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Criança tem cada uma


Théo, ao me explicar porque ele entendia o que a Nina tenta dizer quando balbucia:
- Pai, sabe por que eu entendo quando a Nina fala em bebesês? Porque eu já a conheço desde antes d'eu nascer.
- Como assim, filho? 
- É pai! Lá no planeta dos bebês a gente já se conhecia. Eu já sabia que ela ia ser minha irmã.

Chorei!

Pérolas do Pietro


- Mãe, porque eu sou tão branquelo?
- Que é isso, filho? Como assim branquelo?
- Minha coleguinha fulana disse!
- E daí?
- Mãe, é feio ser branquelo?
- Não, filho, nada é feio. Papai do céu quis assim e a genética alemã do teu pai.
- Mas ela disse que eu pareço um bolo com duas uvas de zóinho.

Sapiência infantil


  • Sono: é a vontade de dormir.

  • Arco-íris: é uma ponte de luz.

  • Palhaço: é um homem pintado de alegria.

  • Paciência: é uma coisa que adulto não tem.

  • Trovão: é um estrondo iluminado que aparece no céu.


Comida de criança

Sabe aquela criança que faz beicinho na hora de comer e recusa  qualquer garfada? E aquela que separa o brócolis e diz que salada, não! E a outra que diz que não está com nenhuma fome, mas que se a mãe levá-la no McDonald’s a fome volta? 

A nutricionista goiana Cláudia Lobo, de 39 anos, se deparou com essas situações e lançou o livro Comida de Criança -Ajude seu Filho a se alimentar bem sempre (MG editores)  para pais preocupados em melhorar a alimentação de seus filhos. 

O livro é muito interessante e fácil de entender. Cláudia dá receitas de como decorar um prato para a criança se interessar pela comida, fala sobre as vitaminas importantes para o crescimento, dá receitas saborosas para variar o cardápio infantil e ainda traz uma tabela que relaciona calorias à  idade da criança. Na capa, um rostinho feito de alimentos. O bonezinho é um frango com legumes, o cabelinho é o feijão, a cara é de arroz, olhos de ovos cozidos e a boquinha é de tomate cereja.

Assim que bati os olhos nesse livro me lembrei da minha infância. Por conta das crises de asma, tinha muita dificuldade em comer e minha mãe, com toda a paciência do mundo, fazia essas carinhas no meu prato. E me dizia: agora come o cabelinho. E eu, encantada, com aquela figura, ia devorando- a aos poucos. Hoje tenho uma alimentação super saudável, só como pães integrais, não como carne vermelha há 18 anos e na minha casa não entra refrigerantes. Meus filhos adoram um churrasco, mas também são aqueles da propaganda que pedem para comprar brócolis no supermercado. E claro, como crianças “normais” não dispensam um sorvete e um chocolate. Mas só nos finais de semana.

Enfim, vamos voltar à bela história de autora Cláudia Lobo. Em entrevista ao blog, ela disse que sua infância foi o contrário da minha. Sobravam frituras, refrigerantes. 

“Cresci numa casa onde não havia legumes, verduras e frutas e por toda a vida fui gordinha. Na minha adolescência, tinha uma baixa autoestima”, diz . 

Cláudia diz que chegou a pesar 100 quilos. Isso depois do segundo filho ( ela tem um menino de 7 anos e uma menina de 5). Quando a balança atingiu essa marca, seu filho menor tinha dois anos. Ela disse então que resolveu dar um basta. 

“Queria oferecer um futuro diferente para meus filhos”. 

Cláudia decidiu, então, fazer a tal da reeducação alimentar. Trocou todo o cardápio de casa e até o marido- que não era obeso- emagreceu. Ela também fez uma redução do estômago para ajudá-la nesse processo. 

“Tinha muitos problemas de saúde”, conta. 

Nesse processo, ela resolver montar o programa Saúde na Escola. Cláudia dá aulas em Tiête, no interior de São Paulo e nas cidades vizinhas para pais e mestres interessados em ter uma dieta mais saudável.
Numa refeição normal, basta fazer os olhinhos com ovo e ketchup- foto de Claúdia Novaes
Eu disse à ela que mudar de hábitos não é muito fácil. E perguntei como fazer isso.  Cláudia disse que é preciso dedicar um pouco de tempo e muito carinho. E o mais importante: se lembrar que a comida pode ser lúdica.

Seguem as etapas:
1) É preciso ter convicção de que algo precisa ser feito. É isso que irá levar a mudança alimentar adiante;

2) Seja o espelho para seus filhos. Se você não se alimenta bem, ele também não vai se alimentar;

3) Se organize em termos de horários, frequência das refeições e peça participação da família, mesmo que não seja em todas as refeições;

4) Se instrua em como oferecer uma alimentação saudável e faça os ajustes no cardápio. Se faltar legumes e verduras, aumente a quantidade nas compras;

5) Tenha persistência e criatividade para entrar no mundo mágico da criança. A partir disso,  tudo irá fluir.


A  pizza na foto do lado esquerdo ( as fotos são de Cláudia Novaes)  foi feita de massa integral, molho de tomate, chicória, queijo fresco, tomate cereja, cenoura e abobrinha. E leva a cara divertida de um monstro que seu filho pode ajudar a fazer.

A Letícia já contou aqui uma experiência contrária a tudo isso. Uma mãe que obrigou a filha de dois anos à uma dieta absurda. Por isso,  é sempre bom ter o acompanhamento de um especialista, seja ele o pediatra ou nutricionista.

Agora, não é bacana usar a criatividade em pratos como esses abaixo? E tem tudo o que uma criança precisa, de carboitrado a proteínas..E você, como anda a alimentação em sua casa?


do 7x7

As lições de vida que o circo ensina

Casas de cultura e Cidadania que oferecem a mais de cinco mil crianças a oportunidade de escreverem histórias com final feliz.

