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por Cesar Maia
Ponto de Cultura
Projeto capacita artesãos em Iparana
Esta é a segunda turma do Ponto de Cultura. Cada uma delas participa de um ano de atividades, conhecendo e praticando cinco modalidades artesanais: tecelagem, bordado, filé, cerâmica e xilogravura. Além das atividades artesanais, os alunos participam de ações sociais, de educação ambiental e passeios culturais. "Damos uma formação cultural e artística para os participantes", afirmou o coordenador pedagógico do projeto, Alysson Maciel.
A coordenação do projeto foi buscar nos melhores profissionais das áreas trabalhadas a experiência necessária para se desenvolver produtos de qualidade. Aliado à isto, estão agregando o saber comunitário na prática de tecer tapetes. "A nossa experiência é em tecelagem. O Ponto de Cultura veio potencializar este fazer e também outros novos. Aqui o fazer artesanal é muito forte na nossa tradição", afirmou o coordenador do Ponto de Cultura, Gilberto Brito. Ao final, a coordenação espera montar um Museu Comunitário dos Saberes e Ofícios do Artesanato Cearense, em Iparana.
Para o coordenador Gilberto Brito, a localidade de Iparana é estratégica para este novo empreendimento cultural. "Nós não temos nenhum Museu de Tradições. Se você mexe com esses saberes todos, está em uma rota turística e em uma área em desenvolvimento, como estamos, tem tudo para dar certo", afirmou.
Nesse processo de incubação do museu, os jovens da comunidade estão se preparando para este novo desafio. A estudante Daniele Costa Leite, de 17 anos, já faz artesanato com chinelos de borracha. Viu o curso como oportunidade de agregar novos saberes à sua prática. "Eu bordo chinelos, decoro-os. Vim aprender mais coisas", afirmou.
Já a adolescente Andressa Batista Dias, de 14 anos, conta que o primeiro tapete produzido durante as aulas foi motivo de espanto para família. "A primeira peça levei para mostrar lá em casa. Gostaram muito e nem acreditam que foi eu que fiz", relatou. Ela diz, também, que os conhecimentos aprendidos no Ponto de Cultura, pretende levar para outras pessoas.
"Eu incentivo. Gosto de vir aprender coisas novas e repassar para outras pessoas. Não deixar o nosso artesanato desaparecer", afirmou. "Eu amo o bordado, mas estou ansiosa em prender a cerâmica", afirma ela. Juliana Rodrigues Barros, de 17 anos, trouxe a experiência de casa para compor suas aulas. "Minha mãe faz crochê. Eu sei mais ou menos. Ela e minha irmã já faziam o curso e eu decidi participar", disse.
As atividades do Ponto de Cultura Artesanato e Tradição acontecem no Centro de Artesanato de Imbuaça, local fundado em 1990 e que abriga também a Fundação Irmã Zilpha Augusta Bezerra. Lá estão reunidos os movimentos sociais da localidade, conforme conta o coordenador pedagógico Alysson Maciel Pinto. "Aqui estão reunidos vários movimentos. Apesar da pouca estrutura é aqui que a comunidade se reúne", disse.
Resultados
Para Gilberto Brito, um dos principais resultados alcançados pelo Ponto de Cultura "foi gerar o interesse dos adolescentes para o artesanato. Eles vêm aqui, participam. O aprender artesanal tem esse envolvimento", complementando, "sabemos que onde vamos colocar as sementes, vai brotar". Como fruto do trabalho, a turma de 2010 está desenvolvendo modelos de bordados para oferecer à compradores. "Estão procurando o produto. Estamos desenvolvendo os protótipos para oferecermos um produto profissional", disse.
Além disso, dez teares estão sendo confeccionados pelos próprios estudantes. Com início previsto para daqui a três meses, o objetivo é que os alunos produzam tapetes em suas próprias residências. O projeto, denominado Tear no Lar, deverá ser o pontapé inicial para o Museu Comunitário. "Acreditamos no futuro dessa comunidade. Aqui é bonito e as pessoas vivem aqui", finalizou o coordenador pedagógico, Alysson Maciel.
