Moro, Deltan e um general* moribundo personagem de histórias em quadrinhos são três corruptos. Aliás, devo também ser corrupto. Quase nenhum de nós sobreviveria a uma sindicância mal feita. Pisamos na grama, furamos fila – um amigo “bondozo” ajudou. Deixamos de pedir nota fiscal, nos distraímos quanto ao troco errado… Infestados de pecadilhos, na escola fingimos não ver que alguém assinou a lista de frequência no lugar do colega. Aliás, vi um ministro do STF assinando no lugar de outro, durante uma banca de conclusão de curso. Ultrapassamos o sinal. Sob olhares de soslaio, de esguelha, fomos cúmplices omissos de violações éticas… E o mais grave: quando crianças, com a boca salivando, fomos omissos frente ao amiguinho dando lambidinha no bolo de aniversário…
Artigo do dia
A família que rouba unida permanece unida, por Armando Rodrigues Coelho Neto
Brasil de Fato entrevista José Dirceu
Zé Dirceu: O golpe tem razões estruturais. Se você olhar a História do Brasil, vai verificar que de tempo em tempo –conforme o nível de organização, politização e, principalmente, ocupação de espaços institucionais, no sentido eleitoral, de governo e parlamentar, como também de auto-organização das classes populares— sempre há uma interrupção do processo. Foi assim em 1964 e se repetiu em 2016. Em outros momentos houve tentativa de golpe, como em 1955, tentativa de impedir a posse de Juscelino. Em 1945, Getúlio foi deposto por um golpe da cúpula das Forças Armadas, elegeu Dutra, voltou nos braços do povo e foi “suicidado" em 54.
Festejam os idiotas! por Malu Aires
Lula, como presidente do Brasil, país com milhões de miseráveis e trilhões em riquezas, poderia ter seguido os passos do seu antecessor e ficado milionário. Tornado os filhos e amigos, milionários.
Poderia estar descansando numa fazenda qualquer no interior do país, com pista de pouso pro seu jatinho. Poderia ter dezenas de apartamentos e imóveis no exterior - NY, Barcelona, Paris...
Sabe por que poderia? Porque, no Brasil, país com milhões de miseráveis, parte da sociedade brasileira só respeita gente que fica rica sem esforço algum, sem honestidade nenhuma.
"Esse soube ser esperto" - diz o que nasceu pra burro e desonesto.
Os iguais cheiram o rabo uns dos outros.
A família Marinho, dona da Globo e das maiores fortunas do país, não tem um centavo lícito. Mas janta com ministro do Supremo.
O dono da Ambev (e seus sócios) ficaram ricos da noite pro dia com informações privilegiadas do governo FHC. Ninguém mexe com eles.
Não mexem, sequer, com um doleiro pé-de-chinelo, de Londrina, vão mexer com o homem mais rico das Américas?
Não, né?
Com essa gente que manda matar, ninguém mexe.
No Brasil, acontece sempre um fenômeno muito estranho. Ladrão sai das colunas de escândalo, direto pra lista Forbes, em um ano.
O dono do Banco Safra é um deles e, toda a lista do escândalo Zelotes já está limpinha na Forbes.
A sonegação fiscal no Brasil chega, por ano, a roubar dos cofres públicos R$1 trilhão.
Estão todos estes trilhões nas listas Exame, Valor, Forbes...
Todo mundo aplaude, porque os Marinho dizem que, toda vez que sai uma lista dessa, o Brasil ganha mais investidores. E o trouxa que acha que TV lhe dá informação de graça, acredita.
O mercado paga anúncio em forma de reportagem que afirma que o Brasil quebrou e que a conta é o aposentado quem vai pagar.
O trouxa acredita e aceita manso.
Na reportagem do ano anterior, o anunciante pagou matéria que afirmava que o pré-sal dava prejuízo ao país.
E o trouxa acreditou e continua acreditando, mesmo, um ano depois, quando a matéria diz que a Shell vai ter lucro e não vai pagar imposto nenhum pelo pré-sal furtado.
Ah, e a gasolina subiu de novo, trouxa.
Dezenas de bilhões pra Shell e nada pro aposentado.
Trilhões de dólares pra Shell, até 2040 e 20 anos sem investimentos no Brasil com educação, saúde e infraestrutura.
Tá aí, o tal Padrão FIFA que os desmiolados pediam, em 2013.
