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Pastoral Operária

[...] Comemora 40 anos

BREVE HISTÓRICO  
Sobre a sua origem
A Pastoral Operária (PO) de S. Paulo nasceu de ações desenvolvidas por antigos militantes da JOC (Juventude Operária Católica) e da ACO (Ação Católica Operária - hoje MTC). Esses militantes, com experiências de organização de pequenos grupos nos locais de trabalho, passaram a organizar grupos de trabalhadores/as católicos/as em algumas comunidades. Refletiam a vida de trabalho na ótica das exigências evangélicas da justiça e da solidariedade de classe. Simultaneamente, procuravam desenvolver diálogos seguidos de esforços para a organização de seus companheiros onde trabalhavam, enquanto se engajavam no movimento sindical, isto imediatamente antes e depois do golpe militar de 1964.
O intercâmbio realizado entre comunidades fez a semente se espalhar e outras experiências foram sendo realizadas. Muito contribuíram para isso o Concílio Vaticano II, o encontro de Medellín, o florescimento CEBs e da Teologia da Libertação. Esses quatro fatores deram ânimo aos que se engajavam nesse trabalho evangelizador/conscientizador a partir da vida de trabalho e suas contradições com o capital. Esse trabalho militante deu origem também às Oposições Sindicais. A experiência pastoral iniciada em São Paulo se espalhou pelo Brasil, contribuindo para a formação de centenas de militantes cristãos que se tornaram ativistas e dirigentes sindicais. As Oposições e os Sindicatos que passaram para a direção desses militantes deram importante contribuição para o ressurgimento das lutas operárias e para a formação da CUT, em 1983.
A força adquirida a partir do Movimento de Oposição Sindical (Metalúrgicos de São Paulo) e sua interferência na vida da própria Igreja local fizeram com que a Arquidiocese oficializasse a emergente Pastoral Operária. Sua confirmação se deu quando da celebração da “Missa pelo Salário Justo”, no dia 18 de outubro de 1970, na catedral da Sé, presidida pelo então Cardeal D. Agnello Rossi. A transferência de D. Agnello para Roma e a nomeação de D. Paulo para arcebispo da diocese, no mesmo ano, vieram impulsionar ainda mais os trabalhos da PO, que recebeu grande encorajamento em sua missão no meio dos trabalhadores.
Eixos de Reflexão
Um dos eixos da reflexão e da atuação dos grupos que foram se formando era o do questionamento da estrutura sindical de origem fascista, a defesa de um sindicalismo independente e organizado a partir do local de trabalho, principalmente nas fábricas. Durante a ditadura, o trabalho dentro da fábrica era obviamente semiclandestino. O outro eixo da reflexão, e naturalmente o mais importante, tem sido a exploração do trabalhador pelo sistema capitalista, seja em relação às condições de trabalho, seja em relação aos salários e demais direitos do trabalhador. Essa luta contra a exploração do capital sobre o trabalho teve sua raiz e inspiração na Doutrina Social Cristã, desenvolvida a partir da encíclica Rerum Novarum, escrita pelo papa Leão XIII, em 15 de maio de 1891 e que enfatiza a primazia do trabalho sobre o capital. A RN foi aprimorada pela “Quadragésimo Ano” de Pio XII. Posteriormente, João Paulo II enfatiza o “trabalho” como “chave essencial da questão social” (Laborem Exercens).
 Durante o período do governo militar, a Pastoral Operária se posicionou claramente contra a ditadura e seu Estado de Exceção, contra os atos que impunham pesados fardos à classe trabalhadora, assim como condenou as prisões, torturas e assassinatos de muitos dos nossos companheiros.
As reflexões que fazíamos a partir dos grupos nas comunidades se desdobravam em reflexões junto à própria comunidade, envolvendo outros aspectos da vida do trabalhador: condições de moradia, de transporte, falta de saneamento básico, de creches, de escolas, de postos de saúde, de iluminação nas ruas dos bairros. Colocados como outras dimensões da exploração capitalista sobre os trabalhadores, iluminavam o debate sempre na ótica da justiça e da solidariedade evangélicas, inspiraram o surgimento de vários movimentos reivindicatórios e a formação de outras pastorais na dimensão social.
Tais experiências, intercambiadas constantemente com trabalhadores cristãos de outras cidades e regiões do país, animaram à criação de grupos de Pastorais Operárias em outras dioceses e, em 1976, a formação da Coordenação da PO Nacional.
Contribuição da PO à Igreja
As reflexões sobre as contradições existentes no mundo do trabalho foram instrumento importante para o avanço do conjunto da Igreja no Brasil e seu compromisso com os explorados. Não tem sido por menos que em vários momentos de nossa história recente, as questões do trabalho têm sido escolhidas como tema das Campanhas da Fraternidade e da Primeira Semana Social Brasileira, permanecendo presente nas SSBs seguintes.
Depois de 40 anos de duras lutas, os trabalhadores cristãos conscientes continuam sua árdua missão de serem fato, luz, sal e fermento evangélico entre seus companheiros e companheiras, assim como no conjunto do Movimento Sindical brasileiro.