Resultados
"O Ponto de Cultura veio potencializar o fazer artesanal de Iparana e outros novos"
Gilberto Brito
Coordenador do Ponto de Cultura
"O contato das pessoas com a cultura é um dos resultados que alcançamos"
Alysson Maciel
Coordenador pedagógico do projeto
MAIS INFORMAÇÕES
Ponto de Cultura Artesanato e Tradição - Centro de Artesanato de Imbuaça - Iparana - Caucaia (CE)
Telefone: (85) 3318.9339
EMPREENDIMENTO SOCIAL
Museu Comunitário à vista
Caucaia. Uma indústria artesanal doméstica. Partindo deste princípio é que a coordenação do Ponto de Cultura Artesanato e Tradição, na Praia de Iparana, pretende viabilizar o Museu Comunitário. "Estamos nos constituindo como museu dos saberes e dos ofícios artesanais cearenses", afirmou o coordenador do projeto, Gilberto Brito. Para isso, além de repassar os saberes e fazeres do bordado, cerâmica, xilogravura, tapete e filé para jovens e adultos, o projeto tem articulado uma rede produtiva.
Atualmente, os alunos capacitados no Ponto de Cultura estão produzindo 10 teares para a confecção de tapetes. "Os tapetes serão os alavancadores do museu", afirmou. Afora a criação e potencialização dos produtos artesanais já existentes na comunidade, os saberes também serão repassados. "Nós queremos vender a demonstração e não só produto", completou Brito.
Estes são os pilares de um Museu Comunitário: revitalizar, pesquisar, demonstrar, vender, conviver. Surgidos no final do século XX, os museus comunitários relacionam a história da comunidade, suas raízes, produções culturais, à perpetuação do fazer artístico e suas significações. A relação socioeconômica também tem importância neste processo. "Queremos receber escolas, universidades e turistas que queiram vivenciar e aprender o artesanato de Iparana, mas de uma forma profissional", afirmou Gilberto Brito.
Para isso, o projeto espera conseguir parcerias. "Não podemos esperar somente dos editais. Atualmente só recebemos apoio do Ponto de Cultura. Mas vamos bater na porta das empresas que estão aqui, que já sinalizaram apoio", disse Brito.
REPÓRTER
A Presidente Responde
Nova CPMF
O governo federal tem número para aprovar qualquer coisa no Congresso, inclusive aumento de impostos. O problema virá depois, quando apesar do incremento financeiro a saúde não exibir o avanço correspondente.
Será bom, também, saber as garantias de que o dinheiro a mais irá mesmo para a saúde. Vai haver vinculação constitucional? Mas como, se a legislação proposta é infraconstitucional?
Vai ser um belo debate.
O Poder desestabilizado
por Marcos Coimbra
Em nossa permissiva cultura política, não há surpresa no oportunismo da proposta. Ninguém se espanta que alguém faça um jogo como esse, que queira tirar dividendos de uma catástrofe e que, para isso, torça fatos e procure enganar os incautos. Todos nos acostumamos com essa falta de seriedade.
Governo deve conviver com críticas
Eu queria desejar boa noite a todos os presentes.
Cumprimentar o sr. Michel Temer, vice-presidente da República, o nosso governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, e a senhora Lu Alckmin. Queria cumprimentar o senador José Sarney, presidente do Senado. Queria cumprimentar também o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Cumprimentar o presidente da Câmara dos Deputados, deputado Marco Maia. O ministro Cezar Peluso, presidente do Supremo Tribunal Federal, por meio de quem cumprimento os demais ministros do Supremo presentes a esta cerimônia.
Queria cumprimentar a família Frias, o Luiz, o Otavio, a Maria Cristina, e queria cumprimentar também o senhor José Serra, ex-governador do Estado.
Dirijo um cumprimento especial também aos governadores aqui presentes e também aos ministros de Estado que me acompanham nesta cerimônia. Cumprimento o senhor Barros Munhoz, presidente da Assembleia Legislativa do Estado.
Queria cumprimentar também todos os senadores, deputados e senadoras, deputados e deputadas federais, deputados e deputadas estaduais. Queria cumprimentar o senhor Paulo Skaf, presidente da Fiesp. Dirigir um cumprimento especial aos representantes das diferentes religiões que estiveram neste palco.
Dirigir também um cumprimento a todos os funcionários do Grupo Folha. Queria cumprimentar os senhores e as senhoras jornalistas. E a todos aqueles que contribuem para que a Folha seja diariamente levada até nós.
Eu estou aqui representando a Presidência da República, estou aqui como presidente da República. E tenho certeza que cada um de nós percebe, hoje, que o Brasil é um país em desenvolvimento econômico acelerado. Que aspira ser, ao mesmo tempo, um país justo, uma nação justa, sem pobreza, e com cada vez menos desigualdade. Para todos nós isso não é concebível sem democracia. Uma democracia viva, construída com esforço de cada um de nós, e construída ao longo destes anos por todos aqui presentes. Que cresce e se consolida a cada dia. É uma democracia ainda jovem, mas nem por isso mais valorosa e valiosa.
