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Recadinho da Dilma

Para gregos, troianos, oposicionistas e aliados:

Escuto a todos. Mas três pessoas em especial dou toda minha atenção, o primeiro é José Dirceu, o segundo é Lula e o terceiro o Carlos - a ordem não significa nada rssss- .

Разбра ли?

O mantra de José Dirceu


" Sem a redução drástica dos juros no âmbito internacional não há solução para nenhum problema de nossa economia, seja inflação, câmbio, investimentos, contas públicas e externas..."

Miruna Genoino: Dirceu e Genoino são Guerreiros, Lutadores, Vencedores!!!

Desculpem pelo post longo. Não sei quem vai ler. E quem deveria ler não lerá, mas por mim tudo bem, se eu não falar, vou explodir.

Essa semana o Zé Dirceu foi para casa. E eu sou uma das poucas pessoas que pode imaginar a alegria que os filhos, a mulher, amigos, a família sentiu. Porque eu passei por isso há alguns meses atrás. E vou dizer a vocês: é impossível descrever a sensação. Alívio, alegria, emoção, superação, tudo junto e misturado e muito melhor.



E por isso me parte o coração quem quer fazer qualquer tipo de piada ou burburinho com a saída do Zé da prisão. Porque ele cumpriu a sua pena injusta. E porque ele, como meu pai, é INOCENTE. Não dá para acreditar que qualquer pessoa que me conheça, conheça minha vida, sabendo que NÃO SOMOS a família de um corrupto, não consiga parar e pensar um pouco sobre o que lê por aí. Não dá para entender. Tem gente que sabe onde moramos, sabe a vida que temos, e mesmo lendo por aí que o “Genoino vive em uma mansão” não consegue fazer uma reflexão e isso é triste demais. Porque a maioria das pessoas não sabe que vivemos em um sobrado no Butantã e por isso acredita em tudo o que a Globo, Folha e Veja falam por aí.


E tem outra: cada um tem o direito de pensar no que quiser. Mas mexeu com o Dirceu, mexeu comigo. Ele é tão inocente quanto meu pai e ponto. E se alguém acha que ele é culpado, então está dizendo que meu pai também é. E se sabe, como deveria saber, que meu pai é inocente, deveria parar para pensar em tudo isso que a mídia criou sobre o Dirceu, porque é MENTIRA.





Meu pai não pode falar com o Dirceu agora, ambos estão proibidos judicialmente de se falarem (!!!!!!!!!!), mas o elo entre eles é para sempre. Eu sei e vi o sofrimento que o Zé sentiu quando saiu da Papuda e meu pai ficou sozinho. Sei que ele pedia a pessoas amigas para visitarem meu pai. Sei que se não fosse pelo Dirceu e pelo Delúbio, talvez meu pai nem estivesse aqui hoje, porque quando foram presos, em novembro, foram eles dois que cuidaram do meu pai. Eles!


Por isso sim, fico muito mexida quando alguém fala da saída do Dirceu com sarcasmo, porque o que ele e sua família viveram foi o que eu e minha família vivemos. Um mundo de injustiça, sofrimento e dor. Mas também de solidariedade. Ninguém precisa ser solidário da mesma forma, mas todos deveriam saber que não existe isso de Genoino é uma coisa e Dirceu é outra. Pelo menos não deveria existir. Eles dois são uma coisa só: guerreiros. Lutadores. Vencedores. E que um dia vão ter suas histórias recontadas.


Na Itália isso já começou.

Zé Dirceu: PT enfrentou quadro semelhante nas três eleições anteriores

[...] Nesta etapa do processo, a três semanas do 1º turno, em eleições nacionais anteriores sempre os principais candidatos da oposição somaram cerca de 43% a 45% dos votos na primeira fase. Foi assim em 2002 com os três mais próximos na disputa com o candidato Lula, o então senador José Serra (PSDB-DEM), o deputado Ciro Gomes e o ex-governador Anthony Garotinho.




Foi assim, também, em 2006, com o então candidato tucano Geraldo Alckmin e a candidata Heloísa Helena na disputa com o presidente Lula. A situação se repetiu em 2010 com José Serra (de novo candidato ao Planalto) e Marina Silva (então PV). Isso nem quer dizer que a votação de cada um tem o mesmo perfil que tem hoje a de Marina e Aécio. Estamos só fazendo a constatação de situação idêntica. E no 2º turno o PT venceu sempre, impondo três derrotas nacionais à proposta que está aí hoje representada por Marina e Aécio.

O desafio do PT

O desafio para o PT, então, é o 2º turno que, para o êxito do partido agora depende de um crescimento – esperado – no Nordeste e em São Paulo, ou de conquistar avanço eleitoral maior em Minas e no Rio, o que compensará eventual má performance em São Paulo.

Como vocês veem, então, o êxito do PT neste eleição depende, na verdade, do debate político e do embate social e eleitoral que teremos no 2º turno e da conjuntura econômica e política. Daí a pressão da candidata Marina, apoiada pela mídia, para que a candidata Dilma e o PT abandonem a linha de debate, da disputa e confronto de programas, fatos e realizações.

Querem e pressionam para que abandonemos o debate de ideias e propostas para os principais temas em discussão no país, como o pré-sal, o papel do Estado, o papel dos bancos públicos como o BNDES, do Banco Central (BC), a terceirização e os direitos trabalhistas, a política de juros e câmbio e a política externa.




