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Manchetes de ontem, hoje e amanhã



Se alguém tivesse guardado os jornais de julho de 2008 e os folheasse agora, se surpreenderia: na cobertura das eleições municipais, são quase iguais aos atuais - a não ser os nomes que mudaram.
Títulos típicos (todos verídicos): “Crise de PT e PMDB chega ao Planalto”, “Crise PT-PMDB vai além de Belo Horizonte”, “PT e PMDB em ritmo de crise (na Bahia)”, “Acordo PT-PMDB no Rio enfrenta resistências”. E por aí vai.
Como hoje, há quatro anos, o grande destaque eram as “crises” nas relações entre os partidos da base governista. A moda era falar nos conflitos e trombadas do PT com o PMDB.
Não era errado noticiá-los. De fato, em diversas capitais importantes, os dois partidos seguiam rumos opostos. As mais complicadas eram Salvador e Belo Horizonte, em que se engalfinhavam.
E havia discussões a respeito de liderança e espaço político nas coligações de que participavam em outras.
Para não falar de Porto Alegre, onde a tradição de enfrentamento entre petistas e peemedebistas era tão antiga que ninguém esperaria que se unissem naquele momento.
Hoje, se trocarmos o PMDB pelo PSB, as mesmas manchetes poderiam ser repetidas. A “crise” é igual, ainda que os personagens tenham mudado.
A importância e o significado dos conflitos localizados que PT e PMDB viveram em 2008 é facilmente aquilatável pelo que aconteceu dois anos depois: coligaram-se na eleição presidencial. Dilma concorreu à presidência e Michel Temer foi seu companheiro de chapa. 
Quando o jogo principal foi jogado, estavam juntos. As desavenças entre Marcio Lacerda (PSB) - cujo vice era do PT - e Leonardo Quintão (PMDB), em Belo Horizonte, ou entre Walter Pinheiro (PT) e João Henrique (na época no PMDB) em Salvador, tinham se tornado coisa do passado.
A propósito da “crise” de hoje entre PT e PSB, é curioso notar que seus polos são cidades onde, em 2008, os dois viviam casamentos felizes. Em Fortaleza e Recife, vinham desde 2004. Em Belo Horizonte, renovava uma aliança que nascera em 1996, quando Célio de Castro (PSB), com apoio do PT no segundo turno, venceu a eleição.
A “crise” entre PT e PMDB em 2008 teve alguma consequência relevante na política nacional? Levou os peemedebistas a buscar uma candidatura presidencial própria em 2010? Convenceu-os a apoiar os tucanos? Fez com que desistissem de Dilma e preferissem Serra (que estava louco para tê-los e era associado a Orestes Quércia, o mais notório dirigente do PMDB paulista)? 
Conhecemos as respostas a essas perguntas e podemos imaginar quais seriam se as repetíssemos hoje, alternando o PMDB com o PSB e pensando em 2014.  
Uma boa aposta é especular que a “crise” atual entre PT e PSB terá impacto semelhante à outra. Ou seja, pequeno (para não dizer nenhum).
Tudo isso, é claro, se o ambiente da próxima sucessão presidencial não mudar radicalmente. Salvo uma grande alteração, o PSB não lançará candidato para enfrentar Dilma (ou Lula) e não se aliará ao PSDB - quem quer seja o indicado.
Estabelecer essa condicionalidade - da manutenção do cenário atual - serve para sublinhar quão conjunturais são decisões desse tipo. Os políticos não planejam com tanta antecedência, pela simples razão que é impossível ter certeza sobre a situação que terão pela frente na hora H - mesmo raciocinando em um horizonte de apenas dois anos.
O que sabem é responder no curto prazo, ainda que tenham em mente objetivos partidários e pessoais de médio e longo alcance. O fortalecimento de seus partidos ou correntes partidárias, a consolidação de carreiras, a formação de novos quadros, são metas sempre buscadas, mas sempre de acordo com a realidade de cada dia. 
É por isso que a historia parece repetir-se.
Quem sabe, tal como relemos hoje as manchetes de 2008, não estamos antecipando as que leremos em 2016? 

A bala de prata contra Dilma: a onda anti-darwinista

Dilma terá de surfar na "onda religiosa"!

O naturalista Charles Robert Darwin (1809-1882) sacudio a comunidade científica e o universo religioso ao demonstrar a ocorrência da evolução das espécies e expor a teoria da seleção natural e sexual.

A teoria da evolução, segunda a qual as espécies procedem umas das outras por evolução, revolucionou a Biologia à Antropologia, mas confrontou a concepção religiosa criacionista. Darwin defendia que a descendência do homem e do macaco era de um antepassado comum, que certamente não era Adão.