A nossa democracia se fortalece por meio de práticas diárias, como os diferentes processos eleitorais. As discussões que a sociedade trava e que leva até as suas representações políticas. E, sobretudo, pela atividade da liberdade de opinião e de expressão. E, obviamente, uma liberdade que se alicerça, também, na liberdade de crítica, no direito de se expressar e se manifestar de acordo com suas convicções.
Nós, quando saímos da ditadura em 1988, consagramos a liberdade de imprensa e rompemos com aquele passado que vedava manifestações e que tornou a censura o pilar de uma atividade que afetou profundamente a imprensa brasileira.
A multiplicidade de pontos de vista, a abordagem investigativa e sem preconceitos dos grandes temas de interesse nacional constituem requisitos indispensáveis para o pleno usufruto da democracia, mesmo quando são irritantes, mesmo quando nos afetam, mesmo quando nos atingem.
E o amadurecimento da consciência cívica da nossa sociedade faz com que nós tenhamos a obrigação de conviver de forma civilizada com as diferenças de opinião, de crença e de propostas.
Ao comemorar o aniversário de 90 anos da Folha de S.Paulo, este grande jornal brasileiro, o que estamos celebrando também é a existência da liberdade de imprensa no Brasil.
Sabemos que nem sempre foi assim. A censura obrigou o primeiro jornal brasileiro a ser impresso em Londres, a partir de 1808. Nesses 188 anos de independência, é necessário reconhecer que na maior parte do tempo a imprensa brasileira viveu sob algum tipo de censura. De Líbero Badaró a Vladimir Herzog, ser um jornalista no Brasil tem sido um ato de coragem. É esta coragem que aplaudo hoje no aniversário da Folha.
Uma imprensa livre, plural e investigativa, ela é imprescindível para a democracia num país como o nosso, que além de ser um país continental, é um país que congrega diferenças culturais apesar da nossa unidade. Um governo deve saber conviver com as críticas dos jornais para ter um compromisso real com a democracia. Porque a democracia exige sobretudo este contraditório, e repito mais uma vez: o convívio civilizado, com a multiplicidade de opiniões, crenças, aspirações.
Este evento é também uma homenagem à obra e ao legado de um grande empresário. Um homem que é referência para toda a imprensa brasileira. Octavio Frias de Oliveira foi um exemplo de jornalismo dinâmico e inovador. Trabalhador desde os 14 anos de idade, Octavio Frias transformou a Folha de S.Paulo em um dos jornais mais importantes do nosso país. E foi responsável por revolucionar a forma de se fazer jornalismo no nosso Brasil.
Soube, por exemplo, levar o seu jornal a ocupar espaços decisivos em momentos marcantes da nossa história, como foi o caso da campanha das Diretas-Já. Soube também promover uma série de inovações tecnológicas, tanto nas versões impressas dos seus jornais, como nas novas fronteiras digitais da internet.
Reafirmo nessa homenagem aos 90 anos da Folha de S.Paulo meu compromisso inabalável com a garantia plena das liberdades democráticas, entre elas a liberdade de imprensa e de opinião.
Sei que o jornalismo impresso atravessa um momento especial na sua história. A revolução tecnológica proporcionada pela internet modificou para sempre os hábitos dos leitores e, principalmente, a relação desses leitores com seus jornais. Como oferecer um produto que acompanhe a velocidade tecnológica e não perca a sua profundidade? Como aceitar as críticas dos leitores e torná-las um ativo do jornal?
Sei que as senhoras e os senhores conhecem a dimensão do desafio que enfrentam, e que, com a mesma dedicação com que enfrentaram a censura, irão encontrar a resposta para esse novo desafio. E desejo a vocês o que nesse caminho sintetiza melhor o sucesso: que dentro de 90 anos a Folha continue sendo tão importante como agora para se entender o Brasil.
É nesse espírito que parabenizo a Folha pelos seus 90 anos. Parabenizo cada um daqueles que contribuem, e daquelas que contribuem, para que ela chegue à luz. A todos esses profissionais que lhe dedicam diariamente o melhor do seu talento e do seu trabalho.
Por fim, reitero sempre, que no Brasil de hoje, nesse Brasil com uma democracia tão nova, todos nós devemos preferir um milhão de vezes os sons das vozes críticas de uma imprensa livre ao silêncio das ditaduras.
Muito obrigada.