Serra, drogas e a rota caipira

O absurdo das declarações do candidato tucano ao Planalto, José Serra (PSDB-DEM-PPS) em relação à Bolívia, não é apenas má fé ou politicagem eleitoreira, gratuita e irresponsável. Tampouco constitui somente uma prova cabal de sua inabilidade para, caso se elegesse presidente, conduzir o Brasil de hoje da forma como o país e seu povo merecem.

Suas afirmações nesse caso constituem principalmente uma demonstração da incoerência de Serra enquanto candidato e enquanto governo, seja no Estado de São Paulo, seja no plano federal que ele foi durante oito anos como ministro do Planejamento e da Saúde na era FHC.

Vejam vocês um exemplo claro e indiscutível dessa contradição: reportagem veiculada no Bom Dia São Paulo pela Rede  Globo (veja) aponta que em apenas um mês foi apreendida cerca de uma tonelada de maconha, cocaína, pasta de coca e crack na chamada rota caipira do tráfico, isto é, no interior paulista.

A rota caipira é formada pela BR 153 (ligação Promissão-Ourinhos e outras regiões do Estado) até o entroncamento com a Rodovia Raposo Tavares. Dela, a droga transita em direção aos Estados do Sul e Sudeste do país. E não apenas drogas: outra reportagem da mesma Globo (veja) mostra que o contrabando de armas funciona a pleno vapor também nessa rota. Continua>>>

AGU apoia sanção de ficha limpa

A AGU - Advocacia-Geral da União - encaminhou hoje ao presidente Lula aval jurídico para que o projeto ficha limpa seja sancionado sem mudanças. 


A lei proíbe a candidatura de políticos condenados por órgão colegiado. 


Para a AGU, a avaliação jurídica mostrou que as novas normas não ferem a Constituição Federal e não apresentam ilegalidades. 


A AGU informou ainda que não há ressalvas sobre o projeto de lei que foi aprovado pelo Congresso Nacional.

A guerra suja da campanha de Serra

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La Paz (Bolívia)
Com o tempo fica claro que a questão da Bolívia e do narcotráfico é uma operação organizada no comando da campanha do candidato da oposição a presidente, José Serra (PSDB-DEM-PPS), articulada mais uma vez com a grande imprensa. Ele voltou a explorá-lo no fim de semana, num encontro de tucanos em Cuiabá (MT). Basta ver as matérias da VEJA dessa semana e da Folha de S.Paulo desse domingo. 


Mesmo com a mais absoluta falta de provas e indícios e com a produção irrisória de cocaína pela Bolívia - 60% dessa droga produzida no mundo vêm da Colômbia, 600 toneladas ao ano - tanto a revista quanto o jornal deram cobertura e apoio ao caso. Continua>>>

Brasil condena ataque israelense

O Itamaraty divulgou hoje uma nota condenando o ataque israelense aos barcos que levavam ajuda humanitária à Palestina.

 A Frota da Liberdade foi interceptada  pelas tropas de Israel em um ataque que matou pelo menos dez pessoas. 

O governo condena, “em termos veementes, a intervenção militar em comboio pacífico, de caráter estritamente humanitário”. 

A nota ainda diz ter recebido a notícia do ataque com “choque e consternação”. 

Dilma Rousseff, o Brasil precisará diversificar suas formas de financiamento em infraestrutura.
 "Não se pode deixar só o BNDES fazer os investimentos", afirmou ela no Fórum Exame, na manhã desta segunda-feira (31). De acordo com a petista, serão necessários também os fundos de pensão e fundos de investimento privados de longo prazo. "Sem eles não suportaremos a demanda", completou.
A petista acredita que a grande vantagem brasileira em relação às outras nações em desenvolvimento é a democracia. 
"Entre os países emergentes somos um País democrático." 
Com isso, para a pré-candidata, é possível garantir que as características democráticas se aprofundem; tais como liberdade de opinião, de imprensa e de organização. 
"Hoje, as pessoas sabem que a vida pode mudar e essa mudança pode elevar o seu padrão de consumo da sociedade."
Sobre o panorama econômico brasileiro, Dilma Rousseff afirmou que o País tem pela frente um horizonte de oportunidades, apesar de ter sido uma das nações mais desiguais do mundo. 
"Para erradicar a miséria no Brasil, temos que desenvolver uma forte política social, precisamos intensificar o processo de mobilidade social". 
Dilma lembrou ainda que essa mobilidade foi interrompida depois do milagre econômico, na década de 1970, e só voltou a ocorrer durante o governo Lula.Rousseff voltou a falar sobre a importância do pré-sal para o País. 
"É o nosso passaporte para o futuro... ele ainda tem o poder imenso de construir uma cadeia específica para o crescimento industrial do Brasil". 
De acordo com ela, administrando o crescimento sustentado é possível prever uma meta de crescimento do PIB de 5,5% até 2014 e teremos um salto no parque industrial porque o brasileiro é diversificado.
A inovação tecnológica, segundo Dilma, é um dos maiores desafios. 
"Nós conseguimos uma política de inovação muito clara... só existe o agronegócio e a agricultura familiar que temos hoje porque temos um centro de excelência como a Embrapa". 
Em sequência, ela também usou o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes) como exemplo. 
"Não há inovação sem os centros de excelência, sem a transferência de tecnologia para a criação de uma rede de centros de pesquisa."
Dilma ressaltou também que o Brasil precisa se preocupar em oferecer uma educação de qualidade. 
"Não podemos falar em educação, sem colocar a figura do professor no centro desse debate; sabemos que muitos professores do ensino fundamental não possuem curso superior." 
Nesse sentido, a pré-candidata enfatizou a necessidade de ampliar os meios de capacitação profissional voltada ao mercado de trabalho. 
"Acredito que se o Brasil não contar com ensino fundamental, médio, profissionalizante e superior não daremos o salto". 

