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*GAFE e a liberdade de expressão

O caso Xico Sá, escancara a Liberdade de Expressão que as famiglias midiáticas brasileira tanto defendem - pior que tem babaca que acredita nisso -.

O episódio é um recado direto para os funcionários - jornalistas - das empresas:

Vocês tem todo direito de escreverem o que quiserem. Claro, desde que esteja de acordo com a nossa vontade.

*Globo Abril Folha Estadão



Xico Sá desabafa, declara voto para Dilma e pede "demissão" da Folha de São Paulo

do Jornalista e Escritor Xico Sá no Twitter:

"Phoda-se o PT, a merda é q ñ há a mínima manchete contra os outros. ai tá a putaria jornalística e eu,lá de dentro, sei cuma funciona", escreveu Xico Sá no Twitter. "Amo encher a boca e dizer IMPRENSA BURGUESA. é q só há um lado a fuder, nisso é desonesta, escrota, fdp. P q ñ investigar todos?", questionou em seguida.
"Nego acha q por trabalhar na imprensa burguesa desde os 18 anos ñ posso ser contra a orientação política dos chefes. oxi,ai q devo ser mesmo. um dia ainda vou contar tudo q a imprensa ñ deixa sair se for contra a orientação política dos grandes jornais. só podem os reinaldões etc", ameaçou, citando o colunista Reinaldo Azevedo, de Veja.
Sobre as eleições, publicou: "façam bonito, vcs são do jogo, mas o governo brasileiro foi muito importante para o meu povo e eu estou com meu povo. Dilma é foda!!!". E ainda: "se fosse votar por vcs burguês era Aécio até o talo; mas cuma prefiro votar pelo meu povo da porra e q necessita, é Dilma, carajo". Xico Sá criticou Aécio e perguntou: "na boa, do fundo del corazón, cuma alguém pode em Aécio? juro q não vou julga-lo por nenhuma das 50 escrotidões q poderia julgá-lo".



Pablo Villaça: "AE-5 Neves continua a se mostrar o governador autoritário que não permite uma palavra negativa sobre sua gestão na imprensa mineira.

"[...] Agora, eu e outros 65 internautas estamos sendo notificados judicialmente por AE-5 Neves. Somos acusados de ser ROBÔS e/ou de "agirmos em rede" para atacá-lo. Porque ele jamais poderia ser criticado se não fosse algo com tom conspiratório ou pago, claro.




Inacreditável, isso. AE-5 tenta censurar pesquisas no Google, manda polícia invadir casa de internauta e agora isso. Em 2014, AE-5 Neves ainda não entendeu o que é democracia e liberdade de expressão. Quer me censurar judicialmente. É o que digo desde o início da campanha: vocês agora vão conhecer o AE-5 Neves que em MG já conhecemos tão bem. E não vão gostar. Não adianta querer me calar judicialmente, @AecioNeves.

Moro em MG, conheço sua gestão pavorosa e tenho PLENO DIREITO de gritar isso. Você pode estar acostumado a não receber críticas por parte da imprensa mineira, @AecioNeves, mas não sou funcionário de jornal que aceita intimidação ou se cala por qualquer outro interesse. E sua visão de "democracia" se tornará ainda mais conhecida Brasil afora graças a mais este ato autoritário, antidemocrático e - sem meias palavras - insano. Como cidadão, não aceito ser calado assim. E que fique o aviso pra quem não mora em MG e não conhecia a figura: @AecioNeves é assim. Tenta calar quem o critica.




Já me chamaram de muita coisa, mas de "robô" foi a primeira vez. Mas é o PT que quer censurar a imprensa e implantar uma ditadura no Brasil. Claro. Hum-hum. Certinho, campeão. Há um motivo pro candidato de AE-5 Neves estar prestes a ser derrotado já no 1o turno em MG. E pra ele estar em TERCEIRO nas pesquisas aqui. Enfim. Bom domingo a todos. Não vou deixar que AE-5 Neves estrague o meu".

*Aécio quer censurar site independente de Minas Gerais

A vida do analista de sistemas Luciano Moura virou de ponta-cabeça desde que ele se tornou o inimigo número um do PSDB. Ele é proprietário do site Poços 10, página compiladora de notícias da cidade Poços de Caldas (MG), e foi acusado de ser “membro de uma quadrilha virtual” pelo coordenador jurídico da campanha de Aécio Neves à presidência, deputado Carlos Sampaio (SP).

Tudo começou no fim de maio, quando o site republicou uma matéria compartilhada na internet havia mais de um ano. O texto trazia uma suposta frase de Andrea Falcão, ex-mulher de Aécio, acusando-o de usar a filha para servir de justificativa para transportar diamantes para o exterior de forma ilegal. Tanto Aécio quanto Andrea negaram a existência do diálogo. O PSDB aproveitou a oportunidade para tentar censurar o site, apesar de uma série de outros blogs terem divulgado exatamente o mesmo texto.

O partido entrou com uma ação judicial na Procuradoria da República do Estado de Minas Gerais e solicitou a retirada do conteúdo do ar. Alegou os crimes de calúnia e acusou o Poços 10 de ser financiado com o dinheiro público, baseado no fato de que Luciano Moura também foi responsável pela criação do site do vereador petista Paulo Tadeu, presidente da Câmara Municipal de Poços de Caldas.

Para Moura, isso mostra o desconhecimento de Carlos Sampaio e do departamento jurídico do PSDB sobre o funcionamento da internet. “Eu sou analista de sistemas, ganho a vida montando e mantendo sites”, explica. Segundo ele, o site do vereador Paulo Tadeu foi desenvolvido oito meses depois do Poços 10. “Como isso pode provar a manutenção do meu site com dinheiro público?”, questiona.

