A porta giratória que une os tucademopiguistas


A porta giratória que une a campanha de Serra às redações da Folha de São Paulo e da revista VEJA moveu-se mais uma vez: Márcio Aith, que, aspas para o jornal na coluna Painel, "vinha trabalhando na Folha como repórter especial" -e pouco antes fora editor-executivo de VEJA--  agora passa a trabalhar  diretamente na campanha demotucana, como coordenador  de imprensa do candidato do conservadorismo brasileiro. 

Um dos recentes serviços  de Aith na forma ‘ reportagem' foi o factóide  sobre a Telebrás. 

A tentativa  era inviabilizar a política de universalização do acesso à web --que será  anunciada hoje--  criando um vínculo de interesses escusos entre o programa do governo e consultorias prestadas pelo ex-ministro José Dirceu a sócios da estatal . 

A Advocacia Geral da União desmentiu essa possibilidade ao esclarecer que  os  16 mil quilômetros da rede de fibra ótica a serem utilizados no programa, juridicamente já haviam sido retomados pelo Estado brasileiro, embora o sistema Telebrás tenha sido privatizado por FHC,  em 1998. 

Em vão.  Em uma das ‘matérias', Aith dizia que "Dirceu recebe de empresa por trás da Telebrás". 

A nova atribuição do jornalista , agora pela frente,  esclarece de forma cabal as motivações por trás do seu trabalho anterior.

Carta Maior apóia Dilma Rousseff e nada tem contra o engajamento de jornalistas e veículos, desde que isso se dê de forma transparente para o discernimento do leitor

Banda Larga prevê capitalização da Telebrás em R$3,2 bi


O Plano Nacional de Banda Larga contempla a capitalização da Telebrás em 3,22 bilhões de reais entre 2010 e 2014, informou a Casa Civil nesta quarta-feira.
“Efetivamente, a Telebrás está sendo reativada. É claro que dentro de uma modelagem própria, voltada e focada na questão da gestão da banda larga para fazer a gestão dessa rede física”, disse a ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra.
“O papel da Telebrás não é substituir ou limitar a iniciativa privada, de forma nenhuma. Ao contrário, o papel da Telebrás é usar a infraestrutura de que a União já dispõe para incentivar a iniciativa privada.”
Segundo a ministra, a empresa terá uma estrutura “enxuta” e atuará prioritariamente no atacado, “fornecendo insumo para que tanto empresas pequenas quanto empresas grandes possam prestar o serviço ao usuário final”.
A meta do governo é quadruplicar o número de municípios com acesso em banda larga até 2014, atingindo uma marca próxima de 40 milhões de domicílios, acrescentou.
Na BM&FBovespa, as ações preferenciais da Telebrás disparavam 33,5 por cento, para 2,65 reais, às 12h25. No mesmo horário, o principal índice da bolsa paulista, do qual a Telebrás não faz parte, subia 0,6 por cento.
Reportagem de Isabel Versiani e Bruno Peres

Você tem um conselho para dar?


Um velho ditado diz: "Se conselho fosse bom a gente não dava, vendia." Não é o que pensa o designer Daniel Motta, que decidiu contrariar a sabedoria popular nas ruas de São Paulo. Nos fins de semana, ele deixa na calçada de alguma via movimentada caixa com papel e caneta e o pedido: "Me dê um conselho." De um esconderijo, observa e fotografa a reação do público.
A ideia surgiu quando o designer de 29 anos expôs ilustrações de seu livro Poptogramas Brasilis no Metrô. Após a mostra, ele recebeu o livro com comentários dos visitantes. "Eram sensacionais. Achei divertida a reação que as pessoas tinham em relação ao meu trabalho."
Ele decidiu instigar o público a continuar se manifestando. Os resultados foram a caixa, o Twitter @medeumconselho e o site www.medeumconselho.com.br, em que o designer posta alguns dos recados que recebe e fotos de "conselheiros" em ação.
Em dois meses, Motta já reuniu cerca de 400 colaborações. "A melhor coisa é quando chego em casa e começo a ler. Está funcionando exatamente como eu gostaria e imaginava", diz. "As reações são muito aleatórias. Tem conselho sério e conselho engraçado. Mas também conselhos clichê."
Na sexta-feira, levou a caixa para a Avenida Paulista, pela primeira vez num dia útil. Não demorou para que alguns pedestres tomassem coragem.
A estudante de moda Karina Saraiva, de 19 anos, hesitou, mas acabou deixando uma mensagem e chamou a colega Aline Guimarães, também de 19, para ajudar. A frase "Aprenda o que você não sabe ainda", acompanhada de uma mensagem de Gandhi, foi o recado de Aline. Já o jornalista Rafael Boro, de 26 anos, viu na caixa a oportunidade de divulgar seu blog sobre tênis. "É difícil dar conselho a uma pessoa que você não conhece", disse.
A caixa já foi deixada por ele nas feiras do Bexiga e da Liberdade, Rua Augusta, Oscar Freire, Parque da Luz, Museu do Ipiranga e ruas do Centro. A única vez em que teve de sair do esconderijo foi quando um morador de rua tentou levar a depositária dos conselhos. "Eu estava fotografando na hora em que ele levantou a caixa. Tive de sair correndo para recuperá-la."
Projetos. Uma das metas do designer é levar o projeto para a Virada Cultural e, quem sabe, fazer parceria com livrarias e outros locais estratégicos para deixar uma segunda caixa fixa durante alguns dias da semana. O designer quer transformar em livro a coleção de conselhos. "Mas vou ficar no mínimo um ano coletando mensagens para reunir uma grande variedade."
E para onde ele planeja ir no próximo fim de semana? "Estarei domingo, às 14 horas, no Parque do Ibirapuera", promete.

