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por Zé Dirceu

Visita da presidenta Dilma a China é sucesso no plano comercial
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Dilma Rousseff
No plano comercial, com a assinatura de mais de 20 acordos de cooperação em diversas áreas até agora - e a delegação brasileira ainda tem compromissos na China até sábado - a viagem da presidenta Dilma Rousseff a este país é um indiscutível sucesso.

Não se registra o mesmo êxito no plano político, em questões como a intenção do Brasil de ocupar uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU e o reconhecimento, pelo nosso país, da China como economia de mercado.

Não houve apoio explícito da China à candidatura do Brasil à vaga no Conselho nem à reforma que defendemos na Organização. 

"A China atribui alta importância à influência e ao papel que o Brasil, como maior país em desenvolvimento do Hemisfério Ocidental, tem desempenhando em assuntos regionais e internacionais, e compreende e apoia a aspiração brasileira de vir a desempenhar papel mais proeminente nas Nações Unidas".

No plano político, declaração vaga

A declaração é parte do comunicado chinês a respeito, divulgado durante a visita. Reconheçamos, é vaga, ainda que o Itamaraty a interprete como um "bom sinal" às pretensões do Brasil. Nosso país, por seu lado, não reconheceu o status da China como economia de mercado. A questão está pendente desde 2004, quando o governo Lula admitiu a possibilidade do reconhecimento.

A cobrança e insistência da China para que haja esse reconhecimento constitui uma excelente oportunidade para o Brasil negociar, estabelecer suas condições para fazê-lo, prática mais do que comum nas relações entre dois países.

Nosso país pode perfeitamente aproveitar e condicionar, ou melhor negociar que esse reconhecimento se faça mediante um compromisso da China de analisar e revogar sua forma de comércio em relação a nós, a concorrência predatória de seus produtos, e a prática do dumping por parte deles.

Chineses procuram aplacar resistências

Com os anúncios de investimentos que fizeram e programam fazer no Brasil (leiam post abaixo), os chineses procuram exatamente aplacar a resistência brasileira a esta concorrência predatoria e/ou dumping, produto de seu câmbio (yuan valorizado) e do avanço tecnológico que já atingiram.

Já o interesse do Brasil para além das questões cambiais e políticas é - e deve continuar a pautar nossas negociações - a abertura do mercado chinês para investimentos brasileiros, como no caso bem sucedido da EMBRAER autorizada a produzir aviões lá.

Viagem

[...] China apoia aspiração do Brasil a mais poder na ONU

Na visita da presidente Dilma Rousseff à China, Pequim deu um passo adiante ao tratar da defesa do Brasil como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. 

No comunicado conjunto, os chineses assinalaram que a representação das nações em desenvolvimento no conselho é “prioridade”. 

“A China atribui alta importância à influência que o Brasil, como maior país em desenvolvimento do hemisfério ocidental, tem desempenhado nos assuntos regionais e internacionais, e compreende e apoia a aspiração brasileira de vir a desempenhar papel mais proeminente na ONU”, diz o comunicado. 

Embora Pequim já tenha declarado apoio à pretensão brasileira, por enquanto tudo ficou na retórica. 

A China, membro permanente, não quer ajudar o Japão, com quem o Brasil se associa nesse projeto, ao lado de Índia e Alemanha.

iPad

[...] chineses investirão 12 bi US$ para produzir no Brasil

Recursos virão ao longo de 5 anos; associação questiona dimensão do projeto, que prevê 100 mil funcionários

A taiwanesa Foxconn anunciou em reunião com a presidente Dilma Rousseff que investirá US$ 12 bilhões no Brasil nos próximos cinco anos. A intenção é produzir displays (telas de computador e de tablets), hoje exclusividade da China, do Japão e da Coreia do Sul.

Terry Gou, fundador da empresa controladora de Foxconn, disse ainda ter acertado com a Apple a montagem de iPads no Brasil a partir de novembro. 

Viagem

[...] da presidente Dilma à China

Num gesto comemorado pela diplomacia brasileira, a China concordou em incluir no comunicado oficial conjunto divulgado pelos presidentes Dilma Rousseff e Hu Jintao o apoio à aspiração do Brasil por uma vaga na ONU - Conselho de Segurança das Nações Unidas -. 

O Brasil, por sua vez, reiterou o compromisso de acelerar o processo de reconhecimento da China como economia de mercado, que ainda depende de regulamentação do Ministério do Desenvolvimento e do aval do Congresso. 

A Foxconn, fornecedora taiwanesa da Apple e maior exportadora da China, prometeu a Dilma investir US$ 12 bilhões no Brasil, inclusive para produzir no país iPads e iPhones.

Economia

[...] Um governo ou dois?

A presidente Dilma Rousseff chega aos 100 dias em boa situação nas pesquisas, com extenso apoio no Congresso Nacional e beneficiária da torcida. No mundo político, quem não está na situação quer entrar. Ou pelo menos ficar de bem.