Darwin sempre evitou polemizar com a “questão religiosa”, porque “(...) era tal o estado de sentimento cristão neste país”. Quando expôs publicamente a Teoria da Evolução, desabafou:  - Foi como confessar um assassinato.

Milhares de votos de Dilma migraram nos últimos dias para Marina. E não foi porque os eleitores foram tomados por uma súbita preocupação com o meio ambiente sustentável. Definitivamente não foi uma onda verde o que causou o crescimento de Marina. Na verdade, foi uma onda anti-darwinista (para ler mais, clique aqui)

Serra e a comuta obscena

Tal qual Ulisses e seus marinheiros, os eleitores brasileiros na caíram no canto da sereia serrista. E nem foi preciso cera nos ouvidos ou ficar atado no mastro...


Algo chama a atenção nessa reta final de campanha: percebendo a retumbante derrota que se aproxima já nesse 1º turno, José Serra (PSDB) adotou uma linha populista irresponsável.


Os tucanos sempre se gabaram de uma suposta competência de responsabilidade fiscal e de saber racionalizar um estado mastodonte. Em nome disso, FHC fez uma longuíssima reforma previdenciária, retirando direitos dos aposentados e, até onde teve fôlego, liquidou várias estatais.
Pois agora Serra propôs uma escandalosa comuta com os eleitores brasileiros: em troca do voto de última hora, outorgaria um aumento imediato no salário mínimo (R$ 600), um aumento de 10% nas aposentadorias e um décimo terceiro para o Bolsa Família.


As pesquisas apontam, no entanto, que a tentativa de obter votos com promessas fáceis – um saquinho de bondades elaborado alguns dias antes da eleição - não comoveu os assalariados, aposentados e ... (para ler mais, clique aqui)


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Quem acredita ainda na FSP (Força Serra Presidente)?

O jornal que emprestou seus caros para a Operação Bandeirantes, disfarçada de jornalistas, levar a cabo prisões arbitrárias, fuzilamentos sumários de detidos, conduzir os sobreviventes para tortura, para a desaparição, para a morte.

O jornal que considerou a ditadura militar – o mais ditatorial dos regimes, de imposição do terror, o mais antidemocrático – como a salvação do país, pregou sua realização, saudou a ruptura da democracia e a deposição de um presidente legitimamente eleito pelos cidadãos, apoio a ditadura, ajudou a escondeu seus crimes e, mais recentemente, chamou-o de “ditabranda”.

O jornal que publicou uma ficha falsa da Dilma em manchete de primeira página de um domingo. Pego em flagrante, nunca corrigiu sua brutal manipulação.

Uma executiva do jornal declarou que, dada a fraqueza dos partidos da oposição, a imprensa assume o papel de partido da oposição. Isto é, o jornaleco virou boletim de um partido opositor, os jornalistas não são mais jornalistas, todos eles militantes desse partido opositor. A direção, que nunca foi eleita por ninguém, mas designada pela família, o Comitê Central desse partido. O seu diretor, escolhido por seu pai para sucedê-lo na direção da empresa familiar, presidente do partido.

Suas pesquisas são pesquisas internas dos tucanos, feitas por encomenda e atendendo às penúrias do candidato-colunista do jornal, que passeia pela redação do jornal como pela sua casa, dá broncas no que não gosta, nomeia empregados, como a chefe da sucursal de Brasília, nomeada por ele, porque tucana e porque casada com publicitário – ex funcionário da Globo – que codirige a campanha derrotada em 2002 e agora em 2010.

Quem acredita nas pesquisas do Databranda?

Quem compraria um jornal usado da família Frias?

Que lê o Diario Oficial dos Tucanos, com todos os editorais cheios de pluma tucana da página 2?

O povo não é tonto. Com tudo o que eles dizem, apenas 3% aceitam seus argumentos e rejeitam Lula.

Ou será 0%, na margem de erro?

A derrota de Serra e seu vice de ocasião é também a derrota da imprensa das oligarquias familiares, da imprensa mercantil, da imprensa mentirosa e manipuladora, a derrota dos Frias, dos Marinhos, dos Mesquitas, dos Civitas e dos seus associados regionais e internacionais.

Daí seu desespero, daí sua depressão, daí mentiras como essa pesquisa encomendada pelos tucanos e em que nem eles mesmos acreditam.
Otávio Frias Filho (que ocupa o cargo por ser filho de Otávio Frias pai), seus parentes e militantes do seu partido, não conseguem mais ditabrandar em nome do país.

