Filantropia

[...] a infância da brasileira

A companheira Dilma acaba de prometer um programa que, até 2014, oferecerá 75 mil bolsas de estudos para brasileiros em universidades estrangeiras. Ela espera que o empresariado crie outras 25 mil bolsas.
Grande ideia. O andar de cima nacional deveria aceitar o desafio. Numa época em que as grandes universidades americanas fazem shopping pelo mundo afora pedindo doações a endinheirados, os empresários brasileiros podem mudar a qualidade de seus negócios e até mesmo suas imagens, botando dinheiro no ensino superior.
Há educatecas que não gostam de quem lhes oferece recursos, mas quer saber o que se vai fazer com eles. Preferem reinar sozinhos em castelos arruinados. Apesar disso, antes mesmo de apelo de Dilma, já aconteceram dezenas de episódios de filantropia bem-sucedida. Aqui vai contado um, recente.
O empresário João Alves de Queiroz Filho é dono de um patrimônio pessoal estimado em US$ 1,6 bilhão. Em 2002 ele fundou a Hypermarcas, conglomerado que vale US$ 5,6 bilhões, controla 170 marcas e fabrica quatro mil produtos. Seu negócio vai de laboratórios a palhas de aço e camisinhas.
Nos anos 70 ele teve uma hepatite, e seu médico disse-lhe que devia ir aos Estados Unidos para tomar uma nova droga, o Interferon. Ele contrapropôs: o médico viajaria, aprenderia tudo o que fosse necessário e voltaria ao Brasil com a capacidade de propagar o seu conhecimento nos hospitais públicos. (Ele pagaria tudo, inclusive o custo do consultório fechado.)
Junior, como é conhecido, botou US$ 1 milhão na Faculdade de Medicina da USP. Dois terços desse dinheiro foram para um programa que, neste ano, distribuirá 36 bolsas para professores e médicos que pretendam buscar conhecimentos no exterior.
Todos receberão passagens (classe econômica) e mais um salário que irá de US$ 2.500 a US$ 4 mil por mês. Parece pouco, e é, mas aí está o pulo do gato. Os bolsistas que receberem até US$ 3 mil terão direito a um bônus de US$ 2.500 para cada mês de duração da bolsa desde que sejam capazes de demonstrar, na volta, que o conhecimento adquirido teve utilidade e efeito multiplicador na instituição em que trabalham em Pindorama.
Para obter a bolsa, o interessado devia pertencer à Faculdade de Medicina, preencher um formulário, descrever seu projeto e obter uma recomendação acadêmica. Só. A seleção foi feita pelo professor Miguel Srougi, e os 36 convites partirão amanhã.
Elio Gaspari

Ricky Martin

[...]é fotografado em passeio com filhos e namorado


Em um momento raro para as lentes dos fotógrafos, o cantor porto-riquenho Ricky Martin foi clicado passeando por um parque, em Miami, na Flórida, ao lado dos filhos gêmeos, Matteo e Valentino, de dois anos, e de seu companheiro, apontado pela imprensa internacional como sendo o modelo italiano Valerio Pino. Desde que revelou sua homossexualidade, em maio deste ano, Ricky tem falado abertamente sobre seu relacionamento e sua intenção de casar, mas sem revelar o nome do namorado. Em recente entrevista ao apresentador americano Larry King, ele afirmou que irá se casar em breve, e que se sente chateado em ter que sair de seu país para oficializar a união. 

"Por que temos que ir para outro lugar? Por que não posso fazer isso no meu país?", disse.  
http://aeislalvaro.blogspot.com/2010/12/balbinos-sp-na-cidade-dos-homens.html

por Brizola Neto

Jornalistas visitam casa onde morreram filho e netos da Khadaffi; uma bomba não detonada aparece entre os escombros
A nota da OTAN lamentando a morte do filho mais novo e de três netos de Mummar Khadaffi é de um cinismo poucas vezes visto. Não é crível que Khadaffi deixasse seu filho e seus netos numa instalação militar, ainda mais depois de um mês de pesados bombardeios à capital, Trípoli. Foi, sim, um ataque a uma casa, num bairro residencial, com o deliberado intuito de atingir o líder líbio.
Goste-se dele ou não, não é esse o mandato da ONU para a Líbia. Ao contrário, a autorização de uso de força militar é para proteger civis, não para assassinar Khadaffi e muito menos seus filhos e netos.

Mais cruel ainda é que o ataque se deu poucas horas depois de ele ter anunciado publicamente, na televisão, que estava disposto a negociar com a OTAN em troca de um cessar-fogo.

