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A fábula do Briguilino

O Briguilino não pode ver um anúncio do GAFE - Globo, Abril, Folha, Estadão - na internet que vai logo clikando. Um amigo dele percebeu e perguntou:

- Briguilino, tu critica tanto a GAFE e não pode ver um anúncio dele e vai logo clikando?..
- Por isso mesmo. Como não compartilho das ideias e práticas dele, combato-os como posso.
- Como assim? Não entendi.
- Muito simples. Clikando nos anúncios que eles pagam, estou fazendo eles gastarem um pouco do dinheiro que eles assaltam "legalmente" dos cofres públicos - via isenção -.
- E tu acha que fazendo eles gastarem uns poucos centavos vai adiantar alguma coisa?
- Sozinho, sei que não. Mas estou fazendo minha parte.

O amigo chamou outros amigos, e todos começaram a fazer a mesma coisa. Veem uma propaganda do pig e clikam imediatamente. 

Que tal você fazer a mesma coisa?

Leia também: Ingenuidade

Estourou a guera Google x *GAFE

* Globo, Abril, Folha, Estadão
Autor: Luis Nassiff
Antes de entrar nos detalhes, vamos entender melhor o que ocorreu no universo midiático nos últimos anos.
Desde meados dos anos 2000 estava claro, para os grandes grupos de mídia, que o grande adversário seriam as redes sociais.
Rupert Murdoch, o precursor, deu a fórmula inicial na qual se espelharam grupos de mídia em países periféricos.
Compra de redes sociais.
Acesso ao mercado de capitais para alavancar o crescimento.
Adquiriu jornais em vários países e fez a aposta maior adquirindo uma rede social bem colocada na época. Falhou. A rede foi derrotada pelos puros-sangues Google e Facebook.
Percebendo a derrota, Murdoch decidiu levar a guerra para o campo da política. Explorou alguns recursos ancestrais de manipulação da informação para estimular um clima de intolerância exacerbada, apelando para os piores sentimentos de manada, especialmente na eleição em que Barack Obama saiu vitorioso.
Não é por outro motivo que uma das primeiras reuniões de Obama, depois de eleito, foi com os capitães das redes sociais - Apple, Google e Facebook.
O caso brasileiro
No Brasil, sem condições de terçar armas com as grandes redes sociais, os quatro grandes grupos de mídia - Globo, Abril, Folha e Estado - montaram o pacto de 2005, seguindo a receita política de Murdoch.
Exploração da intolerância. Nos EUA, contra imigrantes; aqui, contra tudo o que não cheirasse classe média. Nos EUA, contra a ascendência de Obama; no Brasil, contra a falta de pedigree de Lula.

Folha de São Paulo censura Falha de São Paulo


Frank de la Rue disse 'não entender' porque a direção do jornal se irritou com blogue de paródia Falha de S. Paulo, fora do ar há dois anos, nem porque a Justiça acatou ação contra iniciativa
Em visita extraoficial ao país, o relator especial das Nações Unidas para Promoção e Proteção do Direito à Liberdade de Opinião e Expressão, Frank de la Rue, criticou hoje (13) o jornal Folha de S. Paulo e a Justiça brasileira pelas ações judiciais que há dois anos tiraram do ar o blogue Falha de S. Paulo. O site foi criado em 2010, durante as últimas eleições presidenciais, para criticar o que seus autores consideravam uma "partidarização excessiva" do diário mais influente do Brasil.
Ao saber da iniciativa, a direção da Folha não gostou e processou os proprietários do blogue: pediu uma multa de R$ 10 mil por dia em que a página permanecesse no ar. A Justiça assentiu com a sanção financeira, mas a reduziu para R$ 1 mil diários. E concedeu uma liminar ao jornal cassando o domínio da Falha na internet – que desde então, e menos de um mês depois de ser criada, deixou de existir.
"É interessante essa ironia que vocês fizeram com Folha e Falha", pontuou De la Rue, "porque uma das formas de jornalismo mais combatidas hoje em dia, e que deve ser defendida, é o jornalismo irônico, burlesco." O relator da ONU comparou as penas judiciais sofridas pelo blogue Falha de S. Paulo, no Brasil, aos ataques que o jornal dinamarquês Jyllands-Posten e seu cartunista, Kurt Westergaard, sofreram em 2006 após publicarem uma charge de Maomé. A caricatura trazia o profeta maior do Islã com uma bomba no turbante, e provocou manifestações violentas em países muçulmanos – inclusive tentativas de assassinato do desenhista.
"Achei a charge bastante ruim, no sentido mais político da palavra: não era um momento oportuno, nem a forma oportuna de provocar", ponderou, "mas nunca irei censurar uma caricatura ou uma publicação irônica." Frank de la Rue lembrou ainda que o jornal norte-americano The New York Times já sofreu no passado sátiras semelhantes à Falha (uma página chamada Not New York Times) e não acionou judicialmente seus críticos. "É o mais lógico", avaliou. "A ironia é uma forma de expressão legítima. Não entendo porque a Folha de S. Paulo se incomodou com a iniciativa nem porque os juízes, pior ainda, aceitaram a ação. É terrível."
O relator da ONU sobre liberdade de expressão esteve nesta quinta-feira em São Paulo para uma reunião com blogueiros, sindicalistas e entidades que defendem a democratização da comunicação no país. O encontro ocorreu no auditório do Sindicato dos Engenheiros, no centro da capital. De la Rue ouviu relatos sobre abusos praticados por governos, Justiça, empresas e criminosos contra a liberdade de expressão no Brasil. Foi nesse contexto que soube das sanções judiciais contra o blogue Falha de S. Paulo, após intervenção de um de seus idealizadores, o jornalista Lino Ito Bocchini, que havia sido formalmente convidado para a audiência.
De acordo com Bocchini, a Folha embasa sua ação no argumento de que o blogue estaria fazendo uso indevido da logomarca do jornal ao trocar a letra "o" pelo "a". Na visão da empresa que publica o diário, esse jogo de palavras, inserido numa mesma identidade visual, poderia confundir o leitor. "É apenas uma desculpa", defende Bocchini. "A batalha judicial agora está na segunda instância, e acreditamos que uma manifestação da Relatoria Especial da ONU pode ajudar os desembargadores do Tribunal de Justiça." De la Rue prometeu que usaria de suas prerrogativas para fazer uma comunicação formal ao Estado brasileiro sobre o assunto.
"O acosso judicial é uma forma de limitar o trabalho de jornalistas, de censurá-los", avaliou o funcionário das Nações Unidas. "Ainda que não haja condenação, mover uma ação na Justiça já é uma agressão econômica, porque implica em gastos com advogados e defesa." O relator classificou como "grave" o fato de que no Brasil haja "dois níveis" de liberdade de expressão: a liberdade dos grandes meios de comunicação, que em geral é respeitada, e a dos meios de comunicação independentes e alternativos, que sofrem restrições maiores. "Um dos princípios que defendo é que a liberdade de expressão, como todos os direitos humanos, deve ser universal."