A oposição? Por enquanto vai entretida no debate sobre como fazer oposição. Que é também uma maneira de não fazer. De empurrar com a barriga.

Tudo estaria bem, não fosse um detalhe. O governo encontra dificuldade para transmitir confiança na condução da economia.

Ainda não parece ter contaminado a popularidade, pois o crescimento segue e a inflação apenas ensaia o sprint.

Mas algo não vai bem.

O governo vinha sustentando a relação dólar/real nos 1,65-1,70. Para não agravar ainda mais as exportações e as contas externas, já amplamente deficitárias e dependentes da injeção maciça de investimento externo.

Mas nos últimos dias parece ter cedido à tentação habitual das duas últimas décadas: usar o real forte para conter os preços internos.

O que ameaça abrir uma rachadura e tanto na administração.

Do BNDES e dos ministérios “não monetários” a grita vem forte. Mas no lado que se convencionou chamar de equipe econômica a preocupação central voltou-se para os preços.

Que parecem dar pouca importância ao arcabouço macroprudencial, vendido pelo governo como medicamento capaz de proporcionar um retorno suave aos bons dias da inflação baixa.

Restringir o crédito não está, parece, sendo suficiente.

Como não foi suficiente conter agora o salário mínimo e as aposentadorias. Foi só cruel. Pois o compromisso legal assumido de um reajuste na faixa dos 14% para janeiro (7,5% do PIB/2010 mais 6,5% da inflação/2011) forneceu a âncora futura de pessimismo nas contas públicas.

Ainda que a inflação, como é praxe nesses casos, acabe ajudando pelo lado da receita.

O salário mínimo parece ter sido um trade-off duvidoso. Em vez de ficar de bem com a ortodoxia agora e com os pobres depois, ficou de mal com estes agora e com os ortodoxos, pelo visto, também.

Um pouquinho a mais de inflação para um pouquinho a mais de crescimento fazia parte do instrumental na luta política interna de uma Dilma chefe da Casa Civil e portadora da bandeira do desenvolvimentismo.

Mas a Dilma presidente sabe -ou vai saber um dia- que no Brasil inflação costuma ser o pior veneno dos governos.

Escrevi aqui tempos atrás que o tour do presidente do Banco Central pelos ambientes de macroformadores de preços e opinião não andava com cara de sucesso.

O BC procurou vender a perspectiva de que os 6,5% de inflação este ano vão recuar naturalmente para 4,5% em 2012. O resultado prático da blitz propagandística foi que pela primeira vez as projeções para o ano que vem embicaram para um ponto acima do centro da meta, passaram de 5%.

O mercado não é Deus, sempre é preciso medir o vetor das profecias autorrealizáveis, da turma que projeta cenários difíceis para pressionar o governo por mais juros. Mas o cerne é outro.

É saber por que encontram campo fértil para plantar pessimismo.

Talvez porque o governo e o BC estejam a transmitir sinais seguidos de tolerância à ascensão inflacionária.

Daí que a chapa tenha esquentado. E daí que a velha âncora câmbial venha sendo olhada com carinho.

Baratear as importações para esfriar a escalada aqui dentro. Um remédio com conhecidos efeitos colaterais. O mais vistoso é acelerar a desindustrialização.

Dilma vai à China buscar soluções para o desequilíbrio estrutural no comércio com os chineses. Para quem vendemos comida e minério de ferro e de quem importamos bens de maior valor agregado.

Na teoria, portanto, o governo está preocupado com o efeito colateral, quer impedir a destruição da indústria nacional.

É um só governo ou são dois?

Embraer executive jets will sell in China

A few days to host summit of the BRICs, the tropical island of Hainan in southern China, hosted another meeting of emerging: the 250 richest men in the second world economy were there last weekend.Among millionaires yachts and brands like BMW and Chopard, Embraer signed an agreement for financing of business jets, the latest strategy not to close its factory in the country."Both parties rely on the future of Chinese aviation market," said Kong Linshan, president of Minsheng Financial Leasing, when signing the agreement, along with Embraer's vice president Luis Carlos Affonso.Unable so far to permit China to produce the E-190, for up to 114 passengers, Embraer is now seeking the agreement of the country to produce 600/650 Legacy executive jets.The company estimates that the visit of President Rousseff, next week will be decisive for the plant that remains in Harbin (northeastern China), almost at a standstill for lack of orders to the only model that is authorized to produce.Opened in 2002, the joint venture between Embraer and AVIC 2 state is only allowed to produce the ERJ-145 to 50 passengers, have no market. The last manufacturing unit should be delivered in the first half of this year, sought the company did not say whether the plant is stopped.As China has resisted allowing the construction of the E-190 is supposed to focus on the design of a Chinese aircraft, Embraer has recently proposed the Beijing manufacture business jets.The technical part is easier since the 600/650 Legacy is built on the same platform as the ERJ-135. The problem seems to be little Chinese market for such aircraft."There simply is not enough demand for the Legacy 600 in China to keep an entire production line," says analyst Brendan Sobie, the Center for Aviation Asia and Pacific, based in Australia.Sobie said the lack of infrastructure at airports for business jets is one of the problems. "Another issue is cultural. Unlike regions like the Middle East, people and companies in China do not like to display using jets. "In fact, of 115 Embraer aircraft sold to China since 2000, all commercial aircraft are jet-no. Of these, 41 ERJ-145 are built at the factory in Harbin, which brings together 250 of the 300 employees of Embraer in the country.According to data from Embraer, the company has 60% of the Chinese aircraft up to 120 seats."Maybe one day build Embraer jets in China, but right now the company needs a viable commercial aviation program to maintain its joint venture in Harbin open. The E-190 is really the only alternative, "Sobie said.