Nossos adversários, via mídia, querem censurar nossa campanha e nos colocar na defensiva. Querem nos impedir de revelar ao cidadão eleitor o que fizemos nesses 12 anos de governos do PT e o que Marina, em contraposição, propõe ao país. Até porque tudo o que ela propõe e as consequências de suas propostas, estão escritos em seu programa: em síntese, suas propostas são recessivas e regressivas, lesivas aos interesses populares e nacionais. Essa é a questão, o pano de fundo pelo qual o PT não pode ceder-lhes, abandonar esse debate.

Zé Dirceu: A semana que se encerra hoje balizou disputa presidencial e valeu por um ano

Ela passa para a história das disputas e das campanhas eleitorais presidenciais como a semana em que uma das candidatas, a ex-senadora Marina Silva, que concorre abrigada temporariamente no PSB se autodesconstruiu.

Ela é a autora dessa façanha, ainda que pretenda se fazer de vítima e atribuir aos adversários suas inconsistências, contradições, falta de firmeza, oportunismo e sua rendição as conveniências eleitorais sem qualquer parâmetro programático ou político.

Enfraqueceu a sua candidatura à Presidência da República sozinha com seu pragmatismo sem nada programático. Aliás, o contrário do que ela anunciou quando se aliou ao ex-governador Eduardo Campos dia 4 de outubro do ano passado. Enfraqueceu, deixou mambembe sua candidatura com o vazio de seu discurso, a insegurança nas propostas, as mudanças de posição e a fraqueza para expor ideias que incorporou via assessores tucanos e ou liberais extremados.

Oposição: irresponsável e arrogante

do blog de Zé Dirceu

Os opositores dos governos do PT, seus assessores e conselheiros – alguns com décadas de poder sem resolver os problemas que agora apontam com um dedo acusador – apresentam fórmulas triviais para resolver as grandes questões do Brasil na atual conjuntura e etapa histórica.

Para alguns, basta a confiança imposta pela presença de um novo presidente da República, que respeitará as leis do mercado e tudo estará resolvido. Para outros, é suficiente vontade de um novo gestor no Planalto, que governará sem alianças e sem coalizões com partidos, e sim com a sociedade. Para ambos, basta respeitar o tripé macroeconômico, juros, câmbio e superávit. E ter responsabilidade fiscal e conceder independência para o Banco Central (BC).

Sem entrar no mérito se acreditam mesmo no que pregam, ou se apenas repetem fórmulas surradas de seus assessores e conselheiros, cabe uma pergunta: como a responsabilidade fiscal e a independência do BC vão resolver pois só os pontos de estrangulamento de nossa economia e aumentar os investimentos privados e públicos? Como vão abrir novos mercados para o Brasil, reduzir a inflação ao centro da meta e/ou aumentar a poupança interna e a eficiência do governo?

As dificuldades que o país enfrenta não foram provocadas por ações do governo, mas é decorrente do contexto internacional, marcado pela maior crise do capitalismo em 100 anos. Essa crise global, que foi enfrentada lá fora com a fórmula proposta pelos nossos opositores (corte de salários, benefícios sociais, entre outros receituários recessivos), levou ao desemprego e ao baixo crescimento na maior parte do mundo. É, portanto, uma crise recessiva de longo prazo, iniciada desde 2008 e até agora sem solução à vista.

Caminho próprio para evitar a saída clássica dos juros altos

Foi exatamente para evitar a saída clássica de juros altos, corte de gastos sociais, redução do valor dos salários, eliminação de direitos trabalhistas históricos, desemprego, venda de patrimônio e ativos públicos que optamos, governos do PT, por reduzir impostos (desonerações), aumentar os investimentos e os gastos públicos, liberar os depósitos compulsórios e usar nossas reservas cambiais. O foco primeiro, portanto, foi manter o emprego dos brasileiros.

E o mais importante: sem que isso tenha levado o país a abandonar a responsabilidade fiscal. Pelo contrário, nossa dívida pública se mantém estável com relação ao PIB e nossas reservas externas robustas. A inflação está abaixo da média dos governos FHC e Lula, os salários crescem acima da inflação e o desemprego é o menor da história do país – vivemos uma situação de pleno emprego.

A oposição critica as desonerações, os gastos sociais e a administração do preço da gasolina e das tarifas públicas, mas não aponta alternativas. Ninguém da oposição sugere uma saída consistente frente à combinação da crise externa com a maior estiagem vivida no país nas últimas décadas, e que é a causa principal da inflação de alimentos e da disparada dos preços da energia.

Na prática, o que a oposição aponta como erros do governo é o preço que pagamos por superar a crise sem afetar as condições essenciais para o crescimento do país, a preservação dos investimentos públicos, o mercado interno, as parcerias via concessões dos serviços públicos de infraestrutura, os investimentos no pré-sal, na educação e em inovação.

Ingenuidade e ilusionismo

Sempre há a alternativa de priorizar e se apoiar no mercado externo e nas exportações como motor de nosso crescimento e competitividade, mas pode ser uma aposta de alto risco num mundo em recessão e com baixíssimo crescimento do comércio internacional, com crescente protecionismo, câmbio administrado e com alta concorrência com os EEUU, Europa e China em busca de mercado para suas indústrias, serviços e tecnologia.

Como é arriscado, da mesma forma, pedir que abramos nossos mercados industriais e de serviços, de compra governamental e tecnologia, quando os países desenvolvidos nos fecham seus mercados e buscam os nossos.

