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Petista de coragem hoje conheço a brizolista Dilma


Desde 2003, quando Lula se tornou presidente, o Partido dos Trabalhadores (PT) aparece na grande imprensa como uma imensa coleção de escândalos. E desde então uma pergunta tem incomodado a base social do PT: por que os dirigentes petistas têm tanto medo? A resposta não é simples e poderia ser reformulada: Por que alguém que recebe o poder das mãos do povo pede licença para exercê-lo?

Recentemente, a Polícia Federal invadiu o escritório da Presidente da República para encontrar “provas” contra o seu antecessor, que é simplesmente o seu maior apoiador. A primeira e única defesa petista foi a de que agora a PF age como instituição republicana e independente blá blá blá blá… Da mesma maneira o STF agiu como instituição independente…  Ora, alguém imaginaria a PF invadindo o escritório de Fernando Henrique Cardoso quando ele era presidente?

Ante a condenação de José Dirceu, José Genoino e João Paulo Cunha, o PT não reagiu. Aceitou o julgamento como legítimo. Ante o receio do confronto com a imprensa, o relator Odair Cunha buscou refúgio no presidente do PT, Rui Falcão. E este, escondeu-se em algum lugar.

É certo que há políticos em qualquer partido que ganham com a queda de seus adversários internos e o PT não é diferente. Mas nada disso explica um comportamento coletivo de uma passividade bovina.

A explicação da covardia política não é, evidentemente, a de que os dirigentes petistas sejam naturalmente medrosos. Como em todos os partidos existem os covardes, os corruptos, os que se associam a banqueiros etc. Mas há também os que não se curvam e lutam.

Que o “oprimido” se ache sem o direito de ocupar um lugar que não é o seu, é bastante compreensível. O PT forjou em sua história uma nova elite de sindicalistas, professores de ensino fundamental, líderes de movimentos sociais e pessoas de classe média que oportunamente aderiram ao partido. A ascensão social e política dessas pessoas não teve correspondência na ideologia, a qual continua sendo a dos que detêm os meios de produção de mercadorias materiais e espirituais.

Contudo, por mais que ataquem o PT e destruam seletivamente suas lideranças, os opositores não conseguem retomar o governo. E isto acontece porque eles não dispõem de programa alternativo nenhum. Sem discutir os erros estruturais do Governo Lula, é visível a melhoria social que ele gerou.
Enquanto durar esta conjuntura, as armas da oposição serão inúteis e o PT poderá continuar jogando seus timoneiros ao mar. Há “petistas” que imaginam que é bom que a imprensa “limpe” o partido. Há os que acreditam que os escândalos apenas maculam a sua História. Nada mais falso. Não é a história do PT que está em jogo. É o seu futuro.

Lincoln Secco é Professor de História Contemporânea na USP e autor de “A História do PT” (São Paulo, Ateliê Editorial)