Vamos evoluir juntos, meu povo?
Quem é Geni? Quem é o comandante do Zepelin gigante? Quem são aqueles que fazem pedidos tão sinceros e tão sentidos diante de um momento de desespero?
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Geni é um personagem que representa toda a pureza de amor possível de existir em quaisquer das diversas comunidades humanas, pouco importando credo, nação, ideologia ou qualquer outra limitação à sua identificação. Aos mais apressados, vão tomá-la por prostituta, só que de uma forma romantizada. Entretanto, a expressão chave que define Geni é "ela dá pra qualquer um"... Isto porque o que ela dava era seu corpo (1ª estrofe, 4º verso), mas permanecia donzela. Seu corpo ela doava a quem não tinha mais nada na vida. Em nenhum momento diz que ela recebia em dinheiro pela entrega de seu corpo. E ademais, entregar seu copro possui vários significados: sexo, carícias, abraços, ou somente conversas...
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Ela dava a si mesma como forma de preencher os vazios da alma daqueles que a buscavam. Geni não fazia distinção em relação a quem se doaria, mas impôs, a si mesma, uma única condição moral: como pretendia permanecer donzela em seu espírito puro, assumiu as consequências de ser vista como feita para apanhar e boa para cuspir, pois, desta forma, matinha-se pura, conquanto os que a procuravam tinham suas marcas da perversidade humana registrados na carne, mas não na alma.
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Enquanto ela se doava para os carentes de amor, ela também se preenchia da riqueza oriunda da solidariedade plena (doar-se sem receber nada em troca). Ela não reclamava da vida que tinha, só evitava "homens" ditos nobres e cheirando a brilho e cobre, porque tinha consciência de que está na aparência aparentemente perfeita e esbelta, enfeitada pelas pedras e metais ditos preciosos, os maiores podres morais da humanidade - o orgulho e o egoísmo - as faces mais cruéis da hipocrisia.
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Em sua consciência, ela se manteria pura não doando a si mesma na personificação de seu corpo à pessoa com essa má natureza. E Geni permaneceu pura, pois só aceitou doar a si mesmo quando toda a sociedade a pediu.
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Respeitosamente, é impossível não associar essa personagem bela e sofrida à figura histórica do próprio Jesus Cristo; que, sem ter cometido qualquer pecado capital, doou sua vida para a remissão de todos da sociedade. Assim como Jesus, Geni deu um "suspiro aliviado" e sabendo-se cumpridora fiel de sua missão, até tentou sorrir, mas não conseguiu por causa do seu esgotamento físico (Jesus também não teve seu último suspiro de alívio, sabendo-se cumpridor de sua missão?). Os mais atentos dirão que Geni não morreu após seu último suspiro. Mas para os que creem, Jesus também não era morto quando deixou seu corpo carnal (sob forma poética, não se tem a impressão, quase concreta, do desfalecimento corporal de Geni?)
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Nesta comparação, o comandante do Zepelin prateado não poderia ser o diabo tentando/ incitando a sociedade contra aquela que era a única pura de coração na terra de "tanto horror e iniquidade"? Numa percepção cristão (de quem é crente, mas não necessariamente segue uma religião), se a sociedade não incita Geni a fazer aquilo que lha conferia "asco", salvar-se-iam todos! Contudo, aquele que se veste do mal, de forma astuciosa, quis ser mais esperto que aquele que se veste da forma mais plena de amor (a criação divina), e pretendeu corromper a incorruptível, conseguindo fazê-la aceitar seu lambuzar-se à noite toda até sua saciedade plena.
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O Comandante da Zepelin foi-se embora, em seguida, em nuvem fria (decepcionado), pois percebeu que Geni continuava pura e tudo o que teve dela foi um corpo sem valor moral (assim como todo brilho e cobre daquele que se gabava em ostentar). E, por fim, se observarmos, o comandante, que pretendia exterminar todos com seu Zepelin, viu-se obrigado a partir sem disparar uma única bala de canhão, pois aquela dama de coração nobre havia salvado toda a sua comunidade.
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E, infelizmente, meus amigos, sinto informar que, ao meu ver, aqueles que fazem pedidos tão sinceros e tão sentidos diante de um momento de desespero coletivo somos todos nós, a sociedade. Isso é concluído, inclusive, por exclusão. Novamente, usando a ideia cristã para me fazer entender: se não somos Jesus (Geni), se não somos o diabo (Comandante do Zepelin), se não somos a perfeição da criação em amor (Deus), só nos resta ser a sociedade. Obviamente, como somos muitos, estamos estratificados em castas de punibilidade. As autoridades religiosas (bispo de olhos vermelhos), governamental (prefeito de joelhos) econômicas (banqueiro com um milhão) e o resto do povo (em romaria). Quanto mais especializado o grupo a qual pertencemos, maior a responsabilidade pelo terror e iniquidade. Mas todos, praticamente nós todos, somos culpados, por ação ou omissão.
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Quem incita é culpado por ação, é quem grita, quem atira pedra, é quem quer ver o circo pegar fogo (como dizemos no popular). Quem permite a incitação é culpado por omissão, pois lhe falta a verdadeira coragem para se rebelar contra as injustiças. Vê o circo pegando fogo e nada ou pouco faz para efetivamente apagar.
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E por favor, não faça como um dia eu mesma fiz, não se enconda sob o véu do inconsciente, onde consta nosso orgulho e egoísmo sob a forma mais primitiva de auto-preservação. Ou somos quem incita ou somos que consente ao calar-se. Não houve nem na história de Geni e nem na história pessoal de Jesus aquele único humano que tenha implorado para poupar a vida daquele que nunca havia feito uma única maldade contra a sociedade.
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Moral da história: somos todos, com exceção para as raras Geni(s), responsáveis pelas maldades, terrores e iniquidades deste mundo de riquezas frias de metal e brilho.
por Lívia Honorato
por Lívia Honorato
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