O roubo é o maior do século. Mas nada é dito. O repórter nem comenta. O jornal nem anuncia em letras garrafais "SHELL ROUBA DO BRASIL R$40 BI AO ANO"
Claro que não.
No Brasil, parte da nossa sociedade aceita patifaria dessa, calado. Senta na frente da TV com prato na mão, enche a boca de feijão e farinha e engole a ladainha toda a seco.
Depois, quer descontar a revolta nos filhos, na esposa, no primeiro infeliz que cruzar o seu deprimente caminho. Enche a cara de cerveja de milho transgênico, o ano inteiro, pra votar (de ressaca pesada) no primeiro palhaço que der as caras nas urnas.
"Pior não fica" - fica sim. Sempre fica. Olha aí!
Colocaram Lula pra servir de saco de pancadas, enquanto o roubo segue livre, atravessando todas as fronteiras.
A folha de pagamentos dos desembargadores do TRF-4 compraria uns 10 triplex daquele, por mês. Quem julga juiz? Quem quebra sigilo bancário de juiz?
Não é o dinheiro que some pelo ralo, dia a dia, que importa pro cidadão revoltado com tudo que assiste na TV. Os tribunais podem ficar com todo o dinheiro do roubo. O juiz responsável pode até investir em ações, com os valores retidos em juízo. Os delatores podem até sair livres e ricos, da cadeia. Os promotores, virarem "consultores" dos corruptores.
O que importa? Quem mexe com peixe grande?
Cadeia não é pra rico. Nem pra rico corruptor, nem pra rico estuprador condenado a 278 anos.
O cidadão só quer falar de "triplex". E com um deboche da sua própria condição de classe-média assalariada, que nem ele se dá conta. Ele não está falando de um apartamento na Avenue Foch, em Paris. Sua indignação não vale o salário do desembargador. Não vale o aeroporto da pista de pouso do narcotráfico de Minas. Sua indignação não chega ao valor de um prêmio do BBB. Um roda-roda Jequiti.
A indignação com tamanha micharia, esvazia a legítima revolta de um quarto, em Salvador, acondicionando R$51 milhões em cash.
É muito zero na cabeça, muito escândalo pra esquecer numa semana. Melhor falar do triplex. Mais fácil de pronunciar que "Avenue Foch".
O cidadão não quer Lula preso porque ele congelou investimentos no país, por 20 anos. Não quer Lula preso porque foi o ex-presidente que deu o pré-sal brasileiro pra Shell. O cidadão não quer Lula na cadeia porque foi Lula quem entregou a base de Alcântara pros EUA, as terras produtivas pra China, a água pra Nestlé. Não quer Lula preso porque ele tem rádios, TVs, aeroportos, fazendas... O cidadão sabe que Lula não tem nada comparado a isso, não cometeu nenhum desses crimes que estão fadados ao esquecimento.
O que não dá na TV, ninguém se lembra.
O cidadão quer Lula preso porque o juiz quer Lula preso. Porque a TV quer Lula preso. Porque a Shell quer Lula preso.
Com Lula preso, terão tempo de sobra pra colocar todo o país à venda por R$1.
Lula, com essa sentença, perde seus direitos, sua liberdade. Com esse processo-farsa, perdeu esposa, inclusive.
Mas Lula não perde triplex nenhum a leilão porque o imóvel nunca foi dele. Dinheiro nunca importou a Lula, ou ele teria sido imagem e semelhança do seu antecessor - rico, blindado, amigo íntimo de banqueiros internacionais, dono de instituto intocável, dono de imóveis milionários e com imenso espaço em jornais e TV pra posar de príncipe, até o fim da miserável existência.
Pra isso, Lula teria que vender o Brasil a R$1 pra Shell.
Com essa sentença, quem perde fortunas é o Brasil.
Com essa sentença, o povo brasileiro perde toda a sua dignidade e suas garantias legais e cidadãs. O povo perde emprego, criança perde creche, doente perde hospital, a juventude perde ensino superior, a família perde casa e renda, o país perde respeito e futuro.
A Shell vai ser dona do Brasil e todo país que a Shell ganha de governos, políticos e juízes corruptos, fica na merda.
Vamos comemorar a possível prisão do Lula, pra virar o ano soltando fogos pela gasolina beirando os R$8 o litro, o gás, R$100.
Vamos festejar, idiotas!
Vamos festejar nossa própria sentença de miséria perpétua!
Enfim, agora temos o país de bosta que todos os bostas queriam de volta.
