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José Dirceu: cobranças a uma reunião ministerial

[...] Para onde vamos, Atenas ou Berlim?

A presidente Dilma Rousseff realiza hoje, na Granja do Torto – uma das residências oficiais da Presidência da República – a primeira reunião ministerial do seu segundo mandato iniciado dia 1º pp. A se confirmar o que anteciparam fontes do Palácio do Planalto à mídia, a presidenta vai abordar nesse primeiro encontro conjunto com seu ministério o momento de restrição orçamentária, o ajuste fiscal e as primeiras medidas já adotadas nessa linha.
Até aí nada a acrescentar.  A questão é: 
  • Que respostas o governo dará a crise hídrica e energética? 
  • Mobilizará o país, os ministros, para enfrentá-la? 
  • Proporá novas medidas sobre o ajuste fiscal? 
  • Falara ao país da gravidade da crise mundial e das mudanças que pretendemos a médio prazo em nossa economia? 
  • Proporá uma reforma tributária?
  • Qual nosso caminho? Vamos para Berlim ou Atenas? 
  • Qual é nossa proposta de mudança radical na política de segurança pública frente a crescente violência urbana retratada de forma trágica nas 16 mortes por balas perdidas -  que de perdidas não têm nada? 
  • Vamos mobilizar os governos federal e estaduais e iniciar uma nova política de segurança?

Quando será aberta mesa de negociações com trabalhadores, empresários, a nação?
Ou vamos repetir o secretário de segurança do Rio (José Mariano Beltrame), que chamou de “nação de criminosos” os que armados disparam e trocam tiros todos os dias na cidade do Rio – que é uma expressão da nação – o que já seria suficiente para decretar estado de emergência no Rio e ocupar a cidade, pelo menos…


  • E a Educação teremos uma nova política para expressar a Pátria Educadora, prioridade prometida pela presidenta da República no seu discurso de posse do 2º mandado há 27 dias? 
  • Será aberta uma mesa de diálogo e negociações com os trabalhadores e os empresários? 
  • Será feito o estabelecimento de um diálogo que coloque à mesa as mudanças na legislação do seguro desemprego, a tabela do Imposto de Renda, a reforma tributaria, a política industrial, a política de comércio exterior, as concessões de obras e serviços públicos, a política de inovação?
  • Ou vamos ficar rodando em torno do ajuste fiscal, símbolo da mediocridade conservadora?

Como sempre disse o titular desse blog, o ex-ministro José Dirceu, e como temos repetido com frequência, o problema não é técnico ou de falta de soluções, mas político. A questão central é de prioridade, de vontade governamental e de mobilização da sociedade.
Vamos repetir: qual nosso caminho? Vamos para Berlim ou Atenas?

Eduardo Suplicy: Dirceu ainda poderá ter papel significativo no PT

- Enquanto muitos se escondem, para sequer comentar algo sobre antigos companheiros - Delúbio, João Paulo, José Genoino etc, Suplicy falar abertamente, e com respeito, do mais perseguido deles. Belo exemplo - 




O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) pretende procurar em breve o ex-ministro José Dirceu, condenado no processo do mensalão. "É possível que eu o procure nos próximos dias para conversarmos um pouco. Afinal o conheço desde a fundação do partido. Tantas vezes interagimos e sempre mantivemos uma atitude de respeito mútuo e cooperação", disse ao 
Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.
O senador afirmou não ter conhecimento dos movimentos de Dirceu nos bastidores para retomar o poder dentro do PT, como noticiado pelo jornal O Estado de S. Paulo nesta quinta-feira, mas afirma não ver problemas na intenção do ex-ministro de voltar a atuar politicamente.
Suplicy relata ter falado com Dirceu pela última vez há cerca de três meses, por telefone, e disse que a última vez que o viu pessoalmente foi na segunda visita que fez ao ex-ministro no Complexo da Papuda. Condenado a sete anos e 11 meses de prisão por corrupção ativa, o ex-ministro ficou preso por pouco mais de 11 meses e cumpre o restante da pena em regime aberto desde novembro.
"Zé Dirceu é considerado na história do partido uma das pessoas que mais colaborou para sua formação e organização. Ele foi julgado, teve direito de defesa e recebeu a pena que tem cumprido", disse Suplicy. "Um ser humano pode cometer erros, mas pode procurar depois os caminhos de correção e superação de sua trajetória. Portanto, ele pode dentro do PT ainda ter um papel significativo na medida em que ele tiver cumprido sua pena", completou.
Sobre a quebra dos sigilos fiscal e bancário de Dirceu, por recebimento de pagamentos suspeitos de empreiteiras investigadas na operação Lava Jato, conforme noticiado no Jornal Nacional, Suplicy disse ter pouco conhecimento do caso para comentar. "Ele certamente terá os meios de explicar a natureza dos serviços prestados, eu não poderia adiantar qualquer conclusão."
Dirceu teria recebido R$ 3,7 milhões das construtoras Galvão Engenharia, OAS e UTC Engenharia. Em seu blog, o ex-ministro publicou uma nota dizendo que "a relação comercial com as empresas não guarda qualquer relação com contratos na Petrobras sob investigação na Operação Lava Jato".
Ao longo da entrevista, Suplicy lembrou três momentos emblemáticos de sua relação com o ex-ministro da Casa Civil do governo Lula para justificar a proximidade que tem com ele. Falou de quando participaram juntos dos comícios das Diretas Já em 1983 e 1984, da coleta de assinaturas para abrir a Comissão Parlamentar de Inquérito que resultou no impeachment de Fernando Collor em 1992, e as prévias do PT para presidência em 2000, quando houve atrito entre os dois.
Dirceu não concordou com a postura de Suplicy de disputar a vaga com Lula. "Zé Dirceu, de maneira muito correta, organizou as prévias de maneira isenta. Lula ganhou e eu o apoiei até o fechar das urnas. Hoje, acho que a prévia contribuiu até para a candidatura dele ter mais legitimidade."
Fonte: Estadao Conteudo





Paulo Nogueira: está reaberta a temporada de caça a Dirceu

A estratégia que sugeri a José Dirceu para usar durante o julgamento do Mentirão, continua atual. Ele deveria aplica-la, não vejo melhor maneira de defesa. Leiam o e-mail Aqui e comentem.




