A economia brasileira fechará 2010 com a maior taxa de crescimento dos últimos 24 anos

Claudia Safatle

Ainda que a economia não cresça nada do segundo ao quarto trimestre, já está garantido uma alta de 6% no Produto Interno Bruto (PIB) este ano. Se a taxa de crescimento cair dos 2,7% registrados até março para uma média de 1% nos três trimestres restantes, o crescimento chegará a 7,6%.
É com base nessa realidade que o Ministério da Fazenda fará uma nova projeção para o PIB deste ano, informou o secretário de Política Econômica, Nelson Barbosa, ontem. “Com certeza será acima de 6,5%”, disse. O Banco Central, que até agora trabalhava com um crescimento de 5,8% para o exercício, também vai reavaliar suas estimativas, no relatório de inflação de junho, para algo em torno 6,5% a 7%. A última vez que o PIB cresceu na casa dos 7% foi em 1986 (7,49%)
A força da demanda doméstica traduziu-se no aumento das importações – de 13,1% se comparado com o trimestre imediatamente anterior – sinal de que a demanda cresce acima da oferta. As exportações aumentaram apenas 1,7%. Dos 9% de crescimento, a demanda interna foi responsável por 11,9% e a externa, por menos 2,9%.
Os técnicos do governo chamaram a atenção para dois indicadores que reforçam uma melhor qualidade do crescimento brasileiro: investimentos e poupança interna. A taxa de investimento, que vai ampliar a oferta de bens e serviços, teve aumento de 18% sobre 2009, 1,7 ponto percentual acima de igual período do ano anterior (16,3%). Desses, 1,5 ponto percentual decorreu do aumento da poupança interna.
Aposta-se, agora, na desaceleração a partir do segundo trimestre, fruto da retirada dos incentivos concedidos no auge da crise global e do aperto monetário. Soma-se a isso a própria base de comparação do PIB que já resultará em desaceleração, argumenta a Fazenda. No ano passado a economia teve desempenho negativo de 1,5% no primeiro trimestre (o dado anterior de menos 0,9% foi corrigido) e crescimentos de 1,5%, 2,2% % e 2,3% nos demais trimestres – segundo dados revisados ontem.
Amanhã o Copom deve sacramentar novo aumento de 0,75 pontos na taxa Selic, elevando-a para 10,25% ao ano, em mais uma rodada de aumento dos juros para moderar o crescimento da demanda e enquadrar a inflação.
O desenrolar da crise na Europa é outro elemento que deve contribuir para a desaceleração da economia. “A situação está piorando muito e é preocupante para o mundo inteiro”, disse o secretário, que embarca amanhã para Bruxelas para um encontro com representantes da União Europeia.
Da Alemanha o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao comentar os dados do PIB, acrescentou: “Um outro fator que ajudará no desaquecimento é a crise europeia, que diminui a disponibilidade de crédito para a economia brasileira e dificulta a rolagem da dívida das empresas. Vai, também, dificultar os IPOs e diminuir a abertura de capital das empresas”.
O ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, considerou os 9% exagerados e disse que o ideal é uma taxa entre 6% e 6,5%. Para ele, o ritmo do primeiro trimestre pode levar o país a esbarrar na capacidade de produção e a pressões de preço de matérias primas e bens intermediários, além de causar “problemas de logística”. O ministro concorda com o aperto monetário e prevê novo aumento da taxa Selic hoje.
Para o presidente do BC, Henrique Meirelles, o crescimento “vigoroso” do primeiro trimestre “confirma que a economia se recuperou integralmente” e mostra o acerto da estratégia de combate à crise. Em rápido pronunciamento, ele destacou que o avanço mais pronunciado da indústria e do agronegócio contribui para “balancear” o crescimento. Ele apontou o “resultado particularmente importante” do investimento.

Dilma - Pimentel fica! Dossiê é factóide!

Dilma Rousseff, negou categoricamente ontem o afastamento de Fernando Pimentel da coordenação de sua campanha e afirmou que as notícias nesse sentido são "invenção" e "factoide".
Ela voltou a negar que a campanha tenha produzido dossiês. 
Ela e o deputado Antonio Palocci (PT-SP), um de seus coordenadores, reafirmaram em conjunto: O Fernando está na campanha.
Dilma completou: 
- "É invenção. Factoide é isso. Vou reiterar: tais documentos, se existirem, porque não tenho conhecimento deles, nunca os vi; se existirem, não foram elaborados pela nossa campanha. Vamos deixar isso claro. Qualquer outra ilação é uma falsidade. Era bom que aparecessem esses documentos aos quais todo mundo se refere, e ninguém demonstrou a existência deles - disse."