A quadrilha de Curitiba não quer aceitar a delação de Palocci, por que?
Porque ela atinge os realmente poderosos do Brasil. Que são eles: os Bandiqueiros - banqueiros, agiotas nacionais e internacionais e rentistas - e os meios de comunicação, em especial a Rede Globo - famiglia Marinho -
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Delação de Palocci: Record põe no ar os "rabos presos" da Globo
por Fernando Brito: O Domingo Espetacular, da Record, colocou hoje no ar uma longa e detalhada reportagem de Luiz Carlos Azenha que costura o fio que une a ameaça – sempre refugada – de delação premiada do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci e os benefícios – legais e ilegais – dados no início do Governo Lula à Rede Globo de Televisão, envolvida num caso de sonegação fiscal bilionário e, sobretudo, arriscada a falir por conta de seus negócios desastrosos na Europa.
Professor disseca sentença de Moro e deixa o justiceiro mais baixo e sujo que poleiro de pato
Globo, e sua estranha mania de mamar nas tetas do Estado
Um ministro de Geisel uma vez disse o seguinte num despacho para seu chefe: “Os jornais não vivem e nem sobrevivem sem o governo”.Isto, segundo ele, era uma arma poderosíssima que a administração Geisel devia usar em sua relação com a imprensa. Roberto Marinho, disse ainda o ministro, era mestre em pedir “favores especiais” a Geisel por conta do apoio que dava à ditadura.
Corrupção graúda sem Globo e Judiciário envolvidos é igual falar do Vaticano e não falar do Papa
A respeito das delações da Odebrecht, que alguns muitos chamam de delações do fim do mundo, três coisas precisam ser ditas:
1) Se os números assustam, é preciso saber que se trata de UM esquema dentre VÁRIOS que existem – não se constrói maioria em parlamento no Brasil, seja em Xiririca da Serra ou no Congresso em Brasília, sem propina, e quem paga a propina são os fornecedores do Executivo.
2) Faltam delatados na delação do fim do mundo – Judiciário e grandes veículos de comunicação participaram deste banquete, mas agora que a conta está sendo paga, eles saíram de fininho.
3) No que realmente importa, um País livre da corrupção, não vai dar em nada. O que está havendo é uma troca de elenco.
Alguns são expulsos de campo e trocam-se os treinadores eos jogadores, tudo para que o jogo de cartas marcadas continue.
Sobre os esquemas: na década de 90, o mesmo Sérgio Moro, já juiz federal no Paraná, colocou a mão em algo gigantesco. As contas CC5 do Banestado.
Era a forma como políticos e empresários enviaram dinheiro da corrupção e da sonegação para fora do País.
Em 2003, houve uma CPI Mista no Congresso Nacional, que não deu em nada.
A exemplo do que se vê hoje, dezenas de inquéritos foram abertos em consequência das investigações, mas, muito provavelmente como acontecerá com os casos atualmente em apuração, não deu em nada.
Descobriu-se que o equivalente a 19 bilhões de dólares sem origem declarada foi enviado para o exterior e só 17 milhões de dólares repatriados.
Ninguém foi efetivamente punido.
Havia indicações de políticos do PSDB por trás de algumas contas.
José Serra, por exemplo, é citado numa perícia da PF como um dos responsáveis por uma conta chamada Tucano – isso mesmo, Tucano — , que recebeu quase 177 milhões de dólares entre 1996 e 2000.
Nos bastidores da CPI, que tinha um tucano como presidente e um petista como relator, era do conhecimento de todos de que na selva do Banestado tinha uma floresta de tucanos e de políticos ligados ao PFL (depois DEM) e uma meia dúzia de árvores petistas.
Houve um grande acordo e a CPI terminou sem relatório.
A mídia praticamente ignorou o caso. Nas contas do Banestado, também foi descoberto dinheiro da Rede Globo.
Em 2009, a Polícia Federal colocou a mão no caixa 2 da construtora Camargo Corrêa e descobriu que essa contabilidade não oficial irrigava as contas de políticos ligados ao PSDB.
Descobriu-se até uma anotação que constrange o jornalista Reinaldo Azevedo. Sem nome antecede uma flechinha apontando para Andrea Matarazzo e a cifra 50 mil.
Em 2011, o então presidente do STJ, César Asfor Rocha, concedeu liminar que anulou toda a investigação, liminar que foi depois confirmada unanimemente pelo plenário da corte, a partir do voto da relatora Maria Tereza de Assis Moura.
