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O IRÃ E O IMPÉRIO DECADENTE


BRESSER PEREIRA

“Há algum tempo, o establishment mundial recebeu com um misto de irritação e descrença a notícia de que o presidente Lula se dispunha a intermediar a questão do Irã.
Na semana passada a diplomacia brasileira alcançou um êxito histórico em Teerã ao lograr que o governo nacionalista islâmico do Irã aceitasse o acordo sobre a troca de urânio pouco enriquecido por urânio enriquecido a 20% nos mesmos termos que as grandes potências e a AIEA(agência atômica da ONU) haviam proposto há seis meses.
Não obstante, alegando que o acordo não assegura que o Irã não utilizará o restante do urânio em seu poder para se tornar potência nuclear, os EUA conseguiram convencer as demais grandes potências a levar ao Conselho de Segurança da ONU a proposta de novas sanções ao Irã. E adicionaram mais uma “razão”: assim, evitam que seu aliado Israel bombardeie o Irã. Significa isso que o acordo de Teerã fracassou?
As razões para ignorar o acordo bem pensado e realizado não se sustentam. A recusa dos EUA de continuar a negociação a partir dele deixou mais uma vez claro que seu objetivo principal não é evitar que o Irã tenha a bomba, mas é desestabilizar seu governo.
Desde a Revolução Islâmica de 1979, os EUA vêm procurando derrubar o governo nacionalista iraniano. Primeiro, porque o regime seria fundamentalista; depois, porque ameaçaria Israel.
Nesse sentido, suas ações não se limitaram ao “soft power” e à diplomacia, mas foram militares. Em 1981, financiaram uma guerra mortífera do Iraque de Saddam Hussein contra o Irã, que durou quase dez anos e terminou com a derrota da coligação americano-iraquiana.
Agora, depois de haver invadido e submetido seu antigo aliado, voltam- se de novo contra o regime dos aiatolás e de seu boquirroto e autoritário presidente, Mahmoud Ahmadinejad.
Mostram, assim, coerência em sua política imperial de controle político-militar do Oriente Médio. O fato de a China ter concordado em assinar o pedido de mais sanções significaria que não usará seu poder de veto no Conselho de Segurança? É possível, mas não é provável. A China assinou o pedido para, neste momento, não aumentar seu contencioso com os EUA, que já é grande.
Por isso, é bem possível que o acordo de Teerã e as reações que está provocando levem os chineses, que não têm interesse em que os EUA e a Europa aumentem ainda mais seu poder no Oriente Médio, afinal a recusar seu voto às sanções.
Os EUA são um império em decadência que tenta ser imperial em uma fase da história mundial na qual os impérios não fazem mais sentido.
Os dois últimos grandes impérios foram o britânico e o soviético. Fracassaram por diferentes razões, mas principalmente porque hoje mesmo países mais atrasados são membros plenos da ONU e não aceitam a dominação imperial.
Não obstante, os EUA insistem em terem bases militares espalhadas em todo o mundo para “legitimar” a imposição de sua vontade. Sabemos, porém, que não é com armas, mas com bons argumentos e com concessões mútuas que haverá paz entre as nações.”

“O próprio Presidente da República está sendo censurado. A oposição a Lula, sabendo da popularidade e do conceito que, finalmente, um chefe de Estado no Brasil tem, com índices de popularidade que não param de subir, está usando a Justiça Eleitoral para tentar impedir que a população saiba quem é sua candidata à sucessão. (…)
Qualquer brasileiro, como eu e você, tem o direito de dizer em quem vai votar, se quiser. A lei pode impedir que peçamos votos antes de começada oficialmente a campanha – sim, porque do ponto de vista legal, finge-se que ainda não há campanha – mas não pode impedir ninguém de falar, porque isso é censura. E quando a justiça de um país tira o direito do próprio Presidente da República de falar, a coisa vai muito mal. (…)
Deixar o povo sem saber quem apóia quem é tirar de toda a população o direito àquela frase de Jesus: “Dize-me com quem andas e te direi quem és”. Cada pessoa deve ser livre para saber e decidir se quer votar em Dilma, que é candidata do Lula, ou em Serra, que é o candidato de do es-presidente Fernando Henrique. Por que isso deve ficar escondido? Quem tenta esconder algo, boa coisa não está fazendo.”
Os trechos acima são da coluna semanal que Brizola Neto assina no jornal O Povo do Rio e a íntegra pode ser lida Aqui.