Mais rápido, crível e prático é aumentar a integração sul-americana e disputar os mercados africanos, seja dentro das práticas estabelecidas pela Organização Mundial do comércio (OMC), seja por acordos bilaterais ou de blocos como os em andamento, do MERCOSUL com a União Europeia e com a Aliança do Pacifico. Criando um aparato institucional para o comércio exterior e um banco de importação e exportação, a exemplo dos países desenvolvidos. Nesse sentido, as sólidas relações com os BRICS constituem pilar estratégico para nossos interesses e movimentos em um tabuleiro internacional no qual o papel do Brasil tornou-se relevante. Sem essas perspectivas, não romperemos o círculo dentro do qual buscam nos acomodar.

Temos, sim, a oportunidade única e histórica de contornar os pontos de estrangulamento no país com as medidas e políticas que estamos adotando para aumentar nossa competitividade e produtividade. Crescendo para dentro e, ao mesmo tempo, para fora.

Apesar das dificuldades, Brasil enfrenta seus desafios

Apesar das dificuldades históricas do país e da herança de décadas sem investimentos na infraestrutura, em energia e petróleo, em inovação e educação, o fato é que o Governo vem enfrentando esses desafios para romper os pontos de estrangulamento que encarecem o custo de nossa economia e produção e travam nossa produtividade e competitividade.

Há poupança no país. E muita, demasiada até. Basta ver a dívida pública de mais de R$ 2 trilhões. Temos a poupança propriamente dita e os fundos de pensão, o mercado de ações e os fundos de renda fixa. Temos de tudo, portanto, em matéria de poupança.

No Brasil, os lucros das empresas e dos bancos são altos para a média mundial. Então, insistimos, temos sim mais capacidade de investimentos. E eles não se realizam não por falta de demanda. Esta existe, está aí na escassez de serviços públicos e infraestrutura social e urbana, na demanda por saneamento e habitação, de mobilidade urbana, de turismo e lazer, de esporte e cultura, de educação e saúde, de rodovias, portos, ferrovias, aeroportos, hidrovias, energia, gás e petróleo. Atendê-la é suficiente para fazer o país crescer por 10 e/ou 20 anos.

Mas, no Brasil a poupança não se transforma em investimento porque, apesar das oportunidades de segurança, das garantias, da demanda ante a escassez desses serviços públicos e privados, o sistema bancário-financeiro do país não cumpre seu papel de intermediário entre a poupança e o investimento.

Temos um spread bancário de 28% a 32%. Assim, parte substancial da renda nacional e da poupança é desviada para pagar juros e o serviço da dívida interna – juros que ficam nas mãos de uma minoria de 17 mil pessoas físicas e jurídicas que concentram a renda nacional entesourada nos títulos do governo, criando um circulo vicioso responsável, inclusive, pelos altos juros que pagamos. É hora de reorganizar o sistema bancário e financeiro público e mudar nossa política monetária, fiscal e cambial para reduzir os juros reais e conduzir nossa política cambial segundo os interesses e a defesa comercial do país.

Apenas 17 mil pessoas concentram a renda nacional

Diante dessa situação a pergunta que não cala é: quem fará o pacto político ou conquistará uma maioria para romper esse dilema histórico do país? Quem abrirá essa caixa de pandora? É possível fazê-lo sem uma aliança produtiva popular como a que levou o presidente Lula ao poder?

O fato é que sem maioria política e social, não fazemos nem a reforma tributária e nem a política, nem a urbana e nem a bancária. Continuaremos pagando juros reais de 10% no serviço de nossa dívida interna, correspondentes a R$ 200 bi ao ano desviados do Orçamento Geral da União.

O Brasil não pode retroceder e não pode se submeter aos mercados financeiros internacionais e a hegemonia norte-americana na política externa. Nem renunciar a seu papel externo de liderança apoiada em seu potencial interno. Tem de continuar buscando combinar a sua reindustrialização com sua extraordinária agroindústria e mercado interno, dando sequência às transformações sociais e educacionais iniciadas pelos governos Lula, mas aprofundando esse processo, para realizar de fato a revolução educacional e social que o país precisa.

Tem, ao mesmo tempo, de buscar a integração sulamericana que nos garantirá a base para superar e suportar a atual crise internacional recessiva e o poder avassalador político, militar e financeiro que controla o mundo e busca enquadrar nosso Brasil em seus objetivos e interesses estratégicos e nacionais.

O governo Lula e as mudanças por ele iniciadas foram possíveis porque, dentro do bloco hegemônico industrial-agrícola e financeiro no Brasil, criou-se uma dissidência produtivista e nacionalista, que aceitou o desafio de se aliar – de novo, como no passado – aos trabalhadores, dirigidos pelo presidente Lula. Ele representava, naquele momento, o operariado industrial e as camadas populares, para retomar o fio da história do país.

Porque os governos Lula e Dilma foram de avanços e mudanças

As mudanças ocorreram porque aliados, governo Lula e essa dissidência conseguiram implantar um projeto de Brasil com desenvolvimento, apoiado na industrialização e distribuição de renda, no mercado interno e na reafirmação do país como nação democrática, independente e soberana em busca da justiça social contra a pobreza e a fome.

A questão agora é se o capital industrial e agrário, médio e grande, se submeterá ao canto de sereia do capital financeiro e de suas representações políticas – uma, representação tradicional, o tucanato; outra, uma miragem, Marina Silva, hoje aliada ao PSB, mas com um programa econômico assemelhado ao do PSDB.

Tão assemelhado que bebe nas mesmas fontes, tem os mesmos conselheiros e visa o mesmo objetivo: retroceder o pais à orbita norte-americana e as políticas ortodoxas que apenas atendem ao interesse dos rentistas e do próprio capital financeiro-bancário. E que é incapaz de expressar as maiorias, sejam empresariais, sejam populares do país.