Falha de São Paulo

Censurado 
pela 
Folha de São Paulo

Os gastos com publicidade



Quem é contra a transparência?
por Rodrigo Vianna

Esse escrevinhador teve acesso, ontem, ao mandado de segurança da “Folha” contra Helena Chagas, a responsável pela SECOM (Secretaria de Comunicação do governo federal). O jornal paulista queria detalhes sobre as verbas de publicidade do governo. A SECOM mandou as explicações, mas sem os detalhes requeridos pelo jornal. A “Folha”, então, entrou com o mandado de segurança, em nome da “transparência”. Louvável a preocupação do jornal.


Quem há de ser contra a “transparência”?
O que esse escrevinhador não entende é por que a “Folha” só se preocupa com transparência federal. Transparência estadual, nem pensar. 


Caminhemos, então, para a transparência geral e irrestrita. O contribuinte de São Paulo, por exemplo, merece saber quanto o governo paulista gasta (ou gastou) com assinaturas da “Folha” e do “Estadão”. O contribuinte paulista merece saber porque o Estado contratou os serviços da editora Abril para fornecimento da revista “Nova Escola” – sem licitação. O caso foi denunciado pelo deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP), como se pode ler aqui.


Esse escrevinhador não estranharia se, em breve, outros meios de comunicação entrarem com ação semelhante cobrando explicações sobre os gastos do governo paulista(incluindo a Sabesp, estatal de águas que anuncia até em Pernambuco)  ou do governo mineiro(que teria anunciado de forma generosa numa das rádios que – hoje se sabe – pertence a Aécio Neves). E fariam isso inspirados no louvável ato da “Folha” (que, certamente, não usou o mandado de segurança para pressionar a SECOM, nem para obter mais anúncios do governo federal).


Em nome da transparência no uso de recursos públicos – e mesmo na área privada – seria útil consultar o Ministério Público, o CADE e a CVM, para questionar:
- órgãos de comunicação impressos usam o IVC (que mede a circulação) para montar suas tabelas de anúncios; o IVC é confiável? quem controla o IVC?
- empresas privadas (com ação em Bolsa), que anunciam em jornais e revistas com base em tabelas baseadas no IVC, estão gastando o dinheiro dos acionistas de forma justa?
-  o bônus de veiculação (BV) que certas empresas de comunicação pagam às agências de publicidade (quanto mais dinheiro a agência concentra num determinado meio, mais ela recebe de volta, na forma de BV) não atenta contra as regras de concorrência e de livre mercado?
Ou seja: é o meio de comunicação que remunera a agência! O BV não é um “escândalo” estatal. É um escândalo do mundo privado da publicidade.  


São questionamentos pertinentes: em nome da transparência!


Sem falar num fato absurdo, que ainda hoje garante polpudos recursos aos jornais: a lei obriga empresas de capital aberto a publicar balanços em jornais “de grande circulação”.Pra que? O acionista já recebe relatórios por e-mail, tem acesso ao site da empresa. Alguém acredita que o acionista vai folhear a “Folha”, o “Estadão” ou “Valor” para saber detalhes do balanço de uma empresa em que investe? 


obrigatoriedade de balanço em jornal é uma forma de transferir recurso do acionista de grandes empresas para as famílias que controlam os jornais. É outro escândalo do mundo privado da publicidade. Um escândalo que mexe com bolso de cada um que tem dinheiro investido em ações.


No mandado de segurança, a “Folha” fala em “injustificável opacidade” de informações. Belíssima expressão! Quem assina a ação é a causídica Taís Gasparian – a mesma que, durante a campanha de 2010, em nome do mesmo jornal, lutou desesperadamente para obter o processo de Dilma no STM. A “Folha” queria saber o que Dilma dissera, sob tortura. Imaginem o uso que isso teria. Faz sentido, afinal a “Folha” é um jornal que abre espaço para o torturador Ustra.


Um jornal, certamente, transparente, em sua história e em suas intenções.  
Desde logo, esse blogueiro soma-se à “Folha” na busca de ”transparência” no mundo da publicidade. Transparência ampla, geral e irrestrita, incluindo BV, balanços de empresas, IVC e – claro – os gastos de publicidade de governos estaduais ricos – como os de Minas e São Paulo.


Viva a transparência total! Abaixo a transparência seletiva!

