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Câmbio

[...] ministro Mantega defende regime planetário

O ministro Guido Mantega (Fazenda) reclamou dos países que “administram” suas taxas de câmbio. De acordo ele, cabe uma “reforma global do sistema monetário internacional”, pois o atual leva a um desequilíbrio em detrimento dos países que, a exemplo do Brasil, mantêm um câmbio flutuante. As declarações foram feitas durante uma conferência organizada pela sua pasta e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Mantega pediu a unificação de um regime cambial para todos os países. Para ele, a melhor opção é adotar conjuntamente um sistema de câmbio flutuante. E cobrou regras mais rígidas para o setor financeiro internacional, principalmente no que se refere à alavancagem (endividamento) de bancos e demais instituições do ramo. “A excessiva desregulação que tivemos ao longo do tempo nos levou à crise de 2008”, afirmou. “Enquanto isso não acontece, os países emergentes têm que se defender”, complementou.

O ministro ressaltou que o sistema monetário internacional, constituído em Bretton Woods, ficou obsoleto a partir dos anos 1980 e não houve uma coordenação com os países com o objetivo de criar um novo sistema.

Regras mais duras

E, enquanto um regime cambial unificado e a regulação não se impõem, o país não ficará omisso. “Vamos administrar os fluxos de capitais, principalmente com medidas de tributação, para reduzir a entrada desse dinheiro no Brasil”, explicou o ministro. “Nós não estamos permitindo a formação de bolhas nem no mercado de renda fixa, nem de renda variada, nem na bolsa de valores, nem no mercado imobiliário”, detalhou Mantega. Já, o investimento estrangeiro direto “está liberado e tem crescido consideravelmente”.

É isso mesmo. O Brasil que se cuide, pois os Estados Unidos e a China já o fazem muito bem. Por enquanto, nenhum dos dois aceita o debate da questão cambial no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC). Por tanto, se não tomarmos medidas internas para controlar a entrada de capitais especulativos, e se não evitarmos a valorização do real e o desmonte de nossa indústria, estaremos em maus lençóis.
Zé Dirceu

Câmbio

[...] taxa deveria estar a 2,90 ?

O câmbio brasileiro deveria estar hoje na casa de R$ 2,90 para atingir a taxa "ótima" real de longo prazo, definida como aquela que induz à alocação de recursos para os setores de maior produtividade da economia e leva ao desenvolvimento econômico, segundo estudo dos economistas André Nassif, do BNDES e da Universidade Federal Fluminense (UFF), Carmem Feijó, da UFF, e Eliane Araújo, da Universidade Estadual de Maringá.
      
2. O modelo desenvolvido pelos três indica que, no período de 1999 a 2010, os termos de troca (a relação entre preços de exportação e importação) e o diferencial entre os juros internos e externos são as variáveis mais importantes para explicar a tendência de sobrevalorização da taxa de câmbio. Os resultados do estudo mostram duas conclusões básicas: "Primeiro, a moeda brasileira ficou persistentemente sobrevalorizada por quase todo o período analisado; segundo, a taxa 'ótima' real de longo prazo foi atingida em 2004", ressaltam os economistas.
      
3. Em março de 2011, quando a cotação média do dólar ficou em R$ 1,659, a taxa nominal deveria estar em R$ 2,91 para voltar ao nível "ótimo".  Segundo Nassif, o índice de taxa real de câmbio de março deste ano aponta uma valorização de 79% em relação ao nível "ótimo" que teria sido atingido em 2004 - ano em que, diz ele, a economia brasileira registrou uma combinação dos melhores indicadores macroeconômicos do período analisado. Nassif ressalta falar em caráter pessoal, e não em nome do banco.
      
4. Texto completo do estudo em inglês: 56 páginas.

Economia

[...] alguns problemas da brasileira

1. Paradoxalmente, as razões para o sucesso do Brasil também são a fonte dos seus problemas. Nos últimos cinco anos, o crédito cresceu até chegar a 45% do tamanho da economia. Assim, os brasileiros encontraram crédito para comprar casas, motos, geladeiras e muito mais, muitos deles pela primeira vez. E não se importaram que a taxa de juros sobre estes empréstimos seja a segunda maior do mundo ou que as famílias brasileiras devem dedicar atualmente cerca de 20% de seus rendimentos para pagar suas dívidas.            

2. Os fluxos de capital estrangeiro e as receitas de exportação têm enchido os cofres brasileiros com câmbios de outros países, o que aumentou o valor da sua moeda. A taxa de câmbio ajustado para a inflação é atualmente cerca de 47% mais caro do que sua média na última década. O real é a moeda mais sobrevalorizada do mundo.  

3. Inevitavelmente, a combinação de uma moeda cara, a euforia dos investidores estrangeiros, o aumento do consumo e o estrangulamento dos gargalos que existem para atender uma demanda que cresce rapidamente, tornam tudo mais caro. O Brasil, que continua a ser um país muito pobre, é atualmente um dos países mais caros do mundo.            

4. E a inflação aumenta para todos, a ponto da presidenta Dilma Rousseff, ter dito que era sua principal preocupação. A economia brasileira, tem aspectos insustentáveis. A expansão do crédito e o crescimento da despesa pública não podem continuar no ritmo atual.            

5. O governo chinês investe anualmente em infraestrutura (estradas, aeroportos, hospitais, etc.) um montante equivalente a 12% de sua economia. O Brasil, apenas 1,5%. Isso explica em parte porque a economia brasileira se "requenta". O que aconteceria se crescesse 10% por anos seguidos? Sua infraestrutura decrépita não iria permitir.            