Lembro uma vez em que o atacante Mario Balotelli, então no Manchester City, exibiu sob a camisa de seu clube uma camiseta que dizia o seguinte: “Por que sempre eu?”
Balotelli, um dos melhores atacantes do time, era sempre objeto de intensas críticas e futricas, a despeito do grande futebol que jogava.
Era como se ele tivesse sido escalado para ser o cara mau.
De certa forma, Zé Dirceu poderia também mostrar uma camiseta com as mesmas palavras: “Por que sempre eu?”
É impressionante a caça a Dirceu. Quando a mídia deseja fazer uma nova rodada de ataque ao PT, você pode esperar. Lá vem “denúncias” sobre Dirceu.
Foram tantos anos de construção pela imprensa de uma imagem de símbolo da corrupção que os donos das empresas de jornalismo sabem que publicar alguma nova história sobre ele vai acender chamas num certo público de estridente e insuperável anafalbetismo político.
A perseguição a Dirceu é feroz. O que você pode ponderar é que o PT jamais teve coragem de enfrentar a mídia, mesmo no tempo de Dirceu.
Numa extraordinária aberração, o PT no poder continuou a abastecer de mensalões os barões da imprensa por meio de mamatas como anúncios, financiamentos, compras de livros e por aí vai.
Em nenhum momento Lula e Dilma disseram: “Bem, chega de farra. 500 milhões por ano para a Globo me bater dia e noite? Chega. Mais 150 milhões por ano para o Silvio Santos encher a emissora de pessoas como Sheherazade e Gentili? Chega.”
E daí sucessivamente. Ah, baixar a zero é muita coisa? Discordo, mas aceito. Então, divida-se o mensalão dos barões por dois imediatamente.
Leio, nos porta-vozes dos patrões, que Dirceu não pode ter consultoria. Quer dizer, então: ele não pode trabalhar.
Vamos tentar entender. Dirceu não pode ser consultor. Mas pessoas saídas de governos do PSDB podem.
FHC colocou na estratégica agência reguladora de petróleo o genro, David Zylbersztayn. Claro que Zylbersztayn era um gênio, e portanto a imprensa não tinha razões para discutir se havia aí nepotismo.
Mas, terminado o casamento, acabou a carreira de Zylbersztayn na cúpula da administração do sogro camarada.
O que ele foi fazer? Foi ser consultor. De petróleo.
Isso pode.
A injustiça no caso de Dirceu é a diferença de tratamento que ele recebe. O que para outros não é notícia nem de rodapé para Dirceu vira manchete.
E vamos entender: para alguém como ele, ou a opção é ser consultor ou, simplesmente, nada.
Altos funcionários de administrações amigas da plutocracia sempre encontram propostas de emprego nas grandes empresas. A plutocracia se protege.
A Globo arrumou ocupação até para o filho de Joaquim Barbosa.
No circuito das palestras, as grandes corporações pagam cachês milionários para seus amigos. (Barbosa está vivendo disso, agora.)
Há uma rede de proteção formidável para os que ajudam o Brasil a ser o que é, um campeão de desigualdade.
Dirceu está do outro lado.
Por que quebrar o sigilo bancário dele? Para reforçar a caricata imagem que se fez dele.
É um crime jornalístico divulgar valores de consultorias antes de investigá-las. Qual seria o valor certo para os serviços prestados por Dirceu? Ou queriam que ele prestasse consultoria de graça?
Mais uma vez, está aberta a temporada de caça a Dirceu, e vale tudo.
Ele poderia repetir Balotelli, repito: “Por que sempre eu?”

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Zé Dirceu: Caminhamos para uma recessão. Com o governo consciente disso, esperamos

Que 2ª feira! Calor, aumento de impostos num pacotaço anunciado pelo ministro da Fazenda, de juros e queda de energia em importantes cidades do país causada pela onda de calor inédita no pais…Ontem nem parecia uma 2ª feira, estava mais para uma 6ª feira 13. Só noticias ruins.

O aumento de impostos e dos juros são apenas consequências, desdobramentos da busca de um superavit de 1,2% do PIB este ano. A elevação dos juros visa derrubar a demanda e vem casada com o aumento do IOF – Imposto sobre Operações Financeiras para os empréstimos às pessoas físicas. Aí, também refreando o consumo.

Caminhamos assim – conscientemente, espero, por parte do governo – para uma recessão com todas as suas implicações sociais e políticas. Fica evidente, empiricamente, pela prática, que o aumento dos juros não refreou a inflação cujas causas estão fora do alcance da politica monetária do Banco Central (BC), mas nos preços administrados, serviços e alimentos.

Quando a inflação cair…se cair…

Assim, quando a inflação cair – se cair… – será pela queda violenta da demanda e não pela alta dos juros. O que espanta é o silêncio de nossas autoridades sobre os efeitos da atual taxa Selic de 11,75% – o sonho de consumo do mercado financeiro -e sobre o serviço da divida interna de R$ 250 bi ao ano, ou o correspondente a 6% do PIB nacional. É a maior concentração de renda do mundo no período de um ano e para uma minoria detentora dos títulos públicos de nossa divida interna.

