Segurança

[...] Onde estudam os filhos deles?

Tragédias como a do Realengo despertam nas pessoas a necessidade compulsiva de fazer alguma coisa. É absolutamente legítimo. É instinto de autoproteção. Acontece, porém, que se essa “alguma coisa” demora demais o debate corre o risco de perder foco.

Uns defendem que a resposta adequada para as mortes é uma nova campanha pelo desarmamento. A premissa é matematicamente lógica. Se não houver armas de fogo em circulação não haverá como matar alguém com uma arma de fogo.

Todo determinante de matriz nula é zero.

Fica para o leitor julgar o realismo e a efetividade da proposta. Mas, e até lá? O que fazer enquanto houver armas em circulação? Nada?

Há uma agenda anterior, na esfera da segurança pública. Como ainda existem armas de fogo em circulação, há também necessidade de prevenção e defesa contra criminosos e candidatos a criminosos munidos de armas de fogo. Parece lógico?

No dia do massacre escrevi que o país precisa e vai encontrar recursos para fazer das nossas escolas um lugar mais seguro para nossas crianças.

Eu disse “mais seguro”, não “completamente seguro”. Não há solução que elimine 100% a chance de uma chacina como no Realengo. Mas isso não deve servir de pretexto para omissão.

Em situações extremas é sempre prudente e didático partir de um ângulo pessoal. Sou um pai como qualquer outro. Se tenho o direito de exigir para meu filho uma escola onde ele esteja razoavelmente protegido, por que negar o mesmo direito a todos os pais e mães deste país?

Ainda mais agora. Quanto malucos não ficaram morrendo de inveja da súbita fama alcançada pelo covarde que atirou nas crianças no Rio?

Ao longo do fim de semana, os especialistas procuraram convencer-nos de que nada há a melhorar no terreno da segurança, de que tudo foi uma fatalidade. Aumentar a vigilância nas escolas seria ineficaz, e até prejudicial. Será?

É a mania de achar que se você não tem o ótimo deve desistir de ter o bom.

O ótimo, como se sabe, é o pior inimigo do bom.

Tendo a desconfiar dos especialistas. Respeito mas desconfio. Gostaria de saber onde estudam os filhos deles.

Aposto que não é em escolas onde qualquer um entra sem ser incomodado, e carregando revólveres e balas numa sacola.

Nossos especialistas correm o risco de ficar como algumas autoridades da educação, que gastam dinheiro do povo a rodo para martelar que as escolas públicas vão cada vez melhor.

Mas matriculam seus filhos e netos em boas escolas particulares. Daquelas em que ninguém passa pela portaria sem um bom motivo e sem provar que não é ameaça.

por Carlos Chagas


A HISTÓRIA NÃO TEM PRESSA

Vivemos de modismos. De idéias pré-concebidas. Por que, por exemplo, determinar 100 dias como primeiro prazo para o julgamento de um governo ou de uma governante? Por que não 102 ou 110, ou 200, 500 ou 800? Dirão muitos que a vida é assim. Os casamentos são contados por bodas de prata, de ouro e até de diamante. As guerras, por décadas ou séculos. As religiões, por milênios.

Senão  insurgir-se, Dilma Rousseff deveria dar de ombros para a cascata de análises, interpretações e diagnósticos apresentados pela mídia  no fim de semana, a respeito de seu desempenho na presidência da República. Afinal, a data que interessa mesmo é a de cada dia, com ênfase para o último  de seu mandato.

Para Getúlio Vargas, foi 24 de agosto de 1954, mesmo tendo ele permanecido por 15 anos variadíssimos, numa primeira etapa, e três anos e meio de incompreensões, no segundo.

Juscelino Kubitschek preferiu ressaltar os 50 anos em 5, no começo, para no final fixar-se na data futura que não chegou, de  3 de outubro de 1965, quando voltaria ao poder.  Jânio Quadros jamais imaginou que 25 de agosto de 1961 seria o fim, muito menos João Goulart, de que tudo terminaria no 1 de abril de 1964. Dos generais-presidentes, note-se apenas a seqüência de seus mandatos com dia certo para transmitirem o poder, exceção de Costa e Silva que adoeceu antes. Para Tancredo Neves o destino não deixou um dia sequer, para José Sarney um ano lhe foi surripiado. Fernando Collor imaginou vinte anos, defenestrado em dois e meio, ao contrário de Fernando Henrique, que era para ser julgado depois de  quatro anos e burlou seus julgadores, estendendo o prazo para  oito. O mesmo tempo concedido ao Lula, de olho em  mais oito, ainda que  sem prazo certo para iniciar o retorno.


