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Paulo Nogueira - Os ateus são ‘mais pacíficos’

É uma questão que emerge de uma das listagens mais interessantes que existem. É o GPI, Global Peace Index, fruto de um centro de estudos baseado em Londres.
Think tank, como são comumente chamados tais centros no mundo globalizado.
Tratei já do GPI neste espaço.  

Especialistas trabalham com mais de 20 indicadores econômicos e sociais de 144 países e montam uma lista da paz e riqueza  mundiais.

Uma das coisas que impressionam, e têm despertado uma discussão vibrante, é a alta colocação dos países “ateus”, aqueles em que a maior parte das pessoas não acredita em Deus.  

A Suécia, com 85% de ateus, cintila no GPI e em todas as análises comparativas de desenvolvimento  econômico, humano e social.  Bem como a Dinamarca, a Noruega , a Islândia e a Finlândia.

No caso do GPI, todos estes países escandinavos estão no topo.  

O ateísmo é elevado em cada um deles.  Do lado oposto, as piores colocações são de países com religiosidade alta, seja muçulmana ou cristã. O Brasil, como em todo estudo de avanço sexual, tem uma posição brutalmente  medíocre. Ninguém corre o risco de ver Lula brandi-la na campanha, triunfal. O GPI faz pensar. 

Desde os primórdios da civilização, uma das razões mais comuns de conflitos é a religião. 

A Índia, para ficar num caso, foi golpeada duramente em seu progresso por conta da guerra sangrenta entre hindus e muçulmanos.  Um pedaço da Índia de dominação muçulmana acabou se tornando um país independente, o Paquistão, hoje no meio do caminho entre os jihadistas islâmicos e os mísseis americanos.

É revelador um vídeo que mostra Ophra, a apresentadora americana, indo a Copenhague para tentar descobrir por que a Dinamarca é o país mais feliz do mundo, segundo um outro estudo. (Estive lá também, pelo mesmo motivo.) Ophra junta um grupo típico de mulheres dinamarquesas e bate um papo.

São saudáveis, bonitas, articuladas, orgulhosas de seu país. Não são massacradas por plásticas, maquiagens, griffes.

Quando Ophra pergunta se acreditam em Deus, elas respondem prontamente que não. Uma diz que acredita na “humanidade”. Não há na resposta delas a arrogância vaidosa e agressiva de Juca Kfouri ao replicar uma observação de Kaká, aquele sentimento, oriundo sobretudo de quem militou em centros acadêmicos em que se decoram orelhas de Marx, de que “somos melhores que os crédulos”.

NÃO.
Elas falam com a alma leve.  Dizem também não acreditar tanto assim no casamento formal, o que não quer dizer que não possam ser boas mães e boas companheiras.
Não tenho a pretensão de esgotar uma discussão tão complexa aqui. Como o pastor de Updike que no meio de um sermão perde a fé, em algum momento deixei de crer. Não fiquei nem melhor e nem pior do que já era.

Também não tenho posição formada sobre a relação entre ateísmo e paz.  O homem que mais admirei na vida, meu pai, era profundamente religioso. Mas jamais  imaginou que sua fé fosse melhor que a de outros e nem tentou impô-la a quem quer que fosse. Meu romancista predileto, Graham Greene, era católico.

Mas muita gente pensa e age diferente de papai e de Greene.
São pessoas que consideram sua religião melhor, e estão dispostas a matar e morrer por isso.
L3R ? 3NT40 CL1K N0 4NÚNC10 QU3 T3 1NT3R3SS4 ! 4GR4D3Ç0 !

Agenda do felicidade

O Sorriso
É o cartão de visita das pessoas saudáveis.
Distribua-o gentilmente.

O Diálogo
É a ponte que liga as duas margens, do eu ao tu.
Transmite-o bastante.

O Amor
É a melhor música na partitura da vida.
Sem ele, você será um(a) eterno(a) desafinado(a).

A Bondade
É a flor mais atraente do jardim de um coração bem cultivado.
Plante estas flores.

A Alegria
É o perfume gratificante, fruto do dever cumprido.
Esbanje-o, o mundo precisa dele.

A Paz na Consciência
É o melhor travesseiro para o sono da tranqüilidade.
Viva em paz consigo mesmo.

