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O Brasil e o colapso mundial


Por Adriano Benayon
O colapso em âmbito mundial: sobe o número de descrentes quanto à primeira ilusão, embora quase só se fale da Grécia, sob intervenção dos “credores”. Também, um pouco, da Espanha, por estar seu governo “socialista” cortando despesas, sacrificando empregos, salários e  benefícios sociais, apesar de  lá já haver a maior taxa de desemprego da Europa, acima de 20%. Também a desvalorização do euro ilustra o estado periclitante das economias européias, fazendo notar que o colapso financeiro mundial está entrando em nova fase aguda. Por outro lado, o afundamento da moeda européia mascara a vulnerabilidade e a decadência do dólar e da libra esterlina, as moedas dos dois maiores centros financeiros do Mundo.

De fato, o afundamento do euro resultou, em grande parte, das avaliações negativas em relação a Grécia, Portugal, Espanha, Irlanda e Itália por parte das agências internacionais de risco de crédito, Standard & Poor’s, Fitch e Moody’s, controladas pela oligarquia anglo-americana. Essas agências classificaram como bons os títulos impagáveis que causaram rombos de trilhões de dólares nos balanços dos grandes bancos, detonando o colapso em 2007 e 2008.
As dívidas daqueles cinco países totalizam US$ 2,6 trilhões com seus seis principais credores: França, US$ 911 bilhões; Alemanha, US$ 703 bilhões; Inglaterra, US$ 413 bilhões; Holanda, US$ 244 bilhões; EUA, US$ 186 bilhões; Japão, US$ 122 bilhões. E há mais 16 países credores.

Bolhas ocultas
Entretanto, os EUA e o Reino Unido têm as maiores dívidas do mundo, e seus bancos centrais são recordistas em matéria de emitir moeda e adquirir títulos dos respectivos Tesouros. Não obstante, EUA e Grã-Bretanha não recebem notas baixas das agências de risco, nem o FMI é chamado para impor a eles “pacotes de reajuste econômico”.

A “tranquilidade” em Nova York e Londres resulta da ocultação de bolhas infladas com o capital que o FED e o Banco da Inglaterra injetaram nos bancos e com o dinheiro obtido por estes vendendo ao governo, pelo valor de face, títulos tóxicos que não valem senão pequena fração desse montante.
Novamente, como em 2008, estão pendentes derivativos na casa das centenas de trilhões de dólares, sem liquidez ou mesmo solvabilidade, porquanto uma e outra faltam à maior parte dos créditos finais que deveriam lastrear esses derivativos.

Tudo isso faz que operadores mais avisados dos mercados financeiros busquem reserva de valor no ouro e em outros metais preciosos. O ouro valorizou-se 17,3% em relação ao euro, só nos últimos 30 dias, e mais de 70% desde o início de 2008. Em relação ao dólar foram  30% de um ano para cá e 86,5% nos últimos cinco anos.

A perda de valor das principais moedas de reserva mundiais  seria ainda maior, se os manipuladores dos mercados mundiais, que controlam as principais bolsas, como a London Bullion Market Association, não vendessem certificados simulando a existência de ouro de que não dispõem.

Cenário realista
O mal escondido colapso financeiro aparece quase de corpo inteiro na Europa, e a menos exposta situação dos EUA e do Japão é, no mínimo, tão insustentável quanto a européia. Em suma, o cenário realista aponta para profunda depressão econômica, uma vez que as recentes explosões da crise estão ocasionando novas quedas nas despesas de investimento produtivo e nos gastos sociais. Agrava-se, pois, o desemprego recorde em que já se encontram os países atingidos.

Esses países não são somente os que a indecente mídia anglo-americana chama PIIGS (Portugal, Italy, Ireland, Greece, Spain; PIG = porco), mas também as grandes potências e centros imperiais controladores dos mercados financeiros mundiais: EUA e Inglaterra.