A ação do PSDB também acusa Moura de ser autor do boato, mas o texto foi totalmente retirado de outro site. “Mas tem muita gente com preguiça de ler reportagens até o fim”, diz. Para o analista, Carlos Sampaio só quer aparecer. Em um texto publicado no Poços 10, ele diz que o “deputado-promotor” está apenas “buscando a promoção fácil que tanto o fascina.”

A tentativa de censura tem, ainda, como pano de fundo, a insistência do site Poços 10 em manter à tona o chamado “Caso Pavesi”, que revelou ao Brasil e ao mundo a existência de uma quadrilha especializada em tráfico de órgãos em Poços de Caldas, em 2002. O principal nome ligado ao caso é o de deputado estadual Carlos Mosconi, do PSDB, conforme foi revelado em matéria da revista CartaCapital, em 2013.

No próximo dia 31, quatro médicos irão a júri popular pela morte do menino Paulo Veronesi Pavesi, de 10 anos, o “Paulinho”, ocorrida em 2000, em Poços de Caldas (MG). Os quatro são acusados de fazer parte da chamada “Mafia dos Órgãos” e usar uma central clandestina de transplantes para retirar órgãos do garoto enquanto ele ainda estava vivo, após sofrer um acidente em casa.

Três médicos já foram condenados e outros ainda respondem na Justiça. Nesse júri popular estarão no banco dos réus o nefrologista Álvaro Ianhez, o anestesiologista Marco Alexandre Pacheco da Fonseca, o intensivista José Luiz Bonfitto e o neurocirurgião José Luiz Gomes da Silva. Na denúncia, consta que eles teriam usado a central de transplantes clandestina para retirar rins e córneas de Paulinho antes que tivesse ocorrido sua morte encefálica.

Em janeiro deste ano, o pai do menino, Paulo Airton Pavesi, que vive na Europa, publicou o livro “Tráfico de Órgãos no Brasil – O que a máfia não quer que você saiba”. Segundo Pavesi, a história toda foi censurada no Brasil por pressão do grupo político do deputado Carlos Mosconi, apontado como ministro da Saúde de um eventual governo Aécio Neves. Por isso, optou por lançar o livro de maneira independente e distribuir livremente pela internet.

Mosconi foi o idealizador da MG Sul Transplantes, entidade acusada de organizar a retirada ilegal de órgãos em Poços de Caldas. O deputado foi citado, em 2004, na CPI do Tráfico de Órgãos. Na época, o delegado Célio Jacinto, responsável pelas investigações da Polícia Federal, revelou a existência de uma carta do parlamentar na qual ele solicita a um dos acusados o fornecimento de um rim para atender ao pedido do prefeito da cidade de Campanha, por 8 mil reais. A carta, disse o delegado, desapareceu misteriosamente do inquérito sob custódia do Ministério Público Estadual de Minas Gerais.

Mundo da fantasia - O vereador Paulo Tadeu também considera infantil a acusação. “Não tem base. É uma distorção total do mundo real para que tenha alguma conexão com essa fantasia que o Aécio criou”, afirma. Como explica texto publicado em seu site, Tadeu considera não dar para levar a sério um assessor jurídico que implica até com as cores da roupa da presidenta Dilma. “Trata-se de mais uma de suas representações, sempre desmoralizadas e fadadas ao ridículo”, garante.

Os advogados do Google já haviam afirmado, em março, que Aécio parecia “sensível demais a críticas.” A resposta veio depois que o PSDB entrou com uma ação judicial para que o Google e outros provedores de pesquisa impedissem o acesso a informações que relacionassem o presidenciável ao uso ilícito de drogas. O pedido do PSDB foi negado, mas a acusação era a mesma: a ação de supostas “quadrilhas virtuais.”

Perseguição - Ainda assim, o analista de sistemas tem medo das consequências que o caso possa trazer para ele. “Estou receoso quanto ao tipo de coisa que o PSDB pode fazer. Essa é a tática deles, incentivar o medo e a repressão”, conta. O vereador concorda com Luciano Moura. “Minas vive um tempo de opressão. O jornalista Marcos Carone, do Novojornal, está preso há quase seis meses sem nenhuma acusação”, relembra. Paulo Tadeu se refere à prisão do jornalista mineiro acusado de intimidar testemunhas que seriam ouvidas em processo contra ele, segundo o Ministério Público de Minas Gerais.
Mesmo com toda a repressão, porém, Luciano Moura se mantém firme no projeto de divulgar a “verdadeira Minas”. “Eu sou mineiro, sei o tanto que meu estado sofre com o abandono”, afirma. A ação serviu de fermento para as divulgações do Poços 10. O site quebra, diariamente, o recorde de audiência e o dono da página tem recebido muito apoio nas redes sociais. “Vou aguentar o impacto de cabeça erguida. O site continua, agora com o apoio de ainda mais gente”, conclui.

Por Bruno Bucis

*Juridicamente ele usa a sigla PSDB para fazer o jogo sujo

Aécio Neves censura

Essa foi divulgada
Essa deve ser censurada
é o que pretende Aécio Neves
Quando afirmo que José Serra é uma criança inocente se comparado com Aécio Neves, tem gente que duvida

Da lavra do PSDB

"O PT montou uma máquina de espalhar mentiras e destruir reputações na internet e isso precisa ser denunciado"

Basta acusar, que tal provar que criamos essa "máquina"?...

E, que tal acrescentar alguma informações na nota oficial do partido - será que Aécio Neves, presidente do partido assinou? -:
  • - Faltou dizer que o PT contratou um guru indiano que orientou na montagem da rede de disseminação de calúnias
  • - Faltou dizer que mandaram imprimir milhares de panfletos com calúnias contra aécio para serem distribuidos por aí, nas igrejas e jornais de bairro
  • - Faltou falar que Petistas atiram bolinhas de papel com peso de chumbo nas cabeças dos pobres tucanos.