Como a arrecadação cairá com a recessão é preciso de novo que nossas autoridades expliquem como farão o superávit e manterão os investimentos públicos e os gastos sociais. Têm de explicar: como o pais voltará a crescer?

Fora o fato que as autoridades da área econômica diariamente criticam abertamente os bancos públicos e seu papel de vanguarda no financiamento subsidiado (porque necessário) de nossa indústria, agricultura, infraestrutura social e econômica. A pergunta que não cala é: quem os substituirá, quem continuará a desempenhar esse papel dos bancos oficiais?

Semana começa com muita apreensão sobre os rumos do país

Sobre o efeito maléfico e daninho dos juros altos na valorização do real e nas contas externas também nada, nem uma palavra… Nossa indústria que se vire. A semana começa, assim, com muita apreensão pelos caminhos do país. Mas podem ter certeza, com muita festa no mercado financeiro e nas redações de nossa mídia.

Mesmo que haja algum choro e ranger de dentes pelo aumento dos impostos, no fundo dirão, melhor assim que uma reforma tributária que taxe os ricos, o patrimônio e a renda, as fortunas e heranças e os fantásticos lucros financeiros. Isso, talvez, explique o silêncio dos responsáveis pela política econômica e pelo governo sobre a volta da CPMF ou de algum outro imposto ou tributo equivalente e que cumpra seu papel.


Sou petista, mas não sou filiado

Tenho certeza que fui o primeiro a publicar que Dilma seria o próximo presidente do Brasil.

- Acho que foi Dirceu que pensou isso antes de mim -

Ponto

Mas agora são outros 500.

Dilma foi eleita e reeleita.

Foi eleita por Lula.

Reeleita por ela.

E, o PT?...

Zé Dirceu: os desafios do segundo mandato do PT e de Dilma

No Brasil para o lançamento de seu best-seller “O Capital no Século XXI” – sobre riqueza, desigualdade e distribuição de renda – o economista e escritor francês Thomas Piketty, ao afirmar que crescimento e combate à desigualdade não são excludentes, poderia estar se referindo ou não ao Brasil. Mas a indicação da nova equipe econômica e as reações à esquerda e à direita aos indicados trouxeram os dois temas para o centro do debate político nacional. Na verdade as duas questões colocadas pelo especialista expressam uma demanda e uma necessidade no Brasil de hoje.

O combate à desigualdade é uma demanda da sociedade que se expressou e confirmou sua exigência de distribuição de renda e combate à pobreza no Brasil por quatro vezes nas urnas – nas eleições nacionais de 2002, 2006, 2010 e neste ano.
Já o crescimento é uma necessidade dentro de nosso projeto de desenvolvimento nacional. Ao mesmo tempo o binômio colocado por Piketty está intrinsecamente ligado: não há como sustentar o crescimento de uma economia como a brasileira (uma das maiores do mundo, madura e desenvolvida, apesar de desigual) sem um mercado interno forte e sem distribuir renda.
Os limites do nosso modelo
O mercado interno é um elemento básico na nossa estratégia de desenvolvimento, bem como a distribuição de renda em todos sentidos (ainda que difícil, mas não impossível), começando pela renda propriamente dita e avançando pela distribuição da riqueza e da propriedade. E social e politicamente falando, todo modelo de crescimento sem distribuição de renda é inviável e está fadado ao insucesso numa democracia.
Na discussão dos limites do nosso modelo de desenvolvimento apoiado na distribuição de renda, mercado interno e no Estado, sempre virão à tona as questões do excesso de demanda e custo trabalhista; da política de aumento dos salários e benefícios previdenciários; da expansão do crédito e estímulos ao consumo; e dos gastos públicos, com a redução dos superávit e endividamento do Estado para sustentar o crescimento e enfrentar crises cíclicas e mundiais.
O verdadeiro custo de nossa economia – o financeiro, o da dívida interna (5% do PIB) – nunca é colocado na agenda sempre dominada pelos custos trabalhistas, tributários e da logística.
Acrescida, agora, dos custos da energia, uma evidente distorção ideológica favorável ao capital financeiro e rentista que se sustenta a partir de uma política de juros que mantém um spread bancário entre 28% a 32%. Um escândalo em qualquer país do mundo hoje, onde os juros em geral são negativos.
Solução conservadora a la europeia é inviável para o Brasil
No Brasil é inviável a solução conservadora a la europeia: corte de gastos, aumento de juros e superávit, recessão, desemprego e desvalorização dos salários. Rejeitada nas urnas, fracassada na Europa sempre e apresentada pelos opositores ao nosso modelo como uma saída inevitável, de curta duração e virtuosa ao garantir a retomada do crescimento a curto prazo, a teoria é desmentida na prática pela própria experiência europeia rejeitada mundialmente hoje.
Resta, portanto, à nova equipe econômica, sem abandonar nosso projeto de desenvolvimento, viabilizar as contas públicas de forma gradual, sem abandonar a política de emprego e renda e buscando um crescimento que ao mesmo tempo preserve o social (a distribuição de renda, virtuosa para o crescimento) e retome superávits paulatinamente, começando com 1,2%, como o anunciado pelo novo ministro da Fazenda para 2015. Mas é preciso reduzir os juros e por um fim aos elevados custos da nossa dívida interna, do consumo e do investimento, únicos no mundo.
E fazê-lo evitando uma recessão, mantendo os investimentos públicos e a atuação dos bancos oficiais no patamar atual, ainda que sem novos aportes do Tesouro para capitalizar, por exemplo, o BNDES. Também não haverá salvação para nossa indústria com juros altos e dólar barato. Nenhum esforço de aumento da produtividade e redução de custos, por mais rápido que aconteça, pode enfrentar a concorrência chinesa e americana-europeia com a atual taxa de câmbio.
Não é impossível vencer o desafio
O país tem tudo para retomar o crescimento com base em seu mercado interno, nas concessões no setor de infraestrutura e nos investimentos na área de energia e gás, particularmente no pré-sal. Dispõe de todas as condições para sustentar um longo período de crescimento com investimentos na infraestrutura social, mobilidade urbana e geral, saneamento, habitação, resíduos sólidos, meio ambiente, lazer, cultura e esportes.
O Brasil pode e deve expandir as exportações com base na integração regional, começando pela criação de um verdadeiro banco de exportação e importação que financie nossas exportações principalmente de capital, tecnologia e serviços.
Manter a dívida pública bruta no atual patamar e trazer a inflação para o centro da meta não é uma tarefa incompatível com a distribuição de renda e o combate a pobreza.
Pelo contrário, pode ser uma condição, desde que avancemos nas reformas política e do Estado. E na reforma tributária, que taxe os ricos, as grandes fortunas e heranças, os lucros extraordinários, que realmente cobre impostos progressivos sobre a renda e o patrimônio (uma demanda e agenda que vêm do século XIX), e não impostos indiretos sobre o consumo que fazem com que quem ganha menos pague mais impostos.
Vencer esse desafio não e impossível como já demonstrou o agora ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, com sua proposta de ajuste lento, seguro e gradual, que preserva nosso modelo e estratégia de desenvolvimento nacional. Quem viver verá.
Também leia: Promessas

