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Aquilo a que chamam amor

[...] é bem pequeno, bem restrito, e bem fraco, comparado à inefável orgia, à santa prostituição da alma que se dá toda inteira, em poesia e caridade, ao imprevisto que se mostra, ao desconhecido que passa.


É bom ensinar por vezes aos felizes deste mundo, nem que seja só para os humilhar um instante no seu estúpido orgulho, que há felicidades superiores às deles, mais vastas e mais delicadas. 


Os fundadores das colónias, os pastores de povos, os padres missionários exilados no fim do mundo, conhecem sem dúvida qualquer coisa destas misteriosas ebriedades; e, no seio da vasta família que o seu génio constituiu, devem rir-se algumas vezes daqueles que os lamentam pela sina tão revolta e pela vida tão casta.
Charles Badelaure

A molície dos antigos Bacos

[...] – Se quiseres, se quiseres, eu te farei o soberano das almas, e tu serás o senhor da matéria viva, ainda mais do que o escultor o pode ser da argila; e conhecerás o prazer, ininterruptamente renovável, de sair de ti mesmo para te esqueceres em outrem, e de atrair as outras almas até confundi-las com a tua.
Charles Baudelaire