Embraer

[...] vai vender jatos executivos na China

A poucos dias de sediar cúpula dos Brics, a ilha tropical de Hainan, no sul da China, abrigou outro encontro de emergentes: 250 dos homens mais ricos da segunda economia mundial estavam lá no último fim de semana.
Entre iates milionários e marcas como BMW e Chopard, a Embraer assinou um acordo para financiamento de jatos executivos, a mais recente estratégia para não fechar a sua fábrica no país.
“Ambas as partes confiam no futuro do mercado de aviação executiva chinês”, disse Kong Linshan, presidente da Minsheng Financial Leasing, ao assinar o acordo, ao lado vice-presidente da Embraer Luís Carlos Affonso.
Sem conseguir até agora a autorização chinesa para fabricar o E-190, para até 114 passageiros, a Embraer está agora buscando o aval oficial para produzir no país jatos executivos Legacy 600/650.
A empresa avalia que a visita da presidente Dilma Rousseff, semana que vem, será decisiva para a fábrica que mantém em Harbin (nordeste da China), praticamente parada por falta de encomendas ao único modelo que está autorizado a fabricar.
Aberta em 2002, a joint venture entre a Embraer e a estatal Avic 2 só está autorizada a produzir o modelo ERJ-145, para 50 passageiros, já sem mercado. A última unidade em fabricação deveria ser entregue no primeiro semestre deste ano -procurada, a empresa não informou se a fábrica está parada.
Como a China tem resistido a autorizar a construção do E-190, supostamente para privilegiar o projeto de um avião chinês, a Embraer recentemente propôs a Pequim fabricar os jatos executivos.
A parte técnica é fácil, já que os Legacy 600/650 são construídos na mesma plataforma do ERJ-135. O problema parece ser o pequeno mercado chinês para esse tipo de avião.
“Simplesmente não há demanda suficiente para o Legacy 600 na China para manter uma linha de produção inteira”, diz o analista Brendan Sobie, do Centro para a Aviação da Ásia e do Pacífico, com sede na Austrália.
Sobie disse que a falta de estrutura nos aeroportos para jatos executivos é um dos problemas. “Outro tema é cultural. Ao contrário de regiões como o Oriente Médio, as pessoas e as empresas na China não gostam de se exibir usando jatos.”
De fato, dos 115 aviões da Embraer vendidos à China desde 2000, todos são aviões comerciais -nenhum jato executivo. Desses, 41 são ERJ-145 construídos na fábrica de Harbin, que reúne 250 dos 300 funcionários da Embraer no país.
Segundo dados da Embraer, a empresa tem 60% do mercado chinês de aeronaves até 120 assentos.
“Talvez um dia a Embraer construirá jatos executivos na China, mas no momento a empresa precisa de um programa de aviação comercial viável para manter a sua joint venture em Harbin aberta. O E-190 é realmente a única alternativa”, afirmou Sobie.

Microsoft apresenta queixa contra o Google à UE

A Microsoft intensificou sua rivalidade com o Google ao apresentar uma queixa às autoridades antitruste da União Europeia alegando que o grupo de buscas prejudica sistematicamente os mecanismos concorrentes na Internet.
É a primeira vez que a Microsoft –também objeto de processos antitruste na Europa e nos Estados Unidos– faz uma queixa às autoridades regulatórias por motivos de competição.
No documento apresentado nesta quinta-feira a Microsoft alega que o Google se envolve em um “padrão de ações” que bloqueiam deslealmente a concorrência.
O Google detém mais de 90 por cento do mercado de publicidade vinculada a buscas na Europa, enquanto o Microsoft Bing enfrenta dificuldades para conquistar participação de mercado.
O Google já está sendo investigado pela Comissão Europeia, devido a queixas de três pequenas empresas, uma delas controlada pela Microsoft.
O gigante de buscas não rebateu publicamente as alegações da Microsoft, mas demonstrou não estar excessivamente preocupado com a queixa.
- Não nos surpreende que a Microsoft tenha agido assim, já que uma de suas subsidiárias era um dos queixosos originais – disse Al Verney, porta-voz do Google.
- De nossa parte, continuamos a discutir o caso com a Comissão Europeia e é uma satisfação explicar a qualquer interessado como funciona o nosso negócio – acrescentou.
A Comissão Europeia afirmou que estudará as alegações da Microsoft.
- A Comissão recebeu a queixa e, de acordo com seus procedimentos, informará o Google e solicitará a posição da companhia quanto às alegações. Não prestaremos outras informações no momento – afirmou Amelia Torres, porta-voz da Comissão Europeia, em comunicado via email.
A queixa da Microsoft tornará mais importante a atual investigação da Comissão sobre o Google, segundo Christopher Thomas, advogado do escritório Hogan Lovells.
- A presença da Microsoft como queixosa formal faz diferença. As três outras empresas são menores e não possuem os recursos e determinação da Microsoft, disse ele.