O argumento central aceito pelo STJ é que a investigação tinha origem em uma denúncia anônima.
César Asfor Rocha é o ministro cujo filho advogou para o empresário Carlos Alberto Fernandes Filgueiras, o dono do hotel Emiliano, que morreu no acidente de avião com o ministro Teori Zavascki.
O filho de Asfor Rocha conseguiu no STJ numa vitória que o advogado Carlos Miguel Aidar, que já presidiu a OAB no Estado de São Paulo, considerava impossível.
O filho de Asfor Rocha anulou a penhora do hotel Emiliano, obtida por uma família que negociou com Filgueiras uma área nobre em São Paulo para a construção de apartamentos, e não recebeu um centavo por isso.
O relator do processo era um ministro do mesmo Estado de Asfor Rocha, Ceará, com nomeação que era tida, no meio jurídico, como apadrinhada por ele, de resto um frequente hóspede do Hotel Emiliano e comensal de Filgueiras em jantares no restaurante do chef Alex Atala.
Maria Tereza é a ministra que, recentemente, concedeu prisão domiciliar para a advogada Adriana Ancelmo, mulher de Sérgio Cabral, sob o argumento de que ela precisava cuidar dos filhos.
Há diferentes maneiras de verificar que o buraco da corrupção no Brasil é muito mais embaixo.
A perversa concentração de renda no País é uma delas.
Mas se pode também verifica-la a partir de estudos de caso. E, nesse sentido, a Globo é um paradigma.
A empresa sai maior de cada crise política.
Começou com dinheiro estrangeiro, na década de 60, contrariando a Constituição da época.
Foi incriminada por uma CPI, mas se livrou de penalidade às vésperas do AI 5, quando obteve licença definitiva para funcionar.
No movimento das diretas, a Globo demorou para desembarcar do tanque dos militares, mas, quando foi para a calçada, indicou o ministro das Comunicações do governo de Tancredo Neves, Antônio Carlos Magalhães.
Esse episódio está contado no livro “A História Secreta da Rede Globo”, de Daniel Herz.
Em outra obra pouco divulgada no Brasil, o documentário “Muito Além do Cidadão Kane”, o jornalista britânico Simon Hartog narra que ACM, como ministro, asfixiou o antigo proprietário da indústria de equipamentos de telecomunicações NEC e criou as oportunidades para a compra da empresa, a preço vil, por Roberto Marinho.
A família de ACM se tornou, na mesma época, fraqueada da Rede Globo na Bahia.
Na era Collor, a emissora promoveu o caçador de marajás, estrela de um Globo Repórter, e depois, também com atraso, desembarcou do Morcego Negro – como era chamado o avião de Collor/PC.
Nos dois anos e três meses de governo Itamar Franco, tocou a vida, até encontrar em Fernando Henrique Cardoso o seu grande amigo.
Os companheiros Roberto Marinho e FHC
Eram tão amigos que, em maio de 1997, Roberto Irineu Marinho, recebido num almoço no Palácio do Alvorada, se sentiu à vontade para aconselhar Fernando Henrique Cardoso a ter mais “autoridade”.
O próprio Fernando Henrique conta, em suas memórias, o que entendeu pelo conselho do dono da Globo.
“Entenda-se por isso maior repressão, sobretudo no que se refere ao MST”, escreveu ele em Diários da Presidência.
No almoço, Roberto Irineu Marinho deixou de presente para Fernando Henrique um livro que relatava como o presidente peruano, Alberto Fujimori, muito popular em seu país na época, havia endurecido.
Fujimori havia dissolvido o Congresso e fechado o Poder Judiciário e o Ministério Público, com a colaboração das Forças Armadas.
A família Marinho conseguiu no governo Collor um empréstimo ajuros camaradas da Caixa Econômica Federal, para fazer o Projac, e nadou de braçada nos anos de Fernando Henrique, com financiamentos do BNDES e participação direta e indireta nos leilões de concessão e privatização.
No governo do PT, pelo menos em seus primeiros anos, teve vida fácil, e Antonio Palocci , ministro da Fazenda, prestaria um grande serviço ao País se levasse adiante o que teria insinuado num conversa com procuradores em Curitiba.
Dois procuradores, numa sondagem para saber quem Palocci poderia implicar num eventual acordo de delação premiada, ouviram: “Roberto Irineu Marinho”.