Analistas competentes entendem que a depressão ficará por muitos anos, com maior deterioração dos direitos sociais, determinando convulsões, e ainda maiores quedas na produção, que já afundou muito nos últimos três anos. Com isso, declínio das receitas fiscais, fazendo crescer ainda mais os déficits públicos, levando a maior emissão de títulos públicos e monetização das dívidas. Depois, inflação e  hiperinflação.

Isso significa a ruína completa dos trabalhadores, mesmo os mais qualificados, a dos pequenos empresários e até a dos de médio e grande porte que não fazem parte da oligarquia. De fato, além de perder seus meios de ganhar dinheiro, durante a depressão, verão suas economias pulverizar-se por completo ao manifestar-se a hiperinflação.

Moral da estória: Esses cenários de miséria e horror ocorrem em decorrência apenas da lógica do mercado, aquela mesma que foi endeusada pelo totalitarismo da globalização, dos anos 80 do século XX até o despontar do colapso financeiro em 2007? Ou resultam de planejamento calculado por parte da oligarquia financeira mundial, com o objetivo de tornar absoluta a concentração de poder e econômico e político que ela promoveu, durante todo aquele período, de forma intensa?
Como quer que seja, a humanidade está diante do maior desafio que já teve desde seu surgimento, pois, nunca antes, tantos mecanismos de destruição (econômicos, sociais, culturais, políticos, militares e nucleares) estiveram voltados contra ela.

Efeitos do colapso no Brasil
Estrutura econômica - antes de tratar do que vem por aí, cabe ter presente a estrutura econômica implantada no Brasil desde 1954, caracterizada  pela transnacionalização subordinada aos centros mundiais. Dessa estrutura dependente e vulnerável advieram elevados déficits nas transações correntes com o exterior causados pelo superfaturamento de importações e pelo subfaturamento de exportações e por fraudes das transnacionais, fazendo transferências a título de “serviços” superfaturados e até fictícios.

Daí veio, de 1979 até o final dos anos 80, aguda crise de balanço de pagamentos. A dívida externa foi usada para aprofundar e ampliar a ocupação dos espaços e do poder pelo capital estrangeiro, inviabilizando o desenvolvimento econômico e social do país, assim transformado em zona de exploração de fabulosos recursos naturais e abundante força de trabalho.

Cessando os novos créditos internacionais em função da impossibilidade de fazer face a seu serviço, deu-se o crescimento exponencial da dívida interna, a partir de 1980. A dívida externa resultara do financiamento de déficits externos criados em função de fraudes, além de empréstimos e financiamentos para programas de “desenvolvimento”, sob dependência tecnológica e financeira do exterior, em condições danosas ao País, com importação de pacotes fechados em favor das transnacionais ganhadoras de concorrências arranjadas  pelo  Banco Mundial.

Ademais, foi ela enormemente incrementada por causa da decisão do FED (banco de reserva dos EUA), em 1979, elevando os juros em dólar, de taxas reais não maiores que 2%, para mais de 20% ao ano. 

Em 1982, isso redundou na inadimplência forçada. Depois, o “governo brasileiro” estatizou a dívida privada, elevando ainda mais a dívida pública externa. Essa medida foi mais uma ditada pelos bancos estrangeiros “credores”, para que estes ficassem seguros de cobrar os injustificados débitos do Brasil, independentemente de falências ou concordatas de devedores privados. 

De capitulação em capitulação, o governo firmou, em 1983 e 1986, acordos de “reestruturação da dívida”, os quais a par de a tornarem cada vez menos administrável, ataram toda a política econômica aos ditames dos agiotas mundiais. Daí a míngua dos investimentos públicos e o declínio das taxas de crescimento da economia.

O privilegiamento ao serviço da dívida no Orçamento foi instituído por meio de fraude, tendo entrado na Constituição em 1988, sem jamais ter sido objeto de discussão durante a Assembleia Constituinte.

