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(...) "Lava jato - obscena, grotesca e falsa"

Na publicidade do filme, o "pacote de dinheiro" exposto na rua de Curitiba. Foto: reprodução

Para divulgar o lançamento do filme “Polícia Federal – a Lei é para todos“, sua produção colocou em pleno calçadão da famosa e badalada Rua XV de Novembro, a Rua das Flores, em Curitiba (PR) o que seria o equivalente R$ 4 bilhões.
A quantidade de dinheiro corresponde, segundo a divulgação, aos valores já surrupiados dos cofres públicos e já recuperados pela Operação Lava Jato, classificada no filme como o maior escândalo mundial de corrupção. Junto um cartaz alertava: “Imagine o tamanho do roubo, isso é uma pequena parte”.
Na manhã desta quinta-feira (31/08), a iniciativa mereceu uma bem argumentada crítica do mestre em Ciências Jurídicas e Sociais e Doutorando em História pela Universidade Federal Fluminense – UFF, Jorge Normando de Campos Rodrigues. Para ele, “há tamanha identidade simbólica, entre esse gesto e a Operação, que a comparação se torna irresistível: ambas são obscenas, grotescas, e falsas”.  Em seu artigo, editado originalmente no Boletim Nascente, publicação semanal do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense, que circulou nesta quinta-feira. ele adverte:
“O teto da corrupção na Petrobras foi estimado pela empresa, em 2015, em 88 bilhões de reais. Esse montante é resultado da aplicação do percentual de propina máximo apurado, sobre todos os contratos da empresa desde 1994 (muito mais do que o escopo da Lava Jato)”.
Em seguida, comenta, para mostrar que os valores recuperados atribuídos à Lava Jato são bem inferiores aos prejuízos que a forma desastrada como a operação foi conduzida provocaram na economia nacional. Cita números da própria Federação das Indústrias de São Paulo – FIESP:
“A FIESP (a Dona do Pato e dos patos) estimou a perda do PIB decorrente da Lava Jato em 142 bilhões de reais, SOMENTE NO ANO DE 2015. Só esse valor já é muito maior do que a “roubalheira” apregoada”. (grifo do original)
Abaixo publicamos íntegra do artigo. Mas também apresentamos a parte inicial dos comentários do crítico de cinema Pablo Villaça sobre o filme. Ele assistiu ao pré-lançamento realizado em Curitiba, em um evento midiático com a presença dos juízes da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro, e sua respectiva esposa, e Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio. Villaça não é o único a criticar o resultado final da produção.
Em recente crítica na Folha de S. Paulo – Filme sobre a Operação Lava Jato tropeça em clichês e exageros -, o colunista Bernardo Mello Franco também foi ácido: “o resultado é uma trama maniqueísta, sem nuances, que, em vários momentos, se assemelha a uma peça de propaganda”.
A análise técnica de Villaça começa definindo o que realmente a produção é para ele: um filme propaganda. Opinião coincidente com a de Rodrigues. Mostra ainda a tendência política do trabalho que, no seu entendimento, foi feita não para atingir a esquerda como um todo, mas especificamente o PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O filme, que segundo o noticiário teve uma produção de R$ 15 milhões, mas cujos financiadores vêm sendo mantido em segredo, acabou contando com verba pública, ainda que de forma indireta, como mostramos em Filme chapa branca, com verba pública. Mas, sem dúvida, o financiamento maior partiu de empresários que se mantêm escondidos.
Há dois dias o Blog questiona a Máquina Cohn & Wolfe, empresa de comunicação que assessora o grupo empresarial Qualicorp, administrador de planos de saúde, sobre a contribuição de R$ 2 milhões que seu diretor presidente, José Seripieri Filho, teria destinado a esta produção.


PF bandida


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A lei é para todos, assistir gravações da farsa jato na sede da PF - Polícia Federal - acompanhado de todos os "oficiais", é para o diretor do filme político-partidário Marcelo Antunez.
A pergunta que fica é: quanto os irresponsáveis que usaram a estrutura da instituição (PF) receberam para permitir essa imoralidade?
Corja!
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As dez maiores ilegalidades da lava jato


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Para se ter uma ideia dos crimes cometidos pela quadrilha de Curitiba basta lembrar que o STF anulou a Operação Castelo de areia com o argumento que as investigações começaram de uma denúncia anônima. A diferença é que na outra operação o Psdb era um dos partidos mais atingidos, entendeu ou preciso desenhar?

Um dia a quadrilha de Curitiba provará do mesmo veneno

É claro que temos que dar ao Moro e aos Procuradores a presunção de inocência, o que este juiz e estes procuradores não fariam, mas é interessante notar e anotar algumas questões:

1- O juiz diz que não se deve dar valor à palavra de um "acusado", opa, isto é rigorosamente o que ele faz ao longo de toda a operação!

2- O juiz confirma que sua esposa participou de um escritorio com o seu amigo Zucolotto, mas sem "comunhão de trabalho ou de honorários". Este fato seria certamente usado pelo juiz da 13 vara como forte indício suficiente para uma prisão contra um investigado qualquer. Seria presumida a responsabilidade, e o juiz iria ridicularizar esta linha de defesa.

3- A afirmação de que 2 procuradores enviaram por email uma proposta nos mesmos termos da que o advogado, padrinho de casamento do juiz e sócio da esposa do juiz, seria certamente aceita como mais do que indício, mas como uma prova contundente da relação do advogado com a força tarefa.

4- O fato do juiz ter entrado em contato diretamente com o advogado Zucolatto, seu padrinho de casamento, para enviar uma resposta à Folha, ou seja combinar uma resposta a jornalista, seria interpretado como obstrução de justiça, com prisão preventiva decretada com certeza.