Essas considerações se fazem por conta da evidência de que a análise da ação  dos presidentes da República não deve ser medida em dias, meses ou sequer anos. A História não tem pressa e não comporta açodamentos, ainda que se apresente pródiga em surpresas.  Dilma pode ter ido bem nos primeiros 100 dias, mas quem  garante que seguirá  assim nos seguintes?  Melhor aguardar.

Inflação

[...] Não é apenas no Brasil que ela cresce nos primeiros 3 meses de 2011.

Na Venezuela, 6%

Na Argentina, 5,6% .

No Paraguai 4,8%.

No Uruguai, 3,6%.

Na Bolívia, 3,9%.

No Brasil, 2,5%. 

Na Colômbia, 1,8%.

No Peru, 1,5%.

No Chile e no Equador, alta de 1,3%.

Twitter

[...] permitira anúncios segmentados

O serviço de microblog, Twitter, informou durante um evento na cidade de Nova Iorque – Estados Unidos, que adicionou um novo recurso em sua plataforma que permite as empresas segmentarem seus anúncios por regiões. As informações são do site AdvertisingAge.
Especialistas acreditam que este recurso deveria estar incluso desde o lançamento do serviço, uma vez que diversas empresas comercializam suas mercadorias em apenas algumas regiões – fazendo com que muitos destes anúncios sejam visualizados por consumidores localizados em lugares fora da área de cobertura.
Inicialmente o serviço está disponível apenas para 210 cidades nos Estados Unidos, e outras 100 espalhadas por diversas regiões do mundo. Entretanto, a companhia revela que pretende expandir para mais regiões nos próximos meses.

FHC

[...] a Ofélia da política brasileira, mostra outra vez, novamente, de novo rsss que é errando que ele continua a errar