O desafio da presidenta Dilma, avalizado pelo ex-presidente Lula e pelo PT, é recompor essa aliança e retomar esse projeto com coragem e mobilização social. Só assim ela poderá realizar as reformas postergadas e romper as cadeias que mantêm o Brasil submetido e preso em suas potencialidades aos interesses e desejos de uma minoria.

Minoria, insista-se, que aliada ao poder da mídia, pretende fazer um pais à sua semelhança cultural e política, sem dar às maiorias as oportunidades e as riquezas que monopolizam cada vez mais e mais.


Artigo de Fernando Rodrigues é uma fraude

da Equipe do blog do Zé

Há pouco lemos em um dos mais importantes portais brasileiros, artigo do jornalista Fernando Rodrigues, intitulado “Zé Dirceu sobre Marina Silva: ‘ela é o Lula de saias’”. O artigo é uma invenção ou seu autor foi complacente com fontes mentirosas. Nós, da equipe do blog do ex-ministro José Dirceu, podemos assegurar que ele, desde que iniciou o cumprimento de sua sentença a 15 de novembro pp., não manteve qualquer contato com a imprensa.

Não deu entrevistas, não prestou declarações, não assina artigos. Não há jornalista que possa nos refutar e dizer o contrário.

Atribuir-lhe o que lhe imputa o artigo não passa, portanto, de manobra para lançar dúvida e confusão na militância petista, numa sordidez inominável por recorrer ao nome de alguém que está impedido de se manifestar. Nós o fazemos pela certeza que temos de sua indignação e porque ele jamais admitiu que seu nome seja usado indevidamente.

Dirceu, sem mágoa sem rancor

O ex-ministro, podemos garantir, não guarda qualquer mágoa da presidente Dilma Rousseff que, em sua avaliação, sempre se portou à altura de seu cargo, de sua história e de seu caráter. Não poderia, portanto, ter comparado Marina Silva ao ex-presidente Lula, como sugere o título do artigo em causa.

Até porque o ex-ministro mantém-se absolutamente convicto de que as forças populares reúnem todas as condições para vencer mais esta batalha e para reeleger a presidenta Dilma para mais quatro anos de mandato contra as candidaturas sustentadas pelas elites do país. Sua confiança no Partido dos Trabalhadores e em sua militância segue inabalável.

Condenado injustamente, ele não pode se juntar à campanha eleitoral em curso ou travar diretamente o embate contra os que se dedicam a interromper o projeto histórico que ajudou a construir, de um governo democrático e representativo das forças populares.

Ao final, cumpre acrescentar que o ex-ministro, mantém-se onde sempre esteve: nas fileiras da esquerda, dos trabalhadores e do povo, confiante e com a certeza de que o Brasil pode e deve seguir avançando nas mudanças iniciadas em 2003.


José Dirceu: “Que Campos seja lembrado por sua história de esquerda e compromisso com o Brasil”

O ex-ministro José Dirceu, impactado com a tragédia que vitimou o candidato do PSB à presidência da República, Eduardo Campos, na queda do avião particular que o levava ao Guarujá (SP), registra sua tristeza pela perda do homem público e do companheiro de muitas jornadas.

Dirceu sempre manteve relação de amizade com Campos, a quem conheceu através do avô, o ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes. Campos, numa trágica coincidência, morreu no mesmo dia que Arraes, nove anos depois.

Apesar das divergências nos últimos meses, provocadas pela ruptura de Campos com o PT e a apresentação de sua candidatura presidencial, Dirceu e Campos mantinham relação de amizade e respeitos pessoal. Para Dirceu, com o acidente que vitimou Campos, o Brasil perdeu um de seus políticos mais corretos e brilhantes.

O ex-ministro, ao lado dos sentimentos de tristeza e luto que transmite à família, manifesta a convicção de que o ex-governador pernambucano será lembrado por sua história de esquerda, seu papel na construção do governo popular que dirige o país desde 2003, seu formidável desempenho como administrador público e seu compromisso com o Brasil.


O que falta na campanha da presidente?

Para quem gosta de encompridar conversa...um montão de coisas.
Para quem sintetiza:
José Dirceu!



A ética do guerreiro e do cortesão, por Luis Nassif

Os cortesões morrem várias vezes durante sua indigna vida, mas o guerreiro morre apenas uma vez, enquanto vivos...lutam. 
Dirceu é um guerreiro! 

Desde o teatro grego, dois personagens opostos foram consagrados: o guerreiro e o cortesão. Para cada qual, a dramaturgia criou uma ética própria.
Para os guerreiros, os combates a peito aberto, a luta limpa,  o respeito pelo adversário, especialmente pelo adversário caído, a intolerância às manobras de bastidores. Para os cortesões, as jogadas oportunistas, os métodos sibilinos, sorrateiros, as jogadas calculadas e interesseiras.
Foi assim com César e os senadores romanos, com a saga de D’Artagnan e os Três Mosqueteiros, com a dicotomia entre Ricardo Coração de Leão e João Sem Terra.
Na maioria das vezes, o perfil cortesão era assumido por intelectuais da corte ou políticos, ambos se igualando nas manobras de bastidores; o perfil guerreiro, pelos comandantes.
Nesse início de eleições, há uma peça de teatro grego no ar, a prisão e o desterro político de José Dirceu, o maior dos generais do PT, e a luta penosa para livrá-lo de um juiz carrasco. Finalmente, sua saída da prisão, abatido, envelhecido mas mantendo o porte ereto.
Duas manifestações de adversários me chamaram a atenção
Bolívar Lamounier é um cientista político que experimentou o auge em fins dos anos 80, quando foi dos primeiros a se dar conta de um novo personagem que surgia no horizonte político: a opinião pública midiática.