5- A negativa do tal procurador Carlos Fernando de que o advogado Zucolatto , embora conste na procuração, não é seu advogado mas sim um outro nome da procuração, seria ridicularizada e aceita como motivo para uma busca e apreensão no escritório de advocacia.

6- O tal Zucolatto diz que trabalha com a banca Tacla Duran, mas que conhece só Flavia e nem sabia que Rodrigo seria sócio, o que, se fosse analisada tal afirmação pelo juiz da 13 vara certamente daria ensejo a condução coercitiva.

7- E o fato simples da advogada ser também advogada da Odebrecth seria usado como indício de participação na operação.

8- A foto apresentada, claro, seria usada como prova.

9-A negativa de Zucolatto que afirma não ter o aplicativo no seu celular seria fundamento para busca e apreensão do aparelho .

10- Enfim , a afirmação de que o pagamento deveria ser em espécie, não precisaria ter prova, pois o próprio juiz admitiu ontem numa palestra, que a condenação pode ser feita sem sequer precisar do ato de ofício, sem nenhuma comprovação.

Conclusão: Ou seja, embora exista, em tese, a hipótese destes fatos serem falsos o que nos resta perguntar é como eles seriam usados pela República do Parana? Se o tal Dalagnol não usaria a imprensa e a rede social para expor estes fortes "indícios" que se entrelaçam na visão punitiva. Devemos continuar dando a eles a presunção de inocência, mesmo sabendo que eles agiriam de outra forma.

Como diz o poeta "a vida dá, nega e tira", um dia os arbitrários provarão do seu próprio veneno.

Antônio Carlos de Almeida Castro Kakay

Coluna dominical de Janio de Freitas, na Folha


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São Paulo - suspensão de negociações de acordo com Cunha parece birra
   
A suspensão, pelos procuradores da Lava Jato, das negociações para a delação premiada de Eduardo Cunha tem versões demais. No que mais interessa, nenhuma tem importância. A suspensão, sim, contém ameaças variadas à necessária verificação de ganhos ilícitos, de uma parte, e vantagens empresariais, de outra, em setores apenas sobrevoados ou nem considerados até agora nas delações e alegadas investigações.
Entre os já citados na Lava Jato, Cunha é, sem dúvida, quem mais conhece –por experiência pessoal e por sua bagagem de informações– a diversidade de setores e personagens ativos no mundo das transações obscuras. Exemplo recente da relevância de delações de Cunha veio da própria Polícia Federal, investigadora na Lava Jato.
Em relatório ao ministro Edson Fachin, a PF diz que "não encontrou" elementos comprometedores de Aécio Neves no chamado caso Furnas, que cochila há uns dez anos. Haja ou não o comprometimento comentado há muito tempo, não encontrar não significa inexistir. Cunha, a quem Aécio tratou no Congresso com muita deferência, conhece por dentro todo o caso. Desde a nomeação, para Furnas, do indicado de Aécio, Dimas Toledo.
Habitação popular? É com Cunha mesmo. Telefonia, negócios brasileiros e portugueses em torno da Oi são com Cunha. Caixa Econômica, seus (ex-)vices Geddel Vieira Lima e Moreira Franco e negócios ainda não apurados ou nem conhecidos são com Cunha. Dinheiro para determinadas votações na Câmara? Posto Ipiranga. Quer dizer, Eduardo Cunha, como tantos assuntos mais.
Não há dúvida de que as revelações oferecidas por Cunha para o acordo de premiação estão aquém do valor possível. Mas nem como pressão é promissor o corte das negociações, a um mês da substituição de Rodrigo Janot por uma situação de incógnita. Mais parece birra da presunção paranoide de alguns salvadores do país, confrontados com as resistências do seu prisioneiro.

Minha opinião: 
Birra uma ova!
A quadrilha de Curitiba está torturando e chantageando descaradamente Eduardo Cunha, da mesma forma como fez com Léo Pinheiro. Enquanto Cunha não denunciar Lula, continua preso e sem acordo de delação premiada. O Brasil assiste de braços cruzados servidores do Estado, pagos com nossos impostos cometerem crimes impunemente. Vergonha!

Quadrilha de Curitiba escancarou de vez

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1º) Não aceitaram a delação de Marcos Valério

2º) Não aceitaram a delação da Andrade Gutierrez

3º) Também não aceitaram a delação de Eduardo Cunha

O que há de comum nestes três casos em que os procuradores rejeitarem as delações?

Em nenhuma delas Lula é o delatado.

E, pior que ainda tem quem confie na imparcialidade e honestidade destes quadrilheiros pagos com o nosso suado dinheirinho.

Bandidos!
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Luís Nassif - um país que perdeu o medo do ridículo