Enfim, pimenta nos olhos alheios é refresco, mas nos próprios arde, não é tucanada? Lembra do efeito bola de neve que aquela história de abôrto teve contra Dilma? E fica a trepidante questão: dá pra imaginar um aécio, que fez carreira à sombra do nome do avô, governando o Brasil? Fala sério...
CB 

Sob "sigilo de justiça" pré-candidato a presidente da república tenta censurar a internet

Só pode ser coisa de petralha, apedeuta chavenizado. Mas, os homens de bens da pátria amada Brazil não permitirão essa patifaria. Contem comigo...
do Olhar Digital

A Justiça negou um pedido do senador Aécio Neves, que queria obrigar buscadores a bloquear resultados de buscas relacionados à sua pessoa. Pré-candidato à Presidência pelo PSDB, Aécio tem o nome vinculado a desvio de dinheiro durante sua gestão como governador de Minas Gerais e ao uso de entorpecentes.
Segundo a Folha de S.Paulo, a Justiça já havia decidido contra o senador sobre o caso do desvio, então ele entrou com recurso e pedido de liminar. Foi derrotado novamente, mas o mérito do processo ainda está em análise.
A ação mira Google, Yahoo e Bing, onde aparecem notícias que o acusam de responder por desvio de verbas da Saúde em MG – são mais de 20 mil links. O senador pede a remoção dessas informações e de mais 19 termos.
O Google diz no processo que Aécio "parece 'sensível' demais às críticas sobre sua atuação" e que é impossível remover o conteúdo sem interferir em outras buscas relacionadas ao senador. Mesmo assim, avisa a empresa, mexer nisso implica em vistoriar o conteúdo antes que ele apareça nos resultados, algo visto pela empresa como atentado à liberdade de expressão.
O outro caso, iniciado em 2013 e que liga o tucano ao uso de entorpecentes, corre em segredo de Justiça. Ele pede providências contra comunidades e perfis que tratam do assunto.

Para lembrar

O jornalista Zuenir Ventura escreveu o artigo: Para não esquecer criticando a censura imposta pelo AI 5 - Ato Institucional nº 5 - e como sempre, para não perder o costume...

Criticar o PT.

Ele não esquece que o ato foi um atentado contra a liberdade de expressão e os direitos humanos.

Pois é, ele não esquece...muito bom!

Mas, também é bom lembrar:

O condenado continua tendo direito a liberdade de expressão e aos direitos humanos.

Acontece que sobre José Genoino - textualmente -, José Dirceu e Delúbio Soares serem censurados e terem seus direitos humanos violados, ele não escreve uma vírgula...

Faz sentido!

São petistas...

Ah, quanto a frase:

"Às favas todos os escrúpulos éticos"...é perfeita para quem apoiou os Ditadores de 64 e hoje apoiam os togados que condenam sem provas. Além claro, os paladinos da moral e ética seletiva.




Zuenir Ventura - para não esquecer

Chamado de golpe dentro do golpe, o Ato Institucional nº 5, cuja promulgação completou 45 anos ontem, foi um dos maiores atentados cometidos contra a liberdade de expressão e os direitos humanos. Vale a pena lembrar.
Em uma década de vigência, esse decreto institucionalizando a ditadura militar fechou o Congresso, cancelou o habeas corpus e puniu mais de mil cidadãos, cassando ou suspendendo seus direitos, além de promover a censura de cerca de 500 filmes, 450 peças de teatro, 200 livros, dezenas de programas de rádio, cem revistas, mais de 200 letras de música e uma dúzia de capítulos e sinopses de telenovelas. Só o falecido Plínio Marcos teve 18 peças vetadas.
O índex ia de Chico Buarque, um dos mais perseguidos, à comediante Dercy Gonçalves. Já na madrugada de 13 de dezembro, vários jornais foram censurados ou impedidos de circular, e centenas de políticos, intelectuais, jornalistas, artistas foram presos num tipo de operação que mais tarde seria consagrada pelos bandidos: o “arrastão”.
O AI-5 foi assinado por 22 dos 23 membros do Conselho de Segurança Nacional, composto pelos ministros civis e militares reunidos pelo então chefe do governo, marechal Costa e Silva, o segundo ditador a mandar no Brasil no período de 1964 a 1985.
A sessão que aprovou o Ato constituiu um espetáculo semelhante a uma peça do tropicalismo, então na moda, dirigida por José Celso Martinez Correa. Os ministros-atores funcionaram como encarnações alegóricas da hipocrisia e da pusilanimidade.
O único a se portar com dignidade naquela sexta-feira, 13, foi o vice-presidente da República, Pedro Aleixo, que se recusou a apoiar um documento que, como todos leram, instaurava no país o reino do arbítrio, da tortura e do terror. Basta dizer que um preso acusado de delito político ficaria incomunicável por dez dias — cinco a mais do que o Alvará de 1705, usado para arrancar confissão dos inconfidentes mineiros.
Consta que, cheio de dúvidas e quase arrependido, Costa e Silva teria desabafado: “Peço a Deus que não me venha convencer amanhã de que Pedro Aleixo é que estava certo.” Diz-se que o velho ditador tinha esperança de que o AI-5 acabasse logo. Ele acabou antes.
Pelo menos dois remanescentes daquele conselho continuam por aí sem esboçar qualquer revisão crítica do passado: Jarbas Passarinho, ex-ministro do Trabalho e da Previdência, e Delfim Netto, pai do “milagre econômico”.
O primeiro é autor da famosa frase que pronunciou ao emitir seu voto a favor do AI-5: “Às favas todos os escrúpulos de consciência”. O segundo tornou-se muito respeitado pelos antigos adversários que agora estão no poder e dos quais tem funcionado como conselheiro ou guru. Tão respeitado que eles parecem ter atualizado a imprecação de Passarinho, mudando-a para:

 “Às favas todos os escrúpulos éticos”.

depois de censores togados, jornais-censores

A Associação Nacional de Jornais (ANJ) estuda a possibilidade de acionar o grupo espanhol Prisa, editor do diário El País – um dos melhores do mundo –, por infringir os preceitos constitucionais do artigo 222 da Carta Magna de 1988, que impõe um limite de 30% à participação estrangeira no capital das empresas de comunicação sediadas no país.
A notícia saiu praticamente igual – quase um release – na Folha de S. Paulo (27/11) e no Estadão (29/11), motivada pelo lançamento, no dia 26/11, do esplêndido e oportuno site do jornal em português.
Na pátria do corporativismo até mesmo a grande imprensa é contra a livre concorrência e a favor da reserva de mercado. A ANJ é uma intransigente defensora da liberdade de expressão – exceto quando esta liberdade confronta os interesses comerciais dos associados.
O artigo 222 da Constituição foi alterado às pressas em 28/05/2002 porque o empresariado de comunicação temia que o assunto fosse decidido no eventual mandato de Lula da Silva, àquela altura cotado para sair vitorioso no pleito presidencial de outubro seguinte (ver "Reforma do Artigo 222 abriu setor ao capital estrangeiro").
O texto da emenda foi supervisionado pelas entidades corporativas (ANJ, ANER, ABERT) e, graças a esta vigilância, previa que os limites para a participação estrangeira estendiam-se aos veículos de comunicação social “independente da tecnologia utilizada”. Para contentar a FENAJ foi incluída uma cláusula oriunda do artigo 221 que exigia a presença de brasileiros natos no comando e nos quadros intermediários dos veículos com capital estrangeiro.
Àquela altura, grandes grupos jornalísticos brasileiros já haviam negociado com grupos internacionais a venda de seus ativos em áreas não-essenciais, especialmente gráficas. Capitalizaram-se confortavelmente sem ferir a lei que patrocinavam com tanto empenho.
Ao denunciar a manobra neste OI este observador foi acusado de “mentiroso” por um jornalão. Ganhou a questão na justiça, mas abriu mão de qualquer indenização por danos morais. Como castigo o OI foi obrigado a mudar de provedor.
Práticas inquisitoriais
É possível que a bela iniciativa do El País tenha amparo legal. À primeira vista não tem. O mais importante é que tem um poderoso amparo moral, social e político.
Além de xenófoba e mesquinha, a ameaça da ANJ fere os legítimos anseios da sociedade brasileira por uma imprensa pluralista e diversificada. Fere os princípios da solidariedade institucional que ao longo de quatro séculos garantiu a sobrevivência do chamado “Quarto Poder” nos quatro cantos do mundo. Fere, sobretudo, os jornalistas brasileiros contratados para produzir e adaptar o material em português, hoje na rua da amargura depois das demissões em massa ocorridas a partir de abril.
Neste país tão afeito às práticas inquisitoriais não será de estranhar que depois de juízes favoráveis a mordaças agora apareçam jornais-censores.