A Fé
É a bússola certa para os navios errantes, incertos, buscando as praias da eternidade.
Utilize-a sempre.

A Esperança
É o vento bom enpurrando as velas do nosso barco.
Chame-o para dentro do seu cotidiano.

CARTA AO GOVERNO ISRAELENSE - por Silvio Tendler

Senhores que me envergonham:
Judeu identificado com as melhores tradições humanistas de nossa cultura, sinto-me profundamente envergonhado com o que sucessivos governos israelenses vêm fazendo com a paz no Oriente.Médio.
As iniciativas contra a paz tomadas pelo governo de Israel vem tornando cotidianamente a sobrevivência em Israel e na Palestina cada vez mais insuportável.
Já faz tempo que sinto vergonha das ocupações indecentes praticadas por colonos judeus em território palestino. Que dizer agora do bombardeio do navio com bandeira Turca que leva alimentos para nossos irmãos palestinos? Vergonha, três vezes vergonha!
Proponho que Simon Peres devolva seu prêmio Nobel da Paz e peça desculpas por tê-lo aceito mesmo depois de ter armado a África do Sul do Apartheid.
Considero o atual governo, todos seus membros, sem exceção,  merecedores por consenso universal do Prêmio Jim Jones  por estarem conduzindo todo um pais para o suicídio coletivo.
A continuar com a política genocida do atual governo nem os bons  sobreviverão e Israel perecerá baixo o desprezo de todo o mundo..
O Sr., Lieberman, que  trouxe da sua Moldávia natal vasta experiência com pogroms, está firmemente empenhado em aplicá-la contra nossos irmãos palestinos. Este merece só para ele um tribunal de Nuremberg.
Digo tudo isso porque um judeu humanista não pode assistir calado e indiferente o que está acontecendo no Oriente Médio. Precisamos de força e coragem para, unidos aos bons, lutar pela convivência fraterna entre dois povos irmãos.
Abaixo o fascismo!
Paz Já!
Silvio Tendler

Frase do dia

“Existem milhões e milhões de razões para a gente construir a paz, mas não existe uma única razão para a gente construir a guerra”, Lula. 




Laguardia disse...

Só existe uma razão para se construir a paz - O amor ao próximo.

Há milhões de motivos para se construir a guerra
1. Intolerância
2. Ganância
3. Egoísmo
4. Megalomania
5. Sede de poder
7. Discriminação racial
9. Inveja
10. Tentativa de impor idéias pela força

Estas são apenas dez. Tenho certeza que você poderá pensar em muitas outras.

Lula reclama negociações para a paz e critica países ricos

O presidente Lula abriu ontem o 3º Fórum Mundial de Aliança de Civilizações, promovido pela ONU, criticando o comportamento dos países desenvolvidos durante e após a crise financeira internacional que eclodiu em 2008.
    “Incapazes de assumir seus próprios erros, alguns governantes buscam transferir o ônus da crise para os mais fracos. Adotam medidas protecionistas que oneram bens e serviços e, ao mesmo tempo, se mostram lenientes com os paraísos fiscais e responsabilizam imigrantes pela crise social”, afirmou o presidente.
     Lula também defendeu a busca de uma solução negociada para a crise nuclear iraniana e afirmou que o Brasil manterá seus esforços pela paz no Oriente Médio.
    “O mundo precisa de um Oriente Médio em paz. O Brasil não está alheio a essa necessidade. Defendemos um planeta livre de armas e o cumprimento do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares”.
    Aos representantes de 104 países presentes ao Fórum, no Rio, Lula lembrou a recente visita ao Irã, onde mediou um acordo de troca de combustível nuclear com Teerã, junto com o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan. O acordo não impediu que potências ocidentais, que suspeitam que o Irã busca armas atômicas, seguissem pressionando por novas sanções ao país. Lula considerou os arsenais nucleares “obsoletos e de um tempo já superado” e disse que o Brasil “é um dos poucos países que consagram o desarmamento em sua Constituição”.