Zé Dirceu - os desafios para 2015

A gravidade da crise mundial, agora revelada com a queda dos preços do petróleo, exige que, no Brasil, nosso governo venha a público e exponha ao país a real situação de nossa economia e seus limites para a recuperação imediata. Mas, principalmente, apresente as medidas a serem adotadas em 2015 para enfrentar a crise global e superar os graves problemas de nossa economia, começando pela retomada do crescimento para manter o emprego e a renda dos brasileiros com distribuição de renda, sem abrir mão dos direitos trabalhistas, sociais e previdenciários a duras penas conquistados nos últimos 12 anos — e sem medidas de austeridade ou aumento de impostos que recaiam apenas sobre os trabalhadores, como era a tradição no país.
Não estamos em 1988, mas a crise é grave. Nosso país não está endividado em dólares, nosso câmbio é flutuante, temos reservas e nossa dívida pública está sob controle, tendo crescido não por outra razão, mas para evitar uma recessão e suas consequências sociais e políticas que seriam muito mais nocivas. A começar pelo desemprego que assola o mundo e pela queda da renda das famílias. Não estamos fora do risco de sermos tragados por ela, se não adotarmos as medidas adequadas na hora certa.
Sem abrir mão das conquistas dos últimos 12 anos, devemos buscar saídas políticas para a crise. Caso contrário, as forcas hegemônicas na economia e na sociedade se imporão com um ajuste fiscal e monetário que levará, inevitavelmente, à queda da participação do trabalho na renda nacional, colocando em sério risco as conquistas sociais e trabalhistas, como tem acontecido na Europa e como é tradição ocorrer no Brasil.
É urgente e necessário que a presidenta assuma a liderança para construir um acordo político a partir de um diálogo nacional para pactuar as saídas para a atual crise. É preciso expor ao povo a real situação do mundo e suas prováveis e graves consequências para o nosso país, com coragem e clareza para expor nossos impasses, mas também apresentando as propostas para superá-los.
Sem medo e sem esconder, não apenas nossos problemas fiscais e de gestão, mas esclarecendo, por exemplo, o gravíssimo problema do custo da dívida interna (6% do PIB, ou R$ 265 bilhões em 2015), os elevados spreads com os quais convivemos (de 28% a 32%) ou os juros reais de 6% aos investidores externos, em um momento em que o mundo passa por um período de recessão, praticando juros negativos, quando não deflação (casos do Japão e da Europa, onde o fantasma da deflação já é real).
Para além da continuidade dos investimentos em infraestrutura social e econômica, no Pré-Sal, na Educação e inovação, na aposta no nosso mercado interno. Na disputa de mercados externos o país precisa enfrentar o agravamento da situação internacional num cenário de queda dos preços do petróleo, das commodities e do comércio internacional. Um contexto em que há aumento do protecionismo e de medidas como a administração do câmbio, crescimento da disputa de nosso mercado interno e dos nossos mercados externos de manufaturados e máquinas e equipamentos pela China, Europa, Japão e EUA.
É improvável, mesmo que avancemos na redução dos custos de logística, em Educação e inovação, que consigamos enfrentar esse quadro desfavorável e essa conjuntura de crise dentro dos marcos atuais de nosso modelo econômico, marcado por custos financeiros altíssimos, custos crescentes de energia e sistema tributário injusto e irracional.
Fazer uma reforma política é fundamental, mas também promover reformas administrativa, tributária e financeira, são condições para sobrevivermos aos novos tempos sem abrir mão da distribuição de renda, do fortalecimento de nossa indústria e do mercado interno. Sem uma nova política cambial, nossa indústria, apesar de todas as medidas do governo, como o programa Brasil Maior, continuará a definhar frente à concorrência, muitas vezes predatória, dos importados.
Uma agenda de reformas e de enfrentamento da crise mundial que inclua um ajuste em nossas contas internas e externas pressupõe, antes de mais nada, um diagnóstico compartilhado com a sociedade e o povo. Exige a pactuação de medidas econômicas de emergência e de amplas reformas que mudem a distribuição da renda e da riqueza no país, começando pela tributária, para viabilizar a ampliação dos investimentos públicos e a manutenção do Estado de bem estar social que estamos construindo. Reformas que exigem ampla mobilização social para fazer prevalecer no Congresso Nacional não apenas a expressão do poder econômico e da mídia, mas das forcas populares, democráticas, nacionalistas e de esquerda —daqueles que elegeram e reelegeram Lula e Dilma.
Esse é o desafio que nos espera em 2015 e que dependerá da unidade política, não apenas no PT e do partido, mas de todas forcas políticas de esquerda e da sociedade que nos delegaram pela quarta vez a tarefa de governar o país e nosso povo.