Depois disso, logo tornou-se um intelectual orgânico firmemente ligado ao PSDB, como tantos outros intelectuais de peso, como Boris Fausto. Com uma diferença. Boris jamais abriu mão do rigor acadêmico, jamais fez concessões à selvageria exigida pelos grupos de mídia para ganhar visibilidade. Bolívar seguiu caminho inverso, dos intelectuais que abrem maos de teses iluministas para atender ao clamor da turba.
É dele as seguintes declarações dadas a O Globo (http://goo.gl/P0hIwl), referindo-se à saída de Dirceu da Papuda para exercer o direito assegurado por lei de trabalhar fora:
Para ser enfático, Bolívar precisaria mostrar o contraste, demonstrar o privilégio. Ele apelou então para uma imagem forte:
“Nem nos tempos das prisões políticas, os presos tiveram regalias como as que estão tendo José Dirceu”.
Não se sabe bem o que ele fazia nos tempos da ditadura. Naqueles tempos os presos saíam mortos. Talvez fosse essa a isonomia pregada pelo nosso intelectual iluminista.
“— É um deboche claro. A maioria dos presos brasileiros vive em condições sub-humanas. O próprio ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que as prisões brasileiras mais parecem masmorras medievais, muito longe da situação vivida por Dirceu. Não podemos esquecer que o ex-ministro foi condenado por corrupção, o que é um crime grave e teria que estar recebendo a punição de forma exemplar, sem privilégios”.
Bolívar ignorou toda a teoria iluminista, os avanços civilizatórios consagrados desde a revolução americana e considerou privilégio o réu ter direitos. Para a turba, isonomia consiste em tratar todos sem direito algum.
Até hoje, não vi nenhum intelectual sério, que se dá o devido respeito, endossando selvagerias dessa ordem.
Aloyzio Nunes é o político guerreiro. É o principal senador da oposição, sem gastar saliva em bobagens como Álvaro Dias, sem fazer uma representação por hora, como Carlos Sampaio, sem ficar na nota só das agressões, como Roberto Freire.

Na reportagem do Estadão, ele fala de Dirceu e faz oposição ao mesmo tempo (http://goo.gl/eJvJjK).
Não renega seu passado de guerrilheiro nem a amizade com Dirceu:
“Somos amigos desde os tempos da faculdade. Eu não renego um amigo. Sou amigo até hoje do Dirceu”, disse o tucano, para quem “divergência política é uma coisa” e amizade, outra.
Tem a devida solidariedade de guerreiro em relação ao adversário caído:
A imagem do amigo envelhecido e abatido em seu primeiro dia de trabalho fora da Papuda o impressionou. “Cadeia é uma merda, é um horror, aquele cheiro de creolina”, observou.
Mas não abre mão do discurso político:
Aloysio não acredita que tenha havido abuso no julgamento do Supremo Tribunal Federal. “O Zé é um cara disciplinado, inteligente, uma pessoa calorosa. Lamento muito sua situação. A prisão é sofrida. À maneira dele está fazendo o que acha que é certo para o Brasil. Eu discordo. Ele teve toda oportunidade de se defender.”
E dá a fórmula civilizada (e eficaz) para a oposição política:
“O ataque é contraproducente, acaba ricocheteando. Não precisa atacar o governo do PT. Os pontos frágeis do governo Dilma são muito visíveis, muito sentidos pela população, os preços, o endividamento das famílias, a baixa qualidade de emprego, a diminuição do ritmo de criação de empregos, o mau serviço público, a incerteza do amanhã.” Para Aloysio, não há mais grandes embates ideológicos. “O que existe são propostas para melhorar o Brasil. O Aécio tem credibilidade de sobra para propor isso.”
Aí me lembrei, logo após a vitória de Dilma, em 2010, José Dirceu comentando a reação de seu adversário José Serra – em vez de um discurso de aceitação da derrota, uma conclamação à luta. Em vez de condenar o adversário, Dirceu manifestou admiração pelo seu espírito de luta.
Os guerreiros sabem se respeitar.