por Alberto Dines no Observatório da Imprensa

Paulo Moreira Leite - renúncia de Genoino é um alerta

Capaz de enfrentar a ditadura de armas na mão deputado concluiu que não teria direito a ampla defesa de seu mandato no Congresso
Minha hipocrisia não chega a ponto de me dizer contente com a renúncia de José Genoíno a seu mandato de deputado federal.
Não tenho biografia para julgar um personagem com sua história. Mas é uma decisão preocupante em vários sentidos. Não por ele. Mas por nós.
Um cidadão que já pegou em armas para enfrentar a ditadura militar em seu pior momento – anos Médici – na guerrilha do Araguaia concluiu que não teria meios para defender sua dignidade no Congresso. A lei assegura a Genoíno o direito a ampla defesa mas ele concluiu que não teria esta garantia.
Com mais de 300 000 votos, Genoíno foi o deputado mais votado de São Paulo em 1998. Também chegou a uma posição de destaque em 1994 e foi o único candidato do PT, até hoje, que chegou a um segundo turno na eleição para o governo paulista. Em 2010, já na ressaca da AP 470, deve 92 000 votos. Tornou-se suplente e assumiu o mandato que exerceu até a semana passada.
Como militante, Genoíno trouxe quadros novos e importantes para a política brasileira, entre eles um líder chamado Chico Mendes e sua discípula magrinha, Marina Silva. Formou pessoas e formou-se, também. Uma democracia não se constrói com proclamações de fim-de-semana nem a partir de frases de efeito. Precisa de lideranças legítimas, verdadeiros representantes do povo, a altura de sua tarefa e de suas responsabilidades. Apontado, pelos próprios colegas, como um dos parlamentares mais influentes do Congresso brasileiro, um articulador incansável e um negociador leal, Genoíno tornou-se um personagem indispensável da democracia construída no país a partir de 1985, que produziu o mais prolongado regime de liberdade de nossa história.
Eleito pela primeira vez em 1982, Genoíno conversa à direita, ao centro, e é claro, à esquerda. Semanas antes de enfrentar o problema do coração e fazer o implante de um tubo de 15 cm na aorta, ele debatia com os colegas um projeto de lei sobre consumo de drogas. Fiz uma entrevista com ele naquela época. Alerta para as novidades que o tempo coloca, Genoíno estava preocupado com a criação de uma legislação rígida demais, capaz de obrigar jovens estudantes que fumam um baseado nos fins de semana a cumprir penas de muitos anos como se fossem traficantes.
Vamos pensar de novo. A Constituição garante, em seu artigo 55, que cabe ao Congresso definir a cassação de mandato de parlamentares.
Embora o STF tenha tentado transformar este artigo em simples enfeite, o Congresso reagiu para manter sua prerrogativa, agora numa versão perversa e injusta: pretendia fazer tudo, de qualquer maneira, para cassar o mandato de Genoíno e agradar aquela fatia de eleitores convencidos de que a degola espetacular de parlamentares pode ser útil para nosso sistema político.
Nossos parlamentares – os piores, meus amigos -- estão de olho na reeleição e, sem verdadeiras realizações para apresentar, sem um projeto consistente para oferecer, se submetem as leis dos marketing político mais rasteiro. Eles é que iriam cassar Genoíno, posar para as fotos com cenho franzido e discursinho moralista que a TV adora.
Considerando a estatura política de Genoíno, um gigante em comparação com 99,9% entre eles, seriam obrigados, pela própria hipocrisia, a cumprir um ritual que já vimos no próprio Supremo. Dizer que lamentavam cassar como corrupto um parlamentar cujo maior patrimônio é uma casa modesta no Butantã, em São Paulo.
Seria na verdade um crime obviamente tão horrendo que era preciso acalmar a consciência fingir arrependimento no mesmo instante.
A renúncia de Genoíno tem este significado doloroso: é a comprovação de que o esforço de criminalizar os políticos brasileiros e a própria atividade democrática, que esteve no centro do discurso ideológico sobre a " compra de votos " que jamais seria demonstrada com fatos concretos, rendeu frutos, convenceu muitas pessoas e gerou vários resultados daninhos.
Atirado naquele universo da " publicidade opressiva" que marcou o julgamento, sem que o cidadão comum tivesse acesso a uma visão equilibrada dos fatos, ele nunca foi ouvido pelos brasileiros ao longo do julgamento e, para certificar-se de que não será mais ouvido por um longo período, já recebeu uma sentença que proíbe suas entrevistas. Ou seja: não só foi vítima de uma sentença injusta mas perdeu o direito de reclamar.
E é vergonhoso reparar que nenhum de nossos "jornalistas investigativos," nossos editorialistas, colunistas, jurados do Premio Esso e outros campeões domesticados pela profissão levantou-se para denunciar um ataque frontal a liberdade de expressão, que não atinge apenas o condenado, mas o próprio direito de todo repórter ouvir e entrevistar quem quiser, como acontece em todo país onde a imprensa é livre.
Apesar da selvageria de Guantanamo, reservada estrangeiros, a Justiça norte-americana, tão lembrado como exemplo de direito e liberdade, não proíbe entrevistas com condenados a penas graves, inclusive à pena morte.
Nenhum juiz norte-americano tem o direito de achar que está sendo desafiado quando um habitante do corredor da morte resolve defender seus direitos e denunciar que é inocente e foi condenado injustamente. Vários depoimentos dessa natureza renderam best-sellers e até filmes de sucesso.
Determinados gestos também podem ser questionados no Brasil de 2013.
Sabe aquele punho erguido, no dia em que Genoíno foi preso? Não pode. Irrita, provoca, deve ser evitado. Foi uma das marcas dos protestos de junho mas considera-se que não pode ser usado na coreografia dos condenados.
Compreende-se. Num universo onde a palavra foi cassada e até um gesto com a mão é questionado, o objetivo é impor a submissão, o silêncio. Todo ato de altivez, de resistência, será condenado.
Procura-se mobilizar a turba, a ralé, aqueles que não tem uma identidade social clara além do ressentimento, como dizia Hanna Arendt. O argumento é vergonhosamente antigo: é preciso combater o "privilégio", a "mordomia", os "direitos humanos", como prega o conservadorismo brasileiro desde o tempo em que cidadãos como Genoíno, seus familiares e seus parentes, e tantas outras pessoas que honraram a luta pela democracia, denunciavam a tortura nas prisões da ditadura.
Quando resolveram que o Congresso não deveria cumprir o artigo 55 e manter a palavra final sobre a perda de mandato, os ministros do Supremo chegaram a definir qualquer atitude contrária como "insubordinação."
Estamos num ambiente de incerteza e insegurança. Depois de um julgamento politizado, assistimos a uma nova transmutação institucional. A medicina não é mais medicina. Pode ser política.
Roberto Kalil, hoje o cardiologista de maior prestígio do país, já deixou claro que Genoíno enfrenta uma doença grave e crônica. Fabio Jatene, cirurgião do mesmo quilate, também fez uma avaliação no mesmo sentido. Peritos do IML do Distrito Federal e da Câmara de Deputados confirmam essa condição. E mesmo doutores indicados por Joaquim Barbosa para fazer um laudo sem a presença de um perito indicado por Genoíno – direito legal de todo prisioneiro – foram incapazes de escrever coisa muito diferente. Mesmo dizendo que não era "imprescindível" manter o deputado em regime domiciliar, levantaram condicionantes de bem-estar e cuidados médicos que não existem nos presídios brasileiros.
Mas nem assim o direito de Genoíno a prisão domiciliar está assegurado. Pedindo que este regime seja considerado definitivo, em vez de prolongar-se por apenas 90 dias, antes de uma nova revisão, como quer o procurador geral Rodrigo Janot, seus advogados lembram que mesmo traficantes de drogas já obtiveram este direito em nossos tribunais.
Eles também recordam uma resolução da Vara de Execuções Criminais do Distrito Federal, que reconhece a absoluta falta de condições de seus presídios atenderem a casos de enfermidade grave.
Entende-se, então, o sentido da luta de Genoíno. Ele trava, no momento, o combate político pelo direito à vida.