Despesa inimaginável
O resultado disso é que, de 1988 a 2009, a União federal despendeu, em valores atualizados de dezembro de 2009, a inimaginável quantia de R$ 5,7 trilhões, a título do “serviço da dívida”, i.e., juros, encargos e amortizações, sem contar a rolagem de dívidas.

A dívida interna cresce brutalmente, porque o Banco Central fixa as taxas de juros mais altas do mundo nos títulos emitidos pelo Tesouro Nacional, enquanto países com dívidas mais altas que a do Brasil pagam juros em taxas inferiores à da inflação.

Assim, sem que a dívida federal decorra de despesas com finalidade econômica ou social válida, como investimentos produtivos, de infraestrutura ou sociais, seu serviço anual em 2009 ascendeu a R$ 380,00 bilhões, quantia mais de 10 vezes maior que o investimento total da União e igual a mais de cinco vezes os gastos com educação.

A dívida interna da União atingiu em fevereiro de 2010 o montante de R$ 2,6 trilhões, sendo R$ 2 trilhões em poder do “mercado” e R$ 600 bilhões em títulos no Banco Central. Por outro lado, não existe a propalada extinção da dívida externa. A dívida externa bruta alcançou, em fevereiro de 2010, US$ 294,8 bilhões,  equivalentes a R$ 533,9 bilhões.

O Brasil diante do colapso
Diz-se ser modesta a dívida externa líquida, de US$ 53,7 bilhões, em razão de haver US$ 241,1 bilhões nas reservas. Entretanto, há dano iminente para o  País, pois o grosso das reservas é formado por capitais especulativos ingressados para cevar-se dos altíssimos juros. Os manipuladores financeiros estrangeiros (e alguns “nacionais”) tomam dólares emprestados no exterior a juros em torno de zero, e os convertem em reais em títulos públicos e créditos privados no Brasil. É o “carry-trade.”

Com isso, auferiram em 2009 juros reais de 13%, com a  taxa Selic, propiciada pelo Banco Central, e muito mais nos créditos privados. Ao retornar para o exterior, adicionaram os ganhos da apreciação do real. O  dólar é uma moeda podre, emitida, às dezenas de trilhões, pelo FED, controlado por banqueiros privados, para socorrer bancos que deveriam ter falido em razão da derrocada dos derivativos.

O colapso  mundial já está se aprofundando em nova crise. Com isso, o fluxo do carry-trade será na direção do exterior, e as reservas do Brasil serão pulverizadas. A manutenção delas é mais um delito contra o País, pois estão aplicadas a juros baixíssimos, enquanto o Brasil se endivida internamente às taxas de juros mais altas do Planeta.

Ademais, o Brasil deixou, desde a crise de 2007/2008, de ter saldos positivos nas transações correntes com o exterior. Pior: no 1º trimestre de 2010, teve déficit recorde, de mais de US$ 12 bilhões.

O que está dando equilíbrio precário ao balanço de pagamentos é o ingresso de capital especulativo estrangeiro, que deverá sair durante a nova etapa do colapso mundial. Com o recrudescimento da depressão, as exportações cairão mais, e a crise estará no Brasil, incluindo a retração da atividade econômica. Nada disso haveria, se outra fosse a estrutura econômica, em vez da existente, vinculada aos centros mundiais.

Adriano Benayon é Doutor em Economia. Autor de “Globalização versus Desenvolvimento”, editora Escrituras.

Banco Central estima crescimento de quase 10% para a economia no 1º trimestre

Quem não gostar de ler noticias como esta abaixo é porque...gosta de lê outra coisas.


O Banco Central avalia que a economia brasileira tenha crescido 9,85% no primeiro trimestre de 2010 em relação ao mesmo período do ano passado.

O mesmo indicador mostra que o crescimento sobre o quarto trimestre pode ter chegado a 2,38%.

Nos últimos 12 meses, o país cresceu 3,06% em relação aos 12 meses anteriores.

Os números oficiais do PIB serão divulgados pelo IBGE somente em junho.