A perseguição insana contra Dirceu

O último vazamento da Operação Lava Jato foi um contrato com a Camargo Correia, tentando envolve-lo com a Lava Jato, conforme reportagem da revista Época. Houve uma nota da JDA (José Dirceu e Associados): "A JDA informa que prestou consultoria à Camargo Corrêa, entre 2010 e 2011, para assessorar a companhia em sua atuação internacional. A JDA repudia com veemência qualquer associação de seus...Leia mais>>>

Zé Dirceu: Sem a política no comando não haverá saída para o país

É inacreditável! Não há nada nos jornais ´hoje sobre o aumento em 0,50 dos juros decretado pelo Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central (BC) nesta semana, na noite da 4ª feira. A Folha de S.Paulo tem o desplante de falar da decepção do mercado com a decisão do do BC que agiu “com parcimônia” dá a entender o jornalão… acreditem se quiser.

Querem juros mais altos para manter o câmbio baixo e a inflação sob controle. Dane-se a economia real e a vida do povo. Essa é a conclusão a que chegamos. Francamente…estamos no pior dos mundos…

Ao invés de escandalizarem-se com mais essa elevação dos juros, exploram a projeção de crescimento para ano que vem, de 0,8% do PIB e do superávit com mais divida pública bruta. Ora, o governo apenas previu o óbvio: a economia crescerá menos de 1% e o esforço fiscal será de 1,2% buscando manter a dívida publica no mesmo patamar.

Aumentos dos juros e esforço fiscal não reduzem inflação

O fato é que tanto esse aumento dos juros quanto o esforço fiscal, de per si não reduzem a inflação. A redução desta depende de fatores externos e internos fora do controle do BC e das políticas monetária e fiscal. A diminuição da inflação depende dos preços administrados, dos preços dos alimentos e dos serviços, que dependem das políticas públicas e dos investimentos, de comércio exterior e do crescimento da economia mundial.

Internamente precisamos de uma reforma tributária e de financiar o crescimento do mercado seja pelos bancos públicos, seja por empréstimos externos mais investimentos externos diretos (IED). Precisamos reduzir custos financeiros e tributários, logísticos e burocráticos, administrativos e ambientais e precisamos avançar na educação e na inovação. Necessitamos, e muito, de planejamento e capacidade de direção e execução no governo, maioria parlamentar e governabilidade.

O país não tem muita margem de manobra interna ou externa. A situação mundial não tende a melhorar, então precisa se apoiar no que tem: no mercado interno; na continuidade da distribuição da renda e da riqueza; nas concessões na infraestrutura; na energia e no pré-sal; e na integração sul-americana, que precisa sair do papel e virar política de Estado.




Precisamos de uma repactuação entre trabalhadores, empresários e governo

Por fim, precisamos de uma repactuação produtivista e desenvolvimentista, entre trabalhadores, empresários e governo para negociar as reformas – inclusive a política. De uma repactuação para a manutenção do emprego e da renda do trabalho durante esse período de ajuste da economia.

Sem a política no comando não haverá saída para o pais. Ministros e economistas. burocratas e tecnocratas, por mais que necessários, não constroem nações e não salvam povos e países em momentos de crise. A hora é da política, dos políticos, dos partidos, da participação da sociedade, da mobilização e do debate e do embate públicos.

Precisamos disso, de assumir nosso papel e dirigir o pais conforme o mandato que o povo, pela 4ª vez – um fato inédito no mundo – deu ao PT e a presidenta Dilma e a seus aliados no Parlamento. Precisamos tomar nosso papel nas mãos principalmente na sociedade, que precisa ser mobilizada para a retomada do crescimento e do desenvolvimento nacional.