Dilma Rousseff

Quem conhece aposta nela

Miguel Jorge – O Estado de S.Paulo

Ela, afirmativa, direta, incisiva. Ele, evasivo, repetitivo – acima de tudo, e como se estivesse permanentemente em campanha eleitoral, um bom marqueteiro de si mesmo. Não é preciso ser um grande observador para apontar que essa foi, claramente, a principal diferença entre os discursos dos presidentes Dilma Rousseff e Barack Obama, há duas semanas, em Brasília.
Enquanto o norte-americano insistiu em abordar, de forma vaga, questões cruciais para o comércio bilateral entre os dois países, Dilma criticou abertamente as velhas práticas protecionistas dos Estados Unidos e defendeu relações comerciais mais justas e equilibradas. O dela, um discurso coerente com a posição do Brasil no contexto de uma nova realidade geopolítica global. O dele, uma prova de que Obama é um orador dos bons – descontraído, à vontade. Mas, e daí?
A presidente brasileira mencionou as barreiras ao etanol, aço, suco de laranja, algodão e carne bovina, enviando, nas entrelinhas, um recado objetivo: esta é uma via de mão dupla e envolve atores econômicos importantes no cenário mundial. Se um deles quer algo (e Obama quer vender para gerar empregos nos Estados Unidos), oferece algo em troca.
Ainda sobre os discursos de Dilma e Obama: enquanto a presidente brasileira defendeu uma reforma fundamental na governança global, com ampliação do Conselho de Segurança da ONU, o norte-americano foi reticente. Em nenhum momento ele acenou positivamente para a aspiração brasileira de ter um assento permanente no Conselho de Segurança – em vez do “sim” com que a Índia foi brindada em novembro do ano passado, a pretensão do Brasil mereceu o “apreço” do líder norte-americano.
De qualquer forma, quem conhece a presidente Dilma, quem já trabalhou com ela, não se surpreendeu com a sua boa estreia nas altas rodas da diplomacia internacional. Pode-se argumentar que lhe falta carisma, mas não se pode negar que lhe sobram coerência e firmeza na defesa dos interesses nacionais. Desenvolvimentista, a presidente age com a certeza de que o Brasil tem enorme potencial para crescer de forma cada vez mais consistente, a taxas superiores às das economias desenvolvidas.
A postura discreta, a preocupação com as questões internas e administrativas, o estabelecimento de prioridades e o controle de resultados são as principais marcas deste início de governo Dilma – e marcaram, também, a sua gestão à frente da Casa Civil, no governo do presidente Lula.
À época – e aparentemente agora também -, Dilma preferia o gabinete à exposição pública. Detalhista e rigorosa, chegou a ser acusada de intolerante – se é que se pode classificar de intolerante uma profissional que não abre mão de conduzir os processos pelos quais é responsável, que determina metas, que cobra providências e resultados.
Sóbria e coerente com seu estilo pessoal, a presidente já mostrou, também, que entende de avanços e recuos. Na disputa pelos Ministérios, não hesitou em endurecer com o PMDB, mas, depois, autorizou o partido a negociar cargos no segundo escalão com os ministros – a estes, aliás, fez questão de lembrar, na primeira reunião conjunta da equipe, que “eficiência e ética são faces da mesma moeda”.
Há poucos dias, em sua primeira grande entrevista a um jornal diário, Dilma encarou uma sabatina e tanto. Falou sobre inflação, economia mundial, tragédia no Japão, alterações no programa Bolsa-Família, especulações sobre mudanças na equipe ministerial. Garantiu que o combate à inflação não será feito com o sacrifício do crescimento e assegurou: o Brasil vai crescer, com certeza, entre 4,5% e 5% este ano.
Na mesma entrevista, a presidente anunciou sua disposição de enfrentar o problema dos aeroportos, um dos principais gargalos de infraestrutura no País. Prometeu “uma forte intervenção” – e cumpriu o prometido. Na sexta-feira 18 de março, o Diário Oficial da União publicou a criação da Secretaria Nacional de Aviação Civil, com status de Ministério, alterando a legislação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero).
Dilma admite articular a expansão dos aeroportos brasileiros com recursos públicos e por meio da adoção de um regime de concessões ao setor privado – medida defendida pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, com participação da então ministra da Casa Civil, ainda no governo Lula. Como agora, empresários interessados em investir no setor aeroportuário defendiam o regime de concessões, próprio de nações desenvolvidas.
Mais uma vez: nada que surpreenda quem conhece a presidente e já trabalhou a seu lado. Não por acaso, pesquisa Datafolha, divulgada no domingo 20 de março, garante 47% de aprovação à gestão Dilma, taxa de popularidade que se iguala ao recorde registrado pelo presidente Lula nessa mesma época, em seu segundo mandato.
Segundo o Datafolha, Dilma supera em popularidade todos os antecessores de Lula, com aprovação maior entre as mulheres (51%) do que entre os homens (43%). Para os brasileiros, saúde é o principal problema do País, mas a pesquisa mostra que a presidente tem outros desafios pela frente: segurança pública, combate à corrupção e transporte.
Para superá-los é fundamental a soma de competência técnica, responsabilidade política e uma ampla visão dos problemas nacionais. Isso Dilma tem de sobra e, a considerar a sua atuação no governo passado, os brasileiros estão em boas mãos.
JORNALISTA, FOI MINISTRO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR DO GOVERNO LULA (2007-2010)