Num instante em que a oposição roda como parafuso espanado em busca do discurso perdido, Fernando Henrique Cardoso sugere um caminho.
Para ele, "enquanto o PSDB e seus aliados persistirem em disputar com o PT influência sobre os ‘movimentos sociais’ ou o ‘povão’, falarão sozinhos".
Acha que a oposição precisa redirecionar seus esforços para conectar-se com a nova classe média, içada da pobreza pelo crescimento econômico dos últimos anos.
Deve-se à repórter Daniela Lima a revelação do receituário de FHC, hoje o principal –talvez o único— ideólogo da oposição.
Em notícia pendurada na manchete da Folha, ela antecipa o teor de um artigo escrito por FHC, presidente de honra do PSDB.
O texto será veiculado no próximo número da revista “Interesse Nacional”, que circula nesta quinta (14). Estará disponível também na web.
Conforme noticiado aqui, no final de semana, o desempenho de Dilma Rousseff nos primeiros 100 dias de governo alterou o conceito que FHC fazia dela.
Durante a campanha, ele a apelidara “boneca de ventríloquo”. Nos últimos dias, passou a reconhecer, em privado, que Dilma o surpreendeu positivamente.
No texto que virá à luz em dois dias, FHC revela o receio de que a nova presidente se mostre mais sedutora à classe média do que Lula:
"Dilma, com estilo até agora contrastante com o do antecessor, pode envolver parte das classes médias. Estas [...] mantiveram certa reserva diante de Lula".
Para se contrapor a Dilma, tenta ensinar FHC, as legendas de oposição terão de alterar o modo de agir, modernizando-se.
Ele escreve que essa classe média tão almejada não participa da vida política do país como no passado.
Acompanha o desenrolar dos fatos em lugares onde os partidos praticamente inexistem. As redes sociais da internet, por exemplo. FHC anota no artigo:
“Se houver ousadia, as oposições podem organizar-se, dando vida não a diretórios burocráticos, mas a debates sobre temas de interesses dessas camadas".
Ele insinua no texto que, em vez de buscar os culpados de seus infortúnios em terrenos vizinhos, a oposição deve olhar para o próprio umbigo:
"Uma oposição que perde três disputas presidenciais não pode se acomodar e insistir em escusas que jogam a responsabilidade no terreno ‘do outro'."
Ex-presidente da República por dois mandatos, FHC realça num pedaço do artigo o cativeiro a que os aliados o condenaram nas últimas disputas presidenciais:
"Segmentos numerosos das oposições de hoje aceitaram a modernização representada pelo governo FHC com dor de consciência".
O texto é até delicado. Em verdade, não houve dor de consciência, mas vergonha. FHC e seu legado foram trancafiados no fundo do armário.
FHC deu ao seu novo artigo o mesmo título de um velho texto que escrevera na década de 70: "O papel da oposição".
Naquela época, ele se opunha à ditadura militar. "Diante do autoritarismo era mais fácil fincar estacas em um terreno político", comparou.
Considerando-se o nanismo de ideias que infelicita a oposição, o texto de FHC ganha a aparência de um oásis em meio ao Saara.
Porém, a peça perde-se em equívocos rudimentares. O primero deles é a premissa de que Lula não se conectou à classe média.
Lula ultrapassou esse cercadinho já na eleição de 2002, quando bateu José Serra. Reforçou os laços em 2006, ano em que moeu Geraldo Alckmin.
Outro equívoco é o de considerar que Dilma pode se achegar a esse nicho do eleitorado. Tomada pela primeira rodada de pesquisas, ela já chegou lá.
Para desbancá-la, a oposição depende de uma competência que ainda não foi capaz de exibir e de eventuais tropeços de Dilma.
De resto, a chamada nova classe média credita sua ascenção social à Era Lula. Daí a popularidade que rendeu a ele a reeleição e a “construção” da sucessora.
Só os especialistas ainda enxergam no processo evolutivo as digitais de ex-gestores como Itamar Franco e o próprio FHC.
Num ponto, o ex-presidente tucano tem razão. Ao envergonhar-se de seu legado, os “amigos” da oposição permitiram que Lula se apropriasse do passado, reciclando-o.
Difícil pedir ao “ex-povão” que recorde agora que a estabilidade econômica traz na sua gênese o Plano Real, que FHC costurou como ministro de Itamar.
Muito difícil emplacar a tese de que Lula apenas manteve conquistas que o petismo rejeitara no passado. Coisas como a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Dificílimo convencer os 'neo-incluídos' de que o Bolsa Família não é senão a versão aprimorada de programas de transferência de renda nascidos lá atrás.
Não há debate em rede social capaz de devolver à oposição o passado que ela própria permitiu que passasse.
Como escreve FHC, oposição que perde três eleições presidenciais não achará escusas no terreno do outro. Deve o infortúnio à sua própria incompetência.
No mais, a reiteração da divisão interna do PSDB e o derretimento do DEM revelam uma oposição convencida de que é errando que se aprende... a errar.
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Evangelho


Naquele tempo, Jesus foi para o monte das Oliveiras. De madrugada, voltou de novo ao Templo. Todo o povo se reuniu em volta dele. Sentando-se, começou a ensiná-los. Entretanto, os mestres da Lei e os fariseus trouxeram uma mulher surpreendida em adultério. Levando-a para o meio deles, disseram a Jesus: “Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. Moisés na Lei mandou apedrejar tais mulheres. Que dizes tu?”


Perguntavam isso para experimentar Jesus e para terem motivo de o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, começou a escrever com o dedo no chão. Como persistissem em interrogá-lo, Jesus ergueu-se e disse: 

“Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra”. E tornando a inclinar-se, continuou a escrever no chão.

E eles, ouvindo o que Jesus falou, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos; e Jesus ficou sozinho, com a mulher que estava lá, no meio, em pé. Então Jesus se levantou e disse: 
“Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?” 

Ela respondeu: 
“Ninguém, Senhor”. 

Então Jesus lhe disse: 
“Eu, também, não te condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais”.

