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Core inflation

Paul Krugman, Guido Mantega e o conceito do núcleo da inflação e como deve ser medido...

Desde que eu estou fazendo uma pausa da pá, eu pensei que poderia demorar alguns minutos para resolver uma questão que parece confundir muita gente: a idéia do núcleo da inflação. Por que precisamos de tal conceito, e como deve ser medido?
Assim: a inflação do núcleo é geralmente medida através de alimentos e energia a partir do índice de preços, mas há medidas alternativas, como a inflação médias aparadas e mediana, que estão recebendo uma atenção crescente.
Primeiro, deixe-me esclarecer alguns equívocos. O núcleo da inflação é nãousado para coisas como o cálculo de vida ajustes de custo para a Segurança Social; os utilize o IPC regular.
E as pessoas que dizem coisas como "Isso é um conceito estúpido - as pessoas têm de gastar dinheiro em comida e gás, por isso devem estar em suas medidas de inflação" está faltando o ponto. O núcleo da inflação não é suposto medir o custo de vida, que é suposto medir outra coisa: inércia da inflação.
Pense nisso desta maneira. Alguns dos preços na economia flutua o tempo todo na cara da oferta e da procura; alimentos e combustíveis são os exemplos óbvios. Muitos valores, no entanto, não flutuam assim - eles são estabelecidos pelas empresas oligopolistas, ou negociado em contratos de longo prazo, por isso eles são apenas a intervalos que variam de meses a anos.Muitos salários são definidos da mesma maneira.
A coisa chave sobre estes preços menos flexível - a percepção que tenho Ned Phelps, o Nobel - porque é que eles não são revisados freqüentemente, eles são ajustados com a inflação futura em mente. Suponha que eu estou colocando meu preço para o próximo ano, e que espero que o nível geral de preços - incluindo coisas como a média dos preços de produtos concorrentes - a subir 10 por cento ao longo do ano. Então eu provavelmente vou definir o meu preço de cerca de 5 por cento maior do que eu faria se eu estivesse apenas tendo em conta as condições atuais.
E isso não é toda a história: porque temporariamente os preços fixos são apenas revistas periodicamente, a sua redefine envolvem frequentemente catchup. Novamente, suponha que eu definir o meu preços uma vez por ano, e há uma taxa de inflação global de 10 por cento. Então na hora que eu reiniciar o meu preço, que provavelmente vai ser de cerca de 5 por cento mais baixos do que "deveria" ser, adicione o efeito da antecipação da inflação futura, e eu provavelmente vou marcar o meu preço em 10 por cento - ainda que a oferta ea procura são mais ou menos equilibrada direito agora.
Agora imagine uma economia em que todos estão fazendo isso. O que isso nos diz é que a inflação tende a perpetuar-se, a menos que haja um excesso grande de qualquer oferta ou da procura. Em particular, uma vez que as expectativas de, digamos, 10 por cento de inflação persistente tornaram-se "encaixado" na economia, ainda vai demorar um maior período de calmaria - anos de elevado desemprego - para conseguir que a taxa para baixo. Caso em questão: a inflação extremamente caro do início de 1980.
Agora, a questão da mensuração: gostaríamos de acompanhar esse tipo de inércia da inflação, tanto no sentido ascendente e no lado negativo - porque a inflação tão incorporado é difícil se livrar de, assim que é a deflação incorporado (pedir à japonesa) . Mas no mundo real, enquanto alguns produtos (muitos) se comportam como este, outros não: os preços sobem rapidamente, com as alterações da oferta e demanda, e não mostrar a inércia.Por isso, precisamos de uma medida que extrai o sinal do ruído, recebendo na parte de inércia da história.
A medida padrão tenta fazer isso, excluindo os preços, obviamente, não-inercial: alimentos e energia. Mas eles são a história toda? Claro que não - e as medidas de núcleo padrão tem se comportado um pouco erraticamente recentemente. Daí a crescente preferência dos muitos economistas para medidas como medianas e médias aparadas, que exclui os preços que se movem por um lote em um determinado mês, presumivelmente, portanto, isolar os preços que se movem lentamente, que é o que queremos.
E o que essas medidas revelam é um processo contínuo de redução da inflação, que poderia, em não muito tempo, se transformar em deflação:
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Paul Krugman
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A ira dos ricos

Com um pouquinho de boa vontade e pequenas diferença o artigo abaixo cai como um luva na parcela dos 4% de brasileiros que sofrem de TOCAL - transtorno obsessivo compulsivo anti-Lula -. 