Investimento pode aumentar até 8,5%


A expansão robusta do investimento foi uma das melhores notícias do resultado da produção industrial no primeiro trimestre. Os números revelam uma alta significativa da fabricação de bens de capital e de insumos típicos da construção civil, mostrando o esforço das empresas em ampliar a campanha produtiva. Isso é especialmente importante num momento de crescimento rápido da demanda.

A produção de bens de capital cresceu 3% sobre fevereiro, feito o ajuste sazonal, e 38,4% em relação a março do ano passado. “Esses números confirmam a retomada do investimento”, diz a economista Luiza Rodrigues, do Santander, observando que a produção de bens de capital tem um comportamento bastante pró-cíclico. Caem muito em tempos de crise e se recuperam com força quando a economia reage. Também foi muito bem a produção de insumos típicos para a construção civil. A alta foi de 5,6% sobre fevereiro e de 19,7% sobre março de 2009. Retrato do bom momento do setor é que a produção de bens de capital para a construção avançou 244,5% na comparação com o mesmo mês do ano passado.
Com esse quadro positivo, a economista-chefe da Rosenberg & Associados, Thaís Marzola Zara, passou a estimar que, no primeiro trimestre, a FBCF vai avançar 8,5% em relação ao quarto trimestre de 2009, feito o ajuste sazonal. Se confirmado, será uma aceleração em relação ao ritmo já bastante expressivo observado nos três últimos meses do ano passado, de 6,6%. Luiza vê uma alta um pouco mais modesta, de 5,5%, mas ainda assim um número robusto. Para 2010, há estimativas de crescimento superior a 20% para a FBCF.
“É uma boa notícia, porque se trata de um crescimento forte que se dá em cima de uma expansão significativa nos trimestres anteriores”, afirma ela. Para Luiza, esse aumento do investimento aponta para uma expansão da capacidade produtiva no fim deste ano ou no começo do próximo, dada a demora de alguns meses para a maturação das inversões.
A alta dos investimentos é fundamental num momento de aumento do nível de utilização da capacidade instalada (Nuci). Na indústria de transformação, o Nuci subiu de 84,3% em março para 85,1% em abril, feito o ajuste sazonal, segundo números da Fundação Getúlio Vargas (FGV),. As inversões são importantes para ampliar a capacidade de oferta na economia, evitando o surgimento de pressões inflacionárias. 

Ministério da Fazenda vai rever previsão do PIB para 5,5% a 6,5%


Fabio Graner de Brasília

O Ministério da Fazenda vai revisar novamente sua projeção de crescimento para 2010 e agora deve chegar a um número entre 5,5% e 6,5%, informou ontem o secretário de Política Econômica da pasta, Nelson Barbosa. Com o reconhecimento de que a atividade está em forte expansão, Barbosa disse que o governo pode acionar a política fiscal para “moderar” o ímpeto da economia, ou seja, restringir o ritmo de crescimento do gasto público.
Atualmente, a projeção oficial da Fazenda para o crescimento da economia em 2010 é de 5,2%. Segundo Barbosa, a meta do governo é um crescimento de longo prazo entre 5% e 6%, considerado um nível sustentável a longo prazo. Uma expansão consistentemente acima do teto dessa faixa, na visão do secretário, exige medidas para conter a atividade. Isso porque a oferta de bens e serviços no País, com um crescimento por vários trimestres acima de 6%, pode não ser suficiente para que a demanda seja atendida. Apesar de admitir um ritmo forte da economia, Barbosa ponderou que espera uma desaceleração do crescimento no segundo semestre, refletindo a retirada dos estímulos monetários e fiscais já adotados pelo governo.
De qualquer forma, ele ressaltou que a Fazenda está atenta e poderá apertar a política fiscal para trazer a economia para a faixa ideal de crescimento. Barbosa esclareceu, contudo, que isso não necessariamente implica aumento da meta de superávit primário (hoje de 3,3% do PIB). Ele disse que o governo, por exemplo, pode não usar a margem de manobra dada pelos investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que permitem na prática um resultado primário menor que a meta.