por Carlos Chagas

O ESTADO E O MERCADO

Mais uma evidência de que o mercado não pode ser absoluto nem sobrepor-se ao interesse nacional: o Brasil acaba de importar etanol dos Estados Unidos. Isso  uma semana depois de a presidente Dilma Rousseff haver proposto ao presidente Barack Obama inundar o mercado americano com o nosso etanol.

A explicação é de que a  produção caiu porque os usineiros estão preferindo fazer açúcar, de preço mais compensador no mercado. Vai para o espaço a estratégia tantas vezes anunciada de abastecermos o mundo com energia limpa, alternativa para o petróleo. Prevalece o lucro, acima de tudo. A gente se pergunta onde anda o Estado, ao  qual caberia zelar pelo interesse nacional, acima e além das relações comerciais.

De bem intencionados

 
...o inferno tá cheio

Neste mundo politicamente correto em que a gente vive, fazer o bemvirou produto, não é mesmo? E aqui na França, então, virou produto chique.

Comércio justo, agricultura sustentável, embalagens não-geradoras de lixo – basta dar uma olhadinha nas gôndolas do supermercado para ver que o apeloda caridade e da preocupação com o meio ambiente são fortes argumentos de marketing para a população francesa.

É normal você conhecer gente que não compra roupa nas grandes redes mundiais de moda para não financiar o trabalho escravo na China.

A agricultura orgânica, então, é um fenômeno: mais de 20 mil produtores engajados e um público consumidor eventual de mais de 40% da população. Sete por cento dos franceses são consumidores diários de produtos orgânicos – que aqui, como aí, são bem mais caros que a média.

O problema, para mim, começa quando o marketing fica maior do que a boa intenção – e o consumo consciente vira uma marca que, paradoxalmente, vende exatamente o seu contrário.

O primeiro exemplo que me choca aqui em Paris é a loja-conceito Merci (entendeu o nome?), instalada no Boulevard Beaumarchais. Linda, ultra-design, os três andares da loja só vendem produtos éticos, feitos com produtos orgânicos, numa escala de produção “humana”, etc.

Tudo lá é lindo – e caro. E quase tudo é fútil. Um garfo de bambu para saladas, papel de presente em duas camadas de papelão reciclável, móveis de luxo, roupas de tecidos finos, bijouterias.

Se eu entendi bem o que me ensinaram sobre consumo responsável, a primeira lição é justamente evitar consumir, certo? Reciclar, usar o que a gente tem em casa, gerar menos lixo, dar nova vida aos antigos objetos. Fazer um templo do design não vai meio na contramão disso tudo?

Segundo exemplo – outra boutique na rue de Thorigny, no Marais, que vende objetos “de arte” feitos com latinhas de alumínio recicladas, bijouterias em papel jornal confeccionadas por uma comunidade na Malásia. Menos mau, me parece.

Na vitrine, vejo um cartaz: na compra de seis pulseiras (de artesanato com plástico, por seis euros o conjunto), um dólar será revertido para a comunidade produtora.

Fiquei pensando se isso era um argumento válido...

Se é realmente comprando mais uma pulseira (desnecessária) por um euro e ganhando de brinde uma dose de boa consciência que eu posso de fato mudar a realidade de alguém.

Por mais que eu acredite que se cada um fizer a sua parte o mundo vai ser um lugar melhor, tenho minhas dúvidas se isso passa por tomar parte nesta febre consumista que se esconde por trás de etiquetas verdes com o desenho de uma folhinha.