Cristopher Poole

ÉPOCA – Tanto o 4chan quando o Canvas são muito visuais. Por que essa predominância de imagens?
Christopher Poole –
 Imagens são muito divertidas, e inclusivas. Pessoas de todas as línguas e culturas podem entender. O 4chan foi inspirado em um fórum de cultura japonesa. Eu não leio japonês, então o que realmente me levou para esses fóruns de imagens, em que eu não podia ler nada que as pessoas estavam dizendo, foi esse tipo de cachoeira de imagens, que é muito interesse. Uma pessoa que só fala inglês também é capaz de apreciar as imagens compartilhadas pelos japoneses. Imagens são um jeito divertido de se comunicar, de usar a mídia. Com o Canvas, é possível fazer todo tipo de manipulação de imagens direto no navegador, não precisa mais do Photoshop. E a comunidade do Canvas está realmente usando isso, eles adoraram a ferramenta de remix. Você pode compartilhar uma imagem e voltar depois para ver o que as pessoas fizeram com ela. É parecido com o 4chan: as pessoas começam uma discussão, e há esse vai e volta entre os participantes - eles fazem comentários e mudam as imagens, é muito divertido.
ÉPOCA – O Canvas vai aceitar vídeos um dia? Haverá uma ferramenta de remix como para imagens?
Poole –
 Sim. O YouTube é um bom exemplo: você pode gravar e compartilhar vídeos e isso inspira várias habilidades para criar vídeos. Nós somos isso para imagens, mas queremos ter vídeos também - que as pessoas possam compartilhar vídeos. Se der para criar ferramentas para remixar vídeos no navegador, vamos fazer, mas não tenho certeza de que isso é possível agora. Acho que há uma limitação técnica.
ÉPOCA – Qual sua posição sobre direitos autorais?
Poole –
 Quando os usuários vão subir imagens, há um aviso que pede para que eles respeitem direitos autorais. Seria melhor se as pessoas compartilhassem imagens que elas são donas, mas obviamente, na internet, muitas vezes esse não é o caso. O autor pode nos mandar um email dizendo que possuiu a licença de uma imagem e pedindo para que ela seja retirada do site, e vamos fazer isso. Legalmente nós temos que fazer. Mas espero que detentores de direitos autorais apreciem o valor de ter suas coisas sendo manipuladas por um monte de pessoas de forma tão engajada. É propaganda de graça para eles. Espero que as pessoas entendam e que não tenhamos problemas.
ÉPOCA – O Canvas e o 4chan são criados em torno da ideia que parece mais próxima do começo da internet do que da atual tendência de redes sociais.
Poole –
 Se você pensar no jeito que as pessoas costumavam se reunir na web 10 anos atrás, era na Usenet, em comunidades online. Com a ascensão das redes sociais, seus amigos, colegas e família estão todos no Facebook. Mas ainda há uma grande demanda, uma grande oportunidade, para criar espaços sociais online, e que esses espaços sociais não sejam redes sociais, e sim comunidades. O 4chan é um exemplo disso. Doze milhões de pessoas visitam o 4chan por mês, e as pessoas realmente não pensam no 4chan como um produto - não há essa imagem de web 2.0, até porque é uma coisa bem old school. O que é realmente único  no 4chan não é o software, não é o produto, é a comunidade, a cultura, a identidade, o conteúdo sendo postado por 12 milhões de pessoas. Não é com um produto que eles estão interagindo, é com a comunidade. As pessoas vão ao 4chan para sair com os amigos, porque é onde os amigos delas estão. Essas pessoas também vão ao cinema, e os amigos deles podem estar no Facebook, mas eles têm um grupo de amigos da internet e eles querem estar no 4chan para sair com esses amigos. Pessoas são animais sociais e querem interagir, se engajar com outros em grupos. As pessoas realmente não estão se importando com isso. Quando você olha para os fóruns de mensagens nos últimos dez ou mais anos, eles não mudaram. O programa que eles usam hoje [para criar esses fóruns] é o mesmo de dez anos atrás, exatamente o mesmo. Não houve, em 2011, uma reimaginação, levando em conta os navegadores modernos e interfaces de usuários, de como deveríamos estar interagindo com outros na internet. Nosso trabalho é meio que focado nessa questão.
ÉPOCA – Você acha que comunidades permitem que as pessoas sejam mais criativas?
Poole –