6. Ou a presidente Dilma Rousseff baixa o som da festa, e faz isso agora de uma maneira controlada, ou os mercados “farão por si mesmo” de forma descontrolada e socialmente mais dolorosa. A euforia e a complacência são os inimigos mais ameaçadores para o sucesso atual do Brasil.
Moisés Naim

Argentina rumo a colisão

Trechos do artigo de Daniel Larriqueta no - La Nacion 

1. As condições internacionais que cobriram os últimos oito anos estão mudando. O longo ciclo de preços favoráveis de nossas principais exportações e as baixas taxas de juro nos mercados financeiros estão se esgotando. A crise financeira mundial que começou em 2008 e pareceu ter seu ponto mais baixo em 2009, transforma-se passo a passo em uma crise econômica com fôlego maior. E isso tem impacto em aspectos sensíveis da nossa economia. Os três principais polos da dinâmica econômica mundial estão desacelerando, o que deve impactar, com o atraso que sempre têm eventos econômicos, na prosperidade dos nossos mercados de exportação.

2. Europa, EUA e China reduzem o passo e se esforçam para manter ou melhorar o seu desempenho no comércio, o que significará menos compras e, se possível, o aumento das vendas desses poderosos agentes. As notícias de "ajustes" de diferentes conteúdos e intensidades que vêm destes três grupos não nos devem deixar insensíveis. Os duros planos de austeridade que se generalizam na Europa, a decisão da China de controlar seu crescimento e a guerra contra o déficit anunciada por Washington, são projetadas sobre duas variáveis: os preços das commodities e as taxas de juros.

3. Ao mesmo tempo, os países centrais começam a ajustar as taxas de juros para cima, como já fez a Europa e como está sugerindo os Estados Unidos. Se esse movimento se generaliza, os capitais especulativos que podem estar sustentando os mercados de matérias-primas vão escolher, provavelmente, outras colocações, o que irá contribuir para a desvalorização do que exportamos.

4. Aqui, o elevado crescimento do volume de exportações não foi acompanhado por investimentos públicos que – diante da sempre alardeada e nunca realizada melhoria da infraestrutura que terminam indo para os custos das nossas exportações e que não estão preparados para a baixa dos preços.

5. O forte impulso para o consumo interno tampouco foi acompanhado por investimentos adequados: o aumento da demanda por energia foi coberta principalmente com materiais importados que pesam mais e mais em nossas compras externas, e as necessidades de transporte foram desviados para o trânsito automotivo, especialista em queimar petróleo e gás com grande ineficiência. Isso, para citar alguns casos manifestos. O Governo tem usado os recursos para alegrias de curto prazo, sem se preocupar com os esforços em longo prazo. Isto é, em resumo, o traço distintivo do populismo: viver bem hoje e ganhar a boa vontade do povo com isso, ao preço de sacrificar o futuro.

6. Os fundos deste octênio são do presente, devido a uma situação internacional excepcional e da capacidade de resposta da produção argentina. Mas tampouco usaram estes recursos excepcionais para garantir o futuro. De modo que qualquer inflexão na bonança internacional presente vai nos colocar numa situação de escassez incompatível com o nível de consumo ao qual o nosso povo se acostumou atualmente. Como nos outros modelos populistas.

7. A provável colisão se apresentará em um futuro próximo, na medida em que a situação internacional tenha mudanças. Claro que o atual governo ou aquele que se iniciará no final deste ano, usará o velho recurso de aumentar nossa dívida externa para manter a ficção da alegria? E o mercado agora aceitará depois do default de nove anos atrás?

por Zé Dirceu

A crise não é no Brasil

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A grande crise econômica global é na Europa e nos Estados Unidos, e nós estamos sofrendo seus efeitos. Sem entender e sem assumir isso, o Brasil vai continuar atendendo aos apelos - na verdade, pressões - dos articulistas do tucanato e da mídia (em sua maior parte de oposição), e subindo os juros para alegria dos rentistas e do sistema financeiro e bancário. Para eles - oposição, mídia e sistema financeiro - não há nada de imediato a fazer em relação ao câmbio. Só a médio prazo e aí, como sabemos, estarão todos mortos na expressão de Keynes.

Para que vocês tenham uma ideia do tamanho da crise econômica fora do nosso país, na Europa, países de PIB parecido com o Brasil, tem os seguintes déficits e dívida pública: Grã Bretanha, 10,4% de déficit e 80% de dívida pública; França, 7% e 81,7%; Itália, 4,6% e 119%; Espanha, 9,2% e 60,1%; e Portugal, 9,1% e 93%. Outros países, como a Holanda, com 1/3 de nosso PIB, tem 5,4% de déficit e 62,7% de dívida pública. Mesmo a Alemanha - é, ela mesma! - tem 3,3% e 83,2%% respectivamente.

Na Ásia, o déficit do Japão é de 9,8% e sua dívida pública corresponde a 225.8% de seu PIB. A própria Índia (economia emergente e BRIC como nós), tem 5,1% de déficit e 55,9% de dívida pública.

Medidas adotadas pelo governo Lula foram fundamentais

Finalmente, para fechar a série de exemplos, os Estados Unidos tem 9,8% de déficit e 56,9% de dívida pública. E vejam: a despeito desses percentuais, esses países continuam tomando medidas monetárias para estimular o emprego e o crescimento, inundando o mundo de dólares cada vez mais baratos.

Aliás, não podemos esquecer das próprias medidas que o governo passou a adotar a partir da vitória de Lula, e que foram fundamentais para que nos encontremos hoje na situação em que estamos, apesar de sentirmos os efeitos da crise internacional.