EXEMPLO E SENSIBILIDADE
   O primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, também lembrou a reunião com Lula em Teerã e falou de paz entre as culturas, tema desse 3º Fórum de Aliança de Civilizações. Para Erdogan, os países que criticam as armas nucleares devem seguir o exemplo da Turquia e do Brasil – que não tem arsenal nuclear – e eliminar as armas de seus próprios países.
    “Nos reunimos em Teerã para conseguir a paz mundial. Não conseguiremos isso com a proliferação de armas nucleares”, afirmou o primeiro-ministro.
    Erdogan foi aplaudido ao dizer que “Islã e terrorismo são palavras opostas e não caracterizam a essência do povo islâmico”.  Para ele, a história da humanidade não pode ser lida como sucessões de guerras e paz, mas como troca de ideias a partir da riqueza da interação entre as diferentes culturas. O primeiro-ministro da Turquia defendeu a sensibilidade como fator de principal para a paz.
    “É errado ignorar a sensibilidade dos outros. Choramos pelas crianças que estão no meio dos conflitos do Afeganistão e do Iraque, assim como pelas crianças que perderam suas famílias no terremoto do Chile. Choramos pelas vítimas das torres gêmeas em Nova Iorque, assim como pelas vítimas dos metrôs de Londres, Istambul e Madri e também ouvimos as vozes que estão na região de Gaza”, disse ele.
    O 3º Fórum Mundial de Aliança de Civilizações pretende mobilizar a opinião pública em favor da superação de preconceitos e percepções equivocadas que, muitas vezes, levam a conflitos entre Estados e comunidades heterogêneas.

Discurso de Lula

Diz que Brasil é multiétnico, de todas as religiões.
A exclusão, o preconceito e a pobreza alimentam cenários de tensão e conflito, de dominação e de injustiça.
Enquanto houver fome e desemprego e intolerância étnica, religiosa, cultura e ideológica não haverá paz.
Precisamos renovar mentalidades. Para tanto é necessário proporcionar possibilidades de crescimento econômico para homens e mulheres que vivem à margem da civilização.
O Brasil aposta no entendimento que faz calar as armas. Investe na esperança, que supera o medo. Faz da democracia política e social sua única e melhor arma.
Minha experiência como líder sindical ensinou que posições inflexíveis só impedem a paz.
Com esse propósito o primeiro ministro da Turquia e eu fomos ao Irã buscar um acordo.
O mundo precisa do Oriente Médio em paz e o Brasil não está alheio a essas necessidades.
Defendemos um planeta livre de armas nucleares.
Acreditamos que a energia nuclear deve ser instrumento para promoção do desenvolvimento, não uma ameaça.
O Brasil é dos poucos países a consagrar em sua Constituição a proibição de construir e usar armas nucleares.
Na América Latina e Caribe estamos consolidando a integração de um espaço territorial. Queremos que nossa diversidade seja fator de multiplicação de nossas forças.
Foi a perspectiva de avanço das civilizações que nos fez realizar duas reuniões de cúpula com países árabes e dois com africanos.
Só assim enfrentaremos aquecimento global, o terrorismo mas, acima de tudo, com a fome e a miséria no mundo.
Incapaz de assumir seus próprios erros, alguns governantes procuram transferir para os mais fracos, criando dificuldades para exportação dos países emergentes e, ao mesmo tempo, defendendo paraísos fiscais e combatendo os imigrantes.
Combater manifestações de xenofobia e racismo é essencial.
Os jovens se constituem em um dos grupos mais vulneráveis ao fanatismo e à intolerância. Mas são sempre a melhor promessa para o futuro, sempre que orientados para o respeito às diferenças. Imprescindível um forte investimento na educação.
Povos sem conhecimento de sua história e de sua cultura não tem como avaliar o presente e serão incapazes de construir seu próprio futuro.

Diplomacia da Paz

É com orgulho e prazer que leio a declaração da dona Hillary - Secretária de Estado americana -: 


"Certamente nós temos discordâncias muito sérias com a diplomacia brasileira em relação ao Irã". 


Inda bem que temos discordâncias e sérias.


Os States ama e defende a guerra para sustentar sua economia combalida e belicosa.


O Brasil ama e defende a paz, aqui e no mundo todo.


É muito bom sermos adversários deles neste sentido. É bom não, é ótimo.


E o Brasil exercer uma diplomacia calçada na paz?... Maravilhoso.


O mundo na sua grande maioria concorda com nós.


Bay, bay falcões.