Prêmio Corvo do semestre para Otávio Frias Filho e sua trupe!

 por Emir Sade

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PARA QUEM GOSTA DE TROLOLÓ: “DILMA NÃO É LIDER. É REFLEXO DE UM LÍDER”

Saiu no G1:
'Dilma não é líder, é reflexo de um líder', diz Fernando Henrique Cardoso

Ex-presidente defendeu candidatura do governador José Serra (PSDB). Ele disse que Dilma ainda não teve possibilidade de demonstrar liderança.


Imaginem se ela fosse!
O Fernando Henrique Cardoso diz coisas inacreditáveis.
Que só se acredita que ele as disse pelo fato de ser ele o que é: um tucano.
Tanto quanto difícil de crer que alguém disse algo desimportante e incrível assim é impossível acreditar que exista quem o considere crível – e se importe – a ponto de dar a suas desconexas e arrogantes argumentações tão inútil e assustadora publicidade.
Niguém sabe o que ele tem na cabeça...

Como tucano, FHC grasna seu destempero hostil e vulgar.
E fala pelo Serra, já que esse foge do Lula assim como dos alagamentos e suas vítimas de São Paulo.
Os tucanos caíram na armadilha arquitetada nada menos por esse nordestino genial que tem 80% de aprovação dos 190 milhões de brasileiros.
Aí, o príncipe da “Petrobrax” quis partir para o confronto.
Acontece que com o Lula não dá.

Porque Lula é líder.

Isso o G1 ainda não sabia. Foi preciso o PIG perguntar para o FHC.
Vejam só.

“Indagado se considerava Lula um líder, FHC riu e respondeu: ‘Claro que sim, eu não sou bobo’".
O G1 é como o Fernando Henrique, o Serra e o PIG – ele acha Lula um líder de nada.
FHC até ri. Não da pergunta.
Ele ri da possibilidade de vir a ser criticado caso dissesse o que teria vontade de dizer.
Que Lula não é líder. Que líder é ele.
Que está falando em nome do Serra e do PSDB. E apostando na chapa puro-sangue.

Tanta liderança e afinidade ensejou algo espetacular: aquela que não é líder, mas somente o reflexo de um, ofuscou – e só não chamuscou em virtude dos altos índices pluviométricos – a plumagem de seu protegido que, por sinal, dispensa tal proteção.FHC é risível.O PIG é ridiculamente risível.

Tomara que eles sigam nessa linha.
Que FHC insista nas suas ironias e agressões e Arthur Virgílio juntamente com o Zé Agripino as reproduzam no Senado.
Tomara.
Até aqui tem sido assim.
Tomara que FHC continui pensando que ele não é bobo.
Tomara que ele revele sempre mais a sua nefanda truculência e solte impiedosamente o seu trololó.
Tomara que os jagunços do Serra e o PIG não mudem de discurso nem de conduta.
Tomara.