Semana decisiva para o estaleiro Promar Ceará

A Prefeitura de Fortaleza promete anunciar de hoje até a próxima sexta-feira, uma posição oficial sobre a instalação, ou não, do empreendimento na Capital cearense. Orçado em R$ 200 milhões, o projeto traz "na proa", a perspectiva de geração de 1.200 empregos diretos e 5.000 indiretos, a partir da construção de oito navios gaseiros à Transpetro, e a possibilidade do Estado entrar com força, no seleto grupo da indústria Naval, que agora retoma à superfície, içada pelo Programa Federal de Modernização e Expansão da Frota Nacional (Promef).

Atualmente, como antecipou com exclusividade o Diário do Nordeste, a Prefeitura já detém, estudos de custos e dos impactos ambientais, paisagísticos e urbanísticos da implantação do equipamento em mais três áreas do litoral de Fortaleza, além do Titanzinho. São elas a Praia do Portão, também no Mucuripe, o Pirambu e o Poço da Draga, estas últimas localizadas no Centro da cidade.

Lançado pelo governador Cid Gomes, o estaleiro vem, há cerca de dez meses, navegando em águas não muito tranquilas. Bombardeado, inicialmente, pela própria prefeita Luizianne Lins e agora pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-CE), a instalação do equipamento naval já conquistou o apoio ambiental e jurídico da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-CE), mas segue dividindo opiniões e atraindo atenções.

Enquanto parte da população do Serviluz, principalmente surfistas e pescadores, já se manifestaram contrários à implantação do empreendimento naquela área, moradores do Pirambu são favoráveis, desde que, pelo menos, 90% dos 1.200 postos de trabalho prometidos pela PJMR, empresa sócia do Promar Ceará, sejam garantidos para moradores do bairro.

Para o empresário Paulo Haddad, presidente do Promar Ceará, a localização do estaleiro em uma das três áreas em estudo pela Prefeitura é indiferente, desde que o Estado banque os custos com a infraestrutura.

O comunicado oficial da prefeita Luizianne Lins vem sendo aguardado com grande ansiedade pelos investidores da PJMR, que, se tiver a área aprovada na costa de Fortaleza, terá somente até o próximo dia 30 de junho, para assegurar a posse da área na Secretaria do Patrimônio da União (SPU), e a licença ambiental prévia, no Ibama.

CARLOS EUGÊNIO

REPÓRTER

Dilma Rousseff, José Serra e Marina Silva entram na briga pelo apoio da nova classe média

César Fonseca
cesarsfonseca@gmail.com
  Redação Jornal da Comunidade
A mobilidade social que cria a nova classe média representa fenômeno não apenas brasileiro, mas mundial e seu reflexo, sem dúvida, produzirá efeito determinante na campanha eleitoral que movimenta as três candidaturas em disputa: a da ex-ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, do PT; do ex-governador de São Paulo, José Serra, do PSDB, e da ex-ministra do Meio Ambiente, senadora Marina Silva, do PV.

De 1990 a 2004, essa categoria social dobrou de tamanho. Estima-se que 400 milhões de pessoas pertençam a ela, sendo projetada outras 2 bilhões a serem incorporadas até 2030, correspondendo, aleatoriamente, mobilização das classes E e D, que se transferem para as integrantes das C e B, com variação salarial em reais entre R$ 1.115 a R$ 4.807.