Deu zebra (pra eles)

Quando Lula anunciou que tentaria articular um acordo no Irã, com o apoio da Turquia, Estados Unidos e aliados na defesa de sanções da ONU aos persas enalteceram a iniciativa do presidente brasileiro, porém fizeram pouco caso quanto ao sucesso do resultado. Em suma, demonstraram muito ceticismo quanto à reação iraniana. Na verdade, apostavam no que desejavam, quer dizer, entendimento zero.

Aconteceu que o Irã aceitou a proposta de Lula, concebida nos mesmos moldes do que haviam proposto os estadunidenses e a própria Comissão de ... 

Energia Nuclear da ONU. E o que fizeram os EUA, França, Alemanha, Rússia, China e Inglaterra? Pediram retaliações ao chamado país dos aiatolás. Lembra aquele sujeito "mala" que não está interessado no negócio e em vez de falar a verdade, opta por colocar várias cláusulas difíceis de serem aceitas e, quando a outra parte concorda, inventa novas exigências absurdas.

lula criticou setores elitistas da mídia brasileira (recado direto também a alguns colunistas), que agem na defesa dos imperialistas, não importando a nossa soberania e o papel que o País deve desempenhar no mundo, nem a necessidade de haver paz entre os povos. 

Ao fazer reparos à atuação da mídia brasileira no caso do acordo com o Irã, Lula acerta em cheio. Basta dizer que famoso telejornal, no dia seguinte ao anúncio, iniciou por aí: "Essa decisão foi muito boa para o Irã e para os que gostam... 


de tirar uma casquinha dos Estados Unidos", numa referência ao presidente brasileiro. O âncora fez direitinho o dever de casa. Da casa dele, bem entendido. Não da nossa.

ASSIM COMO NO IRAQUE...


por Carlos Chagas

A comunidade internacional dispõe de todos os motivos para desconfiar das intenções do Irã, que apesar de haver assinado acordo com o Brasil e a Turquia, continuará enriquecendo urânio a 20% ou mais em seu território. Desconfia-se, também, que o presidente Ahmadinejah permanece disposto a fazer a bomba atômica. É preciso cuidado e vigilância, apesar de nenhuma reação registrar-se diante da evidência de que Israel possui artefatos nucleares. 

Agora tem um problema: não fosse o país dos aiatolás  um dos maiores produtores de petróleo do mundo, seria tão grande assim a má vontade das potências nucleares, com os Estados Unidos à frente? Afinal, de verdade ou de mentirinha, o governo de Teerã assinou um tratado comprometendo-se a enviar 1.200 quilos de urânio pouco enriquecido para a Turquia e a receber, dentro de um ano, 120 quilos enriquecidos a 20%, de uso limitado a atividades energéticas e de medicina.


Estariam os gaviões atômicos empenhados apenas em impedir  o Irã de  ingressar no seu clubinho? Ou andam de olho no petróleo do país, hoje exportado para o mundo inteiro, mas pode ser que amanhã,  não,  por iniciativa de um dirigente radical qualquer?

É bom não esquecer o que aconteceu no Iraque.  Saddam Hussein teria sido deposto e condenado à morte por possuir armas de destruição em massa, que afinal não possuía, ou  por haver prometido  trocar o dólar pelo euro, nos negócios petrolíferos sob sua supervisão? Hoje, quem comanda as operações de extração e comercialização do petróleo iraquiano,  senão as grandes empresas americanas e inglesas?

Não  cogitam, por enquanto, da invasão armada do Irã, mas que ela se encontra  minuciosamente planejada, não há que duvidar. Assim como no caso da invasão do Iraque, argumentos e pretextos não faltam. Saddam invadiu os poços de petróleo do  Kwait, foi posto para fora e ficou marcado para morrer. Ahmadinejah que se cuide.

Quem representa perigo para a paz mundial?



Passado, volver!

Vendo o ceticismo dos mal-intencionados ante o acordo com o Irã, lembro que ainda estão na memória do mundo inteiro os assassinatos de milhares de iraquianos por parte dos Estados Unidos, Inglaterra e outros aliados, em nome de um suposto combate às armas químicas de Saddam Hussein que, soube-se mais tarde, não existiam, só mesmo nas cabeças de George W. Bush, o "vaca louca", e do sonso Toni Blair.