É CEDO PARA COMEMORAÇÕES


por Carlos Chagas
Com o retorno de Dilma Rousseff ao país, importante será verificar de que forma sua nova ascensão nas pesquisas irá refletir-se no comportamento do PT, do presidente Lula e da própria candidata. Dois meses atrás, quando Dilma começou a crescer, ingressando nos dois dígitos das preferências populares, vastas doses de empáfia e de soberba foram sorvidas no perigoso cálice da imaginação. O PT ficou embriagado  e passou a contestar as alianças  com o PMDB, exigindo deixar a condição subalterna em muitos estados, como Maranhão e  Minas. O partido não precisaria mais do respaldo amplo e irrestrito de seu maior parceiro.   Nem o presidente Lula escapou, quando maliciosamente sugeriu que o  PMDB apresentasse uma lista tríplice de candidatos à vice-presidência, em vez da imposição do nome de Michel Temer, com o  qual  tem diferenças.  Dilma manteve-se em silêncio, mas obviamente atrelada às opiniões de seu mestre.

O tempo passou e os índices de  José Serra voltaram a  afogar a pretensão dos companheiros e a própria má vontade do Lula diante do presidente da Câmara, que não passou recibo mas manteve o PMDB inflexível na indicação única, afinal tornada indiscutível e acatada.   Mas as crises estaduais permaneceram, levando o presidente a determinar à direção nacional  do PT que interviesse no Maranhão. Em Minas tudo indicava  acontecer a mesma coisa, se os petistas locais insistissem em contestar o casamento com Hélio Costa, do PMDB.

O problema é que os ponteiros dos institutos de pesquisa deram outra volta e, de novo favorecem a candidata, agora até superando José Serra ou mostrando empate técnico entre eles.  Sofrerão o PT, o Lula e Dilma novo surto de presunção eleitoral? A  febre da arrogância irá    atingi-los outra vez? É cedo para comemorações. 

IstoÉ e o vice de Marina Silva



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Candidato a vice-presidente, na chapa de Marina Silva (PV) o empresário Guilherme Leal, presidente da Natura, acumulou uma fortuna estimada em US$ 2,1 bilhões. Sua presença na campanha tem o objetivo de demonstrar que a defesa do meio-ambiente não é incompatível com o crescimento econômico, segundo reportagem publicada na edição desta semana da revista IstoÉ. Leal é o 13o homem mais ricodo Brasil e o 463o mais rico do mundo, segundo a revista Forbes. Quem conhece o empresário paulista sabe que ele não é um peixe fora d’água no Partido Verde, avisa a revista. 
Já em tom de campanha, Leal explica o que o levou a se engajar na política partidária: “Não podemos deixar de lutar pelo sonho de construir um Brasil mais justo, mais solidário, mais feliz”.

O elevador

Celulose atrai novos investidores

Com horizonte de preços em alta e oferta inferior à demanda até 2013, a produção de celulose desperta o interesse de novos investidores no setor. 


O empresário Mário Celso Lopes, dono de shopping center e terras no Centro-Oeste e os irmãos Batista, acionistas majoritários da maior indústria de carnes do mundo, a JBS, uniram-se na Eldorado Florestal para explorar negócios na área. 


O projeto começa em 15 de junho com a construção da primeira fábrica de celulose branqueada de eucalipto da companhia, em Três Lagoas (MS). Serão investidos R$ 4,8 bilhões – R$ 3 bilhões financiados pelo BNDES – na operação, com início previsto para 2013 e capacidade para produzir 1,5 milhão de toneladas anuais de celulose.