Pig que demitir e indicar ministros

O comportamento da mídia, particularmente da Folha de São Paulo, no episódio, "Nome para substituir o ministro Luiz Sérgio", é simplesmente escandaloso. Constitui uma prova concreta da perda de pudor e da ousadia da nossa mídia. A pretexto de fazer análise política e dar notícia o que a Folha e os outros jornais vêm fazendo, inclusive em matérias assinadas, é política. Querem não apenas derrubar ministros como indicá-los, como se fossem eleitos para esse fim ou tivessem legitimidade. Continua>>>

Pesquisa

[...] sobre os meios de comunicações

1. A Folha foi apontada como o jornal mais influente no meio empresarial brasileiro, de acordo com pesquisa do Instituto Máquina de Pesquisa, do Grupo Máquina PR. Foram ouvidos 262 executivos de 94 companhias de todo o país e que faturam, juntas, quase R$ 500 bilhões. A Folha foi citada como veículo mais influente. Em segundo lugar veio o jornal "O Estado de S. Paulo", que havia conquistado o primeiro lugar na primeira edição da pesquisa, em 2008. O jornal "Valor Econômico" ficou em terceiro lugar.
          
2. Em 2008, a mídia impressa tinha 56% da preferência dos executivos. No levantamento deste ano, realizado entre 10 de março e 6 de abril, a fatia recuou para 36%, (sem seus sites). Sites, agências de notícias e blogs ficaram com 20,8% das preferências. As mídias sociais (Facebook e Twitter), incluídas pela primeira vez no estudo, ficaram com 1,9%, mesma fatia que selecionou o rádio como veículo mais importante.
          
3. Em uma escala de 0 a 5, o meio jornal obteve grau de confiabilidade 3,9. Em seguida vem o meio revista (3,6), depois rádio (3,6), TV (3,5), internet (3,2) e mídias sociais (2,5).  Dentre as emissoras de rádio e televisão, CBN e "Jornal Nacional" foram apontados como os mais influentes, repetindo o mesmo resultado de três anos atrás.
          
4. No segmento de sites e agências de notícias, o G1, do grupo Globo, praticamente divide a liderança com o UOL, controlado pela Folhapar, que integra o Grupo Folha. O G1 teve 28,4% da preferência, contra 28,1% do UOL. Em seguida vem a Folha.com, com 24,4%.

por Gilson Caroni Filho

[...] Cuba e a repórter da Folha, quem afunda?

Alaine Gonzáles e Reinel Herrera são trabalhadores autônomos cubanos. Ambos foram escolhidos pela jornalista Flávia Marreiro, enviada especial da Folha de São Paulo a Havana, como personagens errantes de uma economia em frangalhos. Seguindo um padrão de cobertura vigente há 50 anos, a repórter elabora um texto com pouca informação e direcionamento enviesado, não somente sobre o país, no sentido político e econômico, mas principalmente sobre o povo, sua história, sua cultura e seus hábitos.

A enorme propaganda orquestrada contra o regime cubano acabou por criar, como subproduto previsto e planejado, uma imagem distorcida sobre os habitantes da Ilha, apresentados ora como guerrilheiros ferozes, desconhecedores de fronteiras, ora como prisioneiros, tristes e infelizes, de uma ditadura. É compreensível o sucesso desse tipo de campanha, quando se avalia o poder da rede de comunicação capitalista.
É natural que o jornalismo nativo não possa perceber a dinâmica que se apresenta aos seus olhos. Se Flávia Marreiro conseguisse se desvencilhar da viseira ideológica, talvez conseguisse enxergar os personagens com outras roupagens e expectativas. Alaine e Reinel, como o restante do povo cubano, têm consciência das suas dificuldades. Por outro lado, crêem na revolução porque sabem que são participantes ativos  de um processo tão rico quanto denso. Não se sentem impotentes diante dos problemas: reclamam e atuam dentro de uma estrutura política que lhes permite, independentemente do poder econômico ou dos conchavos políticos, resolver problemas que os afligem.
Como  cidadão esclarecido, bem informado e politizado, o cubano é o verdadeiro crítico do regime. Critica e aponta saídas. Trabalha e, quando a nação necessita da sua presença, lá está ele, pronto para defender sua revolução com o seu próprio sangue. Aqueles que não quiseram trabalhar pela coletividade ou que sequer queriam trabalhar se foram pelo Porto Mariel, iludidos pela falsa propaganda que vinha dos Estados Unidos, onde pensavam encontrar dinheiro fácil.  Flávia chegou tarde, com uma pauta envelhecida.
Nem Alaine, nem Reinel Herrera viveram os problemas da etapa anterior a 1959, quando o desemprego era superior a 16,4% e o subemprego estava em torno de 34,8%. Eles já vieram ao mundo num país de – praticamente-pleno emprego. Também não conviveram com as taxas de analfabetismo de 23,6%, nem com o sistema escolar que, de 100 crianças matriculadas nas escolas públicas, deixava 64 no meio do caminho, sem terminarem o 6º ano. Hoje, apesar de todos os problemas, a taxa de analfabetismo não chega a 3% e não existem crianças em idade escolar sem colégio.
Com uma assistência médica nacionalizada, nenhum dos dois conheceu o país que concentrava 65% da população nas áreas urbanas, que tinha 70% da indústria farmacêutica controlados por empresas estrangeiras, em que a expectativa de vida era de 62 anos e a mortalidade infantil de 40 por mil nascidos vivos.  Já a mortalidade materna era de 118,2 por 10 mil nascidos. Esses dados, por certo, não estão no departamento de pesquisa dos jornais dos Frias, Marinhos e Mesquitas. Flávia, a nossa brava repórter, talvez não disponha de outras informações que lhe seriam de extrema utilidade na cobertura da reunião do Partido Comunista Cubano.
Antes da revolução, menos de 2.500 proprietários possuíam 45% das terras do país e 8% das fazendas concentravam 71% da área disponível. Até 1959, somente 11,2% dos trabalhadores agrícolas tomavam leite, 4% comiam carne,1% consumia peixe. Na Cuba de Alaine e Herrera, o consumo de leite e carne é superior a todos os outros países do continente. Se nos anos 1980, quando os dois entrevistados nasceram, a implementação do processo revolucionário continuava, foi a década de 1960 que abriu caminho ao desenvolvimento econômico e, sobretudo aquela em que se resistiu às agressões armadas, bombardeios e à tentativa de invasão norte-americana que definiu o caráter socialista da revolução.
Todo o conjunto de medidas políticas e econômicas custou a Cuba o bloqueio econômico e diplomático imposto pelos Estados Unidos. A situação voltaria a se agravar após o fim da URSS e do bloco socialista, mas o colapso tão esperado pelo Império e seus sócios não veio.
O sistema econômico procurou proporcionar o desenvolvimento e o crescimento  do país de uma forma igualitária. Ernesto Che Guevara, quando ministro da Indústria, ilustrou bem qual a diferença entre sistema econômico e desenvolvimento. Para ele, um anão enorme com tórax enchido é subdesenvolvido, porque seus curtos braços e débeis pernas não se articulam com o resto de sua anatomia. É produto de um desenvolvimento teratológico que distorceu suas formações sociais. A descrição sobre o restante da América Latina não podia ser mais precisa.
Se, de fato, o Partido decidir demitir 500 mil funcionários, enxugar o Estado e aumentar a produtividade, como relata a grande imprensa, a anatomia cubana não permite vislumbrar um mergulho na lógica fria dos ditames do mercado. A perspectiva que só a história dá, para avaliar  em toda a sua dimensão, os erros e acertos, o processo que implantou, pela primeira vez, o socialismo na região, mostra um organismo social saudável, preparado para mudanças necessárias.
O célebre “mudamos ou afundamos” atribuído a Raul Castro não é, como supõe a matéria da Folha, a expressão dramática de uma situação. As crises permanentes que a revolução atravessou, impostas para fazê-la fracassar, fizeram com que a retificação de rumos e a concepção de novas idéias se tornassem elementos constitutivos da nação caribenha. Fátima Marreiro pode ter uma certeza: Cuba não afundará.