Paulo Nogueira - as vidas paralelas de Dirceu e Barbosa


Dois homens que frequentaram nos últimos anos as primeiras páginas iniciaram, nesta semana, uma nova etapa em sua vida.
As fotos falam sozinhas.
É um Joaquim Barbosa reluzente, com ares de estrela de Hollywood, que você vê se despedindo do STF.
Jornalistas se apressaram em tirar selfies ao lado de JB. Seu futuro é previsível. Fora a pensão vitalícia de quase 30 mil reais, a possibilidade de fazer palestras em série com cachês milionários.
Quanto tempo vai demorar até que JB se torne colunista do Globo ou da Folha, comentarista da CBN e da Globonews – todas aquelas coisas, enfim, que alavancam você para a vida de palestrante?
A direita cuida dos seus.
Mas antes de tudo o ócio esplêndido, gasto em parte provavelmente no apartamento de Miami comprado com um expediente para evitar imposto.
A foto do segundo homem é bem diferente. É um Zé Dirceu muito mais magro e claramente abatido que é fotografado a caminho do seu emprego.
Foram sete meses de prisão por um capricho de Joaquim Barbosa, que contrariou uma jurisprudência consagrada para mantê-lo trancafiado.
Sete meses de cadeia deixaram marcas
Sete meses de cadeia deixaram marcas
Neste período de mais de meio ano, enquanto Barbosa fazia coisas como dar um giro pela Europa e ver num camarote a abertura da Copa do Mundo, Dirceu desfrutava o que a mídia chamava de “regalias” da Papuda.
O banheiro, por exemplo, não tem vaso sanitário, apenas um buraco. Mas para a mídia era como se Dirceu estivesse no George 5 de Paris.
Ainda agora é este o tom. Leio no site do Globo que “especialistas dizem que Dirceu debochou” dos brasileiros ao sair da prisão numa Hilux com motorista.
Como ele deveria sair para satisfazer o Globo? Ele deveria ir a pé para o trabalho? Numa perua Brasília 1974? De quatro?
Vou ver quem é o “especialista”. É Bolívar Lamounier, apresentado como “cientista político”, simplesmente. Pobres leitores do Globo. Talvez eles imaginem que Lamounier seja um analista “isento” e não, como é, um antigo militante do PSDB.
O que Lamounier tem a dizer sobre Robson Marinho, de seu partido, mantido há tantos anos no Tribunal de Contas do Estado mesmo sob evidências cabais de contas secretas na Suíça?
Então ficamos assim: o Globo quer que alguém bata em Dirceu e vai procurar esta pessoa no PSDB. Diz que ela é “especialista”, para lhe conferir autoridade. Só não avisa seu leitor de que o “especialista” pertence ao PSDB.
Num certo momento, pouco mais de dez anos atrás, as vidas de Joaquim Barbosa e José Dirceu se cruzaram. Estavam em situação diferente da atual.
Barbosa batalhava, sôfrego, por uma vaga no STF, e Dirceu era um ministro poderoso.
Algum tempo depois, no Mensalão, os papeis tinham mudado. Barbosa era Deus e Dirceu o demônio.
Nos últimos meses, em mais um giro da roda, Barbosa era o homem que podia fazer de Dirceu um presidiário em tempo integral, mesmo sob a reprovação de quase todos os seus colegas de STF – e fez.
Agora, Barbosa parte para um futuro que promete trazer dinheiro e status em grandes quantidades. Dirceu é uma incógnita: como a temporada na prisão o afetou?
Como a posteridade tratará dois homens tão diferentes mas que compartilharam uma mesma história de forma tão intensa?
Representam visões tão opostas que um haverá de aparecer como vencedor e o outro como vencido nos livros de história.
Qual o vencedor, qual o vencido?
Façam suas apostas, amigos.
Tenho a minha.
*Jornalista, fundador e diretor do Diário do Centro do Mundo

Paulo Henrique Amorim - a raiva Santa

O olhar de Dirceu vale mais que mil palavras

Uma foto de Dirceu na portaria do prédio onde começou a trabalhar conta tudo.

Ele tem as cicatrizes do sofrimento.

Em tem também o olhar do desafio, da resposta, do combate.

Um mês de alimentação normal, um pouco de sol, e esse aspecto frágil vai embora.

Sobrevive o político militante, que tem uma causa: a dos pobres e oprimidos.

Joaquim Barbosa o atingiu, o enfraqueceu, mas vai embora em opróbrio.

Como herói dos que fizeram dele um instrumento político.

Queriam quebrar o PT e encarcerar o Lula.

Perderam nos dois rounds.

Barbosa tornou-se dispensável.

Barbosa é um homem oco, vazio.

Os adversários de Dirceu tem nome, sobrenome e endereço.

Não são como os de Barbosa, que ele não teve coragem de denunciar, na saída melancólica.

Dirceu tem dentro dele uma raiva santa: o acerto de contas.

Como um condenado injustamente.

José Dirceu ganhou.

Ele passa esse fim de semana em casa, com a filha de três anos, o ponto mais agudo de sua tristeza.

Liberdade ainda que tardia

Com esta frase que circunda aquele triângulo vermelho no centro da bandeira branca de Minas Gerais, Estado natal do ex-ministro José Dirceu (ele nasceu em Passa Quatro, nas Terras Altas da Mantiqueira), nós, da equipe do blog, queremos agradecer o interesse, a vigília e a solidariedade com que milhares e milhares de brasileiros acompanharam esta semana o desfecho do julgamento do recurso na Ação Penal 470  a que ele respondeu.
Serenados um pouco mais os ânimos e paixões que a questão sempre desperta, passados dois dias da decisão do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), que corrigiu a injustiça e a ilegalidade da aplicação da lei e das quais foram vítimas o ex-ministro José Dirceu e outros sentenciados na AP 470, nós nos dirigimos hoje a todos os que acompanharam este desfecho.
Cientes de que se pudesse escrever neste blog, o ex-ministro José Dirceu teria externado esse agradecimento na primeira hora após a decisão plenária, nós agradecemos em seu nome, conscientes de que não exageramos ao dizer que houve torcida por este desfecho. Uma torcida que felizmente teve êxito quando o plenário pôs fim à injustiça e ilegalidade e autorizou Dirceu e demais vítimas julgadas a cumprirem a sentença em regime semiaberto e a exercerem trabalho externo.
Uma nova etapa, novos passos, até o pedido de revisão criminal
Agora é uma nova etapa e um novo passo no cumprimento da sentença, feitos em absoluta observância e no estrito respeito à legalidade. E José Dirceu, desde que foi julgado e se entregou às autoridades no dia 15 de novembro pp., nestes quase oito meses em que foi mantido trancado, sem poder sair um único dia do regime fechado, embora sentenciado ao semiaberto, nunca pediu nada além disso: apenas o estrito cumprimento da lei.
A todos os que assim entenderam e se solidarizaram com ele ao longo de todo esse período, a todos vocês que mantêm este blog vivo, com suas leituras, comentários e contribuições, nossos sinceros agradecimentos. Sabíamos, sempre soubemos, que não seria diferente. Neste período, inclusive, tivemos outra grande manifestação de reconhecimento, há poucos meses, quando do processo de arrecadação para o ex-ministro quitar a multa que lhe fora aplicada pelo STF na emissão da sentença. Vocês não nos decepcionaram. A todos os que contribuíram, não importa o valor, reiteramos nossos reconhecimento e agradecimento.
Na próxima semana – possivelmente até a 4ª feira – o ex-ministro José Dirceu começa a trabalhar no escritório de advocacia José Gerardo Grossi, em Brasília. Outros sentenciados da AP 470 que já realizavam trabalho externo, alguns há quatro meses até, e que tiveram esse direito revogado por decisão monocrática (individual, sem consulta a mais ninguém dentre seus pares) do presidente do STF, Joaquim Barbosa, também tiveram o direito ao semiaberto e ao trabalho externo reconhecido e voltaram às suas atividades externas nesta semana ou estarão voltando na próxima.
Enfim, foi feito justiça. Como será, temos certeza e confiança, na revisão criminal que será pleiteada pelo ex-ministro numa nova etapa desse processo que o condenou sem provas e por crimes que lhe imputaram e que ele nunca cometeu. Se a liberdade, ainda que tardia, começou a abrir uma pequena fresta esta semana para ele, outra, muito mais ampla, virá quando o julgamento final da revisão criminal reconhecerá o erro judicial de que ele foi vítima e sua inocência nessa história.
da Equipe do Blog do Zé