Tecnologia

Rafale
images?q=tbn:ANd9GcTAPcR4kQkfFhftgX8tjPGlcVzKoRrrKmN4adR6s2Zso4rW5napaQA ministra dos Negócios Estrangeiros da França, Michèle Alliot-Marie, dedicou o dia ontem ao esforço de tentar vender ao Brasil caças Rafale.
Em reuniões separadas com a presidente Dilma Rousseff, com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e com o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, a ministra disse que nenhuma proposta se iguala à francesa em transferência de tecnologia.
Michèle declarou que, se fechar com os franceses, o Brasil terá autonomia para passar adiante a tecnologia adquirida. E reiterou o apoio da França à aspiração brasileira de ocupar assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU):
— Vamos transferir, se o Rafale for escolhido, a totalidade da tecnologia para que o Brasil seja autônomo para fazer eventuais adaptações e, se assim desejar, poder vender para outros países. Nenhum outro país fez essa proposta — disse ela, em entrevista no Itamaraty.
Ao lado de Michèle, Antonio Patriota repetiu o que a francesa já ouvira de Jobim, pela manhã, e que voltaria a escutar de Dilma à tarde: num momento de corte de R$ 50 bilhões do Orçamento, a presidente analisa propostas.
Além dos Rafale, fabricados pela francesa Dassault, estão no páreo os modelos F-18 Super Hornet, da norte-americana Boeing, e os Gripen NG, da sueca Saab.
— Existe corte orçamentário. A presidente quer refletir e há compreensão dos três concorrentes sobre os prazos e o desejo brasileiro de reflexão — disse Patriota.
— O que caracteriza a França, nessa relação, é a disposição da transferência de tecnologia. Uma disposição muito bem recebida e que nós já temos constatado em vários projetos em andamento, que é efetiva e é real — acrescentou o ministro.
Michèle entregou a Dilma carta assinada pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy. Segundo o Planalto, a mensagem reafirma a disposição de cooperar com o Brasil nas áreas de defesa, energia nuclear e ciência e tecnologia.
Em nota, Jobim destacou que Dilma tomará a decisão quando julgar oportuno. Já Michèle disse que considera legítimo que Dilma queira "refletir":
— É perfeitamente normal, já que o presidente Lula não quis tomar a decisão, dizendo que caberia a ela (Dilma) — afirmou a ministra.
Demétrio Weber, O Globo

Barato pra chuchu

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Desemprego em Fortaleza é o menor desde 1992

A taxa de desemprego caiu em outubro para 10,8% [ante 11,4% em setembro] da população economicamente ativa nas regiões pesquisadas pela Seade - Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados - e pelo Dieese - Departamento Intersindical de Estatística e Estudos -. É a menor taxa desde janeiro de 1992.
O total estimado de desempregados foi de 2,4 milhões de pessoas nas sete regiões pesquisadas (Distrito Federal, Salvador, Recife, Porto Alegre, Belo Horizonte, Fortaleza e São Paulo). Em setembro o número registrado era de 116 mil desempregados a mais.
A queda mais expressiva, de -9,2, foi constatada em Fortaleza, onde a taxa de desemprego passou de 8,7% para 7,9%.
Criadas 223 mil vagas
O nível de ocupação cresceu 1,1%, com a criação de 223 mil vagas em outubro. No período, 107 mil pessoas ingressaram no mercado de trabalho. Nos últimos 12 meses foram criados 531 mil empregos no conjunto das sete regiões.
O setor de serviços continua sendo o maior gerador de postos com 153 mil novas vagas, alta de 1,4% em relação a setembro; seguido pela indústria com 33 mil, aumento de 1,1%; construção civil [30 mil], crescimento de 2,4%; e comércio [12 mil], 0,4% a mais do que o volume registrado no mês anterior.

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Dia do cliente

Tom Peters, guru da administração, já dizia: "A fórmula secreta para os negócios de sucesso é tratar os clientes como hóspedes e empregados como pessoas". Hoje 15, é o Dia do Cliente, pode ser o momento adequado para reforçar a máxima de Peters. Talvez essa data seja a única que contemple a todos os públicos, sem exceção. Alguém sempre é cliente de alguém. Por isso, comercialmente, é uma data oportuna para homenagens justas. Mas valeria também como o momento de reflexão: 
Como estou tratando meu cliente, este ser imprescindível que faz as engrenagens da minha empresa funcionar? Portanto,  agradeça ao seu cliente por ele, simplesmente, existir.
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Grande liquidação de lojas virtuais

As vinte maiores lojas on-line do Brasil realizam, até o próximo dia 17, uma grande liquidação na qual oferecem todos os tipos de produtos –eletrônicos, roupas, calçados, perfumes, maquiagem, CDS, DVDs, livros– com descontos de até 50%, frete grátis e possibilidade de parcelamento em doze vezes.
Esta é a maior edição da Detonaweb (www.detonaweb.com.br), realizada anualmente pelo comitê de varejo da Camara-e.net (Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico). Antes, cada loja listava as ofertas no seu próprio site, mas desta vez as promoções estarão disponíveis no portal da campanha, para facilitar a comparação de preços.
A quem ainda tem medo de adquirir produtos no comércio virtual Gerson Rolim, diretor executivo da Camara-e.net, diz: “Hoje, comprar com o cartão de crédito na internet é mais seguro do que entregá-lo ao frentista do posto de gasolina”. Os cartões são a opção preferida em cerca de 80% de todas as transações no comércio virtual; 10% ficam com boleto bancário e outros 10%, com débito direto em conta corrente.
A expectativa da entidade é de que as operações realizadas na Detonaweb deste ano sejam 50% superiores às de 2009. As lojas não divulgam seus números; porém, no ano passado, o site da liquidação recebeu cerca de 700 mil visitantes em cinco dias.
Denyse Godoy