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Ridículo é alguém que imagina ser professor do ensino fundamental para ganhar dinheiro
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Jornal GGNEm São Paulo, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima discorre sobre história do Brasil. Fala dos degredados que incutiram nos brasileiros a malandragem atávica, poupando apenas os procuradores.
Em algum lugar do Brasil, o Ministro Luís Roberto Barroso cita Faoro e Buarque e o grande pensador Flávio Rocha, dono das Lojas Riachuelo, para discorrer sobre reforma trabalhista.
No Twitter, o procurador Hélio Telho rebate o economista Paulo Rabello de Castro e diz que ele (Telho) precisa ensinar capitalismo de verdade a esses capitalistas de compadrio.
Seu colega goiano, Ailton Benedito, da Procuradoria dos Direitos do Cidadão, afirma, no Twitter, que os nazistas eram socialistas, porque seu partido se chamava Nacional Socialismo e em que breve os socialistas-nazistas brasileiros matarão os cidadãos nacionais.
Não bastassem os atentados ao estado de direito, a invasão da política, esses gênios do data vênia resolvem agora enveredar por todos os campos do conhecimento, com mesma desenvoltura de um Romário, de Neimar falando platitudes. Tornaram-se celebridades e se sentiram no direito de falar bobagens e não serem cobrados, como fazem as celebridades, que são inimputáveis.
Onde se vai parar esse exibicionismo maluco? Daqui a pouco estarão discorrendo sobre a Teoria da Relatividade, como Ayres Britto. Quando a imprensa terá coragem de dizer para esses gênios que o espaço dado a eles é apenas utilitarista, porque ajudam no seu jogo político e que sua militância intelectual é ridícula e expõe o próprio poder ao qual pertencem?
Esse mundo de faz-de-conta da mídia criou egos tão monumentais, que, além de discorrer sobre os degredados portugueses, Carlos Fernando se viu com o poder de puxar a orelha da futura Procuradora Geral da República! E tudo isso do alto da autoridade conferida por uma cobertura displicente, que não consegue diferenciar o canto da cotovia do zurrar de um jumento.


Luís Nassif - "Não vá o sapateiro além do sapato": o retrato dos ataques de Gilmar à Lava Jato

O retrato da defesa de Gilmar Mendes à Lava jato (quando o alvo era/é Lula, Dilma e o PT. E os ataques à operação e a PGR quando o alvo são seus comparsas tucanos (FHC, Serra, Alckmin, Aécio e companhia (leia-se Michel Temer)

Jornal GGN -  Para defender alvos como Aécio Neves e Michel Temer dos "abusos" da Lava Jato, o Gilmar Mendes de hoje não fica nem corado ao contradizer o Gilmar Mendes do governo Dilma Rousseff.
Quando a tempestade perfeita para o impeachment estava em formação, Gilmar batia palmas para esses que agora chama de loucos e clamava por mais respostas duras aos corruptos ligados ao PT. Agora, o ministro da Suprema Corte não só critica como convoca os pares à imposição de limites ao Ministério Público de Rodrigo Janot.  
Durante uma das sessões no Supremo Tribunal Federal dessa semana, Gilmar incitou a Corte a fazer um mea culpa em relação à Lava Jato. "Nós somos os responsáveis. Se esses abusos são perpetrados, foi porque nós deixamos que isso ocorresse. É de nossa alta responsabilidade dizer 'chega, basta'. Não vá o sapateiro além do sapato", disse, defendendo a odediência às leis.
Mas "Não vá o sapateiro além do sapato" também é o retrato do cavalo de pau que Gilmar deu em seus próprios argumentos tão logo a Lava Jato ousou avançar sobre caciques de legendas opostas ao antigo governo. Dois episódios do passado que denotam a mudança de postura:
1 - O ATAQUE DE SERGIO MORO A LULA E DILMA


DudaS - sobre a lava jato, procuradores e juízes?


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Dias desses estava pensando sobre a lava jato, juízes e procuradores. Cheguei a seguinte conclusão: no serviço público em geral sempre existiu e sempre existirá servidores desse estilo, bem preparados tecnicamente, voluntariosos, se achando a última bolacha do pacote e imaginando que vão mudar o País, quiçá o mundo, com suas atitudes. A grande maioria totalmente sem noção do todo e do seu papel e lugar.

O que tem de ser feito para enquadrá-los ? O próprio sistema tem de fazer isso.

Imagine se for uma empresa privada. Um gerente, um supervisor, ou um diretor que seja comece a fazer gracinhas, e tomando atitudes que não sejam prioritárias à empresa, o que acontece ? Cortam a cabeça dele rapidinho.

Em um País, os interesses são mais difusos, é verdade, porém, também deve haver mecanismos de enquadramento.

  • Se for um fiscal da receito, cabe à chefia.
  • Se for um PF, á chefia e ao Ministro da Justiça.
  • Se for um juiz, cabe aos tribunais superiores, CNJ e STF.
  • Se for um procurador, cabe ao PGR e ao CNMP.
E claro, em todos os casos cabe ao Presidente da República atuar, política, tecnicamente. Seja as claras, seja nos bastidores, via AGU, via MJ, ABIN. Ou seja, quem errou foi o SISTEMA que não conseguiu frear esses deslumbrados e sem noção que estão ainda a destruir o País em sua cruzada louca.

Nâo adianta colocar a culpa em figuras toscas e menores.

Se o SISTEMA não se reformar, se não consegur se contrapor a estes abusos, o País poderá vir a passar por isso novamente.