Medidas, é bom que sempre nos lembremos, nas áreas de  infra-estrutura, política industrial, inovação, redução tributária para investimentos e produção, redução dos juros e crédito dirigido (vejam a nota Por que caem as exportações e sobem as importações)

Orçamento

[...] LDO 2012 - Lei de Diretrizes Orçamentárias - resumo

1PIB: o governo prevê taxas ascendentes de crescimento da economia até o final do mandato de Dilma Rousseff. Para 2011, PIB de 4,5%. Para os anos seguintes: 5% em 2012 e 5,5% em 2013 e 2014.

2Taxa de inflação: a meta anual, como se sabe, é de 4,5%. Para 2011, otimista a mais não poder, o governo aposta num IPCA de 5%.
Para os anos seguinte –de 2012 a 2014— a equipe de Dilma espera acertar o olho da mosca, igualando o índice à meta de 4,5%.
3Salário mínimo: O de 2011, já fixado em lei, será de R$ 545. Para os anos seguintes, aplica-se a fórmula: inflação mais o PIB dos dois anos anteriores.
Se tudo correr como planeja o governo, o mínimo será de R$ 616,34 em 2012; R$ 676,35 em 2013 e R$ 745,66 em 2014.
4Câmbio: estima-se que, em 2011, a cotação do dólar vai fechar o ano em R$ 1,69. De novo, um dado otimista.
Para 2012, prevê-se que a taxa de câmbio será de R$ 1,76. Em 2013, R$ 1,82. Em 2014, R$ 1,86.
5Juros: A Selic, taxa básica de juros, é projetada em 11,75% neste ano; 10,75% em 2012; 10% em 2013; e 8,5% em 2014.
6Superávit fiscal: O governo fixou em R$ 139,8 bilhões a economia que pretende fazer em 2012 para pagar os juros da dívida pública. Coisa de 3,1% do PIB. 

Mercado Financeiro

[...] Agiotas nacionais e internacionais apostam contra o ministro da Fazenda [Guido Mantega] e o presidente do Banco Central [ Alexandre Tombini.

O que fato quer dizer: apostam contra o Brasil.

Essa corja imunda tá nem aí para o povo. Por isso que FHC é porta-voz deles e disse em alto e bom som que o PSDB deve ficar longe do "povão".

Vamos ver isso acontecer na próxima eleição.

Nos aguarde!

Câmbio

De volta da China, a Presidente Dilma Rousseff bem que poderia dar uma boa “freada de arrumação” na sua equipe econômica.
Nada mais natural que existam pensamentos diferentes em relação a determinadas questões. Mas dar palpite pela mídia está fornecendo munição para intrigas e para que o conservadorismo prossiga em seu trabalho de criar intranqüilidade na economia, pressões inflacionárias e pela elevação dos juros.
Está claro que os alvos são o Ministro Guido Mantega e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini.
No final da semana passada, vocês lembram, com Merval Pereira à frente bradando que as medidas “falharam”, os jornais diziam que a ação de elevação do IOF e do prazo de sua incidência sobre o capital estrangeiro não tinham surtido efeito.
Conversa fiada para enganar trouxa. Ou melhor, tentar enganar a classe média que lê jornais e vê os sábios colunistas na TV a Cabo.
Até este blog, que não incorpora o “espírito do mercado”, não tem linha telepática com os investidores e não anda em rodinha de especuladores disse, no mesmo dia das medidas
“O anúncio feito pelo Ministro Guido Mantega de que o prazo para o capital estrangeiro que entrar no Brasil ficar livre da cobrança de IOF, de um para dois anos, vai surtir, pelo menos no curto prazo, efeito na contenção da absurda onda de dólares que entra – viciosamente – na economia brasileira”.
Hoje, com a divulgação dos dados do Banco Central, viu-se o óbvio: as medidas do Governo não só funcionaram para frear como reverteram o fluxo de dólares, com as entradas superando ligeiramente  a entrada de moeda americana.
E como é que este modestíssimo blog sabia? Sabia porque todos sabiam que já nos primeiros dias de abril, com o IOF a 6%, o sentido do fluxo de cãmbio se invertera. O que aconteceu no dia 7, com tanto estardalhaço, foi a simples ampliação de um para dois anos do período de incidência do imposto.
Que a imprensa “desconheça” o que já sabia e agite o terror nos meios econômicos, mesmo não sendo natural, é esperável, dado o seu nível de comprometimento político.
Mas que integrantes do Governo entrem na “onda” e fiquem fazendo coro do “vai quebrar”, francamente, não dá para entender.
Repito o que já disse: a queda do dólar, após o anúncio da medida não foi um movimento natural de mercado, mas a ação especulativa da montanha – mais de US$ 20 bilhões – de dólares disponível nos mercados futuros, cujas posições compradas ficariam (ou ficarão) comprometidas com uma subida no valor da moeda americana. E que fizeram, como era de se esperar, os movimentos de acomodação que protegesse seus donos.^

