nós. 

Talvez esteja na hora de começar a pensar em mecanismos para devolver aos trabalhadores pelo menos parte da riqueza adicional obtida com esses financiamentos subsidiados.