Inflação de maio é a menor do ano

A inflação oficial do país, medida pelo IPCA - Índice de Preços ao Consumidor Amplo -, registrou no mês de maio 0,43%. 


Segundo o IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -, a taxa registrou o menor percentual do ano. 


Com este resultado, a inflação acumula alta de 3,09% até o momento. E o que é melhor, com tendência de queda. 


Mesmo assim os colonistas, especialistas e economistas regiamente patrocinados pela agiotagem fica a fazer terrorismo e sugerir que o BC aumente a selic.


Corja!!!

Lula afirma que denúncia sobre dossiê “é mais uma armação”

O presidente Lula classificou ontem como “mais uma armação” as denúncias de que o PT ou o comando da campanha de Dilma Rousseff teria encomendado a produção de dossiês contra o pré-candidato tucano José Serra.
    “Com todo respeito que tenho a vocês (jornalistas), com todo respeito que tenho a mim, tenho coisa mais séria a fazer do que discutir o dossiê do PSDB. Eu conheço as histórias do dossiê do PSDB”, disse o presidente, em Fortaleza (CE).
    Diante da insistência dos jornalistas, que lhe perguntaram se tinha “conhecimento do dossiê”, Lula afirmou:
    “Não falo nisso porque a matéria (publicada por Veja) que falou do dossiê é alguma coisa tão absurda que, se algum de vocês parasse trinta segundos para ler, falaria: é mais uma armação que está em jogo. Minha preocupação no momento é governar o Brasil”.

Outra privataria tucana. Agora no Rio Grande do Sul

AYRTON CENTENO
    Sob pressão de centenas de manifestantes que levantavam cartões vermelhos diante do prédio da Assembleia Legislativa, os deputados gaúchos adiaram para hoje a votação do projeto em que a governadora Yeda Crusius (PSDB) oferece pela bagatela de R$ 79,3 milhões os 74 hectares mais cobiçados de Porto Alegre, situados diante do estádio Beira-Rio, com direito a visão perene da capital gaúcha e do estuário do Guaíba. Custa pouco mais de R$ 1 milhão por hectare. Para a especulação imobiliária é a barganha do ano. Basta saber que, a poucas quadras dali, cada hectare do terreno do antigo estádio do Internacional é oferecido por R$ 9,2 milhões.
    “Este projeto tira a nossa casa, a nossa vida, o nosso direito de sobreviver”, discursou a dona de casa Nora Nei da Silveira Ferreira, uma das líderes das seis comunidades ameaçadas pela venda do terreno da Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase), antiga Febem/RS, junto ao morro Santa Teresa, no bairro Menino Deus.
    Como os moradores, ambientalistas e sindicalistas foram impedidos de entrar na sede do Legislativo, Nora Nei desafiou os deputados com seu palavreado seco e direto do alto do caminhão de som:
    “Vocês têm que tirar a bunda dessas cadeiras e deixar a gente entrar, porque nós é que botamos vocês aí”.
    Sobrou para a governadora Yeda uma referência à mal explicada compra da mansão de sua mansão:
    “A senhora disse que sua casa não foi roubada. Pois a nossa também não!”
    “Daqui não saio, daqui ninguém me tira” cantavam moças e rapazes das seis vilas do morro segurando faixas onde se lia “Não à venda da área da Fase”, “Levanta favela!” ou “O luxo dos ricos ameaça o nosso futuro”.
    De quando em quando, o locutor da manifestação perguntava: “Quem votar contra o povo, o que vai ganhar?”. E a resposta: “Cartão vermelho”, dizia a multidão erguendo os cartões.
ACAMPAMENTO
    Antigo companheiro de José Lutzenberger, um dos maiores nomes do ambientalismo brasileiro, o ex-vereador Caio Lustosa lembrou as lutas passadas contra a devastação ambiental e se solidarizou com as comunidades.
    Três vereadores de Porto Alegre – Sofia Cavedon e Carlos Todeschini, ambos do PT, e Fernanda Melchiona, do PSol — subiram ao carro de som para comunicar que a Câmara Municipal, por unanimidade, decidira pedir a retirada do projeto de pauta e entregara moção neste sentido ao presidente da Assembléia, Giovani Cherini (PDT). O Tribunal de Justiça já pedira aos deputados que não votassem o projeto da maneira como fora encaminhado. Na semana passada, o Ministério Público Estadual fizera a mesma recomendação.
    Porém, à tarde, após a reunião de líderes, Cherini comunicou que o projeto irá a votação nesta quarta sob pena de trancar a pauta. O deputado Elvino Bohn Gass (PT) percebeu a intenção da base de Yeda de votar favoravelmente à proposta, o que inclui PMDB, PSDB, PP, PPS e PTB. A oposição reúne, sobretudo, o PT, PCdoB e PSB. Há expectativa, dos oposicionistas, de que DEM e PDT também se posicionem contra a venda do terreno. Segundo o sindicato que representa os funcionários da Fase, a proposta não explica como ficará a situação dos 23 hectares protegidos pela lei ambiental e das duas mil famílias que vivem nas seis vilas do morro.
    No projeto, o Estado vende ou troca os 74 hectares para aplicar o dinheiro na construção de nove unidades descentralizadas da Fase. Além do governo e de sua base do Legislativo, opinou a favor da proposta o Conselho de Supervisão dos Juizados Regionais da Infância e da Juventude.
    Moradores das seis comunidades, ambientalistas, funcionários públicos, sindicalistas, estudantes e apoiadores prometem montar acampamento diante do Legislativo e não arredar pé do local para acompanhar a votação. Eles advertem que o deputado que “entregar a área para a especulação” terá seu nome e sua foto espalhada em outdoors para a população saber como se comportou. Para dona Nora será “o momento de saber quem está contra nós”.
Sendo verdadeiro que cada hectare do antigo estádio do Internacional é oferecido por 9,2 milhões...O que Yeda (Cruzes) está fazendo, é roubar descaradamente o povo gaúcho. Como sempre com a cumplicidade de muitos.