Câmbio

[...] Controle de capitais: Custo/beneficio e legitima defesa

Na organização do universo, Deus foi muito duro com os "cientistas sociais", dentre os quais se destacam os economistas. Para benefício desses últimos, entretanto, construiu um "homem" que age com racionalidade limitada num espaço permanentemente preenchido pela incerteza. Para superá-la abriga-se na imitação e nos costumes. Com um legítimo processo de abstração, esquecemos as expressões "limitada" e a "incerteza" e construímos uma hipótese poderosa: o homem age a partir de um cálculo racional absoluto, obedece a incentivos, procura maximizar os seus benefícios e não tem relação com outros homens. Como já suspeitava (numa nota de rodapé) o ilustre Thomas Robert Malthus (1766-1834), isso abria espaço para entendê-lo aplicando o cálculo diferencial criado por Newton (1642-1727).
E não deu outra! O conhecimento da economia avançou dramaticamente explorando aquela hipótese, até assumir o respeitável grau de "rainha" das ciências sociais. A "ciência" criada por Adam Smith exagerou: predou primeiro a psicologia e depois exerceu seu imperialismo sobre a antropologia, a arqueologia, o direito, a geografia, a história, a sociologia e a política! Enquanto isso ela mesma estava sendo predada pela bela e irresistível matemática! Foi um porre que durou pelo menos um século e meio. Terminou quando exagerou na formulação do "equilíbrio geral" num espaço topológico. Isso deu nascimento a uma revisão da hipótese básica. Redirecionou a observação e o estudo sobre a realidade em que se forma o comportamento do agente econômico, absorvendo e reintegrando o conhecimento das ciências sociais que havia predado. 
da é mais indicador desse movimento, renovador, do que está acontecendo, por exemplo, com relação à liberdade de capitais. No acordo de Bretton Woods (depois de uma penosa e longa discussão teórica) ela praticamente foi interditada; foi construída lentamente depois que o "gold standard" foi definitivamente destruído pela desvalorização do dólar com relação ao ouro no início dos anos 70 e foi consagrada quando o poder político nos EUA passou, de novo, às mãos do sistema financeiro (como acontecera antes de 1929). Iniciou-se na década dos 80 do século passado, a desmontagem da regulação construída nos anos 30. É um fato interessante que no Consenso de Washington, nos anos 80 do mesmo século, apesar da insistência do FMI, ela nunca foi reconhecida.
Agora, em menos de duas semanas, o FMI modificou a sua posição. Admite que em circunstâncias específicas o seu controle pode ser uma das "ferramentas" da política econômica dos países que estão sofrendo com a supervalorização das suas moedas. Esses, de fato não devem assistir passivamente à erosão de sua base industrial sujeita à competição desleal de países mais "espertos". A resposta imediata veio do organizado e poderosíssimo "lobby" financeiro, o "think-tank" Institute of International Finance, de Washington, financiado pelo sistema financeiro internacional, pela boca do seu economista-chefe, o sr. Phillips Suttle. Referindo-se diretamente ao real nos ensinou que sua valorização está associada ao desempenho e às perspectivas positivas da economia brasileira (o que é uma premissa verdadeira) e que, portanto, deveria ser vista com a maior naturalidade. Logo, admitir e lidar com essa realidade seria um instrumento mais útil do que a imposição de controles sobre o movimento de capitais (o que, infelizmente, é uma conclusão que não decorre da premissa).
O que é evidente nessa discussão? Que ninguém dispõe de uma "teoria científica" para recomendar ou não a liberdade de capitais. Além do mais, nenhuma pesquisa empírica feita com métodos estatísticos robustos pode resolvê-la. Trata-se, na mais benigna das hipóteses, de uma recomendação "normativa" que pode ou não ser útil, mas que, evidentemente, é contaminada por interesses. É uma questão cuja resposta depende das circunstâncias internas e externas de cada país. Dizer, como disse o sr. Suttle (e dizem alguns de nossos melhores economistas), que deixar o câmbio flutuar "naturalmente" é a melhor solução para nosso problema, não tem maior valor "científico". É apenas uma opinião, como todas as outras (inclusive a minha), ditada por diferentes visões do mundo. Afinal, deveria ser óbvio que a "liberdade de movimento de capitais" não está escrita nas "leis naturais" imutáveis da organização do universo.
Parece difícil de entender como ainda não tenhamos internalizado em nossas consciências:
1º) que a macroeconomia (inclusive seus mais recentes modelos) tinha muito pouca coisa a dizer sobre como funciona, de verdade, a economia real. Ela também é mais "normativa" (isto é, expressa mais a vontade de como o sistema deveria funcionar do que como ele funciona) do que "científica" e;
2º) que o aparato econométrico que às vezes aparentemente a sustenta (a "calibração") é terrivelmente deficiente para levar a qualquer conclusão segura. Aliás não deveria haver surpresa: a ciência só avança quando falha!
Ao contrário, portanto, da ideia que as políticas macroprudenciais são uma volta ao passado, elas simplesmente indicam nossa perplexidade com a tragédia a que levou a aparente sofisticação financeira. O momento não é de afirmações apodíticas, apoiadas numa ciência que não existe, mas de avaliação cuidadosa da relação custo/benefício, no curto e no longo prazo, das medidas que estamos tomando em legítima defesa...
Delfim Netto 
E-mail: contatodelfimnetto@terra.com.br 

Câmbio

POR QUE O REAL SE VALORIZA TANTO?
        
1. Isso todos sabem. A atratividade dos juros brasileiros cria um fluxo de capital puramente especulativo. Duas semanas atrás, análises mostraram que até parte dos investimentos diretos supostamente produtivos eram apenas cobertura para a simples aplicação de curto prazo no mercado financeiro.
        
2. Todos sabem que, se esses fluxos entram com o câmbio num patamar e depois voltam com um câmbio menor, ganham suas vezes: pelos juros e pela diferença de câmbio.
        
3. A solução todos sabem: reduzir a taxa de juros. Óbvio! Mas por que o governo não faz isso? Elementar. Por duas razões. a) um enorme déficit em contas correntes no balanço de pagamentos, que vai esse ano a uns 60 bilhões de dólares, projeta um cenário de incerteza no caso de um refluxo de capitais especulativos. b) O uso do câmbio como forma de controle da inflação, via importações.
        
4. Mas como se poderia resolver esse dilema? Elementar. Com o governo federal produzindo um forte superávit fiscal e neutralizando aquelas duas tendências no caso de queda de juros. Por que não o faz? Resposta simples. Por populismo fiscal.
        