Trabalho


Estou imensamente feliz com a capa da Folha de S. Paulo de hoje. 

A exposição das más condições de trabalho dos operários de empreiteiras que constróem casas e apartamentos do programa Minha Casa, Minha Vida,   que o jornal faz hoje em sua manchete é uma grande serviço aos direitos dos trabalhadores.
Obra do governo ou  financiada pelo Governo, realizada por grupos privados – empreiteiros ou subempreiteiros – não pode ter gente trabalhando em condições degradantes. Aliás, ninguém pode trabalhar em situação degradante.
Esperemos que, agora que o jornal descobriu que – ao menos quando o contratante é o Governo Federal – obras e serviços não se realizem com a degradação do ser humano, o exemplo frutifique. Quem sabe, por exemplo, fazendo uma grande matéria sobre a manutenção de jovens bolivianos, em plena São Paulo, em regime de escravidão, costurando roupas encomendadas pela rede Pernambucanas,  que o Tijolaço mostrou aqui e que não mereceu destaque na Folha?
Ou faz uma matéria sobre as condições degradantes a que são submetidos trabalhadores de usinas de cana e de plantação de laranjas no interior paulista?
Ou uma outra, explicando que o gráfico que ela própria publica mostra que a fiscalização oficial, via Ministério do Trabalho, embora não tenha aumentado muito suas ações, pela escassez de fiscais, aumentou muito o rigor e a eficiência destas operações na área da construção civil e  não apenas o número de problemas encontrados.
O número de autuações subiu 300% quase em sete anos.
Faço votos que a Folha nos surpreenda com várias matérias que investiguem, descubram e exponham desrespeito aos trabalhadores.
E que não seja apenas porque, mesmo sendo as empreiteiras empresas privadas, o Estado, que financia as obras, tem responsabilidade sobre as condições de trabalho de quem nela atua.

Twitter

Na última quarta-feira, eu estava na porta do Hospital Sírio-Libanês, cobrindo a morte de José Alencar para a TV Record. No mesmo horário, dois jornalistas (um da “Folha” e outro do “Agora” – diário que também pertence ao grupo “Folha”) trocavam impressões sobre a cobertura jornalística do fato. Ressalte-se: trocavam impressões usando contas particulares do twitter.
Foram demitidos!
Nesse domingo, a “ombudsman” da “Folha” tocou no assunto. Ela transcreveu o diálogo no twitter que acabou levando à demissão:

Repórter da Folha: ”Nunca um obituário esteve tão pronto. É só apertar o botão.”