Os jornalistas que cobrem a Lava Jato sabem dessa história e enviei uma pergunta ao advogado de Palocci, Roberto Batochio, para saber se era verdade.
Como resposta, obtive o silêncio.
Nos anos de Palocci no Ministério da Fazenda, a Receita Federal descobriu um caso de sonegação da Rede Globo, ocorrido na aquisição dos direitos de transmissão da Copa do Mundo em 2002.
A dívida só aumentou até 2009, quando uma Medida Provisória foi aprovada pelo Congresso Nacional, que concedeu desconto na multa e na correção monetária e permitiu o parcelamento da dívida.
Não só da Globo, mas de todas os devedores, inclusive da Odebrecht, que agora confessa ter pago propina pelo benefício.
A ação penal contra os três filhos de Roberto Marinho – Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto — , denunciados pela Receita Federal pelo crime contra a ordem tributária, não ocorreu, porque os autos que descrevem o delito desapareceram da Receita Federal.
Eu os encontrei numa casa do subúrbio do Rio de Janeiro, depois que passou pelas mãos de uma quadrilha que tinha o envolvimento de uma funcionária da Receita.
Sem confrontação, a Globo segue com a hegemonia da narração da “delação do fim do mundo” e pode contar a história como quiser.
No Fantástico deste domingo, por exemplo, a emissora colocou no ar o trecho em que Emílio Odebrecht fala que o pagamento de propina é uma sistema de mais de trinta anos.
Na sequência, Emílio disse que a imprensa tinha pleno conhecimento. Chamou de demagogia a denúncia feita agora pela imprensa. Esta parte, a Globo cortou.
Emílio Odebrecht disse demagogia, mas talvez outra palavra se encaixe melhor: hipocrisia.
No purgatório que vive, a corrupta Odebrecht é bode expiatório.
A empresa ficou na mesa e agora paga sozinha a conta da corrupção.
Os outros comensais saíram do restaurante e hoje contam para o público o que se passou, mas, claro, omitem o fato de que estavam lá.
por Joaquim de Carvalho, especialmente para o Diário do Centro do Mundo
O bobo de hum bilhão de dólares, por Fernando Brito
A Lava-Jato acaba no dia seguinte ao impeachment, por Jeferson Miola
Cunha conduzir o impeachment é mais que metáfora; é sinal do Brasil na podridão
A Lava-Jato acaba no dia seguinte ao impeachment. Esta é a moeda de troca: criminosos se livram de processos se depuserem uma Presidente inocente
O impeachment da Presidente Dilma, sobre quem não existe nenhuma acusação por crime de responsabilidade, é um golpe contra a democracia igual àquele dado pela Globo e os fascistas em 64. É um golpe contra o Estado Democrático de Direito, contra a Constituição. E, se consumado, vai abrir uma chaga na história do Brasil que jamais vai cicatrizar.
A estratégia do impeachment foi assentada já em 27 de outubro de 2014, dia seguinte ao sufrágio de 54.501.118 brasileiros/as que entregaram a Dilma o mandato para ser cumprido até 31 de dezembro de 2018.
Inconformados com o resultado das urnas, os golpistas do PMDB, PSDB, DEM, PPS, PTB adaptaram o mantra udenista do "corvo" Carlos Lacerda à realidade atual: Dilma, uma vez eleita, não poderia assumir; caso assumisse, não poderia governar; e, caso tentasse governar, deveria ser sabotada até ser deposta do cargo.
Executaram o plano dentro do figurino udenista com a ajuda do condomínio jurídico-midiático-policial, que congrega atores no Judiciário, no MP, na PF e a mídia. Este condomínio exerce forte dominância na cena pública com um dispositivo amedrontador de poder, que é a Lava- Jato.
Dilma cometeu erros, é verdade. Mas nem o pior dos erros, que foi o de confiar na aliança com o PMDB sob a batuta do chefe da conspiração Michel Temer, se enquadra naqueles crimes que a Constituição autoriza para se poder instalar o impeachment.
Os crimes "congênitos" de Dilma são outros: ela é mulher, não transige com a corrupção, luta e resiste pelo seu povo, é do PT, e simboliza o projeto de desenvolvimento com igualdade iniciado por Lula em 2003; projeto que desfigurou para sempre a fisionomia excludente daquele Brasil medieval no qual só cabiam os 3% brancos, ricos e sulistas.