5. Esse relativo conforto vai criando uma bolha, que se crescer muito... Bem..., espera-se que não ocorra.

Cesar Maia

FMI

Lobo em pele de cordeiro

Quem respondeu exemplarmente às críticas do documento do FMI (leiam nota) foi o economista Paulo Nogueira Batista Jr. Ele representa o Brasil e 8 países da América Latina e do Caribe no próprio Fundo. Ele considerou o estudo "tecnicamente fraco", com "problemas de análise" e ainda o classificou como "enviesado e deficiente" por "restringir escolhas de políticas".

Para Nogueira Batista. trata-se de "uma tentativa de preparar o terreno para mais interferência do Fundo nas políticas dos emergentes" - ou seja, nas nossas. De acordo com o economista, o FMI está seguindo uma sugestão francesa e combatendo (sobretudo, limitando) as medidas de controle de capitais que os governos, como o brasileiro, estão tomando para enfrentar a guerra cambial.

"O documento avalia 6 ou 7 casos, é uma amostra muito restrita", conclui o economista. E sugere: "seria interessante se o FMI examinasse os problemas criados pelos capitais e as experiências de diferentes países na administração desses fluxos grandes e voláteis. Não é hora de pensar em fazer recomendações. A instituição não está preparada nem tem mandato legal para isso".

O economista brasileiro em Washington lembrou, ainda, haver "países que adotam políticas monetárias ultraexpansivas para sair da crise, provocam uma expansão de liquidez em escala global e, no FMI, dizem às (demais) nações que tentam se defender dessa tsunami monetária internacional, que é preciso criar um código de conduta para suas defesas. Não se fala do problema na origem".

Como vocês podem ver, uma excelente crítica a do Nogueira Batista. Que revela: sob a aparente capa de pele de cordeiro do FMI, com aplauso ao controle, pode esconder-se um lobo.

FMI

Fundo endossa, com ressalvas, que emergentes imponham barreiras a investimentos 

Pela primeira vez em seus quase 70 anos de história, o FMI - Fundo Monetário Internacional - admitiu a adoção de controles de entrada de capital estrangeiro, em um documento divulgado ontem. Mas, recomenda a adoção de outras medidas antes de se levantar barreiras a entrada de capitais e defende cautela na adoção dos controles. 

As barreiras seriam o último recurso a ser usado por países emergentes. 

O representante brasileiro no FMI, Paulo Nogueira Batista, reagiu com irritação às recomendações, em um momento em que o Brasil enfrenta grande pressão no câmbio. 

“O FMI não tem conhecimento acumulado sobre o assunto", disse Nogueira.

"O Brasil fará o que for preciso para conter o fluxo de dólares." 

Para o Fundo, porém, o principal instrumento usado pelo Brasil para frear o ingresso de capitais estrangeiros - o aumento do IOF que incide sobre investimentos de renda fixa não trouxe o resultado esperado pelo governo.