Repórter do Agora: ”Mas na Folha.com nada ainda… esqueceram de apertar o botão. rs” (risos)
Repórter da Folha: ”Ah sim, a melhor orientação ever. O último a dar qualquer morte. É o preço por um erro gravíssimo.”
Suzana Singer, que foi minha chefe e a quem respeito, preferiu não dar os nomes dos jornalistas. Imaginou (presumo) que assim os “preservaria”. Como se a história já não estivesse na internet…
Na mesma coluna, a “ombudsman” dá a opinião sobre o caso:
Um diálogo ruim, de todos os pontos de vista. É insensível jogar na cara do leitor que há obituários prontos à espera do momento de publicação. Não faz sentido um jornalista criticar, publicamente, um site da mesma empresa. E não deixa de ser desagradável lembrar um problema recente -a divulgação errada, pela Folha.com, da morte do senador Romeu Tuma.
Êpa! Peraí. Desde quando a “Folha está preocupada com a “sensibilidade” do leitor. A “Folha” é o jornal que publica ficha falsa em primeira página, e que abre espaço para relato sem provas de que Lula teria falado em “currar” um garoto na prisão. E a Suzana acha que os leitores ficariam “sensíveis” se soubessem que jornalistas preparam obituários com antecedência?
Outra coisa: a Suzana acha “desagradável” lembrar um “problema” recente? Desagradável pra quem? Pros leitores? Ou pro jornal? O mundo jornalístico sabe que o jornal ”matou” o Tuma antes da hora, ajudando assim a eleger o Aloysio.
Na verdade, na crítica de Suzana, a única justificatica plausível é essa: “Não faz sentido um jornalista criticar, publicamente, um site da mesma empresa.”
É isso que interessa na demissão: um recado para outros jornalistas – calem a boca! É atitude de velhos senhores de engenho. Se os empregados se reúnem para reivindicar melhores condições de trabalho, o “patrão” nem discute. Chama o capataz e manda dar uma surra nos líderes da “baderna”. Pra servir de exemplo!
Sob todos os aspectos, a demissão dos jornalistas parece-me absurda: os dois foram “punidos” por expressar, em perfis no twitter, a opinião pessoal.  Ok, eles trabalham na “Folha”. Mas a relação não é (ou não deveria ser) do servo com o senhor proprietário da gleba. O jornalista, fora do horário de serviço, e longe das páginas que pertencem à família Frias, é um cidadão que pode e deve expressar suas opiniões e impressões. O jornalista vende sua força de trabalho, não o cérebro!
E há mais um ponto estranho. A ombudsman parece incomodada com o fato de a troca de tuitadas ter revelado um “segredo”: jornais, revistas, TVs e sites de internet preparam previamente obituários de personalidades importantes.
Ora, isso é tratar o leitor feito débil mental. É evidente que os jornais preparam isso tudo com antecedência. O leitor minimamente esclarecido sabe – ou intui – essa verdade. Ou alguém acha que tudo se materializa minutos depois da morte (na TV e nos sites) por mágica? Além do mais, se havia leitores que não sabiam, agora eles já sabem: jornais, sites, TVs e rádios  preparam obituários – mas não querem que você, leitor, saiba disso!
O jornal que tenta calar a “Falha” (site de paródias da “Folha”, tirado do ar por medida judicial), o jornal que chamou ditadura de “ditabranda”, o jornal que é o mais vendido do país, é um jornal que demite profissionais que dão opinião no twitter.
A “Folha” acha que jornalista é servo da gleba? Não chega a espantar.

por Zé Dirceu

De novo os dois pesos e duas medidas

Folha de S.Paulo - no que faz muito bem - continua a tratar dos sucessivos escândalos que praticamente todas as semanas, e no mínimo um por semana, atingem a polícia paulista. Agora foi a queda de um dos cardeais da área, Marco Antonio Desgualdo, ex-delegado-geral da Polícia Civil e homem de confiança do governador Geraldo Alckmin (PSDB).

O governador o afastou da chefia do departamento de homicídios, segundo o jornal, sob o pretexto de que houve "quebra de lealdade". Desgualdo teria sido convidado pela banda da polícia em briga com o secretário de Segurança Pública a obter e divulgar o vídeo que provocou outros escândalos e demissões na alta cúpula da Segurança.

A gravação explosiva registra o encontro do secretário com um repórter da Folha de S.Paulo no Shopping Pátio Higienópolis. Desgualdo, ainda de acordo com o jornal, não participou da trama, mas não teria comunicado o convite a seus superiores.

Esclarecimentos só na aparência

Aparentemente, tudo esclarecido. Mas só na aparência, porque a Folha, que sempre pratica a violação do sigilo nem registrou esta sua prática até agora e nem explica claramente porque está atacando tanto a divulgação do vídeo e colocando o tucanato e seu secretário de Segurança em São Paulo como vítimas do episódio.

O que há por trás disso? O que o secretário e o jornalista conversavam no Shopping? Por que o secretário não disse o que tinha a falar numa entrevista normal, pública, do conhecimento prévio de todos?

Vejam, uma coisa é o combate a corrupção - os jornais registram que o Secretário de Segurança Pública está sob bombardeio de uma banda da polícia. O motivo seria a instauração de investigação para apurar corrupção e irregularidades que teriam sido cometidas por 900 delegados, quase 1/3 dos 3.300 do efetivo do Estado.

Mas, vejam, temos aí a questão dos meios. Valem todos? Ou quando envolve a Folha e a beneficia na elaboração do seu noticiário valem todos e quando envolve os policiais não? Ela pode, só ela, quebrar e vazar sigilos, dados de processos judiciais à vontade, mas condena outros que fazem o mesmo que ela?

Folha de São Paulo confessa que apoiou a Ditadura


Esquerda explodiu carros da Folha que eram usados pela ditadura
A presença de Dilma na festa (?!) da “Folha” foi o aspecto mais comentado pelos internautas nas observações sobre o aniversário de 90 anos do jornal. Eu estava em Buenos Aires, e lá a notícia foi outra. Numa nota de pé de página, o jornal “La Nacion” trouxe, na terça-feira,  informação de que desconfiei a princípio: “Folha” admite que apoiou a ditadura.

Achei que os argentinos não tinham entendido direito o assunto, até porque a nota fazia referência também ao fato de a Folha” chamar a ditadura de “ditabranda”…

Mas leio no blog do Eduardo Guimarães que a “Folha” admitiu mesmo o apoio à ditadura. Admitiu daquele jeito dela. Disse que apoiou o golpe (mas, veja bem, quase toda grande imprensa apoiou)… Disse que carros do jornal “teriam” sido usados por agentes da repressão (mas, veja bem,  “a direção da Folha sempre negou ter conhecimento do uso de seus carros para tais fins”).