 Há sites como o Deviantart, que são realmente artísticos, e há sites como o Facebook, e as pessoas criativas estão em sites como o Deviantart. Essas pessoas estão no Facebook também, mas não são criativas no Facebook. E é o mesmo com o 4chan e o Canvas. Nós temos essa extensa comunidade e, porque nós deixamos as pessoas postarem sem um nome, descobrimos que isso encoraja participação. As pessoas ficam com menos medo de participar. Você pode tentar, tentar, tentar e continuar testando os limites e realmente se expressar e ser criativo, e isso nunca vai ser usado contra você porque as pessoas não sabem quem você é. Contribuições anônimas realmente encorajam a criatividade e a participação. É por isso que a ferramenta de remix do Canvas é tão popular: estamos dando para as pessoas um mesmo conjunto de ferramentas, que são usadas diretamente do navegador, e você pode postar como você mesmo ou anonimamente. Então, se você fizer uma manipulação bem simples com a ferramenta de remix, não parece que você é um amador, porque todo mundo tem acesso às mesmas ferramentas. Não estamos usando o Photoshop, mas esse editor com jeito de Paint [programa básico de desenho da Microsoft]. E mesmo que você faça um remix que não é do mesmo nível que dos outros usuários, você pode postar anonimamente. É divertido e encoraja participação, experimentação.
ÉPOCA – Depois que você defendeu o anonimato, muitas pessoas te colocaram em uma posição contrária a de Mark Zuckerberg.
Poole –
 Muitos compreendem mal minhas ideias sobre identidade. Acreditam que eu sou apenas a favor do anonimato e que esse é o único jeito de fazer as coisas, o que não é verdade. Eu sou muito moderado. Acredito que anonimato é algo muito valioso, e nós devemos continuar a criar espaços onde as pessoas possam compartilhar suas ideias e outras coisas de forma anônima. Mas pedir a sua identidade real faz sentido em vários outras situações. Comentários são um ótimo exemplos. O TechCrunch colocou o Facebook Connect nos seus comentários [ferramenta que só permite que pessoas com perfil na rede social comentem], e isso realmente aumentou a qualidade, porque as pessoas ficam menos abusivas quando têm sua foto e nome ao lado do comentário. Mas se você colocasse o Facebook Connect em algo como o site da American Civil Liberties Union (ACLU), uma organização política, uma organização de ativismo, as pessoas não iam poder desafiar os limites ou compartilhar opiniões realmente honestas. Então meio que funciona nos dois caminhos: há certos sistemas em que faz total sentido um monte de pessoas compartilhando com nomes falsos ou sem nomes, e há também outros sistemas em que faz mais sentido usar nomes reais. Eu não me oponho ao Facebook - não é o Facebook como uma empresa, ou como um produto. É que o Facebook se tornou essa identidade dominante, e essa identidade pode ser usada em todos os lugares. Isso que é assustador: ter uma identidade que te acompanha por toda a web. Todos deveriam ter a opção de compartilhar sem um nome, e na web do Facebook isso está cada vez menos possível.
ÉPOCA – Antes do Facebook as pessoas existiam na internet mais com apelidos, como o seu, moot, do que com seus nomes de verdade. Parece que o Facebok força uma conexão entre sua vida real e sua vida na internet.
Poole –
 É preciso ter a habilidade de trocar entre essas três formas de identidade: totalmente anônimo; usar um pseudônimo, como moot; ou usar seu nome de verdade, como Christopher. Essas opções são apropriadas para situações diferentes. As pessoas terem opções é que é importante. O Facebook não dá, é só sobre sua identidade de verdade. Manter lugares online em que as pessoas podem compartilhar anonimamente, ou com um nickname, é extremamente importante.
ÉPOCA – Você parece uma pessoa muito privada, não deve ter Foursquare por exemplo.
Poole –
 Não, eu não tenho (risos). Nós temos um perfil do 4chan no Twitter, e eu tenho uma conta como moot, mas eu não uso o perfil do moot e só uso o do 4chan às vezes. Eu não compartilho nada pessoal, não uso Foursquare nem nenhum aplicativo social. Tenho um Facebook, há cinco anos, lá estão meus amigos da escola e da faculdade. Uso para trocar mensagens com eles, mas tenho todas as configurações de privacidade ativas. Eu uso o 4chan e o Canvas todos os dias, leio notícias e umas outras coisas, mas não tenho uma presença online.