Luís Nassif - xadrez da prova que sumiu da lava jato



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É assim que a quadrilha de Curitiba faz com seus comparsas tucanos
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É curiosa a maneira como porta-vozes midiáticos da Lava Jato justificam a ausência de provas que têm marcado os inquéritos, depois que viram denúncias.
Alegam que crimes financeiros são mais complexos, organizações criminosas são mais estruturadas, por isso mesmo não se pode esperar provas simples, como no caso de um homicídio.
Fantástico! Significa que em outros países as investigações também chegam ao final sem a apresentação de provas substanciais porque, por princípio – segundo eles – crimes complexos não têm soluções racionais, mas apenas convicções?
Justamente por não ser uma investigação trivial, a Lava Jato contou com um conjunto de facilidades inéditas na história das investigações criminais do país.
Contou com o poder de pressionar mais de uma centena de delatores, dispostos a entregar até a mãe por uma redução da pena. Premiou os maiores criminosos com a quase extinção da pena. Contou com ampla colaboração internacional, do Departamento de Justiça dos Estados Unidos aos Ministérios Públicos suíço e espanhol, rastreando contas em paraísos fiscais. Internamente, teve acesso integral aos bancos de dados da Receita Federal, do COAF, dos cartórios, das remessas ao exterior. Ganhou até o poder de torturar psicologicamente suspeitos, afim de pressioná-los a delatar. Provavelmente apenas a luta contra o terror, nos EUA, conseguiu suspender tantas normas constitucionais de direitos individuais.
Nenhum dos álibis da má investigação – má vontade do Judiciário, excesso de recursos – vale para a Lava Jato. Certamente foi a investigação que consumiu mais recursos do Ministério Público Federal e da Polícia Federal e que dispôs de mais poder institucional, mais influência, em relação aos juízes e advogados de defesa.
Depois de todo esse aparato, surge a cândida explicação: a opinião pública cobra provas por ser desinformada e não saber que, em investigações de crimes de colarinho branco, não é fácil levantar provas.
O que a Lava Jato expõe, com a falta de provas, é a supina incompetência tanto dos procuradores quanto dos policiais federais da força tarefa, em trabalhar com eficiência os dados levantados.
Entraram na investigação com viés ideológico, mais preocupados em alimentar a imprensa com declarações de réus confessos, sem a preocupação de conferir as provas, porque para a imprensa só interessa a perfumaria. E havia a preocupação de gerar manchetes diárias, de acordo com a receita formulada em 2005 por Sérgio Moro ao analisar a operação “mãos limpas”.
A preocupação em transformar a Lava Jato na “maior investigação do planeta”  - como a definiu a procuradora deslumbrada de São Paulo – engoliu a capacidade de investigação da turma, que já não deveria ser das mais experientes.
Em vez de concentrar nos casos centrais e formular narrativas condizentes com os dados delatados  e levantados, comportaram-se como repórteres principiantes, primeiro criando a narrativa, depois juntando declarações que coubessem nela, sem a preocupação de checar a consistência dos fatos ou reformular as narrativas à luz dos dados levantados.
Será conhecida, no futuro, como uma operação malcuidada, cujo único objetivo foi contribuir para um golpe de Estado e conferir fama – e os ganhos provenientes dela – aos seus protagonistas. E tudo isso se vangloriando de estar enfrentando as forças mais temíveis da Nação – na verdade, um governo mais indefeso do que freira carmelita em cabaré. Quando finalmente estiveram frente a frente com o poder, dançaram. Estão sendo comidos com pão e farofa.
Nem se culpe a arrogância de procuradores e delegados da Lava Jato, quando se consideraram donos da cocada preta. São apenas funcionários públicos que se deslumbraram da mesma maneira que um anônimo quando contemplado pela loteria.
A culpa é de um país que, em nome de um combate a um partido, aboliu regras jurídicas, respeito à democracia e às instituições.

Sérgio Moro não é mais canalha porque é um só


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Faz diferença no judiciário - o mais corrupto dos poderes -, junto com Gilmar Mendes. São ratos da mesma ninhada. 
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Lê a penúltima que o verme aprontou contra Lula:
"Esclareça-se que submetem-se ao sequestro e confisco não só o produto identificado dos crimes, o aludido apartamento do Guarujá, mas também bens de valor equivalente ao total da propina paga, de cerca de dezesseis milhões, já que não foi possível identificar o seu destino específico."



Lava jato: MP acusa e Moro condena baseado em convicções


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GGN - Lava jato criou expectativa sem ter provas das delações
A Folha de S. Paulo produziu um editorial afirmando que a Lava Jato tem "dificuldade prática de encontrar um desfecho à altura de toda a expectativa que criou na sociedade" porque não tem encontrado provas diretas das delações premiadas que foram vendidas na própria grande mídia como verdade absoluta.
 
"Em meio ao oceano de delações, nas quais mais de uma centena de políticos são mencionados, constata-se que a tarefa de buscar provas suficientes para definir julgamentos é mais complexa", disse Folha.
 
A prova disso, na visão do jornal, é a briga pública entre Polícia Federal e Ministério Público. Há alguns dias, uma delegada publicou em despacho da Lava Jato que a delação de Sergio Machado (que gravou Romero Jucá falando em "estancar a sangria" e no "grande acordo nacional, com o Supremo, com tudo") deveria ser anulada, pois não existem provas dos crimes denunciados.
 
O editorial é uma espécie de resposta à entrevista concedida por Sergio Moro, veiculada no último domingo (30), sobre as críticas enfrentadas pela Lava Jato.
 
O jornal rebateu a insinuação de Moro, de que a operação deve acabar sem corresponder às expectativas por culpa da inércia da classe política, que além de não fazer nada para acabar com a corrupção, tenta anistiar criminosos e criar leis que afrontam o Judiciário e o MP.
 
Sem citar o governo Dilma Rousseff ou Lula, que se gabam de ter dado independência às instituições que investigam e denunciam crimes, Folha disse que não é verdade que a classe política não tem ajudado no combate à corrupção, e mencionou a lei que permite a delação premiada como uma resposta política às manifestações de junho de 2013.
 
"Sem ambos (a lei de delações e a independência das instituições), dificilmente estaria em andamento a Operação Lava Jato que consagrou Sergio Moro", disparou a Folha.