Câmbio

Machado, o câmbio e a turma da bufunfa
O correspondente do Valor em Washington, Alex Ribeiro, informa os leitores de nosso bravo jornal: o tema "controle de capitais" espargiu a cizânia no "board of directors" do Fundo Monetário Internacional (FMI). Parecem ser graúdas as divergências entre os representantes dos países emergentes e os diretores das nações desenvolvidas.
Sujeitos às mudanças de humor dos capitais vagabundos, os emergentes cuidam de se proteger contra as "paradas súbitas" e suas consequências funestas: desvalorizações agudas do câmbio, balanços "avermelhados" das empresas e bancos que se endividaram em moeda estrangeira, choque inflacionário, queda de salários reais e recessão.
Certa vez registrei num artigo publicado na revista "Carta Capital" as observações de Machado de Assis sobre o câmbio. Na crônica de 8 de março publicada em "A Semana", no ano da graça de 1896, Machado contava que um economista apareceu lastimando a sucessiva queda do câmbio e acusando por ela o ministro da Fazenda. O grande escritor logo se indispõe com o câmbio, "inimigo sorrateiro e calado, já está em oito e tanto e ninguém sabe onde parará; é capaz de nem parar em zero e descer abaixo dele uns oito graus ou nove. O mal do câmbio parece-se um pouco com o da febre amarela, mas para a febre amarela, a magnésia fluida de Murray, que até agora só curava dor de cabeça e indigestões, é específico provado neste verão, segundo leio em placa de ferro. Que magnésia há contra o câmbio?"
Money Doctors: assim eram chamados os conselheiros à serviço da "haute finance" que perambulavam pela periferia entre o último quartel do século XIX e as primeiras décadas do século XX. Nesse período, a finança internacional se dedicou com esmero aos solavancos cíclicos nos países periféricos. A presença dos doutores era mais ostensiva nos momentos, nada raros, de queda nos preços dos produtos primários, crise do balanço de pagamentos e estrangulamento cambial.
"In illo tempore", os doutores da grana eram estrangeiros ligados aos grandes bancos europeus, ingleses em sua maioria. Hoje progredimos: os esculápios da finança contemporânea que aconselham os emergentes são nativos treinados na academia americana. Uma vitória do Novo Mundo sobre o Velho.
Leio e ouço na mídia tupiniquim as opiniões de conhecidos e reputados "money doctors" da nova geração, aviando receitas para os achaques do câmbio. Recomendam que a doença da valorização da moeda local siga seu curso natural, sem interferências daninhas do governo. Outros facultativos do dinheiro poderiam redarguir que, a despeito das mezinhas ministradas em doses razoáveis nos últimos tempos, o doente não apresenta sinais de melhora. Muito ao contrário, alguns órgãos, para júbilo dos "money doctors", já emitem sinais de falência, como é o caso da indústria manufatureira. 
Entre os dissidentes há quem atribua o surto recente de valorização das moedas inconversíveis aos investidores encharcados de liquidez em moeda forte que buscam escapar do baixos rendimentos oferecidos nas economias centrais. Na opinião desses amaldiçoados, em tais circunstâncias, os gestores da riqueza líquida aceleraram o "carry trade" entre as ínfimas taxas de juros dos países desenvolvidos e as confortáveis e recompensadoras remunerações oferecidas pelos mercados brasileiros.
Os doutores mais ousados da corrente dominante chegam a diagnosticar a inexistência de relações entre os juros e o câmbio numa economia aberta e exposta aos movimentos de capitais. Arautos da boa morte, os cientistas ignoram os custos das paradas súbitas e advertem que os juros têm que estar estritamente apontados para a inflação. Pior: se o BC mirar a taxa de câmbio para fixar o juro, a vaca vai para o brejo.
Na ocasião em que citei as observações de Machado de Assis sobre o câmbio, o professor Paulo Nogueira Batista escrevia na "Folha de S. Paulo". Ao tratar do assunto em seu artigo da Folha, Paulo, antecipando as revelações do documentário "Inside Job", lamentou a invasão da ideologia e do interesse na discussão econômica atual. Paulo fulminou: "No Brasil, a turma da bufunfa e o lobby financeiro conseguiram, com a ajuda dos economistas, estigmatizar a administração cuidadosa dos fluxos de capital e dos passivos externos do país. Propagou-se a versão de que isso seria incompatível com o século XXI, com o espírito de uma economia de mercado, com o espírito da globalização e até com a liberdade do cidadão e os direitos da pessoa humana."
Depois de declarar que nada tem contra a bufunfa, mesmo graúda, mas ganha e acumulada conforme os preceitos da lei e da moral vigentes, Paulo recomenda aos bufunfeiros "ficar rigorosamente silentes e recolhidos à atividade meritória de acumular mais bufunfa." Vítima do silêncio dos intelectuais, o país sofreria o silêncio dos bufunfeiros.
A sugestão de meu caríssimo amigo Paulo é irônica. Ele sabe que os bufunfeiros e seus interesses não prescindem da opinião pública e da midiocracia contemporânea para difundir os "universais da finança", diriam os filósofos medievais, ou as leis naturais dos mercados, como querem os modernos. Nas sociedades de massas contemporâneas é preciso que a opinião dominante seja a opinião dos dominantes.
O Brasil tem uma combinação câmbio-juro favorável às formas estéreis e socialmente perversas de arbitragem e de especulação com os preços dos ativos. Além de outras inconveniências óbvias, a valorização do real é um chute no traseiro dos empresários brasileiros, convidados a mover suas fábricas para outras paragens. Assim, é cada vez maior o risco de regressão da estrutura industrial. Hoje, Paulo é o diretor brasileiro no FMI. Imagino que, no frigir da controvérsia sobre o controle de capitais, Paulo Nogueira Batista tenha se esmerado na defesa do direito dos emergentes de se proteger contra os movimentos mercuriais dos capitais nervosos.
Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda é professor titular do Instituto de Economia da Unicamp e escreve mensalmente às terças-feiras. 
por Luiz Gonzaga Belluzzo 

Contas públicas só estarão equilibradas quando juros e câmbio estiverem

Dada à situação econômica européia e das nossas contas externas, mais o câmbio valorizado, todo esforço do futuro governo Dilma Rousseff com relação às contas públicas, detalhado pelo atual e futuro ministro da Fazenda, Guido Mantega, só vale a pena se, como ele prevê, realmente os juros caírem.

Mas, atenção, insisto: somente se as taxas baixarem mesmo porque os nossos principais problemas econômicos hoje são os juros e o câmbio. Como além desses dois, temos o problema crônico e estrutural do serviço da dívida pública, a continuidade de taxas elevadas significa real valorizado e altos superávits para pagar os juros da dívida interna.

Portanto, toda redução de custeio e adiamento de investimentos - e mesmo redução de gastos - são políticas que só devem ser adotadas, se vierem acompanhadas da queda da taxa Selic. Caso contrário não teremos redução do déficit nominal coisa nenhuma, e muito menos da relação dívida pública/PIB.

Compromissos não podem deixar de ser  cumpridos


Nessa equação toda de cortes é preciso ter em conta que a presidente eleita, Dilma Rousseff, seu partido (o PT) e a coalizão partidária que sustentará seu governo assumiram uma série de compromissos com o eleitorado que precisam ser cumpridos.

Eles vão da construção das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) na área da saúde, das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) na área da segurança, a creches, escolas técnicas e quadras poli esportivas, dentre outros.

Também na área do Minha Casa Minha Vida - construção e empréstimos para viabilização de 1 milhão de moradias na sua 1ª fase - os subsídios precisam ser mantidos porque o programa depende de financiamentos e não do Orçamento Geral da União.

Agora as PPPs são indispensáveis

Na área dos investimentos na infraestrutura econômica e urbana é mais fácil, vamos em frente. A iniciativa privada, por meio de concessões e parcerias público-privadas (PPPs) pode e deve ocupar um espaço maior, inclusive pelo sistema de concessão assumindo os aeroportos - como já acontece com as ferrovias, rodovias e portos - e as obras para a Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas (no Rio) em 2016.

Apesar do detalhamento de medidas antecipado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, é preciso conhecer os cortes de custeio e os projetos do PAC que serão adiados para uma análise mais concreta das intenções do governo, ainda que frente à situacção mundial a prudência recomenda ao governo mão firme das contas públicas. Mas, repito, desde que venha a inadiável redução dos juros. Do contrário, vamos enxugar gelo.