Ritmo de 10% ao ano já dura três trimestres

Fernando Dantas 

O Brasil cresce há 9 meses num ritmo anualizado de 10% ou mais. A previsão dos analistas, porém, é que a velocidade caia para algo entre 4% a 5% ao ano. Já há sinais de suavização a partir do segundo trimestre, o que deve levar o crescimento em 2010 para um nível entre 7% e 8%.
Alexandre Schwartsman, economista-chefe do Santander, nota que a velocidade de crescimento em nove meses é de 10%; em seis meses, é de 10,4%; e, no primeiro trimestre, de 11,2%.
Ontem, junto com os dados do PIB do primeiro trimestre, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou também a revisão para cima do crescimento do PIB trimestral dessazonalizado do terceiro e do quarto trimestres de 2009. As taxas passaram de, respectivamente, 1,7% e 2% para 2,2% e 2,3%.
Essa mudança acabou aumentando o chamado “carregamento estatístico” de 2009 para 2010 – simplificadamente, um resíduo de crescimento que se incorpora ao resultado de 2010, mas está ligado ao ano anterior. Assim, pelas contas do Santander, se o PIB parasse de crescer depois do primeiro trimestre, ainda assim a expansão em 2010 seria de aproximadamente 6%.
Consumo. No detalhamento das contas nacionais do primeiro trimestre, nota-se que os investimentos puxaram a aceleração, com crescimento anualizado acima de 30% por três trimestre consecutivos – em relação aos trimestres anteriores, dessazonalizados.
Já o consumo das famílias se mantém como o principal motor de longo prazo, registrando no primeiro trimestre crescimento de 9,3%, comparado a igual período de 2009. É a 26.ª expansão trimestral seguida (desde 2003). Com essa taxa, o consumo das famílias retomou o mesmo ritmo do terceiro trimestre de 2008, depois de ter caído bastante – mas sem deixar de crescer – no início da crise global.
Porém, no ritmo “da ponta” (tendência de curto prazo), o consumo das famílias moderou-se. Ante os trimestres anteriores, descontados os fatores sazonais, ele caiu gradativamente de 2,9% para 1,5% (6,1% anualizado) entre os primeiros trimestres de 2009 e 2010.
A agropecuária cresceu 5,1% no primeiro trimestre, ante igual período de 2009, depois de cair ao longo de todo o ano passado nessa base de comparação. Os destaques no primeiro trimestre foram soja, algodão e milho.
Na indústria de transformação, alguns destaques foram máquinas e equipamentos, metalurgia e siderurgia e têxtil. A construção civil foi impulsionada pelo crescimento de 48,1% no crédito à habitação no primeiro trimestre. No setor externo, as exportações cresceram 14,5% e as importações, 39,5%, ante o primeiro trimestre de 2009. Com isso, o País registrou no primeiro trimestre de 2010 uma necessidade de financiamento recorde de R$ 25 bilhões.