Lava jato e governo Temer, antros de corruptos

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As dinastias do Poder e a luta de classes, por Fernando Horta
(...) Há muito que se fala na tática de consolidação do poder através de laços familiares. No plano geral, a obra de Perry Anderson, “Linhagens do Estado Absolutista”, demonstra a “política de casamentos” como forma de unificação dos Estados Nacionais europeus. No Brasil, o livro de Raymundo Faoro, “Os donos do poder”, em que pese hoje criticado, estabelece uma ligação entre o exercício do poder e as relações interpessoais para se chegar aos postos deste exercício. Faoro argumenta pelo sentido estrutural, mas existem pesquisas que vão nas micro relações.
Ricardo Costa de Oliveira, José Marciano Monteiro, Mônica Helena Goulart e Ana Christina Vanali (todos professores doutores) apresentaram um estudo das relações familiares dos integrantes da Lava a Jato e do ministério de Temer na SBS. Um pequeno fragmento dos seus trabalhos doutorais de mais fôlego. Todos estudam estas relações espúrias, daquelas famílias de “homens bons”, todos ligados ao poder. Há quem pense que é fruto de uma genética privilegiada, afinal todos da família são meritocraticamente destacados. A realidade é que a teia de poderes familiares no Brasil, vai de norte a sul sem muita diferença.
Os pesquisadores mostram, com desprendimento científico, o que advogados sabem (e sofrem), o que os membros honestos dos poderes estão cansados de saber (e calar) e o que a mídia solenemente ignora (porque frequentemente é favorecida) deixando o povo na mais completa ignorância. O poder no Brasil é uma coisa familiar. E não é por acaso que a maior crise institucional no Brasil se dá quando o congresso é composto pela maior quantidade de “herdeiros” e o judiciário, da mesma forma.
Primeiro, é preciso ressaltar que TODOS os integrantes da “Força Tarefa da Lava a Jato”, que tem na figura do Juiz Moro o principal agente acusador, estão entre o 1% mais rico da população brasileira. Mais da metade está entre o 0,1% mais rico, devido aos seus ganhos estatais. Isto apenas para recolocar a questão “antiquada” da luta de classes em seu devido lugar. Em cem anos dirão – com certeza – através de dados e pesquisas, que a Lava a Jato foi o instrumento das elites políticas e econômicas contra os projetos de diminuição da desigualdade no Brasil. Como um “cala a boca e fica no seu canto” dado pelas elites urbanas, com títulos acadêmicos (embora parco conhecimento), brancas, conservadoras e enriquecidas aos “desagradáveis”, aos “insuportáveis” e aos “desnecessários” na visão delas mesmas.
Depois, o trabalho envereda para mostrar que todo o grupo da Lava a Jato (com exceções nada honrosas) são “advindos de famílias em que pais e familiares atuaram e/ou atuam no sistema de justiça, muitos no período da última ditadura militar” (citado do original). O ministério de Temer é ainda pior.
Um ponto interessante, levantado pelos pesquisadores, é o fato de que não apenas Moro e Yousseff estiveram presentes no processo do Banestado (2003-2004), em que as lideranças do PSDB, PP e do PFL (atual DEM) estavam envolvidos em crimes de corrupção e financeiros. Os procuradores Carlos Fernando dos Santos Lima, Januário Paludo e Orlando Martello Junior, que fazem parte da Lava a Jato também estavam naquele processo. E, pasmem, os policiais federais Marcio Anselmo e Érika Mialik também. Yousseff talvez tenha como regra para cada dez anos de ilicitude, uma delação premiada. Algo como “férias merecidas” e o apagamento de seus crimes. Mas o número elevado de membros presentes nas duas operações levanta a tese do esquema organizado. Uma espécie de “gatilho político” que as elites teriam caso o “andar de baixo” resolvesse realmente entender o que é democracia. Uma bomba institucional que ficaria ali latente até poder ser usada politicamente contra quem valesse a pena, por quem tivesse força para usar.
O caso do procurador Carlos Fernando dos Santos Lima é ainda mais constrangedor. Carlos é filho do deputado estadual da ARENA, Osvaldo Santos. Deputado, promotor e presidente da assembleia em 73, apoiador da ditadura militar. Segundo os pesquisadores, Carlos foi casado com Vera Márcia que é “ex-funcionária” do Banco Banestado. E que atuava no banco, nas mesmas agências investigadas pela ação do Banestado, nas mesmas funções investigadas durante todo o período que seu esposo fazia as investigações. Depois, Vera Márcia, ainda casada com o procurador foi transferida para a Agência da Ponte da Amizade, em Foz do Iguaçu, apenas a agência com maior suspeita de fraudes e ilicitudes.
Sobre Moro, os pesquisadores levantam a já conhecida e estanha formação acadêmica “à Jato”, mas se detém em sua esposa. Rosângela Wolff de Quadros “fez parte do escritório de advocacia Zucolotto Associados, em Maringá (...) que defende várias empresas petrolíferas estrangeiras” (cito do original). Afora todas as relações da genealogia de Rosângela com a elite estatal paranaense, os pesquisadores levantam que Rosângela Moro é prima do prefeito Rafael Greca de Macedo e – agora vem a pérola de ironia histórica – “ambos descendem do Capitão Manoel Ribeiro de Macedo, preso pelo primeiro Presidente da Província do Paraná por acusações de corrupção e desvio de bens públicos em instalações estatais”. Para os que não lembram, Greca é o prefeito que tem nojo do cheiro de pobre. Tanto Moro quanto Rosângela Wolff tem parentes desembargadores no Paraná afora as relações com Flávio Arns e Marlus Arns que atuaram como advogados de réus da Lava a Jato. Os pesquisadores falam da “lucrativa indústria advocatícia da Lava a Jato” em que Moro prende, e conhecidos dele e de sua esposa são contratados para tentar soltar os réus. A preços módicos, claro.
Só para não ficar sem falar do vice-presidente, dos trinta e um ministros de Temer, dezessete “apresentaram significativos capitais sociais e políticos familiares nas suas trajetórias” mostrando que “a característica familiar do sistema judicial e do governo do Brasil” está presente em todas as regiões.
É de se entender o motivo de Temer atacar a Ciência no Brasil e em especial as humanidades. Em regimes autoritários, os primeiros ataques são aos historiadores, sociólogos e cientistas políticos. Se dirigem àqueles que têm ferramental para demonstrar a violência, criticar e abrir os processos de poder. Felizmente, ainda temos quem faça pesquisa e Ciência no Brasil. Felizmente não poderão dizer, daqui a cem anos, que a sociedade brasileira não foi avisada do caos a que está sendo levada e de como eram as relações de poder de quem a levou. Não nos furtamos, enquanto cientistas, de demonstrar que a “neutralidade” é uma mentira tão grande quanto a “meritocracia”. É a velha luta de classes em seu viés mais abominável. Travestido de institucionalidade técnica.
 SBS 2017 OLIVEIRA, Ricardo; MONTEIRO, José; GOULART, Mônica; VANALI, Ana. PROSOPOGRAFIA FAMILIAR DA OPERAÇÃO “LAVA-JATO” E DO MINISTÉRIO TEMER.***