Se confirmadas as estimativas, a economia brasileira está em forte ritmo de recuperação, depois da queda de 0,2% registrada em 2009 (ano da pior crise mundial desde 1929).

As estimativas do mercado financeiro, bancos e do governo para o PIB deste ano giram em torno de 6% e 7%. Mas, tem gente falando em 8%.

Brasil vai ajudar a Grécia


O ministro da Fazenda Guido Mantega, informou que o Brasil vai contribuir com socorro a Grécia.

Mantega veio à público para informar que US$ 286 milhões de dólares serão repassados ao FMI.

A grana vai sair das reservas internacionais do Brasil, hoje estimadas em US$ 245 milhões. Fará escala no FMI e, dali, para a Grécia.

Mantega esclareceu que as reservas brasileiras não serão reduzidas por conta do financiamento à Grécia.

"O Brasil emprestará o dinheiro e o FMI nos dará direito especial de saque. É só uma troca de aplicação", disse o ministro.

Instado a comentar os riscos da crise que rói o euro, Mantega disse que as consequências serão, “muito leves”.

Nada que afete o crescimento econômico do país neste ano.

O impacto será maior, segundo Mantega, no desempenho do comércio exterior. 

"A recuperação dos países europeus será mais lenta. Então, teremos que esperar mais tempo para aumentar as exportações para a região".

Acha que a cena internacional ficará menos tóxica entre 2011 e 2012. Por quê?

Sobretudo por conta de indicadores positivos que começam a dar as caras em países com os EUA.

Citou a criação de 290 mil postos de trabalho em abril. O aumento mais expressivo desde 2006.

O Brasil possui títulos da envenenada dívida grega? Alguns bancos privados brasileiros podem ter, disse Mantega. Mas em percentual muito baixo.

Inda tem quem diga que " o governo Lula é igual a governo FHC "...

Grécia - O povo não aceita se sacrificar para salvar banqueiros

Taxem os ricos" e "não toquem nas nossas pensões", advertiram os manifestantes gregos em passeata pelas ruas de Atenas. 

O país parou nesta quarta (5). 

Unificada, a classe trabalhadora mostrou sua força. 

Os terroristas financeiros


Como era previsível, as piranhas do mercado financeiro sentiram o gosto de sangue, na forma do pacote de ajuda à Grécia, até agora o maior da história, e passaram imediatamente a buscar outra presa. Surgiu, nos mercados, um boato (entre as centenas que os operadores financeiros espalham diariamente) de que estava em preparação uma ajuda ainda mais portentosa, desta vez para a Espanha, no valor de 280 bilhões de euros, mais de duas vezes e meia o que foi prometido à Grécia.


"É uma absoluta loucura", reagiu o presidente do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, forçado, justamente pela "loucura", a passar todo o tempo de uma entrevista coletiva a defender a solvência de seu país.


Não adianta: o rumor mais o fato (real) de que as economias europeias estão excessivamente endividadas mais a notícia de que a produção industrial chinesa estava aumentando no menor ritmo em seis meses - tudo isso levou a um desastre nas bolsas da Europa. Na Espanha, houve uma queda formidável (5,41%), a segunda pior jornada do ano, levando o índice ao nível mais baixo desde meados de julho passado.


Na Grécia, como é óbvio, o tombo foi maior (6,6%), mas não escaparam Paris, Londres, Frankfurt, Milão.


Não adianta Zapatero esbravejar e dizer que "não podemos estar continuamente pendentes das especulações". São elas que marcam a pauta, goste-se ou não.


Tanto que o dado sobre a produção chinesa seria pouco significativo em outro ambiente. Afinal, não houve queda, mas crescimento menor --e em um período de apenas seis meses, que é reduzido para decretar que a economia chinesa, motor do mundo, vai desacelerar, que a China vai comprar menos commodities (o Brasil seria uma vítima, nessa hipótese) e por aí vai.