A indústria bélica, de grande influência nos poderes, inclusive na mídia (4º poder), não está nem aí para a vida, lucra com a morte, com o extermínio.

O THE GUARDIAN E A SABUJA IMPRENSA BRASILEIRA

No The Guardian, a dignidade que falta à midia aqui

O jornal inglês The Guardian (aqui, o original, em inglês) mostra hoje como é sabuja a grande imprensa brasileira, atrás de seu palavrório. Duvido que qualquer jornal brasileiro tenha tido a altivez de escrever, com todas as letras, o que diz um dos mais importantes jornais da Inglaterra:


“a proposta de resolução (promovida pelos EUA) pode ser interpretada como uma bofetada das grandes potências nos esforços de negociação de outros países. Mas, em um mundo multipolar, Barack Obama não pode simplesmente fazer isso.”


“A Turquia está emergindo como uma importante potência diplomática no Oriente Médio. Turquia e Brasil, o outro mediador do acordo, são membros não-permanentes do Conselho de Segurança e signatários do tratado de não-proliferação. O Japão, igualmente, compartilha o comprometimento de encontrar uma solução diplomática neste impasse com o Irã. Juntas, essas nações assumiram o papel de mediadores honestos abandonados pela Grã-Bretanha, a França e a Alemanha.”


O Wall Stret Journal, mesmo sendo um dos maiores defensores do império, reconhece:
“”O duplo constrangimento é que os EUA incentivaram a diplomacia de Lula como uma maneira de angariar apoio para uma resolução de sanções na ONU. Em vez disso, Lula usou a abertura para triangular sua própria solução diplomática. Assim, em vez de EUA e Europa colocarem o Irã contra a parede, foi Ahmadinejad quem colocou Obama no canto.”


O jornal dos “falcões” incita abertamente à guerra: “”Israel terá de considerar seriamente suas opções militares. Tal confrontação é muito mais provável hoje graças ao presidente americano, cujo principal sucesso diplomático foi convencer os vilões de que lhe falta determinação para conter suas ambições destrutivas.”


Está claríssimo. Quem quer a escalada do impasse e das sanções não quer outra coisa senão a guerra.

Lula consegue convencer o Irã a assinar acordo nuclear, com apoio da Turquia


O mundo amanhece sob o impacto de uma notícia vinda de Teerã. Uma novidade que traz as digitais de Lula.

Os brasileiros ainda dormiam quando Lula foi ao café da manhã, nesta segunda (17).

Dividiu a mesa com o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, e o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan.

Depois de se alimentar, os três foram ao encontro dos jornalistas. Trouxeram à luz um acerto esboçado na véspera.

Sob a mediação do Brasil e com a participação da Turquia, o Irã concordou em assinar um acordo para a troca de urânio por combustível nuclear.

Ao lado dos chefes e sob olhares dos repórteres, os ministros das Relações Exteriores dos três países assinaram o acordo.

Coube ao porta-voz da chancelaria iraniana, Ramin Mehmanparast, esmiuçar os termos do entendimento.

Pretende-se que a coisa funcione assim: O Irã enviará à Turquia 1.200 kg de urânio de baixo enriquecimento (3,5%).

O urânio ficará guardado na Turquia, sob vigilância turca e iraniana, pelo período de um ano.

Decorridos os 12 meses, o Irã receberia em troca 120 quilos de urânio enriquecido a 20% da Rússia e da França. Material destinado a pesquisas médicas.

Trata-se de uma fórmula parecida com a que havia sido sugerida, no final do ano passado, pela AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica da ONU).

A diferença é a presença da Turquia como fiel depositária do urânio do Irã. O governo turco mantém boas relações com Teerã e também com o Ocidente.

Comprometeu-se a devolver o urânio a Teerã caso os russos e os franceses não cumpram com a sua parte no acordo.

O acerto será submetido agora à AIEA. Só vai ser implementado se obtiver o aval da agência da ONU.

Imagina-se que o novo cenário pode esvaziar o balão das retaliações ao Irã, soprado pelos EUA, com a ajuda da comunidade Européia.

Se tudo correr como planejado, Lula voltará para o Brasil como sempre. Vencendor.