Mister Bean e a lavagem de apartamento, por Luis Nassif


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De todos os absurdos lógicos da Lava Jato, o campeão inconteste é o caso do apartamento que foi lavado. Segundo a brilhante versão dos bravos procuradores da Lava Jato, endossada pelo juiz Sérgio Moro, o tal triplex foi uma propina paga a Lula, em troca de facilidades em três contratos com a Petrobras (depois, quando não conseguiram provas documentais sobre os tais contratos, trocaram por contrato genéricos).
Toda a lógica da lavagem de dinheiro é a da destruição dos rastros das propinas.
O corruptor paga o corrupto em conta no exterior, preferencialmente em paraíso fiscal em nome de uma offshore – isto é, uma empresa aberta no exterior. A empresa é registrada por um escritório especializado, que fornece seu próprio endereço como endereço da empresa.
Só o dono da empresa e o escritório de advocacia sabem de quem.
A grande característica, comum a todos os processos de lavagem de dinheiro:
  1. Não se pode saber de onde veio o dinheiro. Isto é, a identidade do corruptor.
  2. Não se pode saber para quem foi o dinheiro. Isto é, a identidade do corrupto.
É por isso que, para trazer dinheiro de volta para o Brasil, recorre-se a diversos métodos de lavagem: compra de obras de arte, compra superfaturada de imóveis, compras de sites superfaturados e coisas do gênero (antigamente eram as famosas heranças de tias distantes).
É nisso o que os bravos procuradores se apegam para confessar sua impossibilidade de apresentar provas das corrupções denunciadas. Como explicam, o dinheiro é um bem fungível, ou seja, pode ser substituído por outro da mesma espécie.
De repente, o comandante maior do maior esquema de corrupção do planeta, o mais sofisticado, aquele que envolve centenas de empresas offshore, de paraísos fiscais, é acusado de ter montado a seguinte operação: em vez de pagamento em espécie, através de algum fundo offshore, exige um apartamento mobiliado, para uso próprio.
Cria-se, então, uma história à altura de Mr. Bean.
A OAS (corruptora) dá um apartamento a Lula (o corrompido). E, espertamente, para disfarçar o rastro do dinheiro, não repassa o título de propriedade.
Imagine-se a cena. Lula sai na calçada para ir para a praia com seu engradado de cerveja na cabeça e o transeunte pergunta:
- Você mora aqui?
- Moro.
- É apartamento próprio?
- Não, a OAS me empresta nos fins de semana.
Como já conceituei, é o primeiro caso em que lavagem de dinheiro foi substituída por lavagem de apartamento.
by GGN

Roteiro óbvio da novelinha, por Rei



1- Delação começa com esse papo furado de "desde os governos FHC..."
2- Acusações aparecem discretamente nos jornais com nomes do PSDB e do governo FHC. A esquerda se atiça com a possibilidade...
3- A parte da delação que atinge FHC e o PSDB é totalmente ignorada pelo MP e pelo juiz.
4- A parte que atinge PT e Lula é investigada com ou sem provas.
5- Manchetes de jornais massacrando o PT.
6- Mais um inquérito contra Lula, mesmo que sem provas...
A esquerda tem que parar de morder essa isca de "desde os governos de FHC" e desmascarar desde já essa tática.



Luis Nassif - as caçadas de Pedrinho e de Sérgio Moro


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1ª Cena - A estória é do escritor Monteiro Lobato no seu clássico "As caçadas de Pedrinho"
O rinoceronte foge do circo e se embrenha no mato. Cria-se um pânico geral e é montada uma força tarefa para caçar o rinoceronte. Em pouco tempo, a força tem centenas de homens nas mais variadas funções. Instala centrais telefônicas, de telégrafo para seus membros de comunicarem.
Por fim, descobrem o rinoceronte vivendo placidamente no sítio do Pica Pau Amarelo. Toca então negociar com a dona do sítio, dona Benta, com a intermediação da boneca Emília.
Decidem deixar o bicho por lá, mas com a condição de se manter o caso sob sigilo. Se soubessem que o rinoceronte estava em paz, o governo teria que desmontar toda a força tarefa criada.