Zé Dirceu: economistas agem como fossem professores de Deus

O tempo passa e as certezas econômicas se esvaem. Começando pela decantada defasagem de preços da gasolina e do óleo diesel baratos -  ontem uma realidade, hoje passado.
Com a queda do preço do petróleo no mercado internacional nossa gasolina ficou mais cara e nosso óleo diesel idem. A Petrobras, que antes perdia, agora ganha bilhões ao mês.
Nesse quadro um  pouco de humildade faria bem aos economistas e articulistas de nossa mídia. Portam-se – e escrevem – geralmente como se fossem professores de Deus. Particularmente os que escrevem sobre economia, sejam economistas ou não. O ex-ministro e ex-deputado Delfim Neto é uma das poucas exceções, ao lado dos economistas Luiz Gonzaga Belluzzo e Amir Khair.
Agora a moda é desenhar um futuro sombrio, começando por 2015, para nossa economia. Demoraram mas hoje não tem mais como esconder a grave situação da economia mundial. Reconhecem que até a América Latina vai mal das pernas, como não podia deixar de ser com a maioria dos seus países dependendo de duas ou quatro matérias primas; muitos de apenas duas; e alguns exclusivamente do turismo e do envio de dólares dos imigrantes.
Muitas certezas e incertezas no mundo
Há muita incertezas no mundo mas, também, algumas certezas. Uma economia como a nossa, que depende apenas 14% do comércio exterior – aliás, como a dos Estados Unidos – pode e deve buscar exportar mais. Principalmente capital, tecnologia e serviços.
Mas, seria uma estultice apostar nosso crescimento apenas no comércio mundial. Outra coisa é priorizar a integração regional onde temos todas as vantagens comparativas e um mercado igual ao nosso (pelo menos em população, 200 milhões de habitantes), próximo de nós e ávido para crescer e se integrar com nossa economia e investimentos.
Mas, falta audácia e prioridade. Falta-nos um banco para financiar os avanços na integração regional, industrial e econômica em geral. Integração que para se dar pode e deve começar pela legislação tributária e ambiental.
É em nosso mercado interno e nos investimentos na infraestrutura econômica e social, então, que devemos apostar: nos investimentos em energia, petróleo e gás; na distribuição de renda; nas reformas tributária e urbana; nas reformas política e do Estado; numa revolução educacional e científica; e no aumento geral de nossa produtividade e competitividade.
Só aqui querem reduzir papel dos bancos públicos
Fazê-lo apoiados em políticas ativas como a cambial e a comercial. Conscientes de que somos parte de um mundo onde impera o protecionismo e a administração do câmbio e  onde os governos e bancos centrais emitem moeda aos trilhões para salvar seus bancos e empresas.
Só aqui querem reduzir o papel dos bancos públicos – começando pelo BNDES – e se escandalizam com o superávit zero esse ano.
Nossos economistas e articulistas agem – e escrevem – como se no mundo todo os governos não operassem com déficits e fazendo jorrar dólares aos trilhões para desesperadamente evitar a estagflação que os apavora.
Economistas e articulistas tupiniquins passam ao largo do fato de que governos em toda parte desvalorizam suas moedas e se protegem, controlam os organismos internacionais e as finanças com as quais procuram determinar e controlar as políticas de desenvolvimento de todos países sem exceção – inclusive as do Brasil.
Um pouco de humildade e realismo, sem esse pessimismo mórbido, faria bem ao debate das saídas e dos desafios do pais nos próximos anos.

Zé Dirceu: Os desafios do segundo mandato do PT e de Dilma

No Brasil para o lançamento de seu best-seller “O Capital no Século XXI” – sobre riqueza, desigualdade e distribuição de renda – o economista e escritor francês Thomas Piketty, ao afirmar que crescimento e combate à desigualdade não são excludentes, poderia estar se referindo ou não ao Brasil. Mas a indicação da nova equipe econômica e as reações à esquerda e à direita aos indicados trouxeram os dois temas para o centro do debate político nacional. Na verdade as duas questões colocadas pelo especialista expressam uma demanda e uma necessidade no Brasil de hoje.

O combate à desigualdade é uma demanda da sociedade que se expressou e confirmou sua exigência de distribuição de renda e combate à pobreza no Brasil por quatro vezes nas urnas – nas eleições nacionais de 2002, 2006, 2010 e neste ano.
Já o crescimento é uma necessidade dentro de nosso projeto de desenvolvimento nacional. Ao mesmo tempo o binômio colocado por Piketty está intrinsecamente ligado: não há como sustentar o crescimento de uma economia como a brasileira (uma das maiores do mundo, madura e desenvolvida, apesar de desigual) sem um mercado interno forte e sem distribuir renda.
Os limites do nosso modelo
O mercado interno é um elemento básico na nossa estratégia de desenvolvimento, bem como a distribuição de renda em todos sentidos (ainda que difícil, mas não impossível), começando pela renda propriamente dita e avançando pela distribuição da riqueza e da propriedade. E social e politicamente falando, todo modelo de crescimento sem distribuição de renda é inviável e está fadado ao insucesso numa democracia.
Na discussão dos limites do nosso modelo de desenvolvimento apoiado na distribuição de renda, mercado interno e no Estado, sempre virão à tona as questões do excesso de demanda e custo trabalhista; da política de aumento dos salários e benefícios previdenciários; da expansão do crédito e estímulos ao consumo; e dos gastos públicos, com a redução dos superávit e endividamento do Estado para sustentar o crescimento e enfrentar crises cíclicas e mundiais.
O verdadeiro custo de nossa economia – o financeiro, o da dívida interna (5% do PIB) – nunca é colocado na agenda sempre dominada pelos custos trabalhistas, tributários e da logística.
Acrescida, agora, dos custos da energia, uma evidente distorção ideológica favorável ao capital financeiro e rentista que se sustenta a partir de uma política de juros que mantém um spread bancário entre 28% a 32%. Um escândalo em qualquer país do mundo hoje, onde os juros em geral são negativos.
Solução conservadora a la europeia é inviável para o Brasil
No Brasil é inviável a solução conservadora a la europeia: corte de gastos, aumento de juros e superávit, recessão, desemprego e desvalorização dos salários. Rejeitada nas urnas, fracassada na Europa sempre e apresentada pelos opositores ao nosso modelo como uma saída inevitável, de curta duração e virtuosa ao garantir a retomada do crescimento a curto prazo, a teoria é desmentida na prática pela própria experiência europeia rejeitada mundialmente hoje.
Resta, portanto, à nova equipe econômica, sem abandonar nosso projeto de desenvolvimento, viabilizar as contas públicas de forma gradual, sem abandonar a política de emprego e renda e buscando um crescimento que ao mesmo tempo preserve o social (a distribuição de renda, virtuosa para o crescimento) e retome superávits paulatinamente, começando com 1,2%, como o anunciado pelo novo ministro da Fazenda para 2015. Mas é preciso reduzir os juros e por um fim aos elevados custos da nossa dívida interna, do consumo e do investimento, únicos no mundo.
E fazê-lo evitando uma recessão, mantendo os investimentos públicos e a atuação dos bancos oficiais no patamar atual, ainda que sem novos aportes do Tesouro para capitalizar, por exemplo, o BNDES. Também não haverá salvação para nossa indústria com juros altos e dólar barato. Nenhum esforço de aumento da produtividade e redução de custos, por mais rápido que aconteça, pode enfrentar a concorrência chinesa e americana-europeia com a atual taxa de câmbio.