O fato é que os mercados estão praticando atos seguidos de terrorismo financeiro, sem que os governos consigam reagir à altura e em tempo.
Clóvis Rossi é repórter especial e membro do Conselho Editorial da Folha, ganhador dos prêmios Maria Moors Cabot (EUA) e da Fundación por un Nuevo Periodismo Iberoamericano. Assina coluna às quintas e domingos na página 2 da Folha e, aos sábados, no caderno Mundo. É autor, entre outras obras, de "Enviado Especial: 25 Anos ao Redor do Mundo e "O Que é Jornalismo".

A vida como ela é, as coisas como elas são


Escrito em 18 FEVEREIRO 2009
O mundo dá muitas voltas, olhe as voltas que o mundo dá.
Hoje os tucademos, liberais e piguistas estão bem caladinhos no que diz respeito ao “deus mercado” às maravilhas da “iniciativa privada”.
Não ficam indignados, revoltados, estupefactos com os boatos que muitos países desenvolvidos, de 1º mundo pensam seriamente em nacionalizar, estatizar bancos privados.
E por que este silêncio ensurdecedor?
Muito simples camaradas, é a prática da velha máxima dos liberais: O lucro é nosso da iniciativa privada. O prejuízo é do cidadão, é do Estado.
Quando assentar a poeira e “eles” tiverem garantido o resarcimento do capital, aí partiram com toda força novamente contra o maléfico Estado, exigindo que este privatize novamente os bancos.
No final das contas não há e nem haverá nada de novo, nem de bom que se tire desta crise.
Tudo continua como Dantas, desde que a minoria privilegiada criou o Estado para garantir capital e segurança para ela. O resto é conversa fiada.
O capitalismo não prevalecerá, mas sim o financismo.
E nenhuma nação aplicara o ditado popular: Quem for forte se aguente, quem for fraco se arebente.
Assim será, amém!
A grande potência do século XXI será a que seguir este conselho.

Falta moralidade aos mercados financeiros, e a crise não contribuiu para conter a cobiça. O drama grego é só mais uma evidência

Delfim Netto

Não há como negar que a moralidade é o fator mais escasso no mercado financeiro internacional. Isso ficou evidente na análise das causas da crise que abalou a economia mundial. Graças ao abandono pelo governo americano, a partir dos anos 80 do século XX, dos mecanismos de controle construídos nos anos 30 exatamente para evitar os excessos que conduzem a novas crises, o sistema financeiro passou a ditar as regras da economia global. No Hemisfério Norte, dedicou-se inteiramente às atividades especulativas e virou as costas à economia real, a quem deveria servir. Seus ganhos tornaram-se um fim em si mesmo.

As consequências foram terríveis para o setor produtivo: quando o processo especulativo entrou em colapso, arrastou para o abismo a produção de bens e serviços e desempregou milhões de trabalhadores que estavam ganhando a vida honestamente em todo o mundo! O Estado, cuja ingerência era execrada durante todo o processo, foi obrigado a socorrer o sistema financeiro podre para evitar o sucateamento do setor real da economia. Teve de fazê-lo inclusive porque ele próprio ofereceu as condições para a ocorrência da crise ao eliminar toda espécie de regulação. E ainda precisou, apesar das evidências (e da sinalização de algumas vozes sensatas), continuar apoiando fervorosamente a crença de que os agentes financeiros eram suficientemente honestos, sabiam o que estavam fazendo e sempre iriam manobrar as inovações em favor do desenvolvimento da economia.