Dilma não cometeu crimes. O impeachment está previsto na Constituição não para punir erros, mas para punir crimes. Os erros governamentais são punidos pelas urnas ao final do mandato do governante, pelo escrutínio popular que avalia o desempenho do governo. Os crimes de responsabilidade, caso de fato existam, devem ser julgados e punidos através do processo de impeachment.
Romper com uma governante porque não se gosta dela até pode ser um critério válido em namoricos juvenis [e na fantasia de vices "decorativos"], mas jamais pode ser aplicado para uma detentora de mandato popular. A violência em curso não é apenas contra a pessoa da Dilma Rousseff, mas contra as 54.501.118 pessoas que a elegeram – e é óbvio que este contingente humano não ficará passivo diante de monumental agressão.
Não parece estranho que um gangster corrupto como o multi-réu Eduardo Cunha, apesar dos incontáveis processos criminais a que responde no MPF e no STF, dê as cartas no tabuleiro do golpe, enquanto a Presidente Dilma, sem nenhuma mancha na sua biografia, seja uma vítima inocente conduzida ao cadafalso com a cumplicidade – ou negligência – dos mesmos MP e STF?
Observa a ironia: o chefe do Ministério Público e o notório juiz tucano no STF seqüestram o direito constitucional da Presidente para nomear Lula para a Casa Civil; mas, por outro lado, deixam Cunha firme no cargo e cegam em relação aos absurdos "desvios de poder" cometidos por ele, que usou o impeachment como arma de vingança pessoal contra Dilma.
Cunha só continua vivo e firme porque é útil para a conspiração. Ele aceita sujar as mãos com o sangue da Dilma para deixar Michel Temer imaculado. Em troca disso, ganha a promessa do sol de cada dia fora da penitenciária – Cunha recebeu a promessa de impunidade justamente daqueles que deveriam prendê-lo imediatamente.
Estes são tempos de experimentos fascistas, de partidarização do Estado, de origem de um Estado policial e judicial, aparelhado para aniquilar desafetos, adversários e inimigos ideológicos. Na Alemanha dos anos 1920/1930, isso começou com a fixação de estrelas de David nas residências dos judeus, para facilitar a caça, a localização e a eliminação deles.
Cunha definiu a liturgia do golpe: será célere e com votação por ordem regional e não alfabética – por esse critério, ironicamente o primeiro voto será de um réu-deputado do PP/RS que recebeu propina da corrupção na Petrobrás.
Ele também decidiu que a sessão será um espetáculo big brother da Globo. E, para coroar o caráter deexceção do julgamento, será num domingo! A Globo, embalada por este espírito de exceção, combinou com a CBF a antecipação da rodada de futebol em todo o país para a tarde de sábado, e dedicará a grade de programação exclusivamente para a transmissão da tentativa de golpe.
Não é necessário ser vidente para adivinhar que a Lava-Jato acaba no dia seguinte ao impeachment. Esta é a moeda de troca: criminosos se livram de processos criminais se depuserem uma Presidente inocente – mais da metade dos deputados desse tribunal de exceção responde por todo tipo de crime: corrupção, improbidade, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, sonegação fiscal, fraude, estelionato etc, e até homicídio.
A corrupção, magicamente, terá acabado, e então Cunha, Temer, Padilha, Moreira Franco, Maluf, Aécio, FHC, Serra, Bolsonaro e caterva ocuparão o altar reservado às santidades que sempre se locupletaram com as riquezas dessa imensa nação chamada Brasil.
Cunha não reúne as condições de presidir a sessão de julgamento do impeachment, e todos os deputados investigados por crimes não possuem a legitimidade e a moral para julgarem Dilma.
Os democratas do Brasil e as pessoas com um mínimo de bom senso – inclusive aquelas fervorosamente dedicadas à causa golpista, mas que ainda conservam um mínimo de racionalidade – não podemos aceitar que este personagem deplorável, na companhia de inúmeros réus-deputados, presida o julgamento de uma Presidente inocente, digna, íntegra.
Se isso acontecer, será um claro sinal de ingresso do Brasil numa etapa do vale-tudo, do desrespeito às Leis, à Constituição e à moralidade; do absurdo desmedido. Se vale Cunha presidir o julgamento da Presidente Dilma, muitas outras bandalheiras e muitas outras arbitrariedades também passarão a ser validadas e aceitas. Os golpistas devem saber que estão conduzindo o Brasil ao reino da podridão.