A “Folha” lembrou-me um pouco o Bill Clinton, ao ser pergunatdo se tinha experimentado maconha na juventude: “sim, fumei, mas não traguei”. Ou, pra ser mais escrachado, a “Folha” lembrou-me da frase do roqueiro Lobão, que meus filhos adolescentes adoram citar: “peidei, mas não fui eu”.

Melhor não dizer mais nada. Fiquem com a narrativa “oficial” publicada pelo jornal.
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A Folha apoiou o golpe militar de 1964, como praticamente toda a grande imprensa brasileira. Não participou da conspiração contra o presidente João Goulart, como fez o “Estado”, mas apoiou editorialmente a ditadura, limitando-se a veicular críticas raras e pontuais.

Confrontado por manifestações de rua e pela deflagração de guerrilhas urbanas, o regime endureceu ainda mais em dezembro de 1968, com a decretação do AI-5. O jornal submeteu-se à censura, acatando as proibições, ao contrário do que fizeram o “Estado”, a revista “Veja” e o carioca “Jornal do Brasil”, que não aceitaram a imposição e enfrentaram a censura prévia, denunciando com artifícios editoriais a ação dos censores.

As tensões características dos chamados “anos de chumbo” marcaram esta fase do Grupo Folha. A partir de 1969, a “Folha da Tarde” alinhou-se ao esquema de repressão à luta armada, publicando manchetes que exaltavam as operações militares.

A entrega da Redação da “Folha da Tarde” a jornalistas entusiasmados com a linha dura militar (vários deles eram policiais) foi uma reação da empresa à atuação clandestina, na Redação, de militantes da ALN (Ação Libertadora Nacional), de Carlos Marighella, um dos ‘terroristas’ mais procurados do país, morto em São Paulo no final de 1969.

Em 1971, a ALN incendiou três veículos do jornal e ameaçou assassinar seus proprietários. Os atentados seriam uma reação ao apoio da “Folha da Tarde” à repressão contra a luta armada.

Outra irresponsabilidade da Folha

No último domingo, 20 de fevereiro, a seção “Painel” da Folha de S. Paulo, publicou esta nota sobre o neurocientista Miguel Nicolelis, professor da Universidade Duke, nos EUA, e fundador do Instituto de Neurociências de Natal, no Rio Grande do Norte.
Quem conhece a trajetória e o caráter do professor Nicolelis ficou injuriado. A nota, além de faltar com a verdade, é caluniosa. A sua caixa postal  ficou entupida de mensagens de solidariedade a ele e de repúdio  à Folha, que não se deu ao trabalho de, por telefone ou e-mail, checar as informações para saber se procediam.

“Muito triste constatar que seus julgamentos morais são feitos a partir de critérios que imperam no varejo da política brasileira e ao seu redor”, escreveu Nicolelis à jornalista responsável pelo “Painel”. “Achar que eu mudaria minha opinião sobre qualquer coisa referente à ciência brasileira baseado numa nomeação para um serviço voluntário, à frente de uma comissão temporária, ou é muita ingenuidade, ou má fé. Sua insinuação maldosa e precária (não há fatos que a suportem) não só não procede, como é risível. Fica aqui o registro do meu protesto pela sua intenção maldosa de insinuar que minhas opiniões estão à venda. Fale pela senhora, não por mim! E se quiser expressar minhas opiniões na sua coluna social, me pergunte primeiro! Muito mais digno, honesto e profissional seria!”

A jornalista respondeu. Prontificou-se a publicar os esclarecimentos do professor a partir de um texto que ele enviou. Por ser grande para os padrões da seção, seria resumido, mas mantendo o espírito.
Na terça-feira, 22 de fevereiro, foi publicada então esta nota:
O “Painel” não assume o erro nem esclarece quase nada.

“Se a jornalista da Folha me conhecesse pessoalmente, saberia que há 9 anos desenvolvo um trabalho voluntário, não remunerado, em prol da educação científica e da ciência brasileira”, continua indignado  Nicolelis. “Na minha profissão, o único bem que nos cabe é a nossa reputação e idoneidade, portanto, considero vil, leviano, o que o jornal fez.”

Por isso, segue a íntegra do texto que o professor  enviou à Folha:
Em resposta à nota publicada no Painel de 20/02, gostaria de declarar que, em momento algum, alterei quaisquer das críticas feitas ao atual modelo de gestão da ciência brasileira em decorrência do recente convite, feito pelo senhor Ministro da Ciência e Tecnologia, para presidir a Comissão do Futuro, proposta por esse ministério. Quando disse, em entrevista ao Estado de S. Paulo, em dezembro passado, que o Ministério da Ciência e Tecnologia não podia ser considerado como um prêmio de consolação, não estava emitindo nenhum juízo de valor sobre a pessoa do senhor ministro Aloízio Mercadante, mas simplesmente reivindicando o reconhecimento do novo governo à importância fundamental da área de ciência e tecnologia para o desenvolvimento do Brasil. Da mesma forma, desde o convite e anúncio formal do mesmo, no último dia 13/02, não emiti nenhuma declaração ou qualquer avaliação da presente gestão do MCT. Dessa forma, estranha-me ler nesse jornal a insinuação que, um convite para presidir, de forma voluntária e não remunerado, uma comissão temporária, destinada a elaborar e disseminar ideias que possam contribuir para o futuro da ciência brasileira, tenha servido como forma de cercear minhas opiniões. Na realidade, o objetivo dessa comissão é levantar todas críticas ao modelo vigente e propor soluções eficazes para que a ciência brasileira possa contribuir decisivamente para o desenvolvimento social e econômico do país.
Sinceramente,
Miguel Nicolelis

A Folha mais uma vez briga com a verdade factual, aprontando outra  das suas.
Para começar, desde há muito, o professor Nicolelis faz críticas aos tucanos (clique aqui para ler).