STF julga 4ª feira trabalho externo de Dirceu e de demais sentenciados da AP 470

Quarta-feira vai fugir do plenário do Supremo?...

O Supremo Tribunal Federal (STF) marcou para depois de amanhã (4ª feira) o julgamento dos recursos dos condenados na Ação Penal 470 (AP 470), relativos ao cumprimento de pena em regime semiaberto e o direito ao trabalho externo, cassados pelo presidente da Corte, Joaquim Barbosa, no caso do ex-ministro José Dirceu e revogados no caso de boa parte dos demais presos que exerciam esses dispositivos, de acordo com a lei – alguns já há quatro meses ao terem o benefício revogado.
Com a liberação dos recursos pelo novo relator do processo, ministro Luís Roberto Barroso, o plenário julga depois de amanhã os recursos da defesa do ex-ministro Dirceu, do ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, do ex-deputado federal Romeu Queiroz e do ex-advogado Rogério Tolentino. Também será julgado o pedido do ex-deputado José Genoino para voltar a cumprir a sentença em regime domiciliar, o que ele fez durante cinco meses, até o presidente Joaquim Barbosa mandá-lo de volta ao complexo penitenciário no dia 1º de maio pp.
Na 3ª feira da semana passada (17), Barbosa renunciou à relatoria da AP 470, por conta de sua iminente aposentadoria, que ele anunciou para o final deste mês. Por sorteio como é praxe nestas situações no STF, o ministro Luís Roberto Barroso tornou-se o novo relator. Desde o início deste mês já se encontra no Supremo o parecer em que o Procurador-Geral da República (PGR), Rodrigo Janot, pediu a revogação da decisão monocrática do presidente da Corte que cassou o benefício de Dirceu e revogou o de Delúbio.
Jurisprudência firmada nos últimos 15 anos autoriza o semiaberto
Neste parecer o procurador Janot, lembrando jurisprudência firmada nos últimos 15 anos pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), considerou acertado o entendimento consensual em todo o meio jurídico brasileiro de que não é necessário o cumprimento de 1/6 da pena para Dirceu, Delúbio e demais sentenciados da AP 470 cumprirem legalmente o semiaberto e o direito ao trabalho externo. Para Janot, não há previsão legal que exija o cumprimento do lapso temporal para concessão do trabalho externo a condenados em regime semiaberto.
No mês passado, para cassar os benefícios em decisão monocrática (sozinho), Barbosa entendeu que Dirceu, Delúbio e outros sentenciados no processo não poderiam trabalhar fora da prisão por não terem cumprido 1/6 da pena em regime semiaberto. Com base no entendimento, José Dirceu nem chegou a ter o benefício autorizado para trabalhar no escritório de advocacia José Gerardo Grossi, em Brasília.

Paulo Moreira Leite

BARROSO SOB PRESSÃO

Sem ruborizar, vozes que pediam "celeridade"na AP 470 criticam novo relator, que prometeu uma decisão rápida aos réus

A pressão sobre o ministro Luiz Roberto Barroso, novo relator da AP 470, obedece a uma finalidade óbvia: eternizar o ambiente de perseguição política que Joaquim Barbosa construiu em torno de José Dirceu, José Genoíno e demais condenados pelo STF. Sentindo-se em posição de orfandade, agora que se forma uma nova maioria no tribunal,  aliados de Joaquim procuram chantagear o novo relator.

Critica-se Barroso por ter lembrado que quem está preso tem pressa – quando essa afirmação merece elogios, não só pelo aspecto humanitário, mas também por revelar uma compreensão adequada da natureza do Direito. No caso da AP 470, a crítica expressa uma incoerência de envergonhar. As mesmas vozes que passaram meses cobrando “celeridade” da Justiça, aceitando atropelos diversos em direitos e prerrogativas dos réus --  inclusive a manutenção do sigilo sobre o inquérito 2474 com o argumento que ele poderia contribuir para atrasar a decisão -- agora têm coragem de criticar Barroso porque ele prometeu rapidez aos condenados.