Paul Krugman

Uma fúria atravessa os EUA.

Esta ira branca é um fenômeno minoritário, e não algo que caracteriza a maioria de nossos cidadãos. Porém, a minoria enfurecida está de fato com raiva, composta por pessoas que sentem que estão perdendo coisas a que acham que têm direito. E querem vingança.
Não, não me refiro ao Tea Party (movimento político americano surgido em 2008, que realiza protestos em defesa do Estado mínimo na economia e de valores morais conservadores). Refirome aos ricos.
Estes são tempos terríveis para muita gente no país. A pobreza, sobretudo a pobreza aguda, saltou durante a desaceleração econômica; milhões de pessoas perderam suas casas. Jovens não conseguem emprego; e desempregados acima dos 50 anos acham que nunca mais voltarão a trabalhar.
Mas, se alguém quiser encontrar a verdadeira ira — aquela que leva as pessoas a compararem Obama a Hitler — não vai achá-la entre esses sofridos americanos. Vai encontrála, em vez disso, entre os altamente privilegiados, gente que não precisa se preocupar com a perda de emprego ou de sua casa ou de seu segurosaúde.
E sim gente que está indignada com a ideia de ter de pagar alíquotas de imposto modestamente mais altas.
A ira dos mais ricos vem crescendo desde que Obama assumiu. Inicialmente, porém, estava confinada a Wall Street.
Assim, quando a revista “New York” publicou a reportagem “The Wall of the 1%” (algo como “O muro do 1%”), ela se referia aos corretores financeiros, cujas firmas foram resgatadas com o dinheiro do contribuinte, mas estavam furiosos de que o preço desse resgate fosse o limite temporário de seus bônus salariais. Quando o bilionário Stephen Schwarzman comparou a proposta de Obama à invasão nazista da Polônia, ele se referia a uma proposta que teria fechado uma lacuna fiscal que beneficiava especialmente gestores de fundos como ele.
Mas agora que se aproxima a hora de decidir sobre os cortes de impostos de Bush, a raiva dos mais ricos cresceu. Por um lado, é uma coisa quando um bilionário discursa num jantar.
Outra bem diferente é quando a revista “Forbes” faz uma reportagem de capa afirmando que o presidente dos EUA está deliberadamente tentando derrubar o país, como parte de sua agenda “anticolonialista” queniana, e que “os EUA estão sendo governados de acordo com os sonhos de um nativo luo dos anos 50”. Quando se trata de defender os interesses dos ricos, parece, as regras convencionais de civilidade (e racionalidade) não se aplicam.
Por outro lado, a autoindulgência entre os privilegiados se tornou aceitável, e até mesmo na moda. Os defensores dos cortes de impostos fingiam se preocupar com a família americana típica. Hoje, porém, nem mesmo isso, apesar do discurso dos republicanos de que elevar os impostos dos ricos afetará os pequenos negócios.



PAUL KRUGMAN é colunista do “New York Times”


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O Brasil está dando certo e deixa como lição o fato de que não se deve seguir consensos

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“A era Lula, que acaba agora, não foi um paraíso, mas a economia cresceu muito bem, houve grande investimento na redução da pobreza, a inflação e a situação fiscal estão controladas e o mercado doméstico se fortaleceu. O que mais se deve esperar de um país?”