  Reprodução

Isolado por canaviais, o bairro Campos Salles, em Barra Bonita, no interior de São Paulo, corria o risco de sumir do mapa. Abandonada, a antiga estação de trem fora ocupada por três famílias que a converteram em moradia. O mato cobria suas poucas ruas de terra e já ocupava os quintais das casas. Até a escola municipal, com uma quadra poliesportiva, deixara de funcionar. Mas, antes que definhasse de vez, o povoado ganhou um sopro de vida. Há dois anos, a pedagoga paulistana Heloísa Melillo levou à prefeitura de Barra Bonita o plano de transformar a escola desativada em uma Casa de Cultura e Cidadania. O modelo seria o mesmo implementado por ela pouco antes na Vila Guacuri, uma favela na divisa entre as cidades de São Paulo e Diadema. Com sinal verde da prefeitura, em dois meses, a escola foi recuperada. A quadra, coberta, virou um picadeiro para aulas de circo e de dança. Hoje, 1.026 crianças e adolescentes passam por lá ao menos duas vezes por semana. Elas podem escolher duas atividades, de um cardápio de dez que inclui música, dança, teatro, circo, ginástica e até a arte de contar histórias. Cada aluno ganha dois lanches por dia. “Mais que ensiná-los a fazer piruetas, o projeto busca desenvolver habilidades para os desafios da vida: superar limites, ter equilíbrio, flexibilidade e coragem para se arriscar”, diz Heloísa. Jéssica Celestino da Silva, de 13 anos, concorda: “O trapézio me obriga a ficar concentrada, a prestar mais atenção”. Jéssica faz aulas de circo e dança na Casa, onde vai quatro dias por semana, sempre depois da escola.
Mas não é só de pão e circo que vivem os alunos da Casa. Algumas das salas ganharam computadores equipados com softwares livres, nos quais é possível aprender “artes digitais”, um curso que inclui técnicas de edição de vídeos, animação e tratamento de imagem. “Aprendi a fazer animação com tiras de papel”, diz Lucas Murilo Laviso, de 12 anos. “Isso me ajudou a ver o mundo de um jeito diferente.” A mudança na percepção de Lucas é resultado de um dos dois objetivos do curso. Se, do lado prático, a Casa forma técnicos para trabalhar na área da cultura, que responde por 7% do PIB brasileiro, do ponto de vista humano essa formação ajuda os jovens a se reconhecer no mundo. Eles são incentivados a documentar cenas da família e do cotidiano para montar narrativas pessoais.
Para dar suporte teórico aos programas das Casas de Cultura e Cidadania, que hoje atendem um total de 5.528 alunos, Heloísa Melillo montou um corpo de 13 curadores, que acompanham os educadores de forma contínua. Cada educador passa por 120 horas de capacitação antes de iniciar as atividades.
Quando a reportagem de ÉPOCA visitou a Casa, mais de 400 crianças e jovens assistiam a uma mostra de trabalhos dos próprios alunos e de seus educadores. Uma crença do projeto é que o conhecimento aprendido deva ser compartilhado. “Antes, nós apenas exibíamos filmes. Agora, os alunos se apresentam, são os protagonistas”, diz a educadora social Elisangela Fernandes dos Santos, de 34 anos. “Além das mostras, montamos espetáculos em eventos fora da Casa.” O calendário é intenso. “Já me apresentei 17 vezes”, diz Lucas Bertucci, de 12 anos, que também estuda teatro em Igaraçu do Tietê, cidade vizinha a Barra Bonita. “Eu gostaria de ser ator, trabalhar na televisão.” Numa das apresentações mais difíceis da Casa, os alunos de dança convidaram colegas que frequentam as academias particulares da cidade para um espetáculo coletivo, apropriadamente batizado Entrelace. “O encontro serviu para reafirmar o espírito democrático da Casa”, diz a arte-educadora em dança Viviane Carrasco, de 38.
Uma das características que distinguem esse projeto de outros da mesma natureza é a ênfase na capacitação das famílias. “Nós preparamos o jovem para um trabalho mais qualificado e também estimulamos seus familiares em direção ao empreendedorismo, seja coletivo ou individual”, diz Heloísa. “Envolver a criança, sua família e a comunidade é um dos pontos-chave do projeto, que pressupõe apoderamento e autonomia.” Um grupo formado por pais e cuidadores dos alunos se encarrega de propor formas de geração de renda. Elas vão de hortas comunitárias até cooperativas de artesanatos vendidos em bazares. Ao mesmo tempo, os alunos e suas famílias são orientados a cuidar do ambiente. Reciclar o lixo, economizar água e eletricidade, plantar árvores e manter as ruas limpas são algumas das contrapartidas que o projeto prevê. “Com isso, Campos Salles passou a ser um bairro reconhecido pela cidade”, diz Heloísa. “Era um lugar esquecido e hoje é um polo de atração de investimentos e de políticas públicas.” Hoje, quem diz em Barra Bonita que é de Campos Salles consegue até crediário nas lojas da cidade, algo impensável há dois anos.
O principal apoiador do projeto, com investimento direto de quase R$ 3 milhões por ano, além de verbas de renúncia fiscal, é a companhia AES. Ela contratou uma consultoria para monitorar os resultados e a satisfação foi de 98%. Mais que ampliar a rede de Casas de Cultura e Cidadania, que já chegaram a sete cidades, Heloísa sonha agora com o dia em que as Casas já não precisem existir. “A gente luta diariamente para se tornar desnecessário”, afirma.

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