Será difícil para a oposição aturá-lo. 

Muita gente no Brasil e no mundo já fala em articular a candidatura de Lula ao Nobel da Paz.

SE O NATAL NÃO FOSSE UM DIA


Não há quem, por alguma razão, não espere ansioso pelo Natal.

A indústria, o empresário, o comércio, o comerciário.
O paciente, o doente. O detento. O presidiário.
O trabalhador. O assalariado.
Quem vende, quem compra. Quem faz compras.
Quem dá e quem recebe. E quem espera receber.
A família. O filho, a filha... de todas as idades.
Uns alimentam o sonho do aumenta das vendas e do lucro.
Outros aguardam incontidos a visita, a alta, a liberdade, o cartão, o embrulho colorido, o presente, a "felicidade".

Nesse 24 de dezembro caminhei pelas ruas da minha cidade. E por onde andei percebi que não havia Natal.
Árvores com luzes que não piscavam porque nunca foram acesas... porque não existiam nem árvores nem luzes para acender.
(Na autoestrada vi a Mitsubishi ainda sem placas, vindo da loja direto para fazer a alegria do felizardo que o recebeu como o presente prometido).
Na periferia, o contraste da riqueza e opulência. Pessoas humildes e suas casas humildes.
A roupa simples e a bicicleta simples. E nada que demonstrasse ali o espírito materialista do Natal.
Foi quando imaginei que a simbologia do Natal pode estar além da atitude de dar e receber presente.
O bêbado que nos pediu “dois contos, prá interar uma cerveja”, me fez sentir que o Natal não faz sentido.
A criança descalça e olhar perdido de quem só não perdeu a esperança porque não se perde o que nunca se teve, deixou-me um pouco mais triste.
Eu, que já não tinha tantos motivos para me alegrar... Foi quando deparei-me com histórias que se configuram simples, mas comeventes exemplos de vida e nos fazem repensar o verdadeiro sentido do Natal.
E descubri-me um ser inútil. Aquele tipo que se emociona com uma notícia, uma imagem e... é só.
Que não é chegado a dar nada e egoisticamente se isola no casulo de sua tristeza e nem ao menos a reparte...
Enquanto isso, alguém o espera no leito de um hospital.
Bastaria um sorriso, uma história, um gesto de carinho. Uma visita.
Que poderia ser feita também à delegacia. Ou à Casa de Idosos.
Quantas crianças órfãs da alegria, da esperança e acolhidas pela tragédia: do alcoolismo dos pais ou de sua separação, da doença, da falta de escola... da falta de sorte e atenção da sociedade, do governo.
Da minha atenção.
Porque eu não fiz e – NÃO FAÇO – a minha parte...
Ainda bem que existem aos milhares as redes de solidariedade espalhadas por aí que fazem.
Elas são compostas de pessoas para as quais todo dia é Natal. Pessoas que semeiam amor, dão carinho, distribuem sorrisos, emanam solidariedade, espalham felicidade.
Todos os dias, repito.
Para pessoas assim, o Natal não é somente uma data, é a sequência de uma vida aonde falta luz, bolas coloridas, presentes, amor, saúde, liberdade, dignidade – VIDA.
Todavia, algo deixa escapar que uma aura de luz e de paz abarca o mundo, que a solidariedade de alguma forma e em diversos formatos se manifesta através das atitudes humanas quando chega o Natal.
Mas somente quando é Natal.
Ah! se o Natal não fosse um dia e se um dia a gente descobrisse isso.


Que vocês que me acompanharam, vocês que gostam muito ou pouco, ou até que não gostam de mim e do que escrevo.
Que vocês tenham um Natal de Paz e em paz na companhia de quem vocês gostam.
Que 2010 traga com ele a possibilidade de realizar os sonhos que farão a felicidade completa de vocês em 2009.

Saúde e Paz a todos.

Ahmadinejad no Brasil: O que de fato está em jogo


VALTER POMAR
CESAR OGATA/divulgação
VALTER POMAR
Secretário de Relações Internacionais do PT

Vivemos uma situação mundial de crise & transição: 


a) crise do ideário neoliberal, num momento em que o pensamento crítico ainda se recupera de duas décadas de defensiva político-ideológica; 


b) crise da hegemonia estadunidense, sem que haja um hegemon substituto, o que estimula a formação de blocos regionais e alianças transversais; 


c) crise do atual padrão de acumulação capitalista, sem que esteja visível qual será a alternativa sistêmica; 


d) crise do modelo de desenvolvimento conservador & neoliberal na América Latina e no Brasil, estando em curso a transição para um pós-neoliberalismo cujos traços serão definidos ao longo da própria caminhada.