Não é impossível vencer o desafio
O país tem tudo para retomar o crescimento com base em seu mercado interno, nas concessões no setor de infraestrutura e nos investimentos na área de energia e gás, particularmente no pré-sal. Dispõe de todas as condições para sustentar um longo período de crescimento com investimentos na infraestrutura social, mobilidade urbana e geral, saneamento, habitação, resíduos sólidos, meio ambiente, lazer, cultura e esportes.
O Brasil pode e deve expandir as exportações com base na integração regional, começando pela criação de um verdadeiro banco de exportação e importação que financie nossas exportações principalmente de capital, tecnologia e serviços.
Manter a dívida pública bruta no atual patamar e trazer a inflação para o centro da meta não é uma tarefa incompatível com a distribuição de renda e o combate a pobreza.
Pelo contrário, pode ser uma condição, desde que avancemos nas reformas política e do Estado. E na reforma tributária, que taxe os ricos, as grandes fortunas e heranças, os lucros extraordinários, que realmente cobre impostos progressivos sobre a renda e o patrimônio (uma demanda e agenda que vêm do século XIX), e não impostos indiretos sobre o consumo que fazem com que quem ganha menos pague mais impostos.
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O Brasil precisa de um novo programa econômico e um novo pacto político e social

do blog do

Pressionam pela volta do tripé econômico como se fosse saída para nossos males
A semana termina com o aumento da pressão sobre a presidenta Dilma Rousseff e o governo para a adoção do tripé econômico da era FHC (geração de superávits primários, manutenção de câmbio flutuante e regime de metas de inflação) como saída para a retomada da confiança e dos investimentos. Ampliam essas pressões como se o baixo crescimento fosse obra apenas de erros do governo e não do ciclo econômico mundial.

Aumentar juros e o superávit parece uma fórmula mágica. Mas, a experiência das ultimas décadas comprova que certezas absolutas em matéria de economia têm vida curta. Principalmente por desconhecerem o universo da política nas relações internacionais, dominadas pelos interesses econômicos e financeiros dos países desenvolvidos e por crises, guerras e acontecimentos políticos locais fora do controle dessas potências.

O Brasil precisa de um novo programa econômico e um novo pacto político e social, e não apenas de uma nova política econômica ou, simplificando, da retomada do tripé econômico da era FHC (1995-2002).

Chamar as forças políticas e sociais para novos programa e pacto
O país precisa expressar a maioria formada pelas urnas em um programa de reformas. Precisa atender a essa maioria com um programa de mudanças. E tem de fazê-lo a partir da recomposição de uma nova maioria no Congresso Nacional apoiada num novo pacto político e na mobilização social.

É preciso chamar as forças políticas e sociais para debater e dar forma a esse programa econômico. E é imprescindível que ele respeite a vontade das urnas não abandonando o compromisso com o emprego, a renda, os serviços públicos, a luta contra a desigualdade e a pobreza. Assim, esse programa não pode ser reduzido a uma mera luta contra a inflação ou pela formação de superavit fiscal.

Desde a eclosão da crise global em 2008, os países desenvolvidos usam e abusam da emissão de moedas, administração do câmbio, medidas protecionistas e socorro para salvação de bancos e empresas. Abusam do endividamento público, da ampliação de suas dívidas públicas e dos déficits fiscais. Fazem-no muitas vezes estimulando de forma artificial o consumo e até mesmo tolerando a inflação, como no caso do Japão.




País tem urgência de fazer as reformas política, tributária e urbana
Já nós precisamos encontrar saídas brasileiras para a crise de baixo investimento e crescimento. Sem copiar modelos e sem reduzi-las a medidas monetárias e fiscais. Precisamos dos bancos oficiais (tão atacados pelos nossos críticos…) e dos investimentos públicos, do nosso mercado interno e da integração regional. A distribuição de renda é condição básica e ao mesmo tempo fundamental para sustentar nosso crescimento interno.

Para viabilizar esse crescimento interno não há outro caminho: o país tem urgência de fazer as reformas política, tributária e urbana. São elas que vão viabilizar os investimentos públicos e privados, via concessões na infraestrutura econômica, nos serviços públicos nas cidades, em energia, gás e petróleo, no pré-sal, em inovação e educação.

Sem isso, aumentar ou diminuir os juros é inócuo, embora seja indiscutível que eles precisam ser reduzidos. E em muito. Aumentar ou diminuir o superavit e administrar o câmbio pode ser também inócuo. Estaremos apenas adiando a solução dos nossos problemas e os impasses de nossa economia.