Fica claro que a ação militar não tem como objetivo criar uma saída humanitária para a crise daquele país. Pretende sim a deposição de um regime e o aniquilamento de pessoas que o lideram, pela via do assassinato – porque não é possível considerar que matar com bombas seja menos que um assassinato a bala, sem defesa.
Aliás, é pior, porque para tentar atingir a TV onde estaria Khadaffi  a Sociedade Líbia da Síndrome de Down também foi bombardeada nos ataques da Otan na madrugada de ontem.
Não é para isso a ONU. Os Brics – Brasil entre eles – devem usar o poder que adquiriram na comunidade internacional para exigir um cessar-fogo imediato e o envio de observadores internacionais para zelar por seu cumprimento. A comunidade das nações não pode, mesmo indiretamente, patrocinar ataques de “execução pessoal”. Não deveriam patrocinar ataque algum, mas estes, de deliberada e dirigida ação homicida são intoleráveis.

PIG a fonte de todos os males?...

Procuro passar ao largo daqueles que consideram a grande mídia brasileira a fonte de todo  o mal e mesmo nas entrelinhas, preconizam o seu desaparecimento e o surgimento de outra menos parcial e com mais pudor, digamos, jornalístico.
Devo reconhecer, entretanto, que essa verdadeira ( e muitas vezes justa)  ojeriza, noves-fora qualquer tentativa de calá-la, é cevada muitas vezes por ela mesmo. A partidarização escancarada e o peso desproporcional da crítica dada ao governo central e ao PT certamente que a torna suspeita mesmo quando exerce seu papel legítimo.
São Paulo é São Paulo: o estado mais rico da federação, mais populoso, e hoje um dos centros nervosos da política. Se independente fosse ficaria, em termos de PIB, entre os vinte maiores do mundo.
Pois bem. Tem merecido esse colosso o devido olhar crítico da chamada grande imprensa? Em termos políticos, os sucessivos governos tucanos foram "investigados" com a mesma fúria com que foram os oito anos do PT no governo central? E olha que lá se vão mais de dezesseis anos de total hegemonia. São Paulo melhorou, piorou? Afinal, o que essa experiência tucana tem a oferecer para o resto do país? São perguntas que a grande mídia, no seu afã de focar apenas o governo federal, "esquece"  de se fazer. 
O "prato do dia" hoje é o Delúbio Soares. Nada se compara em termos de diligente acompanhamento o caso desse rapaz. Baixasse uma espaçonave por essas plagas egressa de outro planeta, decerto que os alienígenas  procurariam o ex-tesoureiro do PT como o representante da raça, tal é a sua presença nos nossos diários noticiosos. O seu possível retorno à prática política(refiliação) é tratada como problema de Estado pela mídia. 
Para a Folha, na terra dos bandeirantes jorra leite e mel, e portanto o interessante é explorar esse caso Delúbio ad nauseum e continuar focada no passado da atual presidenta. Sobre esta última saiu uma matéria hoje que é um primor, a começar pelo título "SNI viu elo entre Dilma e grupo armado após anistia". Se alguém provar qualquer relevância nessa reportagem, além do viés politiqueiro, mando uma foto autografada do Delúbio. 
Na mesma toada, a indefectível  Folha, na linha do "jornalismo-lamento", ou seja, aquele que vive se lamentando das "injustiças" feitas com FHC, o seu não reconhecimento como o maior estadista das Américas, choraminga porque o MEC aprovou alguns livros didáticos em que o mensalão não é citado como "o maior escandalo de corrupção da história", o Delúbio (sempre ele!) não come criancinhas, o PT é um partido salafrário, o Lula apenas copiou FHC, e este fez o melhor governo das galáxias.
Faltou sugerir que fossem editados novos exemplares contando a "verdadeira" história recente do país tomando como base as reportagens da grande imprensa.  

Procurador Geral da República

[...] vem aí novo nome?

Roberto Gurgel tenta a recondução. Embora eu o tenha achado um PGR ativo e competente no combate à corrupção, achei sua atuação durante a campanha eleitoral decepcionante, especialmente por não ter exigido mais isonomia da parte de sua subordinada, a Vice-PGE Dra. Sandra Quehorror.
Os outros nomes que concorrem à lista tríplice são:
  • Ela Wiecko Volkmer de Castilho - corregedora nacional do MPU. Doutora em Direito Penal (tese sobre crimes contra o sistema financeiro nacional).
  • Antonio Carlos Fonseca da Silva - doutor em Direito Econômico (tese sobre propriedade intelectual).
  • Rodrigo Janot Monteiro de Barros - mestre em Direito Comercial (dissertação sobre firmas defactoring).