Aumentar juros é dar tiro no pé

Enquanto a economia cresce e tudo indica que teremos uma virada e início de novo ano animadores nos deparamos com o óbvio: as primeiras medidas anunciadas quase no fim da semana passada pelo Banco Central, de restrição ao crédito numa tentativa de baixar os juros, são vistas com desconfiança pelo mercado.
Sempre ele. Na semana que passou, então, a turma do rentismo partiu para o vale tudo para conseguir já mais aumento dos juros. Pressionaram para que o Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central (BC) na reunião que começa amanhã -  a última do ano, do governo Lula e do dr. Henrique Meirelles na presidência do BC - eleve a taxa Selic em 0,25%.

Querem, ainda, mais dois aumentos de 0,50% nas duas primeiras reuniões do ano de 2011. O sonho: que os juros, em  10,75% ao ano hoje, cheguem a a 12% até abril próximo.

Nada muda o melhor caminho: crescimento econômico
A discussão sobre cortes orçamentários, juros e emprego permanece acesa, apaixonando, mas quanto mais se intensifica, mais chegamos à mesma conclusão : somente o crescimento da rendae do emprego e a aposta no mercado interno permitem ao país resolver seus problemas estruturais, entre estes os próprios altos juros, a carga tributária, a dívida interna e mesmo, agora, a questão do câmbio apreciado.

Nessa véspera da última reunião do COPOM em 2010, e em meio a tanto debate, não há outra conclusão a se chegar: aumentar juros, cortar gastos e diminuir impostos é um tiro no pé e não resolvera nada.


O que precisamos é mão firme na política fiscal, redução da taxa Selic, e reforma tributária que desonere os investimentos e a folha de pagamento acabando com essa irracional, burocrática, cara e injusta cobrança do ICMS hoje. 

A verdadeira vitória no pais no mundo em crise de hoje é a elevação do nível do emprego e a manutenção do crescimento da economia e da renda. Além disso, é encontrar alternativas, medidas para enfrentar as ameaças do câmbio e garantir a continuidade e o crescimento dos investimentos.
Zé Dirceu

Cresce no governo a preocupação com a crise econômica mundial

As declarações em que o atual e futuro ministro da Fazenda, Guido Mantega, adiantou a política econômica - principalmente a que vai ser seguida em 2011 -  expressam a crescente preocupação do governo atual e do que tomará posse dia 1º de janeiro com a situação da economia mundial. A preocupação principal no novo ano é com os sinais claros de que os problemas da Irlanda contaminam toda a economia da zona do euro.

Os sinais da economia mundial e as soluções encontradas para a falência irlandesa anunciam um longo período de baixo crescimento e austeridade fiscal com repercussão no nível do comércio e dos investimentos em todo mundo. Mas, no Brasil a diretriz é seguir estimulando o crescimento da nossa economia.

A situação de crise vivida pela Europa - com irradiação pela economia mundial - é agravada pela ausência de lideranças e a falta de acordos na área do G-20 (grupo dos países desenvolvidos e dos emergentes) sobre como reorganizar as finanças e o comércio mundial depois da crise norte-americana.

Brasil: medidas em defesa de sua economia

É, assim, um quadro econômico que leva o Brasil a ter que tomar medidas não apenas para defender a sua economia da valorização cambial, mas para evitar qualquer risco de endividamento público fora do controle e suas repercussões inflacionárias.

A questão é que não se pode apenas controlar os gastos públicos e reduzir o déficit sem tomar medidas para reduzir os juros e, assim, eliminar o principal estímulo a tendência mundial de desvalorização do dólar. Essa depreciação impõe ao país, de fora para dentro, uma valorização contínua de sua moeda.

É uma situação agravada, também, pelas políticas da maioria dos países tendo a frente os Estados Unidos e a China, de administrar o câmbio de uma forma ou outra sempre para expandir as exportações, seja para manter o seu crescimento - caso da China -, seja para minorar a situação de seu balanço comercial e de contas correntes - caso dos Estados Unidos.

País não pode continuar com real supervalorizado

Assim, com ou sem controle dos gastos públicos de que tanto falam, o Brasil não pode deixar de tomar medidas com relação aos juros e ao câmbio. Cortar gastos apenas, ainda que seja do custeio, é se iludir. O país não pode continuar com as atuais taxas de juros reais e muito menos com sua moeda super valorizada como está.

Precisa, urgentemente, fazer uma reforma tributária e reduzir não apenas seus custos de transporte - de logística e de infraestrutura em geral - mas, principalmente, seus custos financeiros. Pode adotar tudo isso, tomar as devidas providências, mas já não pode mais fugir de enfrentar a valorização cambial e seu irmão siamês, os juros [leia] algumas das principais diretrizes econômicas anunciadas pelo ministro Mantega).
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Maria da Conceição Tavares sugere a Dilma controle de capitais

A 1a Conferência do Desenvolvimento, que termina hoje em Brasília, prestou uma homenagem aos 80 anos da professora e economista Maria da Conceição Tavares. 

Em retribuição, a professora fez uma palestra sobre Macroeconomia para o Desenvolvimento para um público que a aplaudiu de pé ao final de sua fala. Pontuada por palavras no superlativo, a economista defendeu para o governo Dilma Rousseff uma preocupação especial com a política externa econômica.

Maria da Conceição alerta Dilma para política externa econômica
“Pedimos um caminho duro de seguir: eu quero que distribua, mas não quero que a indústria vá para o espaço”, afirmou a economista.
Ela manifestou confiança na presidente eleita, a quem definiu como alguém de “coragem, sensibilidade e competência, que navegará nessas águas complicadas, principalmente no primeiro ano”, avaliou.