José Dirceu pede para não ser censurado como José Genoino está

A que ponto a ditadura togada e midiática já chegou...
Nada me espanta, nada me surpreende vindo dessa corja.
O que me causa vergonha e nojo é a omissão e covardia de muitos.
Mas tem nada não, dias melhores virão.

Com um documento em que elenca uma série de direitos elementares de um preso, entre os quais o direito à informação, a se comunicar e a se expressar,  a defesa do ex-ministro José Dirceu entregou esta semana à Justiça, solicitação para que ele seja autorizado a continuar fazendo este seu blog. No pedido o advogado de defesa do ex-chefe da Casa civil, José Luís Oliveira Lima – o Juca -, requer que sejam respeitado seu direito à liberdade de expressão e informação.
Desde 15 de novembro pp., quando o ex-ministro se entregou inicialmente à Polícia Federal (PF), em São Paulo e, no dia seguinte, foi levado para Brasília este seu diário é feito pela equipe do blog montada por ele. Na petição à Justiça, a defesa do ex-ministro exemplifica que ao longo da tramitação e julgamento da Ação Penal 470 ele publicou artigos e entrevistas em seu blog sem qualquer tipo de incidente.
Os advogados de defesa do ex-ministro também pedem que ele seja autorizado a receber, no local a que está recolhido,  jornais, revistas e livros , além de ter assegurado o seu direito de dar entrevistas. Para tanto, no pedido encaminhado à Vara de Execuções Penais do Distrito Federal, o advogado José Luis Oliveira Lima invoca dispositivos da Lei de Execução Penal que estabelece como direito de um preso “o contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros meios de informação”.
Depois de relacionar direitos do preso, entre os quais à liberdade de expressão e informação, José Luís de Oliveira Lima assinala que só pode haver restrição a estes direitos se sua concessão representasse alguma ameaça à segurança do presídio ou para evitar fugas e motins.  “Mesmo encarcerado, (o preso) mantém o direito de estar informado dos acontecimentos familiares, sociais, políticos e de outra índole, pois sua estadia na prisão não pode significar marginalização da sociedade. Em suma, o sentenciado mantém íntegro o direito à liberdade de informação e expressão”, insiste o advogado de Dirceu.


Biografia autorizada e seus efeitos colaterais

Merval Pereira volta ao tema das biografias autorizadas ressaltando o que diz o jurista Joaquim Falcão,  “fere gravemente a liberdade acadêmica, a liberdade de ensinar e de pesquisar”. Quero chamar a atenção de um perigo, mais um, que ameaça a imprensa livre como efeito colateral da nova proposta apresentada por Roberto Carlos.
Em boa hora, portanto, a Academia Brasileira de Letras (ABL) decidiu ingressar comoamicus curiae na ação direta de inconstitucionalidade (Adin) que a Associação Nacional dos Editores de Livros (Anel) move no Supremo Tribunal Federal contra a censura às biografias não autorizadas. Estará lutando também pela liberdade de imprensa, como veremos.
Essa nova tese de aceitar o fim da necessidade de autorização dos biografados com a ressalva de que caberá ao Judiciário decidir no caso a caso o que representa ou não violação de privacidade, na prática, mantém tudo como está hoje, foi uma forma inteligente que o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, encontrou para, seguindo o conselho do príncipe Falconeri no livro “O Leopardo”, de Lampedusa, mudar para deixar tudo como está.
Os biografados, especialmente os que têm bons advogados, irão ao Judiciário contra os livros que contiverem informações que lhes desagradem e obterão liminares proibindo as publicações ou determinando a supressão do que incomodar, sempre com base na invasão da privacidade/intimidade.
Essa nova estratégia é muito mais perigosa do que a anterior, de exigir autorização prévia dos biografados, porque aparenta uma disposição para o diálogo que fez, erroneamente, que se pensasse que Roberto Carlos havia recuado de sua posição inicial, quando, na verdade, ele está apenas tentando se livrar do estigma de promover a censura prévia de livros.
Mas o seu objetivo continua o mesmo, controlar o fluxo da informação, tentando escrever a história de acordo com o seu ponto de vista, o único verdadeiro segundo sua curiosa maneira de ver as coisas.
Ocorre que o assunto pode acabar tendo consequências mais graves do que a já absurda censura às biografias: os mesmos artigos 20 e 21 do Código Civil que são interpretados como fundamentos para proibir as biografias também podem servir para proibir matérias jornalísticas que supostamente invadam a privacidade de alguém.
Os artigos 20 e 21 em momento algum citam a palavra “biografia”. Eles protegem a imagem e a intimidade contra “usos comerciais", a edição de livros tem sido entendida como um uso comercial, e não há razão para que o jornalismo não o seja.

José Dirceu - biografia e censura


Acredito que o direito à liberdade de expressão e o veto a qualquer forma de censura de natureza política, ideológica ou artística, como diz claramente o artigo 220 da Constituição, é um bem maior que se sobrepõe à interpretação de proteção à privacidade do cidadão comum estabelecida pela reforma do Código Civil, em 2001.

Fui vítima -isso mesmo, vítima- de uma das piores biografias recentemente publicadas. Mas nada me anima a ser favorável à atual proibição inscrita no nosso Código Civil que exige autorização do retratado e da família.

A "biografia" escrita sobre mim é um bom exemplo para o debate em questão. Não foi autorizada, porém o mais grave não é o fato de ter sido produzida à revelia, mas sim o de oferecer aos leitores um livro repleto de erros -graves e em dezenas-, inverdades, impropriedades e com trechos de pura ficção.