Uma situação em que os modelos antes hegemônicos estão em crise, sem que tenham emergido modelos substitutos. O que sugere um período mais ou menos prolongado de instabilidade internacional.


É nesses marcos que se desenvolve a política externa do governo Lula, respeitando em primeiro lugar a Constituição aprovada em 1988, cujo artigo 4º afirma que a “República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios”: “independência nacional; prevalência dos direitos humanos; autodeterminação dos povos; não-intervenção; igualdade entre os Estados; defesa da paz; solução pacífica dos conflitos; repúdio ao terrorismo e ao racismo; cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; concessão de asilo político”.


Com base nesses parâmetros, o governo Lula fez de sua política externa um instrumento para atingir, entre outros, os seguintes objetivos: a) desenvolvimento nacional, integração regional e redução das vulnerabilidades externas; b) fortalecimento do papel do Estado, inclusive em termos de defesa das fronteiras marítimas e terrestres; c) ampliação do papel internacional do país, consolidando relações com outros grandes Estados periféricos, evitando acordos subalternos e investindo fortemente na integração regional.


O governo Lula enfatiza a integração regional; o diálogo com outros grandes Estados periféricos; a ampliação da presença e das relações do Brasil no mundo; a reforma das instituições multilaterais; a reivindicação de uma cadeira permanente para o Brasil no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU); a proteção dos interesses nacionais, nas instituições e negociações multilaterais.




O Brasil desenvolve intensa política de cooperação entre os grandes Estados periféricos, através de uma diplomacia dita de “geometria variável”, especialmente com ChinaRússiaÍndia e África do Sul, na busca de criar laços econômicos, sociais, políticos, militares e ideológicos que permitam a convivência, sem subordinação ou dependência, com a (no médio prazo) decadente hegemonia dos Estados Unidos e União Europeia.


O governo Lula vem ampliando os contatos políticos, comerciais e de investimentos, na região latino-americana, mas também na Ásia, no Oriente Médio e na África. Esse esforço multilateral tem colaborado na ampliação e diversificação do comércio internacional do Brasil, sem descuidar das orientações tradicionais da diplomacia brasileira – como o multilateralismo e a paz – cada vez mais temperadas pela explícita disposição de preservar e ampliar a margem de manobra do Brasil.


Destaque-se a oposição do Brasil à guerra dos Estados Unidos contra o Iraque; as posições defendidas pelo Brasil na Comissão e agora Conselho de Direitos Humanos da ONU; a defesa do direito de desenvolvimento de tecnologia para o uso pacífico da energia nucelar; a postura frente aos ataques de Israel contra território palestino; a contribuição para uma solução pacífica das controvérsias envolvendo o Irã e a Coreia do Norte.


É nesses marcos que ocorre o debate sobre a visita do presidente do Irã ao Brasil. Alguns setores defendem que receber Mahmoud Ahmadinejad é endossar sua política interna. Ora, recebemos Bush e Shimon Peres, sem que isso significasse apoio de nenhum tipo para suas políticas internas ou externas, inclusive no terreno do fundamentalismo, do terrorismo e das armas nuclares, nos quais os dois líderes citados não são pombas de paz. Sem falar da fraude eleitoral que deu vitória a Bush.


Alguns críticos defendem também que, em vez de receber, deveríamos rejeitar Ahmadinejad. Ora, isso implicaria considerar verdadeiras todas as críticas que os EUA fazem ao Irã, como se fosse possível esquecer as mentiras sobre as armas de destruição em massa no Iraque. Significaria também radicalizar o confronto. Por fim, implicaria em deixar aos Estados Unidos o papel de interlocutor único.


No fundo, é isso que está em jogo: os que apostam no crescente papel do Brasil como interlocutor internacional versus a cega hipocrisia dos que acreditam que o governo dos EUA defende os interesses da democracia e da paz.