ÉPOCA – Na sua apresentação no South by Southwest você falou sobre “mutação criativa” e “experiência compartilhada”.
Poole –
 As coisas que eu falei sobre no South by Southwest são algumas das minhas favoritas. A mutação criativa é a habilidade de estar em uma discussão, ter uma ideia e deixar essa ideia para várias outras pessoas e continuar vendo como ela se altera. E jogar com as mídias: as mídias são bem mais participativas agora, você pode gravar vídeos, editar imagens, compartilhar áudios, e hoje já é muito diferente de como era cinco anos atrás, quando era bem mais difícil fazer essas coisas. E o que eu realmente estou focado é a experiência compartilhada, criar lugares sociais online em que as pessoas possam formar grupos e conversar entre si - e não só conversar, mas sair. Todo mundo está pensando em modelos de negócios, em monetização, em planos de negócios, e não apreciam que para milhões e milhões e milhões de pessoas, seus amigos estão online e elas querem esses lugares onde possam encontrar e sair com seus amigos. Claro que você quer passar tempo com seus amigos também na vida real, mas você também pode abrir uma cerveja em casa e sair com seus amigos da internet, compartilhar imagens, pensamentos. Há sites de bate-papo em grupo com áudio e vídeo. As pessoas só querem ter uma experiência próxima e íntima com outras pessoas online.
ÉPOCA – Você sai online muito?
Poole – 
(risos) Estou no computador o tempo todo.
ÉPOCA – Que similaridades você quer que o Canvas tenha com o 4chan?
Poole –
 O 4chan tem uma história incrível, uma cultura, língua, e identidade. Queremos isso, mas com novidades. Queremos que o Canvas tenha sua própria cultura, identidade e língua. Queremos pessoas do 4chan, mas também pessoas diferentes que venham criar uma nova identidade e cultura juntas. A comunidade do Canvas começou com 100 pessoas que nós convidamos, e agora há dezenas de milhares de pessoas. É como o 4chan, que começou com 20 pessoas numa sala de bate-papo, e hoje, sete anos e meio depois, tem 12 milhões de usuários. Queremos criar um espaço, e continuar melhorando esse espaço, e trabalhar com a comunidade para fazer dele um lugar melhor para brincar com mídia e sair com os amigos.
ÉPOCA – Por que você acha que o 4chan é mal-entendido?
Poole –
 A maior parte das pessoas, quando eles pensam sobre o 4chan, eles acham que é esse velho oeste louco cheio de meninos que só ficam sendo selvagens uns com os outros. Isso só é verdade para uma parte bem, bem pequena dos usuários do site. O 4chan tem 50 categorias diferentes, e essas categorias são bem diversas. Cada uma tem sua própria subcultura, e eles são muito construtivos e engraçados. As pessoas conhecem o 4chan por causa de memes. Quem está de fora não aprecia o 4chan pelo que ele realmente é: uma vasta comunidade de 12 milhões de pessoas interessantes em todo tipo de coisas.
ÉPOCA – A ideia é que o Canvas cresça devagar?
Poole –
 Eventualmente vamos abrir o site para mais pessoas, mas agora queremos manter o crescimento lento, reservado. É importante manter a qualidade muito alta, porque a forma como as pessoas aproveitam o site agora é baseada no que está sendo compartilhado. É diferente do Twitter, por exemplo. Quando você vai no Twitter, você escolhe quem quer seguir, então como você aproveita o Twitter é baseado na sua rede, quem você está seguindo, e como você aproveita o Facebook é baseado em quem são seus amigos. O Canvas é uma comunidade de destino, as pessoas vão lá porque querem participar e compartilhar aquela cultura. Para nós é importante crescer devagar. Rápido o bastante pra trazer novas pessoas e manter a comunidade dinâmica e nova, mas devagar o suficiente para integrar essas pessoas.
ÉPOCA – Mas você quer ganhar dinheiro com o Canvas?
Poole –
 Nós levantamos dinheiro. Eu consegui US$ 625 mil ano passado, em uma pequena rodada de financiamento. E eventualmente vamos monetizar o site, porque temos que pagar nossas contas. Mas agora estamos focados em criar o melhor produto, a melhor comunidade possível.
ÉPOCA – Você se vê como uma celebridade?
Poole –
 Eu não penso em mim dessa forma. Acho que outros talvez sim, mas eu, pessoalmente, não.