PSIU! A OPOSIÇÃO QUER SILENCIAR O GOVERNO

A probabilide que Lula teria para não concluir o que lhe resta de mandato iria a dez numa escala de um a dez.
Isso se a Justiça Eleitoral fosse chefiada por aquele que concede facilidades a quem, de investigado por um delegado, passa a investigador deste.
E que no recesso dá mais entrevista à Globo do que o Ronaldo Fenômeno quando chegou ao Corinthians... porque ele personifica a Justiça, ele se acha o dono do Poder e da Justiça. E opina sobre qualquer assunto que a Globo imagina importante, sempre seguido do José dos Alagamentos – que também acha que sabe e entende tudo e de tudo.
Sob a sua e a tutela de quem alagou São Paulo, a oposição – que se fosse uma pessoa teria a cara do Roberto Freire e o cérebro do José Agripino Maia – engatilhou a marcha que deu rumo a uma onda de representações no STE contra Lula e a ministra Dilma.
A última foi dada entrada nesta terça feira.
"Mais uma vez, o presidente da República estava, sim, fazendo comício em prol da candidata 'de fato' do Partido dos Trabalhadores - PT para o próximo pleito presidencial, vocifera os demotucanos.
Esse Lula não se emenda mesmo!
"Eu penso que a cara do Brasil vai mudar muito e quem vier depois de mim, eu por questões legais não posso dizer quem é, espero que vocês adivinhem, vai encontrar um programa pronto, com dinheiro no Orçamento", disse o Presidente.
Lula falava do PAC II cuja vida estaria correndo riscos se o alagador de metrópoli conseguisse a façanha de vencer a sua candidata.
Foi o que afirmou à Veja o “babaca” presidente do PSDB.
Foi o suficiente para o Jobim mandar o Serra dizer para o Sérgio Guerra e o Rodrigo Maia fazerem alguma coisa.
Uma coisa que, por acaso, atende pelo nome de factóide.
É disso que a oposição precisa. Um factóide. Então entraram com tão sapiente e providencial representação.
Ela (oposição) e o PIG.
Já que as notícias boas do Governo incomoda e são um tormento para eles.
Não exatamente na mesma proporção que os alagamentos os incomoda e incomodam o povo de São Paulo.
Para a raivosa oposição Lula faz campanha (antecipada) em favor de Dilma – enquanto São Pedro, ao mandar irresponsavelmente chuver sobre São Paulo, manda os paulistas votarem contra o pobre do Zé.
Somando-se de maio de 2009 até a última, já passa de uma dezena o número de ações e representações contra Lula e a Ministra.
Tem até ação que pede a proibição do programa partidário de Rádio e TV do PT que vai ao ar em maio.
Todas tem dado em nada. Por falta de fundamentação.
De razão e de lógica.
A oposição age por açodamento e por intepestividade.
Na ânsia de preencher um vazio que a sua incompetência e insignificância produziu.
Ela cria o vacuo e se afunda no caos.
O caos que se materializa nas enchentes e nas crateras, nas valas e nos precipícios de São Paulo.
No abandono de São Paulo.
A oposição quer calar o Governo. E proibí-lo de trabalhar e inaugurar as obras resultado de suas ações.
Tudo sob o silêncio conivente do PIG e de um certo personagem de Diamantino que é chegado a livrar gente rica da cadeia.

QUEM NÃO GOSTA DO LULA É A CLASSE MÉDIA. ELA PREFERE O SERRA. TENHA DÓ

Dei uma passada pelo blog do Rodrigo Viana - O Escrivinhador.
Numa grande postagem, ele diz, entre outras coisas, que quem ficou e continua de fora da “grande coalizão” que elegeu Lula duas vezes e agora trabalha para Dilma não ser eleita é a classe média, associada aos ruralistas e aos donos da mídia. Essa base votará em Serra aconteça o que acontecer.
Sobretudo á mídia interessa diretamente mostrar somente o Brasil dos defeitos, onde nada parece dá certo, enquanto que a imprensa internacional consegue ver um outro País: um País que decolou rumo ao desenvolvimento e, que segundo prognósticos, em quinze anos estará entre as maiores economias do mundo.




publicada em quinta, 14/01/2010 às 13:08 e atualizado em quinta, 14/01/2010 às 13:08


Dia desses, eu escrevi aqui que a oposição cerrada a Lula (e a Dilma) não vem dos grandes capitalistas.Essa talvez seja uma diferença importante em relação a 64. Naquela época, como hoje, a coligação reacionária envolvia “grande imprensa”, latifundiários, Igreja e classe média que marchava com Deus e pela Liberdade. Naquela época, os empresários (grandes e pequenos) estavam apavorados. Havia a Guerra Fria e o fantasma do “comunismo”.
O velho partidão (PCB) acreditava numa ilusória aliança com a “burguesia nacional”, para sustentar Jango e as reformas. Mas a burguesia tinha outros planos, e implorou pelo golpe – que veio.
Saltemos 20 anos. Na década de 80, no PT, o grande debate era: como atrair a “classe média” e os pequenos empresários para a coligação de esquerda. O petismo (e eu acompanhava bem de perto esse debate) acreditava que, pra governar, era preciso agregar, aos setores mais organizados da classe trabalhadora (sindicatos, associações de bairro, estudantes, CEBs etc), as tais “camadas médias urbanas”.