Do primeiro ao último capítulo, lê-se uma história que não condiz com a verdade.

Em nenhum momento cogitei proibir sua publicação porque acredito e aposto na liberdade de expressão em regime democrático. Por ela lutei toda a minha vida e ainda luto. Acredito no debate de ideias e no contraditório. Acredito na lei e na justiça. Por ela luto e lutarei sempre.

Mas é preciso garantir tanto a liberdade de expressão quanto a reparação em caso de ofensa. Deve-se garantir plena isonomia entre o direito de publicar biografias e o direito de resposta e proteção à honra.

No caso das biografias não autorizadas, é preciso deixar a patrulha ideológica de lado e privilegiar o debate com o objetivo de assegurar o pleno cumprimento do Estado democrático de Direito.

O veto às biografias é, antes da defesa da privacidade do biografado, uma censura velada à liberdade de expressão, conquista que a sociedade brasileira alcançou depois de anos de regime militar.

Os merdalhoes querem censurar


O debate sobre o direito pleiteado pelos figurões, de poderem impugnar biografias não autorizadas contendo revelações desagradáveis a seu respeito, me fez lembrar de um episódio ocorrido quando eu trabalhava numa editora de publicações musicais, no início dos '80.

Uma entrevista exclusiva com Roberto Carlos era o grande sonho da Imprima Comunicação Editorial. E ele finalmente concordou em concedê-la, com a condição de que não fosse eu o entrevistador.

O motivo do veto foi eu ter cogitado, num longo texto dedicado à sua trajetória, a hipótese de que o problema na perna (ele manquitola) tivesse influenciado sua maneira de ser como artista.

Em seus primórdios, RC se enturmou com uma patota de roqueiros brigões da Tijuca (RJ), mas, por ser franzino e se movimentar com dificuldade, não deveria fazer grande figura nos arranca-rabos, se é que deles participava. Isto, contudo, não afetou a sua aceitação no grupo.

Supus que tal se devesse ao jogo de cintura, à capacidade de se fazer estimar por aqueles que costumeiramente respeitavam apenas os que lhes eram iguais. Resumindo: por lhe faltar força física, RC deveria ter desenvolvido astúcia.



E teci um paralelo com sua pouca fidelidade aos valores inconformistas da Jovem Guarda. No momento certo, ele deixou de lado a rebeldia comportamental e, acompanhando o envelhecimento do seu público, tornou-se um melífluo compositor e intérprete de músicas românticas (fui tão comedido que nem sequer as rotulei de  xaroposas, como mereciam...).

Procurador Marinus Marsico ressuscita censura

Mais uma saia justa para a Procuradoria isso sim

247  Mais uma saia justa na vida do ex-ministro José Dirceu. Agora, do mundo real para as telas dos cinemas, passando pela Lei Rouanet e o Ministério Público.
O filme O Vilão da República, da cineasta Tata Amaral, está sendo vigiado de perto pelo procurador Marinus Marsico, que enviou recomendação à Ancine (Agência Nacional de Cinema) para que não permita que a obra se torne apologia e culto à personalidade de Dirceu. Na prática, goste-se do personagem principal da trama ou não, Marsico estabeleceu uma nova espécie de censura prévia – talvez a pior de todas. Procura controlar, antes da finalização e durante a realização, a obra cultural.

Globo e Época censuram gravações

...e dão vexame 
Conforme afirmamos, a  fonte da reportagem malfeita da revista Época, João Augusto Rezende Henriques, iria desmentir  declarações que foram atribuídas à ele,ficou evidente que, da maneira em que foi publicada, se fosse verdade, seria uma confissão de crimes gravíssimos praticados pelo próprio lobista.
Dito e feito. Na tarde de sábado (10), João Augusto distribuíu nota negando participação na reportagem. Eis a nota:
"Informo que não concedi entrevista à revista Época. O contato que mantive com o repórter da publicação tratava-se meramente de uma conversa informal, cujo convite partiu dele, na qual o repórter apresentou as situações descritas na reportagem. O que não significa que houve concordância com a versão do repórter.
Quanto aos fatos mencionados pelo jornalista, não exerço, e nunca exerci, qualquer interferência nos contratos da área internacional da Petrobras. Não recebi e nunca repassei qualquer recurso para pessoas nem tampouco partidos, sejam eles PT ou PMDB.
De fato, havia sido sondado pelo já falecido deputado Fernando Diniz para assumir um cargo na Petrobras, mas declinei do convite.Leia mais »

Dia 20, justiça decidirá se o site de humor Falha de S.Paulo continuará censurado 14/02/2013



O disputa jurídica Folha × Falha vai ser julgada em 2ª instância na quarta-feira, dia 20, pela 5ª turma de desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo. Você pode se perguntar: “Ótimo, sorte pra vocês. Mas o que essa briga da Folha com a Falha tem a ver comigo?”. Tudo. É fácil entender, por gentileza perca mais dois minutos e leia esse texto até o final. Segundo o próprio juiz de 1ª instância, Gustavo Coube de Carvalho, trata-se de um caso sem precedentes no Brasil. Nunca antes um grande veículo conseguiu tirar do ar judicialmente um site ou blog que o criticasse. Na ausência de jurisprudência em solo nacional, o magistrado chegou a citar casos dos EUA, onde, aliás, paródias assim são permitidas.

A alegação central da empresa da família Frias é a de que a Falha fazia “uso indevido da marca”, e que o logotipo e o nome registrado eram parecidos demais com os originais. Acontece que para todablogosfera nacional, para a organização Repórteres sem Fronteiras, pro relator da ONU para a liberdade de expressão, para o Financial Times e outros veículos internacionais de peso, pro Marcelo Tas, para deputados federais de dez partidos, pro Gilberto Gil e até para Julian Assange, paródias e críticas como as feitas pela Falha não são motivo para censurar ninguém.