Casta [PIG] lamenta privilégio perdido

Folha dá manchete com ares de escândalo para a pulverização da publicidade oficial em mais de 8 mil veículos, espalhados por 2.733 municípios. Bom mesmo era no governo FHC. Um valor equivalente ao atual, da ordem de R$ 2,3 bi /ano, engordava então uma seleta casta de 499 veículos, instalados em 182 cidades - entre eles, naturalmente, os veículos da 'linhagem' dos Frias. 

Velha mídia

No entreato de Natal e Ano Novo, com a turma ainda se recuperando da ressaca natalina, o ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, concedeu uma daquelas entrevistas que a imprensa costuma dizer “bombásticas”. Pena que a audiência deva ter sido pequena. Kennedy Alencar, em seu “É Notícia”, da Rede TV, deu ao ministro uma chance de falar o que o resto das televisões lhe negou nos últimos quatro anos, desde que assumiu a pasta.

Devido ao amadorismo da Rede TV – que, no meio da manhã de segunda-feira, 27 de dezembro, está com seu site fora do ar –, o blogueiro se vê obrigado a escrever “de cabeça” sobre o que assistiu. Mas, assim que possível, o vídeo da entrevista será divulgado, de forma que seja possível ao leitor conferir a quantas anda a memória deste que escreve.

Em verdade, não será tão difícil porque a parte “bombástica” da entrevista não foi tão longa assim. Versou sobre a suposição de Globo, Folha, Estadão, Veja e companhia sobre existência de intenções governamentais de “censurar a imprensa” e sobre a relação do governo Lula com ela.

Note-se que o ministro foi extremamente hábil, pois reconheceu méritos no governo FHC e em seu titular pela estabilização da moeda sem deixar de dizer exatamente em que ponto ele se perdeu – na falta de um espírito desenvolvimentista e social e na adoção dos cânones neoliberais em geral, do que resultou a privataria. E apesar de dizer que o mensalão não passou de caixa-dois, fez a necessária crítica ao PT de que “ver uma devassa saindo de um prostíbulo não choca, mas ver uma freirinha saindo, é chocante”.

Na parte sobre regulação da mídia, Martins deixou muito claro que o tipo de regulação que se quer fazer é exatamente o mesmo que existe em qualquer grande democracia. Explicou a sinuca de bico em que a parcela da mídia supracitada se encontra por ter que combater a regulamentação e ao mesmo tempo almejá-la para que seja protegida das “teles”, ou seja, das multinacionais de telecomunicações que ameaçam esmagar o PIG com um poderio econômico muito acima do que detém a radiodifusão nacional.

Acima de tudo, nessa questão, o ministro da Comunicação Social deu um recadinho a jornais que acusou de terem servido à ditadura militar: “Não venham nos dar aulas de democracia”.

Mas a coisa pegou fogo mesmo quando a entrevista enveredou pelas relações do governo com a mídia corporativa. Martins acusou, nominalmente, Folha, Estadão, Globo e outros de fazerem uma jogada com a oposição tucano-pefelê: “Um levanta e o outro corta”, pontuou o ministro com todas as letras.
E não ficou por aí…

Ao exemplificar o partidarismo midiático, Martins abordou, primeiro, a questão da “bolinha de papel”, lembrando que a Globo, com o peso de sua “credibilidade” – palavra que proferiu em tom irônico –, veiculou uma reportagem de sete longos minutos bancando a versão de José Serra de que teria sido atingido por um segundo objeto, sustentando-a com um laudo fajuto que, na madrugada que se seguiu àquela edição do Jornal Nacional, foi “desmontado pela blogosfera”.

Como se não bastasse, citou, nominalmente, a Folha de São Paulo e a ficha falsa de Dilma, ponderando com o entrevistador o absurdo de um jornal como aquele publicar uma “falsificação contra um candidato” amparando-se na justificativa mambembe de que não podia confirmar ou negar sua veracidade, concluindo que, dessa maneira, o jornal deixa ver que publica qualquer coisa que lhe chegue às mãos contra adversários políticos.

Esta é a síntese da mais dura crítica ao PIG que alguém do governo fez publicamente em oito anos de mandato do atual presidente. Resta lamentar que assuntos dessa relevância e opiniões tão sonegadas ao público pela grande mídia durante oito anos tenham vindo à tona em um programa que avançou pela madrugada de domingo para segunda em uma época de festas em que ninguém assiste a esse tipo de programa.
por Eduardo Guimarães, no “Blog da Cidadania“

Navalhada




Navalha
O José Serra cortou os pulsos hoje de manhã, ao abrir o jornal de sua predileção.

Lamentavelmente, diria a Marina, a Folha se atrasou ao ter acesso aos documentos que os torturadores redigiram sobre a Dilma.

Isso nas mãos do Ali Kamel, já pensou, amigo navegante ?

Uma semana antes da eleição no segundo turno, já imaginou como estaria o semblante do Bonner ?

“A candidata Dilma Rousseff guardava o arsenal da guerrilha sanguinária !”, diria ele.

Além de tudo, o Serra, também conhecido como Padim Pade Cerra, tem azar.

O que a Folha vai ajudar a fazer, porém, é construir a história de uma democrata.

Como a Bachelet do Chile, Begin de Israel, e o maior de todos, Nelson Mandela, Dilma participou da luta armada.

Ela estava do outro lado ao do pai do Otavinho.

O pai do Otavinho entregava os carros de “reportagem” aos torturadores.

Dilma era torturada.

Porém, Dilma atravessou a ponte e ajudou a construir a democracia.

Trajeto que o filho ainda não fez, de corpo e alma.

Nesta nossa sub-democracia (e é “sub” porque, entre tantos motivos, o PiG (**) é tão forte), nesta nossa sub-democracia, um dos fenômenos mais eloquentes de amadurecimento foi, precisamente, a capacidade de o sistema partidário convencional incorporar os lideres guerrilheiros.