A Telebrás vai gerir Plano de Banda Larga e poderá levar internet a usuário


A Telebrás — estatal que controlou até 1998 o sistema nacional de telecomunicações e que atualmente cumpre apenas funções administrativas — será a gestora do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), que será lançado hoje pelo governo federal. Foi publicado ontem fato relevante na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) informando que a Telebrás poderá inclusive entregar a internet em alta velocidade ao usuário final (residências e empresas), desde que não haja disponibilidade do serviço privado.
O PNBL, destinado à inclusão digital num país onde mais da metade dos municípios não conta com banda larga, está em costura no governo desde setembro de 2009. Apenas 20,8% dos domicílios brasileiros têm internet em alta velocidade.
Segundo o fato relevante, caberá à Telebrás implantar a rede privativa de comunicação da administração pública federal e prestar apoio a políticas públicas de conexão à internet em banda larga para universidades e centros de pesquisa, entre outros. Ela também ficará responsável em prover infraestrutura para as empresas privadas.
Outras empresas foram estudadas para assumir a gestão do PNBL. Entre elas Correios, Serpro, Dataprev e até mesmo uma nova estatal. A Oi também apresentou proposta com investimentos de R$ 27 bilhões, valor considerado alto pelo governo.
A opção pela Telebrás, segundo os técnicos do governo, é porque ela seria o caminho mais rápido, fácil e era a empresa pública mais estruturada para a função. Desde 2007, quando o governo começou a estudar a possibilidade de usar a Telebrás como gestora, houve forte alta das ações da empresa na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).
No ano, acumulam 166%.
Já o Ibovespa registra queda de 5,42% no período.
Tarifa deverá variar entre R$ 15 e R$ 35
A tarifa dentro do programa deverá variar entre R$ 15 e R$ 35, para atingir as classes C e D.
Os investimentos necessários preliminarmente para a implantação do PNBL até 2014 são de R$ 6 bilhões. Parte destes recursos, R$ 3,5 bilhões, deverá vir do Tesouro, e o restante, da rentabilidade da própria atividade a partir do terceiro ano. O dinheiro será usado na construção de infraestrutura de rede.
O BNDES pode financiar até R$ 5 bilhões.
O projeto é atender em 2010 cem cidades com banda larga, sendo entre 16 e 18 capitais.
Para isto, serão gastos cerca de R$ 270 milhões, recursos já disponíveis da Telebrás e de sobras dos ministérios. Porém, um problema ainda não está resolvido: a questão das redes de fibras óticas da Eletronet, que administra os cabos da Eletrobras.
Existe uma disputa antiga na Justiça, entre o governo e a Alcatel-Furokawa, sobre quem é dono destas redes. A decisão mais recente da Justiça reconhece a posse da União.
A infraestrutura da Eletronet e da Petrobras soma 21 mil quilômetros de fibras ópticas e é importantíssima para a expansão da banda larga, porque ela é que permitirá levar o serviço aos municípios do país.

Os terroristas financeiros


Como era previsível, as piranhas do mercado financeiro sentiram o gosto de sangue, na forma do pacote de ajuda à Grécia, até agora o maior da história, e passaram imediatamente a buscar outra presa. Surgiu, nos mercados, um boato (entre as centenas que os operadores financeiros espalham diariamente) de que estava em preparação uma ajuda ainda mais portentosa, desta vez para a Espanha, no valor de 280 bilhões de euros, mais de duas vezes e meia o que foi prometido à Grécia.


"É uma absoluta loucura", reagiu o presidente do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, forçado, justamente pela "loucura", a passar todo o tempo de uma entrevista coletiva a defender a solvência de seu país.


Não adianta: o rumor mais o fato (real) de que as economias europeias estão excessivamente endividadas mais a notícia de que a produção industrial chinesa estava aumentando no menor ritmo em seis meses - tudo isso levou a um desastre nas bolsas da Europa. Na Espanha, houve uma queda formidável (5,41%), a segunda pior jornada do ano, levando o índice ao nível mais baixo desde meados de julho passado.


Na Grécia, como é óbvio, o tombo foi maior (6,6%), mas não escaparam Paris, Londres, Frankfurt, Milão.


Não adianta Zapatero esbravejar e dizer que "não podemos estar continuamente pendentes das especulações". São elas que marcam a pauta, goste-se ou não.


Tanto que o dado sobre a produção chinesa seria pouco significativo em outro ambiente. Afinal, não houve queda, mas crescimento menor --e em um período de apenas seis meses, que é reduzido para decretar que a economia chinesa, motor do mundo, vai desacelerar, que a China vai comprar menos commodities (o Brasil seria uma vítima, nessa hipótese) e por aí vai.


O fato é que os mercados estão praticando atos seguidos de terrorismo financeiro, sem que os governos consigam reagir à altura e em tempo.
Clóvis Rossi é repórter especial e membro do Conselho Editorial da Folha, ganhador dos prêmios Maria Moors Cabot (EUA) e da Fundación por un Nuevo Periodismo Iberoamericano. Assina coluna às quintas e domingos na página 2 da Folha e, aos sábados, no caderno Mundo. É autor, entre outras obras, de "Enviado Especial: 25 Anos ao Redor do Mundo e "O Que é Jornalismo".