     Discursos festivos à parte, é preciso cultivar um desprezo profundo pelo direito de homens e mulheres a viver em liberdade para não enxergar o caráter inaceitável de manter uma pessoa presa por  24 horas – ou mesmo uma hora, ou 15 minutos  – de forma injusta ou arbitrária. 
      O que se quer, é claro, não é defender a liberdade nem o direito das pessoas. A  caminho da mais disputada eleição presidencial desde 2002, pretende-se manter o ambiente de espetáculo e castigo, com a convicção de que será util nas urnas. O que se quer é impedir que críticas cada vez mais amplas sobre o julgamento, envolvendo vozes insuspeitas do judiciário e dos meios acadêmicos, despertem a curiosidade e a dúvida de cidadãos e eleitores.
      Em qualquer caso, não custa lembrar que, do ponto de vista da Justiça, a decisão já virá com atraso.
     Condenado ao regime semi aberto, José Dirceu já completou sete meses em regime fechado, situação que contraria uma jurisprudência de mais de quinze anos da Justiça brasileira. José Genoíno só retornou a Papuda depois que sucessivas juntas médicas foram convocadass a produzir laudos e mais laudos até que se chegasse a um documento cuja finalidade real não tem a ver só com a medicina, mas com a polícia -- um atestado médico de grande utilidade para evitar denúncias de responsabilidade caso venha a ocorrer um acidente ou mesmo tragédia durante sua permanência na prisão. Não por acaso, o procurador-geral, Rodrigo Janot, já se manifestou a favor de Genoíno. 
   Outros presos da AP 470 foram liberados e aprisionados de novo ao sabor de conveniencias de momento, a partir de denuncias absurdas de privilégios e regalias que jamais foram comprovadas.
    São estes casos que Barroso irá examinar nos próximos dias, com a intenção de chegar a uma solução antes do recesso do Judiciário, que começa a 1 de julho.  Preparando-se para deixar o STF numa saída que “não poderia ser menos gloriosa,” nas palavras de Merval Pereira,  Joaquim Barbosa já recebeu o pedido de colocar o assunto em pauta, na quarta-feira. Poderá fazê-lo, ou não. A pauta é uma decisão do presidente, diz o estatuto do STF. Se não o fizer, levará Barroso a tomar a decisão de forma monocrática, o que é direito do relator. Não surgiram, até agora, razões jurídicas capazes de fundamentar uma decisão contra os réus..
   Ao renunciar a posição de relator da AP 470 o ministro Joaquim Barbosa deu explicações que chamam atenção pelo  absurdo. O ministro acusou os advogados dos réus de “agir politicamente.” Antes fosse verdade.
     Ao longo de todo julgamento a defesa optou por uma atuação de caráter técnico, de quem acreditava que a AP 470 seria um processo igual a todos os outros, com a preservação dos direitos e garantias assegurados aos milhares de brasileiros que, todos os dias, com motivos justificaveis ou não, são levados a prestar contas a Juistiça. Os advogados cobraram fatos e provas robustas e, na medida em que eles nunca foram apresentados, apostavam na absolvição da maioria de seus clientes. Não estavam aptos para enfrentar uma ofensiva de conjunto contra os réus.  Não imaginaram que iram enfrentar uma força que pretendia arrancar condenações de qualquer maneira.
  Num dos momentos  culminantes da fase final do espetáculo, quando o recém-chegado Barroso lembrou a denuncia de que as penas haviam sido agravadas artificialmente para permitir condenações em regime fechado, o próprio Barbosa confirmou ao vivo e a cores que havia sido assim mesmo – e ninguém interrompeu o debate, nem pediu maiores explicações, nem achou que era muito estranho nem cobrou nada. 
   Quem agiu politicamente, no início, no meio e no fim, foi a acusação. A partir da noção de que o país precisava de “exemplos” para deter a corrupção do sistema político, aceitou-se abolir garantias importantes para a defesa dos réus. Negou-se o direito a um segundo grau de jurisdição a toda pessoa que não tem prerrogativa de foro, condição que atingia 90% dos acusados. Durante o julgamento, ocorrido em 2012, um ano eleitoral, os ministros permitiram-se fazer críticas de caráter político ao Partido dos Trabalhadores, chegando a denunciar que pretendia eternizar-se no poder graças a um sistema financeiro de “compra de votos” que “conspurcava” a vontade do eleitor. Contrariando documentos disponíveis nos autos, ministros falavam em desvio de dinheiro publico -- sem que fosse possível apontar um único centavo retirado dos cofres do Banco do Brasil, onde, conforme a acusação, ocorriam as falcatruas. 
   Derrotado nos embargos infringentes, a atuação recente de Joaquim Barbosa não passou  de uma tentativa de revogar, na prática, os benefícios a que os réus teriam direito depois que o plenário do STF retirou a condenação por quadrilha. Mais uma forma de “agir politicamente.”
É neste ambiente que Luiz Roberto Barroso terá a responsabilidade de fazer Justiça.

A Linha (Lula) a Agulha (Dirceu)

A agulha passa por vários estágios de sofrimento até aprender sua função: o forno abrasador da metalúrgica, o frio intenso da água em que é temperada, o peso esmagador da prensa que a faz atingir sua forma ideal.
A partir daí, precisa estar sempre dura, brilhante, e afiada. Depois de todo este aprendizado, ela encontra sua razão de viver: a linha.
E faz o possível para ajudá-la: enfrenta os tecidos mais resistentes, abre os buracos nos locais certos. Mas, quando termina seu trabalho, a misteriosa mão da costureira torna a colocá-la em uma caixa escura; depois de tanto esforço, sua recompensa é a solidão.
Com a linha, entretanto, a história é diferente: a partir deste momento, passa a ir a todos os bailes e festas.
by Machado de Assis