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Moto

Olha o chinês ai, gente! 
A Traxx, a marca internacional do China South Industry Corporation Group, um dos maiores fabricantes mundiais de motocicletas, com fábrica em Manaus, mostra que não está no Brasil para brincadeira. Em agosto passado, suas vendas registraram crescimento de 325% em comparação com o mesmo período de 2009. Segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares - Abraciclo -, a Traxx saiu de 737 motos vendidas em agosto de 2009 para 2.401 em agosto de 2010. Por enquanto, ela tem apenas 1,75% do mercado brasileiro de motos. 
Egídio Serpa
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Brasil conseguiu equilibrar necessidades do mercado com controle estatal e pode dar lição a outros países

Entrevista com Pier Carlo Padoan secretário-geral adjunto e economista-chefe da OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento do Comércio -.

BBC Brasil – Por que o Brasil atravessou melhor a crise do que as economias ricas da OCDE?
Pier Carlo Padoan – Acho que o Brasil, como outros países emergentes, mostrou uma grande capacidade para reagir à crise atual. Isso é o resultado do aprendizado com crises passadas. Eu me lembro muito bem da transformação efetuada pelo Brasil na primeira metade dos anos 2000 porque trabalhava no Fundo Monetário Internacional naquela época. Agora, a performance do Brasil é muito favorável. No início de 2000, a taxa de crescimento da economia brasileira era muito baixa e atualmente é muito forte. Isso não é algo que possa ser obtido sem transformações importantes.
BBC Brasil – Quais foram as mudanças no Brasil nesse período?
Padoan – O Brasil é uma história de sucesso porque o país encontrou um novo equilíbrio entre a livre concorrência dos mercados e a intervenção do Estado na economia. É um caso muito interessante de sucesso, que é certamente permanente porque é o resultado de uma transformação estrutural da relação entre os setores público e privado na economia.
BBC Brasil – O senhor pode dar um exemplo dessa transformação estrutural?
Padoan – A questão fiscal e as relações entre o governo central e os dos Estados, discutida há alguns anos, é um elemento importante. O problema foi resolvido com uma solução nacional e é também uma lição para outros países que têm uma estrutura federal, como o Canadá, a Índia, a Suíça e também a Itália. Menciono também a vitalidade da indústria brasileira, sua capacidade para ter posições competitivas importantes em setores avançados, como a aeronáutica.
BBC Brasil – O que mais pode ser destacado nessa relação entre os setores público e privado no Brasil ?
Padoan – O Brasil encontrou um equilíbrio importante entre o crescimento econômico e as questões sociais. O país encontrou mecanismos de transferência de renda à população. É impossível encontrar soluções que sirvam a todos os países. Cada país deve refletir em função de sua história, de suas instituições e de sua cultura para encontrar soluções para os problemas estruturais.
BBC Brasil – No caso da Europa, quais são os principais desafios pós-crise?
Padoan – Os desafios da Europa são, ao mesmo tempo, econômicos e institucionais. O grande desafio econômico, que já existia antes da crise, é o de conseguir a retomada do crescimento. A Europa deve reforçar o motor do crescimento com uma nova interpretação do modelo de integração europeia, principalmente nas áreas das novas tecnologias ambientais. Do ponto de vista institucional, a crise na Grécia mostrou que a zona euro precisa precisa reforçar a governança econômica, que abrange também a competitividade dos países e a estabilidade financeira. É preciso maior crescimento para melhorar o bem estar social na Europa, mas também para assegurar a estabilidade das receitas fiscais, já que a crise econômica provocou a crise das finanças públicas.
BBC Brasil – A demora em socorrer a Grécia não demonstraria que a Europa ainda está longe de ter uma governança econômica?
Padoan – Vemos claramente que o governo grego, mas também Espanha, Portugal e Irlanda, que sofrem pressões para controlar os orçamentos, criaram programas de reformas muito ambiciosos, muito rigorosos. É uma nova demonstração de que as crises podem ser uma oportunidade importante para mudanças positivas. Não apenas dos governos individualmente, mas também em relação às instituições europeias. A Europa decidiu ativar novos instrumentos, sobretudo o Fundo para a Estabilização Financeira, que é uma forma embrionária de um fundo monetário regional, como também a revisão dos pactos de estabilidade (acordo que visa a evitar déficits públicos excessivos), com uma fiscalização mais rigorosa, e ainda aspectos em relação à competitividade para evitar que existam divergências entre os países da zona euro. Vimos claramente que uma zona monetária não pode sobreviver se os equilíbrios internos não são levados em conta. Estou otimista. A crise trará transformações positivas do ponto de vista institucional também.