“Tenho muita fé na presidente, mas uma coisa é saber, outra é operar – não sei se a proporção de forças dos industriais pesam tanto quanto a dos banqueiros”, lembrando que “para sair dessa encrenca (crise econômica mundial), agora mais do que nunca, não dá para deixar para o mercado ou a divina providência. A solução é humana e de todo o governo”, enfatizou.

A economista acredita que até o fim dessa década vamos erradicar a miséria e nos aproximar dos países desenvolvidos, mas “para que isso ocorra não podemos fazer coisas que abortem essas intenções.” Ela admitiu que a macroeconomia está em estado cataléptico e é preciso estar atento para que as políticas adotadas pelos demais países não prejudiquem o desenvolvimento das nações que dele precisam. 

Evitar contaminação

Para que o Brasil não seja contaminado pela crise econômica de 2008/2009, que colocou na insolvência os países da Europa, Maria da Conceição sugere que o governo Dilma Rousseff faça o controle de capitais. “O controle quantitativo”, explica, acrescentando que “deve aumentar o compulsório, controlar o crédito, mas não puxar as taxas de juros, porque é ineficiente e piora a situação.”

Ela lembrou que esta sugestão já foi dada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) que admitiu que “a situação está tão preta que é preciso controlar capitais”. Ela elogiou a formação da equipe econômica anunciada pela presidente eleita, “formada de gente discreta, que não são vedetes, que vão colaborar para não fazer uma política para lá e outra para cá”, em crítica velada a disputa entre Henrique Meirelles, no Banco Central e Guido Mantega, na Fazenda, durante o Governo Lula. 

Santo de barro

Também admitiu que a presidente eleita tem razão quando diz que vai baixar a taxa de juros lentamente e o câmbio devagar. E usou o ditado “cuidado com o andor que o santo é de barro”, para afastar a possibilidade de algum choque econômico.

Ela elogiou a posição do Brasil, dizendo que ao contrário dos países da Europa, não é nada catastrófica. No entanto, destacou que “não quero que se fique esperando sentado até o G20 resolva a nova ordem mundial. Está uma desordem e vai continuar uma desordem”, afirmou, dizendo que a posição do governo internamente deve ser a mesma adotada nos fóruns internacionais.

“O Brasil pode e deve falar nos fóruns internacionais com autonomia e agir para dentro com autonomia, que é o que se quer de um país soberano”, afirmou. Segundo a professora, a defesa soberana do Brasil tem que se basear na política cambial e balanço de pagamento, senão, não conseguiremos ter o desenvolvimento sustentável desejado, anuncia Maria da Conceição.

Caminho duro

Disse que “o eixo social está correto, mas se não cuidar da parte cambial não conseguiremos fazer política industrial e tecnológica, vamos regredir na industrialização, que é o contrário do desenvolvimento”. Ao mesmo tempo lembrou que não acredita que apenas o crescimento da indústria represente distribuição: “você pode crescer a 7% e não distribuir porcaria nenhuma.” 

E explicou: “Pedimos um caminho duro de seguir: eu quero que distribua, mas não quero que a indústria vá para o espaço. Não dá para recuar no econômico”, disse, destacando que o Brasil não deve copiar modelos macroeconômicos que atrapalhem o seu desenvolvimento. 

E apontou como outra decisão importante a ser adotada pelo governo o corte no gasto não produtivo. O que precisa, na opinião dela – opinião muito aplaudida pela platéia –, é cortar despesas irrelevantes como salários dos juizes e deputados. “O Congresso e a Justiça não geram receita, portanto não podem gerar despesas.” E, indignada, indagou porque não pode subir o salário mínimo.

Para ela, o governo tem que estar atento para fazer política macroeconômica. Como o dólar se desvalorizou e os produtos brasileiros de exportação são cotados em dólar, subiu tudo, e os fornecedores são os mesmos que abastece o mercado interno. Essa é a contradição do câmbio, disse, lembrando que “a saída para atacar a inflação não é subir a taxa de juros, porque a inflação é de custo e não de demanda, a subida da taxa de juros tira a possibilidade de desenvolvimento.”

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José Serra, mais amargo e ressentido do que nunca

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Reapareceu, andou pelo Congresso, fez um balanço da campanha eleitoral e da derrota com seus companheiros tucanos e de oposição. Como uma assombração, ele volta com o mesmo discurso odioso, mas agora cheio de mágoas e ressentimentos. Contra a opinião de 95% dos brasileiros, ele "achou" uma herança bastante adversa que o presidente Lula deixa para a sucessora, presidenta Dilma Rousseff (PT). Afirmou isto para, em seguida, enumerar os problemas que o país enfrenta com o câmbio e as contas externas. E para repetir o discurso conservador sobre ameaças inflacionárias e déficit público maquiado. Este é o tucano que está de volta. Prefeiturável paulistano em 2012? E/ou presidenciável de novo em 2014? Continua>>>

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Dilma - ajuste fiscal não tem relação com o câmbio

Eu considero que o ajuste fiscal não tem uma relação direta com o câmbio. 
A questão do câmbio diz respeito, no caso dos Estados Unidos e dos países desenvolvidos, ao fato de eles ainda estarem numa crise profunda. 
Essa crise profunda não vai ser resolvida por ajuste fiscal. 
Agora, o que nós vamos ter de fazer é aumentar a competitividade da indústria brasileira, tanto através de uma reforma tributária quanto através de uma melhoria do endividamento público. 
Nós sabemos que quando chegamos ao governo era de 60% a dívida pública. Hoje chegou a 40%.
 Isso vai permitir que a gente reduza os juros e, com isso a relação com o câmbio vai melhorar. Mas é necessário esse processo de redução (da dívida).