Câmbio e déficit ainda não devem preocupar o Brasil, diz Krugman

João Villaverde – Valor Econômico

Quando um país começa a aparecer nas capas das revistas internacionais é sinal que ele vai ter problemas. A constatação é de Paul Krugman, prêmio Nobel de Economia de 2009, em visita ao Brasil, ontem. O fenômeno, que Krugman chama de “a sina das capas de revistas”, ocorreu nos anos 1990 com o México, os países do Leste Asiático e a Argentina – todos os países sofreram com crises econômicas provocadas por déficits nas transações correntes pouco depois de obtido o reconhecimento da mídia internacional. “Esse não é o caso do Brasil. Vocês são muito mais maduros”, diz Krugman.
O economista americano é doutor pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) e professor da Universidade de Princeton, ambas nos Estados Unidos, ficou apenas um dia em solo brasileiro. Viajou na terça-feira à noite, tendo publicado em seu blog no “The New York Times” uma nota, pouco antes, destacando que “a dívida externa brasileira era muito elevada nos anos 1980, e que as coisas definitivamente melhoraram muito desde então”. Ele participou de fórum promovido pela IBM em São Paulo e à tarde embarcou de volta aos Estados Unidos. “Andei estudando muito o Brasil do ano passado para cá”, disse.
Para Krugman, a valorização do real e o consequente aumento do déficit em conta corrente brasileiro não se constituem em uma preocupação. “Era o que se esperava acontecer, é até compreensível que o câmbio esteja tão valorizado, uma vez que os países ricos estão em grave recessão e o Brasil tem ótimas perspectivas econômicas”, afirmou.
As discussões recentes na área econômica do governo quanto a uma possível desvalorização cambial para frear a ampliação do endividamento nas transações correntes, para Krugman, devem ser colocadas em perspectiva. “Todos os países querem ter superávits nas contas correntes e todos falam em desvalorizar suas moedas para isso. Só que se todos desvalorizarem não muda nada. Fico desapontado com países como a China, que poderiam incorrer em pequenos déficits correntes, mas não o fazem.”
Nos 12 meses terminados em julho, segundo números do Banco Central, o país acumulou déficit equivalente a 2,24% do Produto Interno Bruto (PIB). Embora divergentes quanto à utilidade do endividamento externo, economistas de diferentes matizes ideológicas concordam que o déficit nas contas correntes costuma ser financiável até níveis entre 3,5% e 4% como proporção do PIB. Ligado à corrente heterodoxa, Krugman não vê problemas quanto à ampliação do déficit corrente no Brasil, mas avalia que “as coisas podem mudar caso cresça a 6% ou 7% do PIB”, algo que ele considera improvável.
“O Brasil parece ter uma demanda doméstica forte o suficiente para bancar um déficit corrente de 4% do PIB de maneira sustentável. Muitos países cresceram por vários anos com déficits parecidos, como os EUA e a Austrália”, disse.
Por outro lado, vaticina ele, não se deve deixar a valorização cambial persistir por muitos anos. De dezembro de 2008, auge da crise econômica mundial, até ontem, o real acumulou valorização de 36% em comparação com o dólar. “Se deixar apreciar desta forma por muito tempo”, diz Krugman, “haverá desemprego num ponto em que nem cortes nas taxas de juros serão capazes de reverter”. Esse processo foi denominado de “armadilha para as exportações”, uma vez que a valorização cambial reduz a remuneração das empresas que vendem seus produtos no exterior.
O prêmio Nobel de Economia elogiou o modelo de desenvolvimento econômico brasileiro. “A era Lula, que acaba agora, não foi um paraíso, mas a economia cresceu muito bem, houve grande investimento na redução da pobreza, a inflação e a situação fiscal estão controladas e o mercado doméstico se fortaleceu”, elencou Krugman, que perguntou em seguida: “O que mais se deve esperar de um país?”
Para o economista, o Brasil “encontrou” uma terceira via, que não está presa ao modelo do Consenso de Washington, praticado em larga escala na América Latina nos anos 1990, mas também não segue os padrões de países como China ou Venezuela, onde o Estado é o protagonista. “O país está dando certo e deixa como lição o fato de que não se deve seguir consensos”, disse.
O cenário pós-2010 não está livre de desafios, no entanto. A situação dos países ricos, tendo Estados Unidos e os da União Europeia à frente, pode piorar, caracterizando uma crise em forma de “W”, o que poderia reduzir o ímpeto do crescimento brasileiro. Ao mesmo tempo, a economia chinesa pode desacelerar e, com isso, levar o Brasil junto, uma vez que é a elevada demanda chinesa a commodities brasileiras que tem sustentado, segundo Krugman, boa parte do ingresso de dólares no país. “Mas, ainda assim, com o mercado interno construído pelo Brasil, é possível continuar crescendo em torno de 5% ao ano mesmo com um mundo mais fraco”, afirmou.