Luis Nassif - xadrez do fim da Lava jato e do avanço da ultra-direita


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Vamos colocar alguns balizamentos nesse mar revolto da política nacional.

Peça 1 – a admissibilidade do julgamento de Temer

Artigo 52 da Constituição:
Compete privativamente ao Senado Federal:
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; 
Como é definido o crime de responsabilidade:
“a rigor, não é crime, e sim a conduta ou comportamento de inteiro conteúdo político, apenas tipificado e nomeado como crime, sem que tenha essa natureza. A sanção nesse caso é substancialmente política: perda do cargo ou, eventualmente, inabilitação para exercício de cargo público e inelegibilidade para cargo político”.
Temer recebeu no Palácio do Jaburu um interlocutor da JBS que entrou disfarçado, de acordo com recomendação sua. Indicou um interlocutor para falar em seu nome com a JBS. O interlocutor negociou um favor à JBS e recebeu, em troca, uma mala com R$ 500 mil. Foi filmado. Depois de preso, o dinheiro foi devolvido.
Não há a menor dúvida de que Temer cometeu um crime de responsabilidade. Para saber se foi crime comum, necessita ser investigado. E a investigação depende da autorização do Congresso.
Espertamente, o advogado der Temer, Antônio Mariz de Oliveira, fez uma defesa baseada em princípios penais: se cometeu ou não o crime comum. O julgamento era de crime de responsabilidade. Indagou: cadê o dinheiro?, sabendo que o dinheiro foi devolvido apenas após o intermediário ter sido preso. Só se saberá se cometeu, também, crime comum, após a autorização para ser processado.
Em suma, torna-se difícil segurar a peteca do governo Temer. Mas há mais coisa em jogo do que a moral do Congresso: centenas de cargos e verbas distribuídas. Portanto, o resultado ainda é incerto.

Peça 2 – o fator Rodrigo Maia

Montou-se num golpe parlamentar tendo como objetivo enfiar goela abaixo do eleitor um conjunto de reformas que não seriam aceitas em processo eleitoral aberto, mantendo alguns ritos para dar a aparência de legalidade.
Essa estratégia foi desmoralizada quando a opinião pública internacional passou conhecer Temer e sua gang. Aí ruiu a tentativa de dar uma aparência legalista ao golpe.
Culminou com a Globo endossando a delação da JBS.
A hipótese aventada pelo Xadrez foi a de que o estardalhaço mal planejado em torno da JBS visava encobrir o indiciamento da Globo pela Ministério Público espanhol e pelo FBI, em função da compra da Copa Brasil da CBF de Ricardo Teixeira.
Esta semana, fonte com contato direto com os Marinho confirmou a suspeita. Apenas três membros do grupo – João Roberto Marinho, Ali Kamel e um executivo – souberam do indiciamento da Globo nas investigações poucos dias antes do vazamento das delações da JBS. E a intenção de bater bumbo visou justamente ocultar as repercussões do escândalo CBF.
A exposição dos feitos do grupo de Temer torna impossível manter a pantomima.  Tenta-se a gambiarra Rodrigo Maia.
A mídia, especialmente a Globo, enche a bola de Maia e passa a sensação de que a queda de Temer é irreversível.
Joga com uma esperteza típica dos acordos de delação. Dá a impressão de que o governo Temer afunda e quem pular por último no governo Maia, ficará sem lugar no barco.
O jogo das deslealdades políticas funciona assim.
Os jornais levantam o nome do possível presidenciável, Rodrigo Maia.
O presidenciável é aliado do presidente, e não quer passar por desleal. Mas é mordido pela mosca azul, como são todos aqueles que vêm passar à sua frente um cavalo selado muito acima dos seus sonhos mais rocambolescos.
Aí ele fica quieto. Não desmente nem confirma os boatos.
Ao ficar quieto, provoca desconforto nas hostes do presidente. E os jornais começam a difundir as fofocas palacianas.
Aí o presidenciável começa a romper com o presidente com o argumento “como é que eles podem desconfiar da minha lealdade”. E a desconfiança em relação à lealdade se transforma no grande álibi para a deslealdade.
Simples assim.
Há três possibilidades em jogo.
Possibilidade 1 – Temer se arrastando até 2018. Com o flagrante da mala de R$ 500 mil, dificilmente se manterá no cargo. Mas não se deve duvidar da capacidade de auto desmoralização do Congresso.
Possibilidade 2 – Rodrigo Maia assumindo dentro de um pacto de fortalecimento do centro.
Possibilidade 3 – Maia assumindo para completar o trabalho incompleto de Temer.
Em qualquer hipótese, há que se invocar a prova do pudim.
Se Maia suspender a tramitação das reformas e negociar a constituição de um conselho para discuti-las, contemplando todos os setores, abrirá caminho para a pacificação e a legitimação de Maia. Caso contrário, não. O tal fortalecimento do centro resolverá apenas a vida de Aldo Rabelo, que saiu do PCdoB esperançoso de ser o vice-presidente de Maia. O centro sou eu, deve pensar Aldo.
O mais provável será a tentativa de continuidade das reformas com Maia.