O Brasil é parte expressiva desse megaprojeto de mobilidade social que se traduz em 30% da população brasileira, proporção comparável à de países com nível similar de renda per capita, como México (29%), China (31%), Argentina (34%) e Chile (45%), embora bastante inferior à da classe média dos países desenvolvidos, como Estados Unidos e Suécia (90%).
Principais candidatos (Serra, Dilma e Marina) à Presidência preparam propostas para a nova classe médiaFotos: DivulgaçãoPrincipais candidatos (Serra, Dilma e Marina) à Presidência preparam propostas para a nova classe média

A nova classe média brasileira passou de 44% da população em 2002 para 52% em 2008. Tais números e projeções encontram-se em “A classe média brasileira - Ambições, valores e projetos de sociedade”, de Amaury de Souza e Bolívar Lamounier, patrocinado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e editado pela Campus.

Trata-se de algo em torno de 30 milhões de pessoas, cuja participação política terá papel decisivo no processo eleitoral de 2010, segundo o presidente da CNI, deputado Armando Monteiro (PTB), candidato ao Senado por Pernambuco.

Maior organização política

Maior participação social e disponibilidade para mais intensamente agir socialmente, de forma organizada, politicamente, eis a característica mais marcante e essencial da nova classe média, assim considerada não porque sua renda tenha subido ao patamar daquela que é tradicionalmente considerada classe média, com renda relativa mais alta do que a vigente no intervalo entre R$ 1.115 e R$ 4.807, mas porque passa a ter acesso ao crédito direto ao consumidor de forma generalizada, capaz de alavancar consumo médio, propriamente dito.

Comprar carro, celulares e aparelhos eletrônicos em geral, na base do crediário, permite a nova classe alcançar, psicologicamente, o mesmo volume de informação da velha classe média, cuja característica essencial era a de ser mais conservadora e politicamente reacionária.

Em vez de ser conduzida por líderes políticos, como aconteceu, em 1964, quando os conservadores manipularam a velha classe média para apoiar o golpe militar contra a democracia, a nova classe média tende a conduzir os acontecimentos, por ser mais participativa, graças a sua organização sindical e por meio de associações de toda a natureza, com perfil comunitário. É mais politizada e exigente, relativamente aos temas dos seus interesses reais.

Tal classe média em ascensão, fundamentalmente, é fruto, na avaliação dos autores do livro, da evolução política que se intensifica, no país, especialmente, depois do advento do Plano Real, no Governo Itamar Franco, seguido no Governo FHC, como plataforma mais importante da renovação dos costumes.

Base da poupança interna
A evolução política, pedagogicamente, influenciada pelas conquistas dos direitos sociais inscritos na Constituição de 1988, tem seu ponto de inflexão na base da melhor distribuição da renda, com o incremento dos programas sociais, a partir da Era FHC, intensificando-se na Era Lula. Atualmente, a classe social mais baixa, a classe D, já vai ao banco pedir empréstimos, sinalizando, gastos da ordem de R$ 380 bilhões em 2010, de acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), segundo informa o Valor Econômico, nessa sexta 28. O acesso ao consumo das classes economicamente baixas movimenta a demanda dos supermercados à indústria, para renovação de estoques de alimentos. Por sua vez, a indústria demanda a agricultura.

Tal movimento impulsiona os transportes, produzindo circulação de mercadorias pelo país afora, agilizando a indústria automobilística e de caminhões, bem como aumento do consumo de combustíveis. O resultado final do incremento do consumo das classes E, D, C, B é o aumento da arrecadação de impostos, que eleva o investimento público, embora este tenha sido insuficiente para romper o estrangulamento da infraestrutura, na qual se investiu pouco, apesar da propaganda governamental de que houve maciços investimentos.

Em abril, a arrecadação bateu recorde e, ao contrário do que estavam prevendo os críticos, foi possível gerar superávit primário bem acima do inicialmente previsto, atenuando preocupações antecipadas segundo as quais o déficit em contas correntes estava caminhando para sair do controle. A taxa de desemprego, no ritmo em que a economia cresce, sinalizando PIB de 7%, aproximadamente, em 2010, apresenta-se na casa dos 7% a 8%, média histórica mais baixa registrada nos últimos 20 anos, segundo o IBGE.

Eis o resultado da emergência da nova classe média nacional, que determinará quem será eleito em outubro. Ela é a principal responsável por garantir ao Brasil a estabilidade macroeconômica, no auge da grande crise global, em curso, aprofundando catástrofe capitalista, simplesmente, porque representou o esteio para expansão do mercado interno, que consome os estoques, evita formação de excedentes e reduz possibilidade de desvalorização para promover exportações, afastando, consequentemente, pressões inflacionárias.