Há quase 100 anos, Barão de Itararé satirizou o jornal A Manhã criando a A Manha. De lá pra cá, dezenas de outros casos, no Brasil e no exterior, foram na mesma linha – lembra da Bundas de Ziraldo, que parodiava a Caras? E, desde os tempos do Barão de Itararé, ninguém censurou ninguém. Mas aí vieram os barões de Limeira.

Estamos fora do ar a pedido do jornal desde outubro de 2010, com uma ameaça de multa diária de R$1 mil caso voltemos. O juiz que concedeu a liminar foi até “bonzinho”: o pedido original da Folha era de uma multa de R$10 mil por dia se continuássemos no ar com nossas críticas. Esse site, o Desculpe a Nossa Falha, não contém nada do que estava no site original. Em 1ª instância, o final da censura foi negado, e agora vamos ao segundo round. A decisão final abrirá uma jurisprudência, ou seja: em casos semelhantes no futuro, os juízes devem basear sua decisão em um caso anterior semelhante já julgado em definitivo. O que for decidido na batalha Folha × Falha vai balizar decisões futuras. E é aí que mora o perigo.

Folha de São Paulo censura Falha de São Paulo


Frank de la Rue disse 'não entender' porque a direção do jornal se irritou com blogue de paródia Falha de S. Paulo, fora do ar há dois anos, nem porque a Justiça acatou ação contra iniciativa
Em visita extraoficial ao país, o relator especial das Nações Unidas para Promoção e Proteção do Direito à Liberdade de Opinião e Expressão, Frank de la Rue, criticou hoje (13) o jornal Folha de S. Paulo e a Justiça brasileira pelas ações judiciais que há dois anos tiraram do ar o blogue Falha de S. Paulo. O site foi criado em 2010, durante as últimas eleições presidenciais, para criticar o que seus autores consideravam uma "partidarização excessiva" do diário mais influente do Brasil.
Ao saber da iniciativa, a direção da Folha não gostou e processou os proprietários do blogue: pediu uma multa de R$ 10 mil por dia em que a página permanecesse no ar. A Justiça assentiu com a sanção financeira, mas a reduziu para R$ 1 mil diários. E concedeu uma liminar ao jornal cassando o domínio da Falha na internet – que desde então, e menos de um mês depois de ser criada, deixou de existir.
"É interessante essa ironia que vocês fizeram com Folha e Falha", pontuou De la Rue, "porque uma das formas de jornalismo mais combatidas hoje em dia, e que deve ser defendida, é o jornalismo irônico, burlesco." O relator da ONU comparou as penas judiciais sofridas pelo blogue Falha de S. Paulo, no Brasil, aos ataques que o jornal dinamarquês Jyllands-Posten e seu cartunista, Kurt Westergaard, sofreram em 2006 após publicarem uma charge de Maomé. A caricatura trazia o profeta maior do Islã com uma bomba no turbante, e provocou manifestações violentas em países muçulmanos – inclusive tentativas de assassinato do desenhista.
"Achei a charge bastante ruim, no sentido mais político da palavra: não era um momento oportuno, nem a forma oportuna de provocar", ponderou, "mas nunca irei censurar uma caricatura ou uma publicação irônica." Frank de la Rue lembrou ainda que o jornal norte-americano The New York Times já sofreu no passado sátiras semelhantes à Falha (uma página chamada Not New York Times) e não acionou judicialmente seus críticos. "É o mais lógico", avaliou. "A ironia é uma forma de expressão legítima. Não entendo porque a Folha de S. Paulo se incomodou com a iniciativa nem porque os juízes, pior ainda, aceitaram a ação. É terrível."
O relator da ONU sobre liberdade de expressão esteve nesta quinta-feira em São Paulo para uma reunião com blogueiros, sindicalistas e entidades que defendem a democratização da comunicação no país. O encontro ocorreu no auditório do Sindicato dos Engenheiros, no centro da capital. De la Rue ouviu relatos sobre abusos praticados por governos, Justiça, empresas e criminosos contra a liberdade de expressão no Brasil. Foi nesse contexto que soube das sanções judiciais contra o blogue Falha de S. Paulo, após intervenção de um de seus idealizadores, o jornalista Lino Ito Bocchini, que havia sido formalmente convidado para a audiência.
De acordo com Bocchini, a Folha embasa sua ação no argumento de que o blogue estaria fazendo uso indevido da logomarca do jornal ao trocar a letra "o" pelo "a". Na visão da empresa que publica o diário, esse jogo de palavras, inserido numa mesma identidade visual, poderia confundir o leitor. "É apenas uma desculpa", defende Bocchini. "A batalha judicial agora está na segunda instância, e acreditamos que uma manifestação da Relatoria Especial da ONU pode ajudar os desembargadores do Tribunal de Justiça." De la Rue prometeu que usaria de suas prerrogativas para fazer uma comunicação formal ao Estado brasileiro sobre o assunto.
"O acosso judicial é uma forma de limitar o trabalho de jornalistas, de censurá-los", avaliou o funcionário das Nações Unidas. "Ainda que não haja condenação, mover uma ação na Justiça já é uma agressão econômica, porque implica em gastos com advogados e defesa." O relator classificou como "grave" o fato de que no Brasil haja "dois níveis" de liberdade de expressão: a liberdade dos grandes meios de comunicação, que em geral é respeitada, e a dos meios de comunicação independentes e alternativos, que sofrem restrições maiores. "Um dos princípios que defendo é que a liberdade de expressão, como todos os direitos humanos, deve ser universal."