Aumentar juros é inócuo. Precisamos é reduzi-los
É preciso acelerar o tempo político. É preciso, então, chamar já as forças políticas para discutir, negociar e fechar o acordo em torno desses novos programa econômico e pacto político e social. Sem negar, recuar ou abandonar, em momento algum da negociação e do futuro o compromisso com o desenvolvimento nacional (principalmente com nossa indústria, que precisa reencontrar seu caminho do desenvolvimento) e com as políticas de inclusão social, do emprego e da renda

O necessário, agora, nesse quadro político, econômico e social com que nos defrontamos é, insistimos, acelerar o tempo político. Acelerá-lo, nem precisamos dizer, é apressar a reforma ministerial e a composição dessa nova maioria de que falamos Câmara e no Senado. Para com ela, nessas vésperas de início de novo governo, construir esse programa econômico e as reformas que a sociedade demandou e cobrou nas urnas elegendo de novo a presidenta Dilma Rousseff.

Zé Dirceu: Ato na Paulista prova que devemos ir para as ruas defender nossas propostas

Bonita festa, pá – como disse o Chico Buarque em relação á Revolução dos Cravos, em Portugal – a manifestação promovida na avenida Paulista nesta 5ª feira, pelo MTST e pela CUT. O ato foi para rebater as manifestações da direita que pediram o impeachment da presidenta Dilma e para cobrar maior comprometimento do próximo governo com as reformas populares.

Nada menos que 10 mil pessoas, segundo os organizadores, se reuniram num fim de tarde/começo da noite (ontem) para participar do ato iniciado no vão livre do MASP e que depois desceu as ruas Augusta e Consolação até chegar ao centro da capital paulista. Além de bela demonstração de disposição e solidariedade e apoio à presidenta, a manifestação é uma prova, também, de que podemos e devemos ir para as ruas defender o governo e nossas propostas.

Defendê-las e disputar as ruas com a direita. E mais do que isso, devemos legítima e democraticamente pressionar o Congresso Nacional pelas reformas democráticas e populares, começando pelas três prioritárias, a política, a tributária e a urbana. Temos cacife e mostramos força, agora é ir com as ruas e viabilizar as mudanças.




Manifestação foi, também, protesto antecipado contra atos da direita

A manifestação de ontem foi, também, um protesto antecipado contra os atos que a direita e os golpistas programaram para amanhã em 23 grandes cidades do país, convocadas pelas redes sociais. “Estamos aqui para mostrar que enquanto eles reúnem mil pessoas para defender causas como a volta da ditadura e o ódio a nordestinos, nós reunimos 15 mil por causas como reformas política e tributária”, disse o coordenador nacional do MTST Guilherme Boulos.

“Os golpistas já vieram aqui, pararam a Paulista e a PM do (governador Geraldo) Alckmin não jogou uma bomba”, completou Boulos referindo-se às manifestações anteriores da direita no dia 1º deste mês.

Nas páginas dos novos eventos nas redes sociais os textos pedem aos manifestantes para, dessa vez, não levarem cartazes em favor do regime militar nem pedindo a volta da ditadura. Os grupos que convocam querem aproveitar a data da celebração da Proclamação da República neste sábado para, via Facebook, organizar os atos em ao menos 23 cidades do país

Dilma, escuta o Zé

Oposição perdeu eleição mas quer que governo aplique seu programa recessivo


Seu candidato derrotado à presidência da República, senador Aécio Neves (PSDB-MG), mesmo em sua condição de presidente nacional de seu partido, admite que ainda não sabe quais são as medidas em estudo pelo PSDB frente à questão. Mas anuncia que o partido vai entrar na justiça contra alteração da meta de superávit.
É reforçado nessa linha errática pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, para quem a presidenta Dilma está quebrando o país ao tentar flexibilizar a meta fiscal.  “A situação do país é difícil, eles não têm como cumprir o superávit fiscal. Eles têm que reconhecer isso. Dilma disse que eu quebrei o Brasil três vezes. Não sei quando, mas agora ela está quebrando”, afirmou ontem o ex-presidente.
Como ele mesmo lembrou, de quebrar o país ele entende, já demonstrou saber fazer como ninguém, tem autoridade no assunto: quebrou o Brasil três vezes durante seu governo e foi de pires na mão pedir dinheiro, socorro ao FMI.


E vem com estultices jurídicas e políticas…
Os dois contam com o socorro do ministro Augusto Nardes, presidente do TCU – hoje um reconhecido e notório aparelho da oposição – que vive exigindo transparência nas contas públicas e agora entra na campanha do contra e vem com essa história de que é preciso “acabar com a contabilidade criativa no governo”.
Engrossam o coro, entram todos na campanha do contra justo agora que a presidenta da República encaminha para o Congresso uma proposta de mudança da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) assumindo o superavit zero. Ou seja, que o pais não fará superávit e não terá déficit operacional. Portanto, em outras palavras, assume que o país não se endividará para pagar os juros da dívida interna.
O governo simplesmente adota uma medida necessária para não agravar o baixo crescimento e para evitar uma recessão com desemprego, queda da renda e da arrecadação, agravamento da dívida e do déficit públicos. E quando o governo faz isso legalmente, aberto, transparente e dá todas as explicações, a oposição articulada com o presidente do TCU e a mídia ameaça o governo com obstrução no Congresso e medidas judiciais com base na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
É demais! Coincidentemente a oposição e o presidente do TCU vem a público e propõem a mesma estultice jurídica e política! A questão, então, amigos, é uma só: a oposição perdeu a eleição, no entanto pretende e quer na marra que o governo aplique o seu programa recessivo. Pode um negócio desses?