Os dossiês na política

De Marcos Coimbra, sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi:
Na política, como em muitas coisas, existe uma mistura de transparência e segredo. Todo mundo vê algumas coisas e poucos conhecem todas. Os políticos e os profissionais que vivem em função dela (assessores, consultores, marqueteiros, jornalistas, etc.) costumam falar apenas das primeiras, mas cansam de saber das segundas.
Quando acontece delas serem expostas à luz do dia, ao cidadão só resta ficar chocado. Muitas vezes, nem acredita que é dessa maneira que o sistema político funciona. Lamentavelmente, no entanto, a verdade é que é assim mesmo.
A vida política está cheia de coisas que, com ou sem razão, os políticos acham que escandalizariam as pessoas comuns se elas as conhecessem. Daí que é melhor não dizer nada e deixá-las na santa ignorância.
A regra do jogo é fingir inocência sempre que se revela alguma coisa do mundo escondido. Quando alguém levanta o tapete e mostra algo feio, é essencial fazer cara de paisagem e se mostrar surpreso.
Veja-se a questão do financiamento da política. Não deve haver um só profissional do ramo que ignore como são obtidos os recursos que viabilizam as campanhas eleitorais com alguma chance de sucesso. Se existe alguém tão ingênuo, é bom se informar depressa, para não passar vergonha frente a seus pares.
Mas, na época do mensalão, o que vimos foi o cômico ar de perplexidade de alguns parlamentares, o à vontade com que assumiam o papel de quem nunca tinha ouvido falar nas práticas denunciadas. Como se não fizessem exatamente o mesmo (ou muito parecido, para não generalizar demais).
O caso do dossiê que a campanha Dilma teria mandado fazer contra Serra tem a ver com isso. Ele não é curioso apenas por ser um escândalo que não se concretizou (pois, pelo que consta, nada há no dossiê além de documentos já divulgados), mas por questionar e demonizar uma prática corriqueira.
Podem-se discutir muitas coisas no episódio. É possível que os responsáveis pela área de informação do comitê petista tenham sido incompetentes na seleção dos arapongas que iam contratar (embora não seja ramo onde é fácil recrutar pelo critério de moralidade). É provável que muita gente tenha falado demais. É certo que o caso caiu no caldeirão das brigas internas pelo poder na campanha.
Mas o que todo mundo que lida com a política sabe é que não houve na história nada de novo. Mesmo que não seja algo que se alardeia.
Nos Estados Unidos, existe até a profissão de “oppo”, como são chamados os especialistas em “pesquisa da oposição”, eufemismo criado para evitar dizer que são os encarregados de investigar os podres dos adversários. Eles atuam ostensivamente, apesar de parte de suas atividades ficar na surdina. As campanhas não os escondem, suas firmas anunciam nas publicações destinadas ao business eleitoral, seus nomes aparecem na “ficha técnica” das campanhas.
Em nosso sistema político, prevalece outro modelo: todos fingem que “essas coisas” não existem, embora todos as façam. Desde a redemocratização, não houve campanha para cargo relevante que não tivesse sua área de informação e contra-informação. Contando ou não com a ajuda de especialistas de dentro do governo. Às vezes, para fazer uso da informação (como já aconteceu até para detonar candidaturas presidenciais), às vezes para inibir o outro lado (“não fale mal de mim, senão eu falo de você”).
Como no financiamento heterodoxo, nos dossiês um diz que faz por que o outro faz. Se alguém insistisse em ser bonzinho, seus oponentes levariam vantagem, pois não se absteriam de fazer as habituais maldades. E o pior é que é verdade. Respeitar as regras quando o adversário não as respeita pode ser eticamente superior, mas talvez seja fatal no vale tudo da política. Que todos praticam.
Os profissionais americanos do ramo costumam dizem, com orgulho, que seu trabalho é “fabricar balas”. No Brasil, os dois lados já estão armados e municiados há muito tempo.