Em 89, essa aliança não ocorreu. Lula teve no primeiro turno os votos dos “setores organizados”. No segundo, ganhou parte da “massa desorganizada”, ou do “lúmpen” (como, de forma arrogante, alguns petistas se referiam ao povão das periferias), graças ao apoio decisivo de Brizola – transferindo “todos” os votos no Rio e no Rio Grande do Sul.
O grande empresariado também fugiu de Lula e do PT. Mario Amato, da FIESP, falava que milhares de empresários iriam embora do país se Lula ganhasse. O que levou alguns amigos gaiatos, da USP, a organizar uma grande festa entre o primeiro e segundo turno: foi o “bota-fora do Mario Amato”, na casa do Pedro e do Álvaro Puntoni (QG das “nossas” grandes festas naquela época em São Paulo).
Em 94 e 98, empresários e classe média ficaram com os tucanos. Além de boa parte do povão “desorganizado”, que fora favorecido pela estabilidade do Real.
Pois bem. Em 2002 e 2006, Lula conseguiu uma aliança que não tem nada a ver com as “tradições petistas” de “agregar a classe média”.
Lula fez uma aliança inesperada, incluindo “setores organizados”, povão desorganizado e o grande empresariado.
A classe média ficou fora. E continua de fora.
É ela que baba de raiva nas “correntes da internet”, e nas ruas e bares paulistanos, cariocas e gaúchos. Essa classe média não suporta olhar para a cara de Lula, o “nordestino dos 4 dedos”.
E o grande empresariado? Esse vota com o bolso.
Pensei em tudo isso ao ler o artigo de Emilio Odebrecht, que me foi enviado por uma boa amiga jornalista, dessas que trabalham na “grande imprensa”, mas sabe muito bem que não é “sócia” dos patrões (nem nos lucros, nem no pensamento). O artigo do Odebrecht expressa a perplexidade de um grande empresário diante de uma imprensa que caiu no gueto. Uma imprensa que fala (só) para essa classe média raivosa que parece não gostar do Brasil, uma imprensa que não reconhece os avanços do país.
O artigo de Odebrecht (a quem conheço só de nome) é o símbolo dessa estranha (mas efetiva) aliança lulista: “classe trabalhadora organizada”, “povão desorganizado” e “grandes capitalistas”.
Quem está fora da “grande coalizão” é a classe média, associada aos ruralistas e aos donos da mídia. Essa base votará em Serra aconteça o que acontecer.
O nó para Serra é: como atrair parte dos lulistas sem desagradar à direita que baba na gravata?
Isso é problema do Serra.
21 anos depois daquela eleição (vencida por Collor, no fim das contas), a gente não poderia mais organizar “bota-fora” pro presidente da FIESP e pros grandes empresários.
Em 89 era tudo mais divertido. Mas, em 2010, temos um país mais sólido.
Apesar dessa turma que baba na gravata de tanta raiva. Pra espanto seu, meu. Pra espanto, também, do Emílio Odebrecht.

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A IMPRENSA E O NOVO BRASIL – por Emílio Odebrecht
No final do ano passado, a revista "The Economist" brindou-nos com uma matéria de capa cujo título era: "O Brasil decola". A reportagem chama nosso país de maior história de sucesso da América Latina. Lembra que fomos os últimos a entrar na crise de 2008 e os primeiros a sair e especula que possamos nos tornar a quinta potência econômica do globo dentro de 15 anos.
Não é apenas a revista inglesa que vem falando dos avanços aqui obtidos nos campos institucional, social e econômico nas últimas décadas. Somos hoje referência no mundo e um exemplo para os países em desenvolvimento, vistos como uma boa-nova que surge abaixo da linha do Equador.
Diante disto, me pergunto se a imprensa brasileira está em sintonia com a mundial -que aponta nossos defeitos, mas reconhece nossos méritos.Tal dúvida me surge porque há um Brasil que dá certo e que aparece pouco nos meios de comunicação. Aparentemente, o destaque é sempre dado ao escândalo do dia.
Isso deixa a sensação de que não estamos conseguindo explicar aos brasileiros o que a imprensa internacional tem explicado aos europeus, norte-americanos e asiáticos.
Tornar públicas as mazelas é obrigação da imprensa em um país livre. Mas falar somente do que há de ruim na vida nacional, dia após dia, alimenta e realimenta a visão negativa que o brasileiro ainda tem de si.
Se as coisas por aqui caminham para um futuro mais promissor, é porque, em vários âmbitos, estamos fazendo o que é o certo.
Para líderes políticos, empresariais e sociais dos países que precisam encontrar o caminho do progresso, conhecer nossas experiências bem sucedidas pode ser o que buscam para desatar os nós que ainda os prendem na pobreza e no subdesenvolvimento.
O fato é que, ficando nos estreitos limites do senso comum, a sensação é de que a imprensa, de uma forma geral, considera o que é bem feito uma obrigação -não merecedor, portanto, de ocupar espaços editoriais, porque o que está no plano da normalidade não atrairia os leitores.
Ocorre que o que acontece aqui, hoje, repercute onde antes não imaginávamos. Por outro lado, há uma mudança cultural em curso na sociedade brasileira e a imprensa tem um papel preponderante nesse processo.
O protagonismo internacional do Brasil e nossa capacidade de criar novos paradigmas impõem que a boa notícia seja tão realçada quanto são os fatos que apontam para a necessidade absoluta de uma depuração de costumes que ainda persistem em nossas instituições.