A democracia brasileira – tão fraquinha, como é -  pôs para dentro da Constituição – tão imperfeita, como é – aqueles que, um dia, com coragem e destemor foram para a luta armada para derrubar os usurpadores e torturadores.

A Folha deveria incumbir seus colonistas (***) da página 2 de escrever sobre a conversão de Dilma à democracia.

E mais: à democracia que inclui, que põe para dentro do sistema capitalista os miseráveis que o “Brasil de 20  milhões” (onde habitava o pai do Otavinho) preferiria ignorar.

E o mais fascinante de tudo: a Dilma depôs as armas (ou o código, como prefere a Folha) e ganhou o jogo mais importante da democracia: se tornou presidente da República por 56% a 44%.

A Folha é que tem um encontro com a Justiça, se a Dilma quiser.

Que é provar que a ficha “falsa” da Dilma é verdadeira.

A Folha tem mania de “ficha falsa”.

Ela vai tentar vender aos leitores que aquilo que os torturadores dizem da Dilma é verdade.

É a farsa dentro da farsa.

Ou a farsa dentro da ignomínia.

Coitado o Padim Pade Cerra.

O Otavinho chegou trinta dias atrasado.

A Eliane Catanhêde vai pedir o terceiro turno.

P4R4 4J6D4R B4ST4 CL1K4R N0 AN6NC10 Q63 T3 4GR4D4R

Cada cabeça uma sentença

A Rolha de São Paulo e a ficha da presidente

Não é curioso, amigo leitor, que ao terminar a primeira década do século XXI, a velha imprensa brasileira (aqui no sentido de antiga mesmo e carcomida) insista em não querer aceitar a vitória da presidente Dilma Roussef? Ou melhor: insista em “investigar” o passado da candidata eleita, substituindo a polícia da ditadura civil/militar que infelicitou o país nos anos 60?

Porque não é outra a atitude do jornal Folha de São Paulo ao se regozijar com a abertura dos arquivos de posse do Superior Tribunal Militar, pomposamente recebida como uma “vitória da sociedade brasileira”, para bisbilhotar sobre o passado de uma ex-presa política.

Vitória da sociedade brasileira? A quem quer enganar mais uma vez a FSP? O que quer o jornal do Sr. Otávio Frias Filho? Dependurar a presidente Dilma Roussef no pau de arara novamente em nome da sua democracia? Já não basta o sofrimento do passado? Quer o jornal, na sua arrogância e ignomínia, mostrar aos milhões de brasileiros que votaram no futuro e repudiaram o passado, que a candidata que escolheram não era a melhor opção para o Brasil pós-Lula?

Querem limpar a barra com a ficha falsa que publicaram e nunca desmentiram? Bobagem, não deveriam perder tempo com isso. À exceção daqueles que ainda não perceberam que tipo de democracia a Folha defende, o jornal perde a cada dia que passa a credibilidade daqueles que ainda a lêem. Seria bom que os seus anunciantes começassem a pensar seriamente nisto.
por Izaías Almada

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O relato de um ex-guerrilheiro

A Folha de São Paulo e a parceria com a ditadura.

A “Folha” prepara-se para atacar Dilma Rousseff – com uma “reportagem  bombástica”. A “Folha” quer mostrar a “Dilma guerrilheira”. Quer abrir arquivos, só os arquivos da Dilma (e os outros?) para gerar constrangimentos à candidata.  Ok. Função de jornal não é agradar ninguém. Mas por que a “Folha” não faz o mesmo com o passado de Serra? Como ele viveu no Chile? Por que fugiu do Brasil? Onde foi parar o dinheiro que a UNE tinha guardado num cofre, em 1964, quando Serra presidia a entidade? A “Folha” não quer saber.

Além disso, a “Folha” tem um passado nebuloso de parceria com a ditadura. Não é o jornal mais indicado para levantar nenhuma suspeita, sobre fato nenhum, envolvendo a ditadura.

Republico, abaixo, entrevista desse Escrevinhador (feita no ano passado) com Carlos Eugênio Paz. Ele foi líder da ALN – uma das organizações que lutaram contra a ditadura, de armas na mão. E  afirma, com todas a letras: “o Sr Frias [pai do atual diretor do jornal] ajudou a financiar a Oban”.

A “Folha é também o jornal que demitiu uma jornalista presa (e torturada) pela ditadura, por “abandono de emprego”. Como você pode ler aqui.

A “Folha” era parceira de um regime que torturava. Tem um mérito: não mudou de lado!
Esse é o jornal que quer investigar o passado de Dilma.
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(texto originalmente publicado em abril de 2009)
Carlos Eugênio Paz é um dos entrevistados no documentário “Cidadão Boilesen”,  premiado como “melhor filme” no festival  “É Tudo Verdade”.

O documentário conta a história de Albert Boilesen, executivo do grupo Ultragás que – segundo várias testemunhas – colaborou ativamente com o DOI-CODI (aparato de tortura e repressão montado durante a ditadura militar), e chegou a assistir sessões de tortura.
Como represália, Boilesen acabou morto por um comando da ALN – a Ação Libertadora Nacional. A ALN era uma das organizações de esquerda armada que lutaram contra a ditadura militar no Brasil.
Carlos Eugênio Paz foi militante da ALN*. Na luta armada, ele usava o codinome de “Clemente”.


O “Escrevinhador” entrevistou Carlos Eugênio sobre o envolvimento do “Grupo Folha de S. Paulo” com o aparato repressivo

Houve companheiros que, presos nas mão do DOI-CODI, foram transportados em carros da Folha ”, disse o ex-guerrilheiro. “O Grupo Folha apoiou  o golpe de estado, financiou e participou diretamente da repressão e jamais fez autocrítica disso”, acrescentou.