Peça 3 – fim da Lava Jato

Seja qual for o resultado da permissão de Temer ser investigado, a Lava Jato já entrou em contagem regressiva.
Dois pontos centrais indicam seu fim.
O primeiro, o enquadramento do Ministério Público Federal (MPF) nos limites da lei. A provável nova Procuradora Geral da República, Raquel Dodge, tem histórico de severidade em relação à corrupção política, convicção em defesa dos direitos sociais e respeito aos limites constitucionais. Sua indicação será um caso típico de se escrever direito por linhas tortas.
O segundo, o fato óbvio de que a Lava Jato passou a avançar sobre alvos não-petistas. As mudanças de posição do Estadão e da Globo são desmoralizantes, ao dividir as propinas entre caixa 2 do bem e do mal.
Não duvide de que, daqui a algum tempo, Deltan Dallagnol e outras figuras da Lava Jato deixarão o MPF e se lançarão na política. Ninguém usa a própria corporação como escada, como eles, se não for para pular para patamares superiores.
Serão novos Pedro Taques, o ex-procurador que se notabilizou pela luta contra a corrupção, foi eleito governador do Mato Grosso, e está envolvido em vários escândalos de financiamento de campanha, porque não há como fugir do modelo político em voga.
A volta à legalidade deverá passar impreterivelmente pelos seguintes fatos.

Fim dos vazamentos

Dodge já anunciou um conjunto de medidas visando coibir vazamentos. E, sem vazamentos, a Lava Jato perde expressão. À medida em que as denúncias vão sendo divulgadas, o que se vê é um episódio canhestro de delações sendo referendadas por novas delações que, por sua vez, só tem como provas novas delações.
Sem o bate-bumbo da mídia, grande parte das denúncias da Lava Jato não para de pé. Ficam exclusivamente com as contas no exterior, levantadas pela cooperação internacional e com parte do conteúdo de algumas delações. São os chamados investigadores de araque e de computador.

Revisão do instituto da delação

Um dos grandes abusos da Lava Jato foi a desmoralização precoce do instituto da delação premiada.
É um absurdo extraordinário o fato dos procuradores buscarem a condenação a todo preço, em lugar de se comportarem como promotores de justiça; terem o poder absoluto de definir a pena a ser negociada com o delator, assim como definir o que pretendem do delator.
Criou-se essa desmoralização do inquérito. O delator aceitava as condições propostas, dizia o que os procuradores desejavam ouvir, as declarações íam alimentar manchetes políticas da mídia. Depois, na hora de apresentar as provas, pernas para o ar que ninguém é de ferro.
O instituto terá que ser recriado em bases sérias e recuperado do mau uso que foi feito pela Lava Jato. O modelo do procurador que investiga ser o juiz da oportunidade da delação mostrou-se fracassado.

Punição das infrações cometidas

Ponto central na volta da legalidade será a punição dos crimes e abusos cometidos no período. Como vazamento de conversas privadas, não associadas à investigação, abuso na condução coercitiva, vazamentos que comprometeram suspeitos, depois inocentados, manifestações de procuradores e delegados fora dos autos, como a partidarização nas redes sociais, grampos ilegais nas celas, perseguições a companheiros, por delegados da PF.
Provavelmente não se irá revolver o passado. Mas não se tenha dúvida de que a nova PGR estará com a bala na agulha esperando a primeira manifestação de descumprimento dos códigos do MPF.

Peça 4 – a crise do partido do mercado

E aí se entra em um nó montado pela conspirata.
O PSDB deixou um vácuo na representação do mercado. Perdeu suas principais lideranças, deixou há tempos de ser um partido programático e João Dória Jr não infunde confiança em nenhum dos grandes grupos paulistas que investem em um liberalismo mais moderno. Disparou como um foguete para um público sequioso do novo. Mas não tem pique de gestor público, nem vontade. A cada dia aparecem as vulnerabilidades de sua gestão em São Paulo e um estilo arrogante que não atrai aliados.
Hoje em dia, sua base de apoio na mídia se reduz ao portal iG, cooptado por seu cabo eleitoral Ivan Zurita, ex-presidente da Nestlé, e possivelmente a IstoÉ – depois que Aécio Neves naufragou. É possível que consiga a adesão do Estadão, se os CEOs da Lide conseguirem driblar as regras de distribuição das campanhas pelas agências. Mas CEO não é dono.
Dória tenta investir tudo no anti-lulismo, mas não é de raça pura. Sua agressividade será tão contraproducente quanto a de José Serra, quando, em 2010, se transmudou em profeta louco, e Aécio Neves quando deixou de lado a imagem de conciliador para enveredar pela agressividade.
É fato que a estrada dos candidatos outsiders será pavimentada pelos discursos anticorrupção, anti-Lula e, ironicamente, anti-mídia.
Esses conspiradores primários conseguiram cavar uma trincheira de desconfiança tão grande em relação à institucionalidade, que nela cabem o PSDB, a mídia, a Justiça, PT e Lula. E, à sua frente, o avanço das verdadeiras tropas bárbaras, comandadas por Bolsonaro.
O que se tem, agora, é um moto contínuo:
1.     Tiraram a besta da jaula para devorar Lula.
2.     A besta ganhou vida própria e passou a avançar sobre os seus aliados.
3.     Se não seguram a besta, em breve até seus criadores, os grupos de mídia, serão devorados.
4.     Toca, então, a trazer a besta de volta para a jaula.
5.     Trazendo, enfraquecem a ofensiva política contra Lula. A cada dia que passa, mais improvável será sua condenação.
6.     Liberando Lula e os tucanos, alimentarão fortemente outra besta, a candidatura que melhor representa não apenas o anti-Lula, mas o anti-mídia: Bolsonaro.
E os hunos de Bolsonaro não dependem um segundo da mídia. Montaram uma horda bárbara nas redes sociais que, a cada dia, é engrossada com seguidores verdadeiramente apaixonados.
São as grandes alavancas da Lava Jato e por ela são alimentados.
Ainda não há condições de saber o preço final que o país pagará pelo golpe do impeachment.