BBC Brasil – Vários governos europeus questionaram as políticas de apoio econômico e lançaram planos de austeridade. Qual seria a solução? É preciso manter o apoio do Estado para evitar a recessão, ou planos de austeridade são necessários para evitar novas crises financeiras?
Padoan – A crise é grave e os ajustes também devem ser severos. A situação nos mercados ficou agora sob controle. Os mercados responderam positivamente aos planos de austeridade da Grécia e de outros países. Certamente, os planos de ajustes a médio prazo, para reconquistar a confiança dos mercados, terão um pouco de impacto sobre o crescimento econômico, mas é o preço que deve ser pago para haver credibilidade das políticas fiscais e monetárias. É um desafio para a Europa, mas também para outros países. O problema da dívida insustentável a longo prazo existe em todos os países ricos.
BBC Brasil – O papel regulador do Estado é hoje maior na Europa?
Padoan – O Estado tem muitos papéis. Claro que há o papel de apoio macro-econômico, que vai diminuir porque é preciso reduzir a dívida pública. O papel regulatório do Estado também é muito importante. O papel do Estado é o de definir regras e é também necessário ter instrumentos para aplicá-las. O exemplo mais evidente hoje é o da reforma do sistema financeiro, que deve ser, ao mesmo tempo, uma tarefa nacional, mas também internacional. O G20 deve ter um papel importante nessa questão.
BBC Brasil – Podemos dizer que há uma mudança na Europa após a crise? A presença do Estado em termos de regulação se tornou maior?
Padoan – A crise mostrou que há falta de regras e também de fiscalização. É preciso ter regras adequadas e colocá-las em prática. O Estado precisa ser reforçado em termos de novas regras, é isso o que representa a reforma financeira. Mas é necessário ter também instrumentos de fiscalização em relação às operações bancárias e dos mercados financeiros. A crise reforçou o papel das instituições internacionais, como o FMI, o Banco Mundial. Desse ponto de vista, podemos dizer que há mais presença, mas não quero dizer do Estado, prefiro utilizar a palavra governança.
BBC Brasil – A crise trouxe novas perspectivas para o setor privado?
Padoan – A crise colocou em evidência que é preciso mudar o modelo de crescimento econômico. Devemos encontrar novas fontes de crescimento – a inovação, a expansão das atividades ligadas às questões ambientais. É preciso mudar a utilização dos recursos e é preciso ter mecanismos para facilitar isso. Estamos desenvolvendo estratégias para o chamado crescimento verde. As mudanças climáticas também são uma oportunidade para mudar o modelo do crescimento.
BBC Brasil – Quais são as lições que o setor privado pode tirar com a crise ?
Padoan – O setor financeiro aprendeu que ter uma perspectiva de curtíssimo prazo, segundo a qual os lucros a curto prazo são o único fator importante, não é boa. O setor privado não financeiro aprendeu que é preciso ter regras e instituições mais eficazes para orientar os recursos com uma visão de longo prazo. O espírito empresarial deve ser reforçado. É uma lição para o setor privado, mas também para o setor público.
BBC Brasil – O senhor elogiou bastante o Brasil. Quais são os principais aspectos que o país precisa melhorar?
Padoan – O Brasil é um grande país com uma taxa de crescimento forte, que demonstrou sua capacidade para enfrentar uma grande crise melhor do muitos outros países. Há várias ações que podem ser feitas para melhorar a situação e aumentar a capacidade de crescimento. A OCDE divulgou um estudo chamado “Para o Crescimento”, que analisa os desafios estruturais dos países membros da organização e de outros não-membros, como o Brasil. No caso do Brasil, identificamos margens de crescimento potencial associadas à melhoria do sistema educacional, ou seja, do capital humano, e também ligadas à inovação do país. O Brasil pode melhorar seu sistema fiscal. Há margens para o Estado melhorar sua arrecadação e também ser mais eficaz na utilização dos recursos. Se houver progressos nessas áreas, haverá um crescimento forte a longo prazo.
BBC Brasil – O governo brasileiro atual não demonstra interesse em se tornar membro da OCDE. O sr. espera que o novo governo que sairá das urnas mude de posição?
Padoan – O Brasil não é membro da OCDE, mas fazemos muitas coisas juntos. A questão da adesão é bilateral. Os países membros devem se interessar em ter o Brasil como membro, mas o Brasil também deve ter o interesse de se tornar membro oficial permanente. É um objetivo de médio prazo. Para reforçar as atividades entre o país e a organização, é preciso demonstrar ao Brasil que a OCDE pode ser útil para a política brasileira e mostrar aos outros países que é importante ter o Brasil na família. Vemos, a cada dia, uma melhoria nas relações entre o Brasil e os outros países. O convite para ser membro é a conclusão de um processo diplomático de conhecimento recíproco. Esse processo já começou há muito tempo.
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