O próprio Roberto Gurgel é o que tem menos credenciais acadêmicas dos quatro, posto que é bacharel em Direito. Porém, isso nada significa no que concerne à competência.
Presumindo que Gurgel não vá para a lista tríplice - o que me parece improvável - os outros três, a julgar por seus currículos, têm credenciais para liderar uma instituição entre cujos deveres se inclui o combate à corrupção pelos agentes do Estado. Castilho e Silva parecem ser os mais gabaritados para a função, mas isso apenas com base no currículo Lattes. Castilho faz pesquisa ativamente e é catedrática da UnB.
Se alguém tiver mais informações sobre os ditos-cujos, podem trazer para cá. Lembrando que um PGR será muito importante nos próximos anos: teremos Comissão da Verdade; o desfecho de grandes operações de combate à corrupção, como a Satiagraha; renovação no CNJ (lembram que o Peluso está querendo "imprimir sua marca" ao Conselho?); grandes processos licitatórios para obras de infra-estrutura; o julgamento do escândalo do Caixa Dois; e por aí vai. Não podemos voltar a ter um Engavetador-Geral nos moldes de Geraldo Brindeiro (que infelizmente ainda não se aposentou).
Tenho simpatia por Ela Wiecko, mas puramente porque seu currículo me dá a impressão de que seria mais linha-dura.

por Alon Feuerwerker

Memórias recentes

Nesta altura do campeonato há poucas razões para discordar de que foi desastrosa a política desenvolvida pelo PSDB na eleição municipal de 2008 em São Paulo.

Enquanto em Minas o então governador Aécio Neves montava uma coligação belorizontina em torno do PSB, para tirar a prefeitura das mãos do PT de modo indolor, em São Paulo o PSDB conseguia a proeza de lançar candidato contra seu próprio governo.

José Serra havia derrotado o PT em 2004, perdera a disputa pela legenda presidencial em 2006 e saíra para concorrer ao governo do estado. Ficou na cadeira o vice, Gilberto Kassab, do Democratas.

Com a gestão bem avaliada e realizações a exibir, era natural que Kassab concorresse à reeleição. Mas o PSDB decidiu lançar Geraldo Alckmin, que nem chegou ao segundo turno. Ficou atrás do vitorioso Kassab e da ex-prefeita Marta Suplicy.

Alckmin que, aliás, já havia sofrido o dissabor de um terceiro lugar na corrida paulistana. Quando era vice do governador Mário Covas em 2000.

O PSDB nunca teve pernas sólidas no terreiro paulistano. Só ganhou uma eleição, a de Serra em 2004. A rotina tucana em São Paulo é perder.

Antes das duas tentativas frustradas de Alckmin, o pré-tucano Fernando Henrique Cardoso (ainda pelo PMDB) perdera para Jânio Quadros em 1985. O próprio Serra havia perdido em 1988 e 1996. O então ainda tucano Fábio Feldmann perdeu em 1992.

Na capital de São Paulo o PSDB quer cantar de galo em terreiro alheio.

Em política as coisas precisam ter algo de natural. Se você depende de um consórcio para chegar ao poder e manter, você não deve agir como se estivesse sozinho no picadeiro. O PT levou um certo número de anos para compreender esse detalhe, mas parece ter compreendido.

Já o PSDB aparenta estar desaprendendo. Ou talvez nunca tenha entendido de fato que a política se faz com alianças -e a brasileira mais ainda, dada a pulverização do cenário partidário.

PT e PSDB têm raiz comum. Surgiram nos anos 80 em São Paulo -o PT antes e o PSDB depois- em reação ao PMDB, ao aliancismo, às frentes políticas. Hoje os herdeiros empobrecidos daquele neoudenismo vagam por aí lamentando a “repeemedebização” da política nacional.

Uma vantagem atual do PT é ter se livrado do modelito. Já o PSDB vive sua era de regressão psicanalítica. A proeza mais recente é ter forçado a luta interna do Democratas ao ponto de levar o único aliado ao limite da autodestruição.

Quatro anos depois, o PSDB em Belo Horizonte -lugar onde o tucanismo igualmente sofre de fraqueza crônica- trabalha para manter a aliança com o PSB do prefeito Márcio Lacerda. Já o PT, que tem a vice de Lacerda, ensaia uma ruptura. Em busca de "espaço".

Tucanos e petistas têm mesmo coisas em comum.

Mais mentiras na grande imprensa


Matéria publicada na Revista Época desta semana, sob o título “Com a Estrela no Bolso”, é claro exemplo de mau jornalismo: desconheço e nunca estive no escritório da sala 320 no complexo empresarial Brasil XXI, e, obviamente, nunca participei de “negociações obscuras” com grupos partidários ou sindicalistas ali. Também não tenho quaisquer relações com o escritório “Lobato Advocacia e Consultoria Jurídica”, localizado no mesmo endereço, onde também nunca estive. O próprio texto ressalta que eu não estava presente na única reunião que descreve, mas afirma que um grupo ligado a mim - repito: o que não é verdade - opera ali. Trata-se de mais um capítulo da luta política que, para atingir o PT, usa meu nome para espalhar desinformação.
Zé Dirceu