Não se trata de desmerecer o papel do sistema financeiro para o desempenho da economia nem o valor das inovações para a aceleração do crescimento. Para ajudar o bom funcionamento de uma economia de mercado descentralizada, no entanto, o sistema financeiro precisa atender a dois requisitos básicos, a saber: 1. Ter eficiência para alocar os recursos de que dispõe aos usos na forma mais produtiva. 2. Ser capaz de construir mecanismos de administração de riscos que o habilitem a financiar as inovações do setor real da economia que em geral são mais arriscadas, mas têm maior taxa de retorno. Essa tarefa é a mais decisiva porque o desenvolvimento econômico é essencialmente a combinação de inovações com o crédito para colocá-las em prática.
Num comentário recente, Ross Levine, economista respeitado por suas análises empíricas sobre a relação entre o aperfeiçoamento do sistema financeiro e a aceleração do crescimento econômico, disse que “os últimos séculos demonstraram que as inovações financeiras são cruciais e de fato indispensáveis para a sustentação do desenvolvimento e da prosperidade. As finanças são poderosas e nos últimos anos demonstraram que as inovações financeiras podem tornar-se também verdadeiros instrumentos de destruição das economias”.

Já o competente economista Paul Volcker, o duro chairman do Federal Reserve nos anos 70 e hoje assessor do presidente Barack Obama, foi radical. Disse ele: “Quero que me mostrem a mais leve evidência de que as formidáveis inovações financeiras dos anos recentes tenham feito qualquer coisa para impulsionar a economia”.

O respeitado – e bilionário – financista Warren Buffett, que conhece como poucos o funcionamento dos mercados, foi rápido e econômico em seu comentário: “Os derivativos são poderosas armas de destruição em massa”. Na realidade, Paul Volcker está certo: qual é a evidência empírica de que os credit default swaps (CDS) ou outros derivativos em moda tenham dado a mais leve contribuição para aumentar a produtividade e estimular a atividade real das economias? Ao contrário, eles foram causas eficientes para produzir a tragédia que tirou o emprego e o sustento de milhões de famílias em todo o planeta.

Engana-se quem acredita que essa onda de choque pode contribuir de alguma forma para conter a cobiça e forçar um padrão de comportamento moral aos agentes. Na realidade, a única evidência é de que a moralidade continua sendo o fator mais escasso no mercado financeiro, conforme se conheceu agora no recentíssimo drama que vitimou a Grécia. Desde 2004, o Comitê Financeiro da Integração Europeia e o Banco Central Europeu sabiam que o governo grego e o banco Goldman Sachs realizavam operações para mistificar o déficit fiscal do país. Misteriosamente, nenhuma sanção foi adotada contra a Grécia, que, mesmo depois de conhecida a falsificação das estatísticas, foi admitida na União Europeia. A crise grega obrigou a revelação do mistério: não era só a Grécia, quase todos os demais países da comunidade estavam na mesma situação, envolvidos nas imoralidades pactuadas no sistema financeiro.

Inflação - Copo meio cheio, copo meio vazio


José Paulo Kupfer
Os significados dos movimentos de preços embutidos no IPCA de março são do tipo do copo com água pela metade. Dependendo de quem observe o copo, ele pode estar meio cheio ou meio vazio. Dependendo de quem olha para os componentes do IPCA e para as comparações com o índice em outros períodos, a inflação pode estar explodindo ou caminhando para uma acomodação.
Assim, a pergunta relevante a responder, no momento, é a seguinte: as pressões remanescentes são também sazonais ou derivam realmente de um aquecimento exagerado da demanda?
Ocorreu em março, como era de esperar, um refluxo dos picos sazonais registrados em janeiro e fevereiro. Os preços de itens dos grupos educação e transportes, vilões do primeiro bimestre, ao lado dos alimentos, acomodaram-se. Destaque para os combustíveis, que mostram tendência de descompressão.
Infelizmente, o item que mais pesou no IPCA de março não permite uma resposta inequívoca sobre o comportamento da demanda. As maiores pressões, que respondem por dois terços do índice, vieram do item alimentação e bebidas. As relações deles com os excessos de demanda não são fáceis de identificar.
Tomate, batata e leite continuam campeões de alta de preços, mas isso configura mais um choque de oferta, por causa da temporada estendida de chuvas, do que pressões de demanda. Excesso de gastos públicos, aumento do salário mínimo e crédito abundante não são boas explicações para as fortes altas registradas nos preços da batata, do tomate e da polpa de açaí.
Também não é possível localizar pressões de demanda nos preços administrados, que respondem por um terço do IPCA e se movimentam independentemente da demanda e da taxa básica de juros (Selic). Eles, aliás, devem contribuir, nesta quadra, para moderar as altas do índice.
Resta, então, investigar as altas de preço dos itens que compõem o grupo dos serviços, diretamente afetados pelo nível de demanda. A chave da questão, no caso, localiza-se nos grupos habitação, despesas pessoais, saúde e cuidados pessoais. Esses estão realmente em alta, ainda que essa alta se revele moderada.
O resumo da história é que, embora o IPCA mensal deva continuar recuando, o que já acumulou no primeiro trimestre do ano é mais do que suficiente para justificar a aplicação imediata de um freio na demanda. Mas, pelo exposto, Seria bom tomar cuidado para não exagerar na dose, diferentemente do que uma parcela do mercado está recomendando.