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Fed deixa a cartilha de lado

José Paulo Kupfer
Pode ter sido apenas um passo ‘simbólico’, como afirmaram alguns analistas, mas a decisão do banco central americano de estender a política chamada de afrouxamento quantitativo sinaliza que algo não cheira bem na maior economia do mundo. Ainda é cedo para apostar no duplo mergulho, mas, em compensação, a probabilidade de que aconteça está aumentando.
A política de “afrouxamento quantitativo” consiste na compra, pelo Banco Central americano (Fed), de títulos no mercado. No auge da crise, a instituição comprou bônus lastreados em hipotecas de alto risco. Parte desses papéis está vencendo e o Fed, em vez de liquidar a operação, decidiu usar os recursos para comprar títulos do próprio governo americano. O objetivo é jogar mais dinheiro na economia. Com isso, acredita, continuará estimulando a atividade econômica.
Só se prolonga uma medida, digamos, heterodoxa como essa, se a economia não responde como se esperava. É o que parece estar acontecendo. O PIB americano do segundo trimestre, por exemplo, mostrou números bem inferiores ao dos três primeiros meses do ano.
O aumento da perspectiva de um novo mergulho dos Estados Unidos numa deflação não é uma boa notícia para economia global – Brasil incluído. A esperança é que, depois desse primeiro sinal, se confirme a disposição do Fed para romper com dogmas econômicos.
Nesses tempos de exacerbação fiscalista, um dos principais complicadores para uma saída da crise é o fato singelo de que, numa conjuntura de deflação, não é possível, por definição, defender a ideia de que sempre devemos perseguir um pouco menos de inflação.
Mesmo assim, políticas deflacionárias continuam sendo aviadas. É difícil entender como políticas deflacionárias – de contenção de déficits públicos e contração monetária – possam operar, positivamente, num quadro de deflação. Se, como afirmam seus defensores, tal política é eficaz para conter surtos inflacionários, fará sentido recorrer a ela para fazer o serviço inverso?
O mais sensato, para escapar de uma deflação, pareceria ser, simplesmente, inverter o roteiro: elevar os gastos públicos e afrouxar a política monetária. É o que têm martelado analistas de prestígio, como o Prêmio Nobel Paul Krugman (lei o blog do Krugman, publicado aqui no site E&N do Portal Estadão) e o colunista do Financial Time Martin Wolf. Não sem levar bordoadas.
Será que a cartilha vencerá o bom senso? O Fed – ufa! – parece responder com um ainda tímido, mas esperançoso  “não”.

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A América obscura

Paul Krugman
As luzes se apagam por toda a América - literalmente. A cidade de Colorado Springs tem aparecido nas manchetes com sua tentativa desesperada de economizar dinheiro desligando um terço de seus postes, mas coisas semelhantes estão acontecendo ou sendo enfrentadas por toda a nação, da Filadélfia a Fresno. Enquanto isso, o país que uma vez assombrou o mundo com seus investimentos visionários em transporte, do Canal Erie ao sistema rodoviário interestadual, está agora em processo de despavimentação: em alguns estados, os governos locais estão quebrando as estradas que não valem a pena serem mantidas e trocando por cascalho. 

E a nação que outrora valorizou a educação - estava entre as primeiras a oferecer educação básica a todos as crianças - agora a está reduzindo. Professores sendo demitidos, programas cancelados; no Havaí, o ano escolar foi drasticamente reduzido. E todos os sinais apontam para ainda mais reduções no futuro.  Nos disseram que não temos escolha, que as funções básicas do governo - serviços essenciais que tem sido fornecidos por gerações - já não são acessíveis. E é verdade que os governos estaduais e locais duramente atingidos pela recessão estão sem dinheiro. Mas não estariam tão desprovidos se os seus políticos se dispusessem a considerar pelo menos alguns aumentos de impostos. 

E o governo federal, que pode vender títulos de longo prazo protegidos da inflação à taxa de juros de apenas 1,04%, não está absolutamente sem dinheiro. Ele poderia e deveria oferecer ajuda aos governos locais para proteger o futuro de nossa infra-estrutura e filhos. Mas Washington está provendo apenas um pingo de ajuda, e mesmo assim a contragosto. Temos que priorizar a redução do déficit, dizem os republicanos e os democratas "centristas". E então, quase no suspiro seguinte, declaram que devemos preservar os cortes de impostos dos muito ricos, a um custo orçamentário de US$ 700 bilhões durante a próxima década. 

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