Um ex-procurador de Justiça da Operação Lava Jato, Marcelo Miller, é suspeito de ter tramado com a JBS-Friboi um jeito de induzir o presidente Michel Temer se incriminar, e agora tem de se explicar. O juiz Sérgio Moro, estrela da operação, tem um padrinho de casamento acusado de comercializar vantagens para delatores lá na 13a Vara Federal de Curitiba, e também tem de se explicar.
No Congresso, símbolo maior da presa nas caçadas de Miller e Moro, a classe política, há quem considere os episódios pedagógicos.
“Estamos vendo acontecer aqui o que aconteceu com os jacobinos dos comitês de salvação pública da Revolução Francesa: os algozes – juízes, procuradores – viraram vítimas”, diz o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP). “É para a sociedade ver que o problema do Brasil é um pouco mais complexo, não é só da política, dos políticos.”
Os jacobinos eram os radicais da Revolução Francesa (1789), mais ligados às massas. Comandaram a segunda fase do movimento, a do “Terror”, em que a guilhotina trabalhou sem descanso. Criaram os Comitês de Salvação Pública para defender a Revolução e depois membros dos comitês acabaram sem a cabeça, caso de Danton. Quando terminou a fase do Terror, o máximo líder jacobino também perdeu a dele, Robespierre.