Novos derivativos preocupam BC

Uma modalidade de empréstimo com derivativos de câmbio que prosperou rapidamente no pós-crise preocupa o Banco Central. 


Com base em números informais obtidos no mercado financeiro, o diretor-superintendente da Cetip, Jorge Sant’Anna, estima que esse tipo de empréstimo some R$ 30 bilhões. 


Mas seu valor total e a real exposição ao risco cambial das empresas só serão conhecidos depois que os derivativos embutidos nessas estruturas estiverem todos registrados na Cetip, o que começou a ser feito ontem. 

“Esses empréstimos com duplo indexador, o real e o dólar, são na maior parte posições vendidas em dólar das empresas, que podem ter de novo perdas expressivas caso o real tenha forte desvalorização”, disse Sant’Anna. 



Em um empréstimo com duplo indexador, a empresa toma uma linha em reais pagando menos do que o Depósito Interfinanceiro (DI). 


No entanto, caso o dólar ultrapasse determinada cotação, R$ 2, por exemplo, a dívida da empresa passa a ser em dólar. 


O maior risco nessas transações, no entanto, é seu ajuste mensal. 


Em um empréstimo de US$ 100 milhões por 12 meses, por exemplo, a empresa vende US$ 100 milhões de opções de compra para o banco com data de vencimento no fim de cada mês. 


Se o dólar passar dos R$ 2 logo no início, o risco da empresa será os US$ 100 milhões vezes 12, ou US$ 1,2 bilhão.

BB tem lucro

Aldemir Bendini, presidente do BB divulgou hoje o lucro do banco neste 3º trimestre, foi de 2 bilhões.


No ano o lucro já chegou a 6 bilhões, 2,3% a mais que o mesmo período do ano passado.


O retorno sobre o lucro líquido chegou a 26,2%.

O balanço do terceiro trimestre mostra que as receitas financeiras aumentaram 24,3%, de janeiro a setembro deste ano sobre o mesmo período de 2008, totalizando R$ 47,3 bilhões. 


E o volume de crédito em setembro somou R$ 285,5 bilhões, ou 41,2% superior ao de setembro do ano passado.


Uai, né só a iniciativa privada que sabe administrar não, e por isso a tucademopiganalha gosta tanto de privatarias?...



Comendo poeira

" Quem não seguir instituições públicas vai comer poeira"...

Os ministros Guido Mantega - Fazenda - e Paulo Bernardo - planejamento - aproveitaram a volta do Banco do Brasil ao topo do ranking de maiores bancos do país para criticar instituições privadas e pressionar pelo corte de juros de empréstimos e pela maior oferta de crédito.

E ainda tem gente dizendo: " Lula segue a política econômica do governo passado", é miopia, má-fé ou ignorância?...

Que bem me lembro, no desgoverno tucademo eles faziam questão de quebrar os bancos públicos para dar a banca privada.

Que no fundo, no fundo mesmo é uma privada!